Nascida do fogo das profundezas da Terra.
Banhada por um sol infernal.
Lar das criaturas mais estranhas que se possa imaginar.
Quando as pessoas vieram aqui pela primeira vez,
pensaram ter encontrado um inferno na Terra.
Mas aqui não é o inferno,
é uma vibrante cruzada da vida.
Com o tempo, um homem enxergou a verdade
e mudou muito mais do que apenas nossa visão destas ilhas.
Seu nome era Charles Darwin.
Esta é a história de como as isoladas ilhas Galápagos saíram da obscuridade
para mudar o mundo para sempre.
As Ilhas Que Mudaram O Mundo
"Sua Sagrada Majestade,
Passaram-se 6 dias,
a correnteza é tão forte e nos engolfa de tal modo
que a 10 de março encontramos estas ilhas."
Tomas Tibelanga, bispo do Panamá, navegava do Panamá para o Peru,
mas quando os ventos desapareceram, fortes correntes apareceram e os levaram
para longe de seu curso.
Finalmente, o bispo e seus homens encontraram terra.
Mas que terra!
"Parece que em algum momento, deus enviou tempestades de pedras
e a terra cobriu-se de cinzas, emudecida."
A terra e as criaturas pareciam infernais.
Eles cavaram fundo mas só encontraram água salgada.
2 homens morreram.
Rezaram por salvação.
Quando os ventos retornaram e o bispo e seus homens partiram para registrar
aqueles dias de inferno na terra,
eles haviam descoberto as Galápagos.
A 960 Km da costa da América do Sul, bem no equador, as Galápagos são
um pequeno grupo de poucas 12 ilhas,
isoladas no vasto oceano Pacífico.
Por milênios, suas praias de lava e seus enormes vulcões montanhosos
permaneceram ignoradas, intocadas, inatingíveis,
até que a fé trouxesse o bispo do Panamá aqui, quase 500 anos atrás.
À primeira vista, é fácil de entender por que o bispo ficara horrorizado com este lugar.
Do mar vêm os dragões,
iguanas marinhas rastejando pela terra.
Tão negras quanto as rochas, parecem amaldiçoar a terra à medida que se purgam
do sal absorvido com a água do mar.
Nos desertos interiores, dragões ainda maiores.
Por 5 dias, o bispo sobreviveu de cactos.
Estas iguanas terrestres mordem por entre os espinhos para alcançar
a surpreendente carne suculenta.
No interior fumegante
existem gigantes.
Tartarugas.
Tão pesadas quanto 4 homens adultos.
Em seus corpos enormes acumulam gordura para sustentá-las por 1 ano,
sem comer ou beber mais nada.
Para sobreviver aqui é preciso ser um monstro.
Ou será preciso ser apenas diferente?
Um pássaro, como uma fênix, emerge das cinzas destas costas desoladas.
Um cormorão, mas suas asas são atrofiadas e pequenas.
Parece que ele nunca pôde voar.
E não pode.
Mas existe um outro mundo debaixo das ondas.
O oceano é rico, e é aqui que o cormorão desmembrado encontrou sua sobrevivência
substituindo o vôo pelo nado na correnteza.
Com o que sobrou de suas asas pressionadas contra seu corpo,
pés exagerados tomam o controle impulsionando-o na busca por
polvos, enguias e pequenos peixes.
Uma fêmea está chocando.
Ela o construiu com algas marinhas, engenhosamente alinhadas para formar uma cama confortável.
Proteção para ela e seus ovos contra a superfície de lava.
O macho traz um presente para sua parceira.
Para o ninho e também para reafirmar seu relacionamento.
Sem poder voar, estes pássaros estão presos aqui,
mas não têm predadores e na porta da frente está toda a comida de que precisam.
Para as estranhas criaturas que fizeram de Galápagos o seu lar
a vida é difícil, mas não é um inferno.
Se o bispo do Panamá tivesse mais sorte, talvez visse as coisas de modo diferente.
Em Janeiro, todos os anos, a gelada corrente Humble que torna estas ilhas tão áridas
diminui de intensidade e dá lugar às águas mais quentes vindas do norte.
Em anos favoráveis, elas trazem mudanças extraordinárias às ilhas.
De repente, uma Galápagos diferente aparece.
