Os "vikings" são provenientes do norte montanhoso e inóspito, conhecido hoje por Escandinávia. Enquanto o Império Romano florescia, mais a sul, os escandinavos tinham pequenos povoados. nenhum governo central, nem moeda. Mas, por volta do século XI, os "vikings" tinham-se espalhado para muito longe da Escandinávia, conquistando o controlo das rotas comerciais na Europa, conquistando reinos longínquos em África e criando postos avançados na América do Norte. O segredo para estes êxitos estava nos seus barcos. O fantástico barco comprido dos "vikings" tinha origem na humilde canoa escavada num tronco. Durante milénios, os habitantes da Escandinávia usaram estas canoas para transporte. As florestas densas e as montanhas altas tornavam difíceis as viagens por terra, mas as enormes linhas da costa e os numerosos rios, lagos e fiordes proporcionavam uma alternativa viável. As primeiras canoas eram escavadas em troncos e movidas a remos. Com o tempo, acrescentaram tábuas à base do tronco, usando a técnica do "casco trincado", ou seja, de tábuas sobrepostas que eram unidas umas às outras pelas bordas. À medida que o Império Romano se expandia para norte, alguns escandinavos integraram os exércitos dos seus novos vizinhos e aprenderam a tecnologia marítima dos romanos. As culturas mediterrânicas, no centro do Império Romano, tinham grandes vasos de guerra que controlavam o mar e navios de carga que transportavam mercadorias pelas vias fluviais. Esses barcos eram movidos por velas e por remos e tinham por base um forte esqueleto de madeira interior presa às tábuas exteriores por pregos de cobre, ferro ou madeira. A princípio, os escandinavos incorporaram esta tecnologia, substituindo os remos soltos por remos presos. Esta alteração melhorou imenso a eficácia da tripulação, mas também exigia barcos mais robustos. Assim, os construtores de barcos começaram a usar pregos de ferro em vez de os coser. Abandonaram a base de tronco, substituindo-a por uma quilha e os barcos ficaram mais altos e mais navegáveis. Mas estes primeiros barcos mantiveram o conceito do barco original: a sua força dependia do casco de madeira exterior, e não duma estrutura interna. Eram construídos como cascas — de paredes finas, mas fortes e muito mais leves do que os barcos romanos. Os capitães rivais depressa refinaram os novos barcos para serem mais eficazes. Quanto mais leve fosse o barco, mais versátil seria e menos investimento em recursos exigiria — uma vantagem adicional numa cultura descentralizada sem grande população. Estes barcos ainda não tinham velas — as velas eram dispendiosas — e, para já, os barcos a remos satisfaziam as necessidades. Isso mudou depois da queda do Império Romano Ocidental, no século V. A Europa ocidental sofreu um enorme golpe económico, nivelando um pouco as condições para os escandinavos. À medida que a região recuperava, apareciam novas rotas comerciais vigorosas até à Escandinávia. A riqueza que fluía ao longo dessas rotas ajudou a criar uma nova classe de escandinavos, mais próspera e poderosa, cujos membros competiam permanentemente entre si pelas rotas comerciais e pelos territórios. No século VIII, começou a fazer sentido um barco à vela: podia ir mais longe, mais depressa, à procura de saques disponíveis. Com a adição das velas, os barcos leves e rápidos tornaram-se quase imbatíveis. Tinha nascido o barco "viking". Em breve, os compridos barcos dos "vikings" transportavam 100 "vikings" para a batalha. Frotas inteiras podiam chegar a praias abertas, penetrar profundamente nos rios e ser transportados por terra, se necessário. Quando não estavam em guerra, os barcos eram usados para transportar mercadorias e fazer viagens comerciais. Havia versões mais pequenas para pescas e excursões locais e adaptações maiores para viagens no mar alto, capazes de transportar dezenas de toneladas de carga. Graças ao seu engenho, perante terras difíceis e economias fracas, os "vikings" viajaram para oeste, instalaram-se no Atlântico Norte e exploraram a costa da América do Norte, séculos antes de quaisquer outros europeus terem lá chegado.