(música calma) - A mudança climática reside fora da percepção humana. É maior do que nós. Nós podemos ver suas expressões locais, mas não podemos ver a mudança climática e isto é realmente um problema inerente. Isso está em uma escala além da nossa percepção. A própria floresta tropical abrange nove países. Então, como único indivíduo, é difícil imagina-la como um objeto. (árvore caindo) Nós realmente estamos em um momento crítico agora. Novas pesquisas sugerem que atualmente a floresta tropical não está mais absorvendo carbono. Estão ocorrendo muitas queimadas, agora ela é uma rede de produção de carbono. Mas como contar a história adequadamente, digo, nós vimos uma foto da floresta tropical queimando, nós vimos tudo. E aquelas fotos são realmente importantes, mas sabe, há muito o que descobrir na Amazônia brasileira. Estou muito interessado em tentar encontrar uma maneira de expressar, coisas profundamente complexas, ao olhar cuidadosamente para essas paisagens carregadas. Coisas maiores do que câmera possa necessariamente ver. O meu primeiro grande projeto é o meu primeiro projeto de verdade, mas eu escolhi a crise de pessoas desaparecidas no pós-guerra das nações balcânicas. Muitas pessoas não voltaram da guerra e desapareceram. Supunham que tinha sido enterradas em valas comuns as quais nunca foram identificadas. Então a bela paisagem de Bósnia e além dos Balcãs, foram subscritas por esta tragédia. E então havia uma tensão inerente na própria terra, mas também uma abstração inerente dentro do assunto em questão. E eu estava procurando por algo para fotografar que você não pudesse colocar em frente das lentes. E eu não consiga enxergar. O falta de fechamento de uma sociedade inteira para mover-se da guerra devido a uma incapacidade para lamentar os mortos. E eu comecei a olhar para a paisagem e a documentar, suponho, a absência dentro do ambiente vivo, a inscrição na terra, ao menos emocionalmente. Mas para mim aquilo foi fundamental. De alguma forma é algo para o qual eu continuo voltando talvez em todos os meus projetos. A Kodak anunciou uma descontinuação de uma filmadora infravermelha especifica chamada Aerohrome, inventada na Segunda Guerra Mundial em colaboração com as forças armadas americanas para detecção de camuflagem. A luz infravermelha salta para fora da clorofila em plantas saudáveis. A camuflagem costuma ser feita de tecido ou pintada e estes materiais não possuem clorofila. Se você pudesse registrar a imagem de luz infravermelha veria instantaneamente os alvos inimigos, essencialmente através da camuflagem. No Congo, na época havia mais de 50 grupos armados diferentes. Acho que agora há mais de 80 lutando uns contra os outros. Então é um conflito muito opaco e como resultado, mostra que é muito esquecido. Eu estava a procura de um meio que literalmente pode tornar visível o que não podemos ver, e eu estava colidindo-o contra uma invisibilidade. Aquele salto metafórico foi realmente importante, e descobri que quanto mais empurrava mais aquilo começava a dar frutos. Aquilo começou a sensibilizar algumas dessas narrativas que eu estava documentando e, isso foi notável. Mas havia algum tipo de início de nova fase na minha prática que acho que é uma continuação, até hoje, do uso de tecnologias de vigilância para tentar ultrapassar os limites da câmera, das imagens do documentário, especificamente. Ao terminar o meu projeto no Congo, eu encontrei uma câmera de vigilância especifica que pode ver e perceber o calor. Está comprovado que reproduz o calor do corpo humano à 30 quilômetros de distância, aproximadamente 19 milhas. A imagem que ela produzia era muito estranha e assombrosa. O calor do nosso sangue nas veias é instantaneamente retratado de maneiras as quais não podemos enxergar à olho nu, nossa respiração, nosso suor. (som de bipe) - Espera, espera, espera, espera. Só um minuto. Só um minuto. - E naquele momento, havia a onda exponencial de "imigração ilegal" na União Europeia. Refugiados vinham para clamar por seus direitos humanos de asilo. Esta mesma câmera pode ser vista como uma arma tecnológica para detectar e devolvê-los. Então foi um prisma perfeito para mediar todas as narrativas complexas que eu comecei a documentar ao longo de muitos anos. Haviam muitas pessoas e ainda há muitas pessoas, morrendo, afogando devido a exposição ao clima. E esta câmera é feita para indexavelmente revelar a mortalidade humana expressada através da combustão celular. Esta