Das cinzas, brotam as sementes ocultas.
As árvores Palo Santo que parecem mortas há muito tempo,
ressuscitam.
Do branco e preto para o colorido.
Uma primavera de Galápagos.
Mas até a primavera daqui é diferente.
As flores douradas são devoradas pelas iguanas terrestres,
representando uma mudança agradável no cardápio de folhas de cacto.
E esta abelha fêmea também mergulha na abundância de novas flores
visitando muitas delas que,
estranhamente, são todas amarelas.
Ela é o único tipo de abelha em Galápagos
e se ela gosta de amarelo não há por quê as flores fazerem diferente.
A chuva também trouxe pequenos pássaros
e por todo lugar eles começam a cantar.
Esse tentilhão macho tenta atrair a fêmea para inspecionar seu ninho,
cuidadosamente construído sob a proteção das espinhosas folhas de cacto.
Ela aprova e toma seu lugar.
Mas até mesmo estes pássaros aparentemente comuns são extraordinários.
No solo, nas árvores, onde se esperava encontrar muitos tipos de pássaros
apenas um tipo impera.
São todos tentilhões.
Em Galápagos, existem 30 tipos diferentes de tentilhões,
ocupando o espaço de outros pássaros.
O segredo é cada um deles tem um bico diferente.
Finos, fortes, para quebrar as sementes,
longos e afiados para as flores,
delicados e pontudos para extrair diminutas criaturas das rochas.
Existe até um tentilhão pica-pau, mas sem a língua apropriada ele não consegue
alcançar as cavidades.
Então ele precisa usar todo o seu talento para conseguir o que quer.
Ele quebra um graveto, uma ferramenta para sondar.
Tamanho errado.
Sim, essa serve.
Outra ferramenta para outro buraco,
outra larva gorda.
Existem muitas outras coisas neste mundo que não aparecem à primeira vista.
Por muitos anos, essa faceta intrigante de Galápagos permaneceu completamente escondida.
Amaldiçoadas pelo bispo do Panamá, sem nome, ninguém chegava perto.
Pois então ninguém tinha certeza se as ilhas existiam.
Correntes marítimas alternantes, nevoeiros, luzes fantasmagóricas,
ora visíveis, ora não.
Na imaginação dos marinheiros, as Galápagos eram "Las Encantadas".
Então, no final de 1600, alguém as colocou no mapa.
Apenas 12 rudes marcas e um nome: Islas de Galapagos.
Ilhas das Tartarugas.
Postas no mapa tornaram-se reais.
Os primeiros a chegar foram piratas.
As Galápagos eram uma base perfeita para os galeões espanhóis carregando ouro
da América do Sul.
Mas a pirataria não era novidade para as Galápagos.
Fragatas, procurando pelo saque.
Neste penhasco estão centenas de milhares de ninhos de aves marinhas.
Com tanto tráfego, não demora muito para que os problemas aconteçam.
Outra fragata não quer perder a oportunidade.
E outra.
2, 3, filhotes de cabeça branca.
Elas perseguem o macho negro, forçando-o a abandonar a presa.
As fragatas tem uma reputação temerária, mas a sorte nem sempre está a seu favor.
Se caírem no mar, suas longas asas podem se molhar demais
e a cada ataque se arriscam a naufragar.
Na colônia, os machos inflam seus extraordinários peitos vermelhos.
Eles tentam ser irresistíveis para as fêmeas passando acima.
Ele conseguiu uma.
Ela logo toma seu lugar e começa a construir seu ninho.
Ele a observa cuidadosamente.
Afinal de contas, ele está cercado por piratas.
Outro macho tenta suas chances.
Agora ela entra na disputa pois já fez sua escolha e ajuda a expulsar o atrevido.
Seu parceiro não perde mais tempo.
E quanto tudo termina, ela tira seu descanso num confortável travesseiro.
Escondido do resto do mundo, este é um lugar para os piratas encontrarem paz.
A próxima onda de pessoas que chegaram a Galápagos,
vieram não pelo saque dos navios mas pela riqueza das ilhas.
No lado oeste, a profunda corrente Cromwell colide com as ilhas
e sobe, trazendo com ela nutrientes do abismo profundo.
Este é um dos mares mais ricos do equador.
Mas não foi pelos peixes que as pessoas chegaram até estas águas.
