Chris Anderson: Olá, Elon, bem-vindo mais uma vez ao TED. É ótimo ter você aqui. Elon Musk: Obrigado por me receberem. CA: Durante a próxima hora, mais ou menos, vamos passar um tempo explorando sua visão de como seria um futuro empolgante, o que acho que deixa a primeira pergunta um pouco irônica: por que você está escavando? EM: Pois é. Sempre me faço essa pergunta. Estamos tentando cavar um buraco sob Los Angeles para dar início ao que, se tudo der certo, será uma rede 3D de túneis para reduzir congestionamentos. Neste momento, uma das coisas mais desgastantes é o trânsito. Ele afeta pessoas em todas as partes do mundo. Ele rouba boa parte da vida das pessoas. É horrível. Principalmente em Los Angeles. (Risos) CA: Acho que você trouxe uma primeira imagem desse projeto. Posso mostrar? EM: Claro, pode sim. É a primeira vez... Só para mostrar do que estamos falando. Duas coisas importantes e primordiais para se ter uma rede 3D de túneis. Primeiro, você precisa conseguir integrar a entrada e a saída do túnel de forma perfeita à malha rodoviária da cidade. Então, com um elevador, tipo um skate para o carro em um elevador, é possível integrar as entradas e saídas à rede de túneis usando apenas duas vagas de estacionamento. Aí o carro sobe num skate. Não há limite de velocidade. Estamos projetando isso pra que consiga operar a 200 km/h. CA: Quanto? EM: Duzentos quilômetros por hora, cerca de 130 milhas por hora. Será possível ir, digamos, de Westwood até o Aeroporto Internacional de LA em seis minutos... cinco ou seis minutos. (Aplausos) CA: Então, depois de pronto, é como uma rodovia com pedágio. EM: Sim. CA: Que, eu acredito, também alivia o trânsito das ruas na superfície. EM: Então, eu não sei se as pessoas perceberam no vídeo, mas não há um limite real para o número de níveis de túneis que se pode fazer. Você pode ir muito mais para baixo do que para cima. Há minas com profundidade muito maior do que a altura dos prédios mais altos, então você pode aliviar qualquer nível de congestionamento urbano com uma rede 3D de túneis. Esse ponto é muito importante. Então o principal contra-argumento diz que, se você colocar uma camada de túneis que vá apenas aliviar o trânsito, ele vai ficar lotado, e então você vai voltar ao início, o congestionamento vai voltar. Mas você pode fazer a quantidade que quiser de túneis e de níveis. CA: Mas as pessoas vão dizer que é extremamente caro cavar, e isso bloquearia essa ideia. EM: Sim. Bom, eles estão certos. Para dar um exemplo: a extensão do metrô de Los Angeles, que acredito que seja de 4 km, acabou de ser finalizada por US$ 2 bilhões. Então custou US$ 500 milhões cada quilômetro, para fazer a extensão do metrô de LA. E este nem é o metrô mais útil do mundo. Então sim, normalmente é muito difícil cavar túneis. Acho que precisamos de uma melhoria de pelo menos umas dez vezes no custo por quilômetro para fazer um túnel. CA: E como você poderia conseguir isso? EM: De fato, se você apenas fizer duas coisas, pode chegar a uma melhoria de aproximadamente dez vezes, e acredito que pode ir além disso, Então a primeira coisa a fazer é diminuir o diâmetro do túnel em duas vezes ou mais. Então, de acordo com as normas, uma única faixa em um túnel deve ter uns 8 m, talvez 8,5 m de diâmetro para dar espaço em caso de falhas ou para veículos de emergência e para ter ventilação suficiente para os veículos com motor à combustão. Mas se você reduzir esse diâmetro para o que estamos tentando, que é 4 m, o suficiente para passar um skate ou plataforma elétrica, você diminui o diâmetro à metade e a área transversal a um quarto. O custo da escavação sobe conforme a área transversal. Então aí já temos uma melhoria de cinco vezes. Atualmente, as perfuradoras cavam a metade do tempo, param, e no resto do tempo elas reforçam a parede do túnel. Então, se você projetar a máquina para cavar e reforçar continuamente, isso vai dar uma melhoria de duas vezes. Combinando isso, é uma melhoria de oito vezes. Todas essas máquinas estão bem longe de trabalhar nos seus limites de potência, então se você aumentar consideravelmente essa potência, você pode ter uma melhoria de duas vezes, talvez quatro ou cinco vezes além disso. Então acredito que existe uma série de passos bem diretos para se chegar a uma melhoria superior a dez vezes no custo por quilômetro. Na verdade nós temos um caracol chamado Gary, vem do Gary, o caracol de South Park. Quero dizer, desculpa, do Bob Esponja. (Risos) Então, Gary é capaz de... atualmente ele é capaz de andar 14 vezes mais rápido que uma máquina escavadora de túneis. (Risos) CA: Você quer ganhar do Gary. EM: Queremos vencer o Gary. (Risos) Ele não é um carinha