Então, tentando descobrir quem eu sou... Na tentativa de descobrir quem eu sou, essa foi a pergunta mais importante da minha vida, mas claro, não aos três anos. Aqui podem me ver como criança, meus olhos brilhavam. Era superempolgado com a realidade, superfeliz apenas por existir. Não por fazer, apenas por existir. Mas conforme nós todos crescemos e ficamos mais velhos, esta pergunta "quem sou eu" vai ficando muito mais importante. Em estatísticas psicológicas, a maioria de nós terá muita dificuldade com essa questão pelo menos uma vez na vida. Isso me ocorreu aos 18 anos. Eu estava muito deprimido, muito triste. As pessoas me diziam: "Sebastian, apenas acredite em si mesmo". Mas como posso acreditar em mim se nem sei quem eu sou? O que descobri, naquela época, é que esta pergunta "quem sou eu?" do ponto de vista psicológico, é, às vezes, enganosa. Porque quando se pergunta "quem sou eu?", talvez haja por trás a suposição de que esse eu seja uma coisa estática. Esta é uma coisa estática, e quando está pensando sobre si, em termos de fixação, não há muito espaço para crescer, para o autodesenvolvimento. Aliás, se você está se perguntando se eu trabalhava na NASA nessa época, a resposta é não: era só uma camiseta. Mas há uma conexão interessante entre explorar o espaço sideral e explorar o espaço interior. Para se chegar a outro planeta, precisamos entender profundamente algumas regras básicas da natureza; caso contrário, não haverá chance de construir um foguete espacial. É a mesma coisa com o espaço interior, com o autodesenvolvimento. Existem algumas regras e princípios psicológicos, que devemos conhecer para irmos mais longe, além da nossa imaginação. E hoje quero falar sobre duas delas. A primeira é a autoexperiência, e a segunda a autorreflexão. Então, o que quero dizer com isso? Autoexperiência: testar-se de forma diferente ou mais profunda. Se você é como a maioria de nós, essas experiências, nas quais se analisa mais a fundo ou diferentemente, não são tão frequentes. Mas quando amplia seu horizonte, quando vivencia as coisas de forma diferente, aí está o maior potencial para o autodesenvolvimento. Mas para chegar lá, é preciso ter outra coisa, e isso é a autorreflexão. É preciso refletir sobre essas autoexperiências, de forma muito específica, para ir mais a fundo. Então, aqui vão dois exemplos: o primeiro é o autodesenvolvimento por meio do Naikan. Naikan é um método, uma prática do Japão. É o termo japonês para "introspecção". E Naikan é totalmente sobre refletir a relação com as pessoas mais importantes da sua vida. Esta reflexão, ocorre numa dessas cabines, totalmente isolada das demais, nada mais é do que refletir sete dias, 16 horas por dia. Enquanto está aí sentado, há um método rigoroso a seguir que consiste de três perguntas. Primeira pergunta: o que recebi da pessoa X? Segunda pergunta: o que dei à pessoa X? Terceira pergunta: que problemas causei à pessoa X? Quando você se faz estas perguntas rigorosamente, e está imerso, por exemplo, na relação com sua mãe, o interessante disso é que você está indo muito mais a fundo em suas memórias e, ao fazer isso, seu relacionamento vai mudar porque relacionamentos, por definição, são sempre influenciados por nossas próprias memórias. Então, na Naikan, você se sentará na cabine e se perguntará: "O que recebi da minha mãe dos cinco aos dez anos?" "O que dei à minha mãe dos cinco a dez anos?" "Que problemas causei para minha mãe dos cinco a dez anos?" E o guia Naikan sempre te lembrará dessas questões. Então, para mim, foi muito especial quando tive minha primeira experiência com o método Naikan há muitos anos porque nos primeiros dois dos sete dias, estava colocando à prova minha relação com meus pais, primeiro dia minha mãe, segundo dia meu pai, e, para ser honesto, fiquei um pouco frustrado porque descobri que estava pensando mais sobre o que recebi do que o que