Baleias cachalote.
Elas mergulham até 900m em busca de lulas.
É tão profundo que até o sol equatorial não consegue penetrar,
e assim encontram sua comida usando eco-localização.
Hoje elas são protegidas, as vemos como gigantes gentis,
mas não faz muito tempo eram vistas de modo bem diferente.
Eram monstros a serem mortos pelo lucro.
Foi a corrida pelo óleo de baleia e as histórias de batalhas com leviatãs das profundezas
que chamou a atenção do mundo inteiro sobre Galápagos.
Mas não foram apenas as baleias que pagaram o preço da descoberta.
Havia uma coisa que todos os piratas e baleeiros queriam.
Comida fresca.
A rica gordura, o enorme tamanho, fazia das tartarugas o estoque perfeito para os navios.
Em 200 anos, mais de 200.000 foram dizimadas.
Em algumas ilhas, as tartarugas foram completamente eliminadas.
Mas da tragédia veio algo de bom.
À medida que mais pessoas vinham até Galápagos,
uma visão detalhada das ilhas começou a aparecer.
Cada uma ganhou seu próprio nome.
Algumas partes ainda eram descritas como infernais,
mas outras como lugares seguros para ancorar,
ou algumas árvores, vitais para reparar os barcos.
Embora ainda "Encantadas", as ilhas tomaram formas mais reconhecíveis,
mais acuradamente retratadas.
Foi o início do entendimento.
Quando a nave de Sua Majestade, Beagle, chegou em Galápagos em 15.SET.1835,
foi para uma rápida parada antes de uma longa jornada para casa.
Ela havia mapeado a costa da América do Sul por mais de 3 anos.
Ela tinha apenas mais 3 semanas para fazer um mapa moderno e detalhado
deste desconhecido posto avançado.
Mas foi muito mais do que um simples aportar.
Foi uma mudança no curso da história.
A bordo estava o naturalista Charles Darwin.
Não o Darwin sábio e ancião que hoje conhecemos tão bem,
mas jovem, sensível, apenas 26 anos.
À princípio, ele encarou o lugar do mesmo modo que aqueles que o precederam.
"Nada pode ser tão deprimente, minha querida.
Nada mais rude e horrível. As rochas negras, golpeadas pela elevação
dos canais verticais, dão ao ar uma sensação esmagadora e salitre,
como uma estufa."
Mas logo ele começou a ver mais.
O próprio solo onde andava, parecia solidificado apenas ontem.
"Parece como se o mar se petrificasse em seus momentos mais agitados."
De volta ao Beagle, ele escreveu seu novo e controverso livro chamado
Princípios da Geologia,
que descreve o mundo físico em constante mudança,
moldado pelas forças da natureza.
E, apenas algumas semanas antes, na América do Sul,
ele experimentara um terremoto.
Inspirado pelo que havia lido e pelas suas experiências,
alimentado por uma mente jovem e fértil, ele começou a enxergar uma nova Galápagos.
Quando outros as viam como desoladas, antigas e imutável,
Charles Darwin viu uma terra nova, recentemente emergida do oceano,
por forças ainda muito ativas hoje, bem abaixo delas.
Ele estava certo.
No oeste, bem debaixo da ilha de Fernandina, existe uma fissura vulcânica.
Aqui, constantemente, ilhas estão sendo criadas.
Mas o que ele não pôde ver foi que à medida que as novas ilhas são criadas,
são também carregadas para longe da fissura, sobre placas marítimas flutuantes
como se fossem esteiras rolantes.
Elas se movem lentamente, poucas polegadas por ano,
mas em termos geológicos isso é extraordinariamente rápido.
Desde que Darwin as viu, elas já se moveram 9 metros para sudeste.
Conforme o Beagle se movimentava metodicamente pelo arquipélago,
Darwin não fazia idéia de que as ilhas que mapeavam estavam se movendo,
ou da importância desse movimento.
Conforme as ilhas prosseguem sua jornada, elas mudam, tornam-se menos infernais,
algumas ficam verdes, outras planas e secas.
Cada uma também é levada para porções diferentes das correntes oceânicas,
e assim assumem diferentes climas.
O resultado é que cada ilha termina por adquirir suas próprias características.
