[Fundo musical] ¶
Dr. Zucker: - Estamos no Museu
Pergamon, em Berlim,
e um dos objetos mais
impressionantes dele,
bem, não é
um objeto.
Dra. Harris: É uma
porta de uma cidade.
Havia oito portas duplas
que formavam
parte das paredes ao redor
da antiga cidade de Babilônia.
- É enorme.
- Não somente
nos impressiona,
impressionou as pessoas,
quando construído.
De fato, era uma das
Maravilhas do Mundo.
- Então Nabucodonosor,
de fama bíblica,
subiu ao trono e
começou a reconstruir
a já antiga cidade
de Babilônia.
Esta é uma cidade que tem as suas
raízes no terceiro milênio a.C.,
mas tinha se tornado um
importante centro político
sob o rei Hammurabi
em 1700 a.C..
A cidade tinha permanecido povoada, mas
só recuperou importância no século VI
sob Nabucodonosor II
e com o seu pai.
E o que estamos vendo aqui é parte
da enorme campanha de construção
que Nabucodonosor II
tinha empreendido.
- Podemos reconhecer
Nabucodonosor da Bíblia,
do livro
de Daniel.
Ele é o soberano da
Babilônia que conquista
e destrói o Templo
de Jerusalém
e que é responsável
pelo exílio dos judeus.
- Claro que era
poderosíssimo:
foi capaz de realizar esta
enorme construção, você sabe;
fortificou e fortaleceu
onze quilômetros
de muro ao redor da
cidade de Babilônia;
reconstruiu o grande
Zigurate na Babilônia
que teve o Templo de Marduk
em sua parte superior
E é provavelmente a fonte da
história da Torre de Babel;
criou palácios e criou
esse portão extraordinário.
- E jardins
suspensos que também
foram considerados uma das
maravilhas do mundo.
Então, a cidade de Babilônia
tinha oito portas duplas.
A que estamos olhando
é uma daquelas portas
e, na verdade, a
menor das portas duplas.
A outra teria
sido ainda maior,
se é que é
possível imaginar.
- De fato, tão
grande que o museu
não pode realmente
colocá-la em exposição,
mesmo neste
espaço gigantesco.
Esta porta, que naturalmente teria
sido aberta apenas para o amigável,
está no final de um longo
caminho procissional,
forrado com belos leões que falam
muito claramente de orgulho,
de poder, e do governo
de Nabucodonosor.
- Os leões vistos no
caminho procissional
representam Ishtar, uma
das deusas babilônicas:
a deusa da guerra e da
sabedoria e da sexualidade.
- Estão posicionados
ao nível dos olhos
e são um pouco menor do
que o tamanho natural,
todavia são
muito grandes.
- E eles são
assustadores.
- Suas bocas estão abertas
nestes rugidos ferozes.
- É verdade. Eles estão
rosnando, não estão?
- Eles estão. Porém, o fato
deles serem colocados
neste caminho normal,
faz com que pareçam
ter sido treinados
ou controlados
pelo próprio rei
Nabucodonosor.
- Faz-nos temer
não só os leões
Mas também nos
faz temer o rei.
A imagem de um
leão é bonita.
Esta faiança é erguida para criar
uma espécie de escultura em relevo.
Então... além dos leões, há
duas outras formas animais
para decorar a porta,
e ambas foram elaboradas
para ser tão ferozes
quanto os leões.
Uma espécie de touro antigo,
conhecido como um auroque.
Estes deveriam ser
terrivelmente cruéis.
E, em seguida, alternando
com as linhas de auroque,
está uma espécie de
dragão mesopotâmio,
que é realmente uma
besta complexa.
As patas dianteiras
são as de leões.
A cabeça e o pescoço vêm
de uma cobra ou serpente.
As patas traseiras vêm
de uma águia, talvez.
- E suas caudas têm um ferrão,
como um escorpião.
