No dia 8 de dezembro de 1980,
eu fui encarregado de patrulhar
o distrito 20 de carro.
Eu recebi uma chamada que tiros haviam
sido disparados na Oeste 1, rua 72.
Um homem apontava e dizia:
"Este é o homem que está atirando"
Foi aí que percebemos
que era para valer.
Então olhei e vi um homem
com as mãos para o alto.
Eu o atirei contra a parede.
naquela hora, Jose me disse que
havia atirado em John Lennon.
Eu disse: "O que?"
[shot]
Essa é uma obra de arte
da viúva de John Lennon, Yoko Ono
Eu pensava em todas as janelas do mundo.
E há tantas delas com marcas
e perfurações de tiros.
Eu quis fazer um gesto simbólico
de uma perfuração de bala.
E você deve observá-la
pela frente e por trás.
Porque quando você a observa
pela frente, você é o atirador.
Quando a observa
por trás, você é a vítima.
Eu a fiz e então percebi.
"Deus, eu já vi isso..."
"...aquela noite"
Às 10:30 da noite, de uma segunda-feira,
do dia 8 de dezembro de 1980,
John Lennon foi assassinado
no Edifício Dakota, em Nova York.
[Imagine tocando de fundo]
Essa noite, um dos maiores músicos e
artistas do mundo, John Lennon dos Beatles
foi morto em frente
de sua casa em Nova York.
O impacto da morte de John Lennon
foi sentido em todo o mundo.
Liguei o rádio e Imagine estava tocando.
Era como uma facada no coração.
Você sabia que era verdade.
Foi um golpe esmagador.
Fiquei paralizado. Tinha acabado de vê-lo.
Foi um choque. Um choque absurdo.
[Imagine]
Não pude acreditar. Estava em choque
e me perguntei: "Quem fez isso?"
"Por que alguém machucaria o John?"
Então pensei que talvez e pudesse
ter uma foto do assassino.
O dia em que John Lennon morreu
Em janeiro de 1969, onze anos
antes de John morrer,
os Beatles faziam seu último show,
no telhado do prédio de seu escritório,
na Saddle Row.
Foi o fim de uma era.
John Lennon influenciou profundamente
um geração. E foi além.
- O que aconteceu aqui?
- O que eu sei?
Que a marca era gerenciada daqui, eu acho.
Eu não sei muito sobre o que aconteceu
aqui.
Um último show.
[Don't let me down tocando]
Lembro-me dessa casa.
Eu estava naquela fila.
Era a voz dele.
Eu fico triste, fico bravo.
Me arrepia. Era a voz dele.
[Nobody ever loved me like she do...]
E pensei: "Quero ter uma banda como esta.
Por que não posso fazer música assim?"
A vida do John, depois que ele deixou os
Beatles, foi uma fuga da Beatlemania.
Em 1971, ele encontrou seu refúgio
com Yoko em Nova York.
A cidade onde ele estaria nove anos mais
tarde para encontrar seu destino.
[cantando: New York city, babe]
A última vez que o vi, estávamos na
Madison Square Garden.
Ele disse: "Posso andar pelas ruas
e pelos parques.
As pessoas passam por mim e dizem:
- Oi, John! E continuam andando.
Em vez de - Oi John e blá blá blá..."
Ele disse: "Adoro isso."
E pensei que John havia
encontrado paz, finalmente.
[All we are saying is give peace a chance]
A paz teve um preço.
O ativismo político de John
teve grande efeito no jovens,
E o próprio presidente o via
como uma ameaça.
Nixon estava determinado a negar
o Green Card para John.
Há uma gravação do capanga de Nixon
em algum lugar, dizendo:
"Sabe, esse cara pode ganhar uma eleição."
Isso foi preservado.
O primeiro passo era mandá-lo embora.
Eles estavam dispostos a fazer isso.
[I would like]
Em agosto de 1980, após a dificuldade
de residência permanente,
John estava para embarcar em
uma nova aventura musical com Yoko.
Eles são vistos saindo do Dakota no
primeiro dia de gravação
do álbum Double Fantasy.
Não faziam ideia de que seria o último.
Seu co-produtor era Jack Douglas.
A ideia do álbum era fazer um diálogo
entre um homem e sua esposa.
Um homem que passou pelos anos 60.
Era sobre: "Aqui estamos, fazendo 40 anos,
e está tudo bem. Ainda podemos fazer isso,
ainda podemos ter nossa voz,
conseguimos passar por todos
aqueles anos terríveis.
Agora vamos olhar para o futuro.
Em setembro de 1980, o album
Double Fantasy está quase completo.
Ele o ouviu com atenção,
e vi o sorriso em seu rosto.
E ele gritou: "Mãe, avise a todos
que temos um álbum."
"Mãe" era o apelido de John para a mulher.
Ele me fazia rir o tempo todo.
Eu não tentava fazê-lo rir,
mas parecia que ele ria
o tempo todo de mim.
Quando eu dizia algo sério, ele dizia:
"Você é tão pequena para falar essas
coisas"
Ele achava isso engraçado.
Com os fãs, John era gentil.
Em novembro de 1980, o fã que seria o
último a tirar uma foto de John vivo,
teve sua primeira oportunidade.
Ele disse: "Vamos tirar essa foto agora.
Não sabemos se teremos outra oportunidade"
E isso aconteceu 21 antes
de ele ser assassinado.
Eu parecia uma criança em volta
da árvore de natal.