Uma das ilhas mais remotas por onde o Beagle passou é também a mais incomum.
Bem longe, a nordeste, está Genovesa.
Remota, abandonada, coberta de lava e o lar para 1 milhão de aves marinhas.
As aves se aventuram para longe no oceano Pacífico,
mas todos os dias, tão logo se saciem, retornam para estas rochas, para seus ninhos.
Atrás do penhasco, o tipo certo de lava se resfriou da forma correta para formar
pequenas fissuras e túneis, no tamanho apropriado para estes pássaros.
Ninguém sabe como eles encontram sua própria fenda,
mas conforme flutuam sobre o solo absorvem o seu cheiro,
é como se cheirassem em busca de sua casa.
Seja como for que encontrem o caminho, é um milagre.
Do meio do Pacífico até um único e minúsculo ovo.
Mas é justamente agora que estão mais vulneráveis.
Uma coruja de praia.
Estes pássaros são bem rápidos no ar, e a coruja grande demais para segui-los
dentro dos canais apertados.
Então sua melhor chance é pegar um pássaro entrando ou saindo.
Primeiro, ela usa sua visão acurada para escolher uma entrada de buraco ativa.
Ela não ataca o pássaro diretamente,
mas se posiciona bem na saída.
Aninha-se perto, mais um gato do que uma coruja.
E escuta...
Ele escapou.
Mas está ferido.
A coruja tenta mantê-lo no chão.
Uma segunda coruja está observando,
e agora a desafia.
Ela vai ter que caçar por si mesma.
Ela pode se espremer na entrada do túnel
e esperar pela chegada de um pássaro.
Existem corujas de praia nas outras ilhas,
mas apenas em Genovesa aprenderam a caçar desse modo.
E parece que todas as ilhas no mapa têm histórias semelhantes para contar.
Não é de admirar que as ilhas tenham ganho seu nome destes lânguidos gigantes.
Seus grandes escudos cinzas se parecem com as ilhas que habitam.
Estas ilhas são altas o bastante para capturar chuvas,
e podem ser surpreendentemente abundantes.
Aqui, as armaduras são perfeitas para penetrar os arbustos sem se machucar.
Mas em outras ilhas aplainadas, quase não há chuva,
e aqui as tartarugas são bem diferentes.
Suas armaduras tem uma borda na frente, parecidas com os elmos espanhóis,
ou galápago.
As ilhas receberam seu nome por causa destas tartarugas.
Aqui há tão pouco para se comer no solo que precisam esticar seus pescoços
para alcançar a vegetação mais suculenta.
A curva em suas conchas permite essa esticada extra.
Em cada ilha, a vida em Galápagos segue cursos diferentes.
Entretanto, Darwin ainda não tinha consciência disso.
Mas conforme o Beagle viajava de ilha para ilha,
ele aproveitou cada oportunidade para ir à praia.
Na ilha Floriana, foi recebido na praia do posto oficial britânico
pelo governador do primeiro governo estabelecido em Galápagos.
Um inglês chamado Lorson.
As histórias de Lorson sobre as criaturas estranhas de Galápagos
encorajou Darwin a penetrar no interior das ilhas.
E para onde fosse, ele coletava.
Ele viu as tartarugas, aquelas com armaduras normais,
e por isso não viu seu segredo.
Viu os pequenos pássaros, com seus diferentes bicos,
mas não percebeu que eram todos tentilhões.
Chamou um de vermelho, outro de rubro.
Havia outro pássaro também, o pássaro gozador.
Ele já o havia visto na América do Sul,
mas esse era um pouco diferente.
Por enquanto, ele não fazia idéia da importância que essa diferença teria.
Conforme Darwin penetrava cada vez mais no coração das ilhas,
encontrou um lugar em Galápagos que nenhum outro naturalista havia visto antes.
Nas colinas de Floriana e Santiago,
encontrou florestas encantadas.
E na busca por brotos, encontrou água potável.
A única água potável num raio de 900 Km.
Os patos mergulham como num parque,
tartarugas chafurdam em lama vulcânica.
Fragatas chegam do árido mundo exterior, para beber.
Isso não é o inferno na terra, mas o jardim do eden.
Darwin fez a si mesmo a pergunta fundamental:
Por que estas pequenas ilhas abrigam esta vida estranha e exclusiva?