muito paciente, e isso seria uma vitória. Vitória é vencer o caracol. (Risos) CA: Mas muitas pessoas estão sonhando com as cidades do futuro, elas imaginam que na verdade a solução seria carros voadores, drones, etc. Ir por cima. Por que essa não é uma solução melhor? Você economiza todo o custo de escavação. EM: Eu sou a favor de coisas que voam. Obviamente, eu faço foguetes, então eu gosto de coisas que voam. Não é nenhum preconceito inerente contra coisas que voam, mas há um problema quanto aos carros voadores: eles farão muito barulho, a intensidade do vento gerado vai ser muito alta. Vamos dizer que, se tem algo voando sobre a sua cabeça, um monte de carros voadores por todo lugar, isso não é uma situação muito tranquilizadora. (Risos) Você não pensa: "Eu me sinto ótimo hoje". Você vai pensar: "Será que fizeram manutenção na calota, ou ela vai cair e me decapitar?" Coisas assim. CA: Então você tem essa visão das cidades do futuro com redes 3D de túneis subterrâneas. Há alguma ligação aqui com o Hyperloop? Você poderia usar estes túneis para aplicar a ideia do Hyperloop que você lançou há alguns anos? EM: Sim, a gente vem fazendo umas coisinhas sobre o Hyperloop há algum tempo. Nós construímos uma pista de teste do Hyperloop adjacente à SpaceX, só para uma competição de estudantes, para encorajar ideias inovadoras para o transporte. E ela acabou sendo a maior câmara de vácuo do mundo depois do Grande Colisor de Hádrons, em volume. Foi bem divertido fazer isso, mas era meio que um hobby, e achamos que, talvez... nós construímos um pequeno carro para empurrar os módulos dos estudantes, mas queremos ver que velocidade ele pode atingir se não estiver empurrando algo. Estamos cautelosamente otimistas de que vamos conseguir ir mais rápido que o trem-bala mais rápido do mundo mesmo em um trecho de 1,3 km. CA: Uau. Ótimos freios. EM: Sim, sim. Ou vai se despedaçar em vários pedaços ou vai ser muito rápido. CA: Mas você pode imaginar um Hyperloop em um túnel correndo longas distâncias. EM: Exatamente. Na tecnologia de construção de túneis, verifica-se que, para se fazer um túnel, você tem que... Para vedá-lo do lençol freático, você tem que projetar a parede do túnel para resistir a cinco ou seis atmosferas. Para ter o vácuo, ou quase vácuo, precisa de apenas uma atmosfera, De fato, se verifica que, se você construir um túnel que possa resistir ao lençol freático, ele automaticamente será capaz de manter o vácuo. CA: Hum. EM: Então, sim. CA: Então você pode realmente imaginar, qual seria o comprimento do túnel para operar o Hyperloop? EM: Eu acredito que não há um limite real de comprimento. Você pode cavar o quanto você quiser. Se fosse para fazer um Hyperloop de Washington para Nova Iorque, acho que você iria pelo subterrâneo todo o caminho, porque é uma área de grande densidade. Você estaria indo por baixo de muitos prédios e casas, e se você cavar muito profundo, você não consegue detectar o túnel. Às vezes as pessoas pensam que vai ser muito incômodo ter um túnel sendo escavado embaixo da sua casa. Se esse túnel for escavado a uma profundidade maior que três ou quatro vezes o diâmetro do túnel, você não vai nem perceber o túnel sendo escavado, de jeito nenhum. Na verdade, se você for capaz de detectar o túnel sendo escavado, qualquer equipamento que esteja usando, você pode ganhar muito dinheiro por ele dos militares israelenses, que estão tentando detectar túneis do Hamas, e da patrulha de fronteira americana, que procura túneis de drogas. A realidade é que a terra é incrivelmente boa em absorver vibrações, e estando abaixo de um certo nível, o túnel é indetectável. Talvez, se você tiver um instrumento sísmico muito sensível, você talvez consiga detectar o túnel. CA: Então você abriu uma nova empresa para fazer isso chamada The Boring Company. Muito bom. Muito engraçado. (Risos) EM: O que é engraçado nisso? (Risos) CA: Quanto do seu tempo isso toma? EM: Talvez... 2 ou 3% do tempo. CA: Você comprou um hobby. Um hobby do Elon Musk é assim. (Risos) EM: Quero dizer, isso é... ela é feita basicamente de estagiários e pessoas trabalhando meio-período. Nós compramos alguns maquinários de segunda mão. É meio que fazer algo aqui e ali, mas está fazendo um bom progresso. CA: A maior parte do seu tempo está sendo gasta com eletrificação de transporte e de carros pela Tesla. Uma das motivações para o projeto de escavação de túneis foi ter percebido que, de fato, em um mundo onde os carros são elétricos e existem carros que dirigem sozinhos, talvez acabem existindo mais carros na rua em qualquer horário, do que já existe agora? EM: Sim, exatamente. Muitas pessoas pensam que, quando você faz carros autônomos, eles