é uma notável instância da câmera mostrando algo que nós não podemos ver. Os voluntários da Cruz Vermelha friccionando a vida, oferecendo calor por meio dos cobertores em que foram embrulhados, ao redor dessas pessoas a beira da morte. E você pode ver a marca térmica da mão, o calor que dá vida sendo transferido. Estou lá primeiramente como humano e há instâncias onde colocamos nossas prioridades em segundo plano, e ajudamos quando não há mais ninguém. Isso é apenas o que os humanos fazem. Mas em instâncias em que continuamos a filmar, quando há outros voluntários, por exemplo, trabalhando, há um real senso naquilo que acreditamos fazer, um senso de fé na importância da imagem do documentário da imagem evidencial. Caso contrário, você não iria tão longe para realizar esse tipo de gravação. Então eu realizei uma série de imagens panorâmicas em larga escala, mapas de calor de campos de refugiados. E também fiz um vídeo imersivo na tela chamado Incoming, com trilha sonora de Ben Frost e cinematografia de Trevor Tweeten. Bem, estes são os meus bons amigos com quem eu colaborei, também em Enclave, no Congo, e com quem eu trabalhei novamente em meu novo filme, Broken Spectre. Podemos tentar ampliar esta tela? A fotografia está no cerne da compreensão da velocidade de desmatamento, e eu comecei a pesquisar as câmeras nos satélites que produzem todos os dados. Mas o que realmente me deixou mais curioso foi o fato de que as mesmas câmeras estão sendo usadas pelo agronegócio e pela mineração, para maximizar a exploração da terra. Mas eu também queria mudar a marcha, porque muitas das coisas que vemos na Amazônia é registrada de cima, de uma grande altitude. E quanto as coisas que nós não vemos, as não humanas? Se você pegar uma polegada quadrada de vida na floresta tropical, é apenas isso, é viajar com a vida. Só a quantidade de espécies já é extraordinária. Os cientistas usam luzes ultravioletas para experimentar e mostrar coisas sobre as plantas. Então tomei emprestada aquela linguagem e criei estas, tão estranhas, quase que góticas e noturnas. - Sim, podemos colocar a barra grande e achatada aqui. Vamos manter assim. - Você pode ver na verdade pequenos animais se movendo ao redor. Tivemos muitos problemas técnicos. - Sim, passaríamos horas e horas e então de repente a luz apagaria ou a câmera desligaria. Na verdade, metade do tempo a câmera estava superaquecida. - A terceira escala a qual escolhi examinar foi a escala humana. Nós mantivemos muita responsabilidade em relação aos processos que descobrimos na Amazônia. Muita carne barata vindo diretamente da floresta primária e também aos nossos bancos. Grande parte do dinheiro é baseado nos interesses do agronegócio no Brasil. Então, isso está em todo lugar. Isso nos cerca. Mas como envolver o espectador? Este é um problema sério, e um com o qual queríamos lidar. E nossa resposta foi fazer um faroeste. E isso é estranhamente incongruente. Você pensaria na floresta tropical, porém, em todo lugar que visitamos na floresta tropical, muitos dos processos de desmatamento que estávamos testemunhando eram liderados por vaqueiros. A cultura dos vaqueiros, na verdade, começou há séculos na Espanha e então foi exportada para a América do Norte, onde se tornou algo distinta. E então, ela faz o seu caminho até o Norte do Brasil, na Amazônia, onde se tornou meio bastarda pelas aspirações culturais dos Estados Unidos, do destino manifesto o qual já havia devastado o ambiente e as comunidades indígenas nos Estados Unidos, mas que está agora fazendo a mesma coisa na Amazônia. E isso tem um espírito semelhante. A textura do Spaghetti Western imediatamente ressoa com o expectador, com o expectador ocidental, de qualquer forma. E eu acho que esperançosamente isso soará bem familiar para nós. Esta é a nossa cultura. Nós não partimos. Abrimos a porta numa manhã com uma ideia fixa de que precisamos ir e provar. Tentamos absorver a narrativa do campo na vida real, e essa é uma conversa com o sujeito e com as pessoas que encontramos ao longo do caminho. - Nada se compara a realmente estar no campo, e você aprender muito das conversas com as pessoas na terra. Isso é simplesmente fantástico. - O meu poder, se eu tiver algum, é conseguir mostrar isso para vocês, o que tenho visto, da forma mais poderosa do que, não sei, do que talvez as imagens que tenham visto no jornal sobre o mesmo tema. Ou de uma maneira nova e diferente, que os faça se lembrar disso.