E quando fiquei ao lado dele,
ele pôs o braço no meu ombro.
Eu não podia acreditar que ele
havia me puxado para perto.
Ao fazer isso, ele me deu a ideia de que
eu poderia segurar sua gola de pelos.
Eu o segurava para ter certeza
de que não era um sonho,
de que ele não iria desaparecer.
A imagem mais icônica de John Lennon em
Nova York foi tirada por um amigo,
o fotógrafo Bob Gruen.
Numa sexta, 5 de dezembro, três dias antes
de sua morte, John o telefonou.
Ele estava de bom humor, brincalhão.
No dia seguinte, ele me pediu para voltar,
porque ele havia comprado uma jaqueta
e queria algumas fotos com ela.
Uma bonita jaqueta Yamamoto.
Então passamos a noite conversando,
enquanto eles trabalhavam no estúdio.
E foi ao amanhecer que fomos para a rua,
num sábado de manhã, 6 de dezembro.
E tiramos muitas fotos lá.
E foi a última vez que o vi.
Mais tarde, naquele sábado,
John deu uma entrevista no rádio
ao DJ da BBC Andy Peebles, no estúdio de
gravação Hit Factory em Manhattan.
Ali estava meu herói.
Me lembro que ele pôs o braço no meu ombro
e disse: "obrigado por vir."
E eu pensei em falar: "O que você quer
dizer com 'Obrigado por vir?'"
[Gravação]
Quando deixei a Inglaterra,
ainda não podia sair às ruas.
Ainda era a rua Carnaby e
tudo aquilo acontecendo.
Não podíamos andar pela quadra
ou ir a um restaurante
a não ser que quiséssemos fazer o papel
de estrelas e ao lixo do restaurante.*****
Eu posso sair agora por essa porta
e ir a um restaurante.
Você tem ideia do quanto
isso é maravilhoso?
No final da entrevista, por alguma razão,
passou pela minha cabeça
perguntar a ele sobre segurança.
E ele usou a frase clássica: "Eu posso
andar pelas ruas e as pessoas dizem
'Oi John, como vai? Como está o bebê?'
E eu posso vê-lo dizer isso
com tamanha convicção.
Ele não poderia jamais ter imaginado
o que aconteceria em 48 horas.
Nunca, nunca poderia ter imaginado.
[suspiro]
Segunda-feira, 8 de dezembro, 1980.
Às 10 da manhã, Jonh Lennon deixa o
Edifício Dakota para ir ao barbeiro.
Ele só queria cortar o cabelo.
Talvez eu ainda tenha seus cabelos,
não sei bem.
Eu costumava guardar seus cabelos.
O dia começou com
a foto da Liebowitz.
Enquanto a fotógrafa Annie Liebowitz
termina a sessão de fotos
para a revista Rolling Stone, uma capa
que ficaria famosa mundialmente,
o fã de John, o fotógrafo amador
Paul Garesh chega, como de costume.
Eu cheguei no Dakota
perto de 11:45 da manhã.
Era um dia ameno para 8 de dezembro.
A única outra pessoa lá era um rapaz que
usava um sobretudo longo com gola de pelo,
e um chapéu de pelo.
Ele usava um cachecol e segurava o
álbum Double Fantasy embaixo do braço.
Ele me perguntou:
"Você está esperando o Lennon?"
Eu disse que sim.
E ele disse: "Meu nome é Mark.
Sou do Havaí."
E eu disse: "Eu sou Paul.
Sou de Nova Jersey."
Ele perguntou: "Você trabalha para ele?"
E eu disse que não.
Ele falou: "Eu vim do Havaí para
ter meu álbum autografado."
Então perguntei: "Onde você está
hospedado na cidade?
Foi então que ele começou a mudar
completamente de comportamento.
De um bobo para uma pessoa agressiva.
E disse: "Por que você quer saber?"
E eu falei: "Volte para onde você
estava e me deixe em paz."
E nós...
Nós iríamos fazer uma
entrevista com a rádio RKO, sabe?
Às 12:40 da tarde, a equipe
da rádio RKO de São Francisco,
com o radialista Dave Sholan, chega
cheia de expectativas para a entrevista.
Dirigimos até o Edifício Dakota,
que é um prédio impressionante.
É de tirar o fôlego.
E somos levados a um espaço incrível,
uma sala linda,
onde você tira seus sapatos,
que é um ótimo hábito,
senta-se em um sofá
e Yoko estava lá.
Me lembro de olhar para o teto e
ver lindas nuvens pintadas. Lindo!
Enquanto isso, Paul Garesh entra para
pegar uma cópia do livro de 1965 de John,
"A Spaniard in the Works", que
havia deixado para John autografar.
John estava vindo em direção à entrada.
Ele disse: "Vou autografa-lo
para você hoje, prometo."
Então voltei para o lado de fora.
O rapaz com o sobretudo estava lá.
Ele estava sozinho do outro lado.
Ele veio até mim e disse: "Sabe,
quero me desculpar com você.
Te devo desculpas pela
forma como agi.
Estamos em Nova York e não sabemos
em quem podemos confiar hoje me dia."
Segunda-feira, 8 de dezembro 1980.
É 1:25 da tarde.
John Lennon começa uma entrevista
de duas horas e meia
com o radialista Dave Sholan.
A última entrevista que ele deu.
A porta se abre e John aparece,
dás uns pulos no ar e
diz: "Aqui estou pessoal!"