eu tinha dado. Após os dois primeiros dias, o guia Naikan estava sentado, olhando direto nos meus olhos e disse: "Sebastian, agora você está pronto. Por favor, comece a prática Naikan. Prove-se no relacionamento com sua mãe dos cinco aos dez". Então houve mais uma rodada. E esta segunda rodada, no terceiro dia, testar a relação com minha mãe estava ficando ainda mais profundo que a primeira, testando a mim mesmo. O que quero dizer com isso é que a autoexperiência é infinita. Você tem muito mais potencial para autoanálise do que pode imaginar. A dica para realmente mergulhar fundo nesse tipo de experiência, é através de métodos de reflexão bem focados. Então, esse foi o primeiro: Naikan. Segundo: autodesenvolvimento pela reflexão sobre nossa mortalidade, Diz a ciência que, quando somos confrontados com a morte, temos melhor chance de mudar coisas importantes na nossa vida. Isso está provado. É um argumento muito simples, pois quando nos confrontamos com a morte nos deparamos com algum tipo de limitação e isso torna muito mais fácil diferenciar coisas que são importantes das coisas que não são. Então, quando temos essa diferenciação em mente, é mais fácil agir de outra maneira para mudarmos e evoluirmos. Quase todas as religiões têm essa prática como podemos ver aqui, no budismo. Mas também há maneiras de fazer sozinho, de um jeito muito sutil ou fácil, e vou fazer isso com vocês agora. A primeira questão autorreflexiva é: "Se você tivesse só mais um ano de vida, o que faria?" "Se tivesse só mais um ano para viver, o que faria?" Basta se perguntar por alguns segundos. Mantenha em mente o que surgiu. E vamos para a segunda pergunta. Agora, imagine-se dez anos à frente. Por causa de uma doença, só na imaginação, sua expectativa de vida, neste momento, é de um mês ou menos. Imagine isso. Agora pergunte a si mesmo: como você gostaria de ter passado mais o seu tempo nos últimos dez anos? A que você gostaria de ter dedicado mais tempo nos últimos dez anos? Se você é como a maioria, o segundo tipo de autorreflexão o levará ainda mais a fundo na reflexão sobre valores, sobre seus objetivos, o que fazer, e coisas que queremos realizar. E esse é o real poder do autodesenvolvimento. Quando é possível combinar a autoanálise com a autorreflexão, é mais fácil avançar no autodesenvolvimento. É o que vemos em Naikan, ao refletir sobre a mortalidade e qualquer outra prática de autodesenvolvimento. Todas as práticas têm que respeitar esses dois princípios de autoexperiência e autorreflexão para funcionar de forma eficaz. Então, quando olhamos para o futuro, escolhi uma citação muito importante para mim. A citação é: "A era da informação acabou; bem-vindo à era da experiência!" Em outras palavras, o acesso à informação foi dado. O que está surgindo é o acesso à experiência. Quero dizer que, em relação ao autodesenvolvimento, à autorreflexão e à autoexperimentação, novas tecnologias imersivas têm um impacto muito maior sobre o autodesenvolvimento do que qualquer outro meio teve anteriormente. De um lado, com tecnologias imersivas há sempre o risco de se perder em mundos virtuais; mas por outro lado, elas têm o poder de apoiar esses dois princípios básicos, para ajudá-lo a se aprofundar em si mesmo nesse tipo de autoanálise e autorreflexão que você precisa para ir mais longe. E quando for este o caso, então a pergunta "quem sou eu?" não será mais tão desafiante porque há outra pergunta que pode ser muito mais útil. A pergunta é: "Quem eu posso me tornar?" Acho que você não só tem o potencial de mudar, no meu ponto de vista, mas está em sua mais profunda autopotencialidade para mudar. Sabe, essa potencialidade é sua verdadeira natureza. Então acredite em sua habilidade de autodesenvolvimento. Acredite em sua capacidade de autorreflexão. Acredite em sua capacidade de autoexperiência. Acredite numa visão maior de si mesmo. Obrigado. (Aplausos)