Mas a um passo da revelação, Darwin partiu, para nunca mais voltar.
Em 20.OUT.1835, o Beagle partiu para o Taiti e de lá para casa.
Mas nem tudo estava perdido, as ilhas encantadas haviam lançado seu feitiço.
Não muito tempo depois de Darwin partir de Galápagos,
ele começou a ver a verdade.
Conforme passava longas horas inspecionando sua coleção,
um espécime chamou sua atenção,
não uma tartaruga, não um tentilhão, mas o pássaro gozador.
"Eu tenho espécimes de 4 ilhas diferentes,
embora eles pareçam semelhantes, também parecem diferentes.
Em cada ilha, encontramos tipos exclusivos."
Diferentes ilhas próximas entre si tinham tipos diferentes do mesmo pássaro,
com penas diferentes e, a exemplo dos tentilhões, bicos diferentes.
Darwin então se lembrou de uma coisa que o governador lhe falou sobre as tartarugas,
ele afirmava poder dizer de qual ilha uma tartaruga vinha
apenas pela forma da carapaça.
Ilhas diferentes, tartarugas diferentes.
O mesmo padrão.
Ele pôde ver a partir das dramáticas paisagens de Galápagos
que as ilhas estavam constantemente mudando.
Poderiam as coisas vivas estar mudando também?
Ele começou a olhar para o passado,
"Eu me vi suspenso no ar,
no próprio ato de criação."
Ele viu que as Galápagos haviam nascido do fogo,
estéreis, das profundezas do oceano.
Mas então a vida deve ter vindo de outro lugar.
No isolamento das Galápagos,
e depois no isolamento de cada ilha,
é uma mudança, de uma forma para outra.
Darwin teve um vislumbre fugaz do grande segredo das Galápagos.
Novas plantas, novos animais, nova vida, estavam sendo criadas pelas próprias ilhas.
Ele procurou pelo mesmo padrão em outras espécies.
No futuro os pequenos tentilhões receberiam o seu nome.
Mas embora ele tivesse a melhor coleção da época, com toda uma série de deferentes bicos,
não se preocupou em nomear de qual ilha haviam vindo.
Então por enquanto, eles não podiam ajudar.
E quanto às tartarugas, 45 adultos foram trazidas a bordo do Beagle,
mas todos foram comidos,
suas conchas jogadas ao mar, perdidas para sempre.
Incapaz de retornar, Darwin jamais conheceria a verdadeira história
do bico dos tentilhões e das conchas das tartarugas.
Mas nos pássaros gozadores ele teve um vislumbre: uma evolução.
Em 1869, 24 anos depois de sair de Galápagos, o livro de Charles Darwin,
Origem das Espécies foi finalmente publicado.
Mudou o mundo para sempre.
Até o final da sua vida, ele sempre se agarrou a uma certeza,
que as solitárias ilhas Galápagos foram a origem de todas as suas idéias,
a fonte da Origem das Espécies.
As tartarugas gigantes impressionaram tanto os antigos marinheiros
que deram seu nome a estas ilhas.
Sua carne gordurosa alimentou a pilhagem dos piratas.
Em suas carapaças está a pista para um dos maiores mistérios da terra.
Mas para as tartarugas, a vida é simples.
As chuvas recentes as trouxeram para as campinas verdejantes do vulcão Alsedo,
não apenas pelo pasto verde, mas para acasalar.
Ele tenta seduzi-la,
tudo tem seu tempo.
Este antigo ritual ancestral talvez nos pareça permanente.
Mas nada poderia estar mais longe da verdade.
Os descendentes destas tartarugas talvez herdem uma concha ligeiramente diferente
que lhes dê uma chance ligeiramente maior de sobrevivência em sua ilha.
Até mesmo estes animais que se movem tão vagarosamente,
e vivem por tanto tempo, estão mudando.
Desde a primeira vez que as pessoas vieram a estas ilhas
nosso entendimento sobre elas também mudou.
As Galápagos não são o inferno na terra,
mas uma demonstração viva e vibrante da evolução da vida.
"Aqui, neste pequeno mundo fechado sobre si mesmo,
parece que ficamos mais próximos da grande questão,
o mistério de todos os mistérios,
a primeira aparição de novos seres nesta terra."