- Esses dragões estão
associados com Marduk,
o deus padroeiro
da cidade.
E Nabucodonosor associou-se
diretamente com Marduk.
Os auroques, que
são estes touros,
estão ligados
com o deus Adad,
um deus associado
com as tempestades,
com a fertilidade
da terra,
com a colheita.
Todos estes animais falam
em proteger a cidade,
também abastecendo
a cidade.
- Eles são
animais ferozes,
mas também estão representados
em um caminho muito habitual
ao longo da procissão e
na torre e no arco do portão,
de modo que
há uma simetria,
um senso de ordem na forma
como são representados.
- Um dos aspectos mais
extraordinários destas torres
da porta como
um todo, é a cor.
Este é um lugar árido,
onde o sol é brilhante,
onde realmente
fica quente.
E você pode imaginar
o quão brilhante
os azuis e os verdes da superfície
teriam sido originalmente,
não no contexto do museu, mas sim
no contexto da margem de um deserto.
Na Mesopotâmia havia um
problema real, você sabe,
os egípcios eram capazes de
construir grandes pirâmides
e outros monumentos feitos da
pedra nativa que os rodeava,
mas na Mesopotâmia
eles não têm isso.
Este era um vale do rio, a Babilônia
ficava às margens do Eufrates.
Na verdade, o Eufrates
atravessa direto a cidade.
Quando os mesopotâmios
queriam construir,
eles criavam edifícios
a partir de tijolos,
fabricados a partir da
argila do vale do rio.
O azul brilhante que vemos na
superfície da porta é faiança.
Esta é uma técnica que era
conhecida pelos antigos egípcios
e outras partes do
mundo antigo,
e utiliza cobre para criar
esta azul brilhante.
E este é um
belo exemplo.
- Então o portão é enorme,
é assustador, é decorativo,
e é brilhantemente
colorido.
Não é de admirar que Nabucodonosor
estivesse tão orgulhoso dele
e escrevesse uma
inscrição ao lado.
- Vamos lê-la.
Agora temos certeza de onde a inscrição
foi originalmente colocada na parede,
contudo, nesta reconstrução, está no
lado esquerdo da torre esquerda.
Aqui está um trecho:
"Eu, Nabucodonosor,
estabeleci as fundações dos portões
ao nível de água do solo".
E as tinha construído a
partir de pura pedra azul.
Nas paredes da sala interna do
portão, estão touros e dragões,
e eu, portanto, magnificamente
os adornei com luxuoso esplendor
para que toda a humanidade
os observe com reverência.
- E nós estamos reverenciando
dois milênios e meio mais tarde.
- Nabucodonosor entendeu
seu lugar na história
e realmente escreveu inscrições
em seus novos edifícios,
o que não só os identificou e
identificou o propósito deles,
como a ele mesmo como
patrono deles e, mais ainda,
pediu aos governantes futuros
para reconstruí-los para ele.
- É como se ele soubesse
que os impérios vão e vêm.
- E pudesse falar
ao longo da história
e no nosso tempo, o
governante da Mesopotâmia,
que hoje chamamos de Iraque,
parece ter prestado atenção.
Saddam Hussein, na realidade,
tinha começado
a reconstrução de
partes da Babilônia.
Construiu seu próprio palácio
a algumas centenas
de metros de distância
da Porta de Ishtar
E começou a reconstrução
de partes da cidade também.
Isso chegou a um impasse, obviamente,
nas recentes ações militares contra ele
e, é claro, ele foi afinal
deposto e morto.
- E o que significava reconstruir
esta cidade lendária?
- Saddam Hussein
queria muito reconstruí-lo
não por Nabucodonosor, mas
por sua própria ambição política.
- Reivindicando o poder de
Nabucodonosor para si mesmo.
- Com certeza! E o poder
da antiga Mesopotâmia!
[Fundo musical]
[Legendado por: Noemia Monteiro Bito]