Art 21 APRESENTA A ARTE NO SÉCULO 21 Que se faça a luz! Ele não pode se esconder por mais que tente. Um homem, à noite, numa busca patética por conexão. Por se conectar com qualquer pessoa em um cômodo vazio. Você já dançou com o diabo sob a luz pálida da lua? Aqui está o homem. Aqui está o homem. Aqui está o homem. Eu vi o homem se apresentar. Vi o homem tentar se esconder. Certo, prontos para gravar? -Pode ficar de pé, Alex. -Posso? -Sim, pode. -Dá pra te alcançar. -Está bem. -Era só pro topo da cabeça... -Certo. Esses personagens, imagens e objetos existem num mundo imaginário. Quero apenas que minha mente seja mais livre do que é. E isso não é fácil pra mim. Então, passar tempo com esses personagens de forma devotada e analítica é dizer: "Não sei se algum dia irei mudar, mas, pelo menos, vou tentar." Há uma distância entre mim e as pessoas que me influenciaram no passado. Se imagino um certo ícone como um símbolo raso, como lhe dou profundidade? Eu espero isso, acho, de quem eu admiro e daqueles que me confundem. Quero profundidade. Isso aí. Espera, vai até os ombros? Isso. Eu percorri um caminho longo e tortuoso para me tornar um artista. Eu era um jovem de vinte e poucos anos que estudava animação, e eu não sabia como fazer para... se quisesse fazer esculturas, não tinha ideia de como fazer isso. Todo mundo que fazia esculturas ia em marcenarias ou outros lugares. Mas esses lugares não pareciam seguros para um homem gay. Eu não sabia como me encaixar lá. Quando pensei ter chegado a um impasse e meio que tive... algum tempo para pensar em como queria fazer uma escultura, observei a minha avó e comecei a costurar. Acabei fazendo um pote enorme de ketchup. Eu me filmei como se estivesse replicando uma foto de Claes Oldenburg com uma pasta dental na rua, mas era apenas ketchup. E andei pelas ruas da Filadélfia com ele. Foi minha primeira experiência com esculturas e costura, e também uma forma poderosa de me encontrar. A ideia de incluir essas coisas, "amaciar" o que parece ser "duro", é meu jeito de acabar com o machismo e dizer: "Há lugar para uma maneira mais gentil e delicada de compreender o que significa ser humano." Todos que eu conheço estão fazendo a mesma coisa. Querem a mesma coisa para as suas vidas. Há muitas pessoas trabalhando em prol de algo novo e desconhecido. Nenhum de nós sabe como isso acabará. E acho que é por isso que viemos ao estúdio todos os dias: para explorar o desconhecido. Vamos ver no que isso vai dar. Sim, amanhã isso estará diferente. Mas é isso... o que queremos. Então, essa é uma réplica do Circo de Ratos de Claes Oldenburg. É um trabalho que fizemos para a Documenta. Lembro que só queria ficar perto de coisas, pequenos objetos de plástico. Meu quarto, quando criança, tinha baldes de coisas que eu colecionava. E eu meio que acumulei todos os objetos e pequenas esculturas que fiz, e coisas que são importantes para mim, coisas que contribuíram para meu vocabulário escultural, mas em miniatura. Essa réplica de Big Bird originou o trabalho para o The Met. Meu trabalho, quando estou fazendo uma réplica, não termina com ela. Porque, para mim, também é importante dar vida ao que foi replicado e inserir isso em um novo mundo. Isso permite que esses personagens ou imagens ganhem vida em um mundo onde a lógica é reinventada, ou pausada, ou desacelerada, ou revertida. E o que achamos saber, e como achamos que as coisas devem ser, acaba sendo destruído. Acho que quando eu era jovem e dizia querer ser artista, pensava que isso significava fazer desenhos pra Disney. Queria participar do mundo mágico que aquele lugar me permitia fazer parte. Morei em Nova Jersey e em Pittsburgh. E também em Caracas, na Venezuela. Quando se é jovem e se muda bastante, pode ser difícil. Acho que foi por isso que me tornei um sonhador. Porque eu vivia em um lugar, e então ia embora dali, e então sentia saudade do lugar em que vivia. É como se você vivesse em um lugar além da superfície, muito profundo na sua mente. As casas que estou construindo são bastante fragmentadas. São colagens de muitos lugares e muitas versões, acredito, de mim mesmo. MUSEU DE ARTE DA FILADÉLFIA Como olhar para o futuro e ao mesmo tempo entender o passado e de onde viemos? Sempre visito essa galeria para ver esse Brâncusi. A forma como sempre entendi Brâncusi foi essa noção de que a escultura, da cabeça aos pés, é uma só. A fundação, também chamada de pedestal, faz parte do trabalho. E eu interpreto isso como se nossas raízes e história tivessem tanta importância quanto o que está presente, ou o que vemos ou está visível no topo. E, então, eu penso de novo nesse trabalho e em como reagir a ele, como interpretá-lo. Acredito que, o que eu quero, quando venho aqui, é dizer: "Deu certo para vocês, mas como pode dar certo pra mim agora? E vamos terminar por aqui." ♪ Quando eu vi você ♪ ♪ Conversando com aquela garota ♪ Certo, vamos começar a gravar. Certo, prontos? E... ação! Poderíamos usar algo parecido com isso. Claro, podemos usar isso. Quer repetir ou ir em frente? -Vamos repetir. -Tá bem, legal. Hoje, Alex está filmando a sequência de um filme em que Marcel Duchamp se veste como a drag queen Rrose Sélavy, uma personagem fictícia que ele inventou. E ele vai cantar uma música debaixo de um holofote rosa. Meu pais me perguntaram: "O que isso significa?" Estavam tipo: "Por que ketchup e esses personagens?" E eu respondi: "Esses são meus lugares seguros." E, por mais estranhas que as minhas ideias possam parecer, garantir que consigam comunicar um pouco o que significa ser humano, é isso que importa. Esse é o motivo do porquê eu trabalho e como trabalho. ♪ Por que os pássaros ♪ ♪ Aparecem de repente ♪ [Aplausos] ♪ Toda vez ♪ ♪ Que você está por perto? ♪ ♪ Assim como eu ♪ ♪ Eles desejam estar... ♪ Cruzar a linha entre quem você realmente é e quem você almeja ser, ou quem você foi um dia. Estamos constantemente negociando e renegociando essa coisas, para sermos, você sabe, o humano perfeito. Não sei se serei capaz de realmente entender isso, mas sei que colocamos coisas no mundo porque queremos fazer perguntas, e espero aprender algo novo. ♪ ...e a luz das estrelas em seus olhos azuis ♪ ♪ E é por isso ♪