serão capazes de ir mais rápido e isso vai aliviar o congestionamento. E em algum grau isso vai ser verdade, mas quando houver autonomia que torne muito mais barato usar o carro para ir de um ponto a outro, a acessibilidade por carro será melhor do que por ônibus. Vai custar menos que uma passagem de ônibus. Então, a quantidade de tráfego será muito maior com a autonomia compartilhada, e de fato o trânsito vai ficar muito pior. CA: Você começou a Tesla com o objetivo de convencer o mundo de que a eletricidade era o futuro dos carros, e há alguns anos, as pessoas estavam rindo de você. Agora, não muito. EM: Certo. (Risos) Eu não sei. Eu não sei. CA: Mas não é verdade que quase todo fabricante de carros já anunciou sérios planos de eletrificação para um futuro de curto a médio prazo? EM: Sim. Sim. Eu acredito que todo fabricante de carros tem algum programa para carros elétricos. Eles só variam na seriedade. Alguns estão bem sérios sobre mudar inteiramente para o elétrico, e alguns estão só começando nisso. E alguns, incrivelmente, ainda estão nas células combustíveis, mas acho que isso não vai durar muito. CA: Mas não há uma sensação, Elon, de que você pode apenas declarar vitória e dizer: "Conseguimos"? Deixar o mundo eletrificar, e seguir em frente e focar outras coisas? EM: Sim. Eu pretendo ficar com a Tesla tanto quanto posso imaginar, e há várias coisas empolgantes que estamos fazendo. Obviamente, o Model 3 chega em breve. Vamos inaugurar a carreta da Tesla. CA: Certo, vamos chegar nisso. Então o Model 3 está previsto para chegar em julho... EM: Sim, ele já está ótimo para começar a produção em julho. CA: Uau. Uma das coisas que deixam as pessoas tão animadas é o fato desse modelo ter piloto automático. E você lançou este vídeo um tempo atrás mostrando como será essa tecnologia. EM: Sim. CA: Obviamente o Model S agora tem piloto automático. O que estamos vendo aí? EM: Então, ele está usando apenas câmeras e GPS. Não tem nenhum LiDAR ou radar sendo usado aqui. Ele está usando apenas óptica passiva, que é essencialmente o que uma pessoa usa. Todo o sistema de estrada foi feito para ser navegado com óptica passiva, ou câmeras, e então, uma vez que você resolve as câmeras ou a visão, a autonomia está resolvida. Se você não resolver a visão, a autonomia não está resolvida. Por isso focamos pesado uma rede neural de visão que seja muito efetiva para as condições da estrada. CA: Certo. Muita gente vai seguir pela linha do LiDAR. Você quer mais do que isso, quer câmeras mais o radar. EM: Você pode plenamente ser um super-humano só com câmeras. Você provavelmente pode ser dez vezes melhor que a maioria, só com câmeras. CA: Então, os novos carros que estão sendo vendidos agora têm oito câmeras. Eles ainda não podem fazer o que foi mostrado. Quando eles serão capazes disso? EM: Eu acredito que estamos no caminho de poder atravessar o país de Los Angeles a Nova Iorque até o fim do ano, totalmente autônomo. CA: Certo, então você está dizendo que, até o fim do ano, alguém vai sentar em um Tesla sem ao menos tocar no volante, selecionar "Nova Iorque", e ele vai? EM: Sim. CA: Sem precisar tocar no volante, até o fim de 2017? EM: Sim... basicamente, em novembro ou dezembro deste ano, seremos capazes de ir de um estacionamento na Califórnia até um estacionamento em Nova Iorque, sem tocar nos controles em nenhum momento durante toda a viagem. (Aplausos) CA: Impressionante. Mas parte disso é possível porque você já tem uma frota de Teslas circulando por todas as estradas. Você está acumulando muitos dados sobre o sistema rodoviário nacional. EM: Sim, mas o que será interessante é... estou de fato muito confiante de que ele será capaz de cumprir a rota mesmo se você mudar a rota dinamicamente. Então... é muito fácil... Dizer que vou ser muito bom em uma rota específica, isso é uma coisa, mas ele deve ser realmente tão bom que, uma vez que entre em uma rodovia, vá a qualquer lugar do sistema rodoviário de um determinado país. Não se limita a ir de Los Angeles à Nova Iorque. Poderíamos mudar para Seattle à Flórida, naquele dia, em tempo real. Você estava indo de LA à Nova Iorque. Agora você vai de LA a Toronto. CA: Então, deixando de lado a regulamentação por um segundo, apenas em termos de tecnologia, quanto falta pra que alguém possa comprar um dos seus carros, e literalmente tirar as mãos do volante e ir dormir e só acordar quando chegar, de forma segura? EM: Eu acredito que dois anos. O verdadeiro segredo não é como fazer isso funcionar, digamos 99,9% do tempo, porque, se um carro bate uma vez em mil, você provavelmente ainda não vai se sentir confortável em dormir. Você não deveria, sem dúvidas. (Risos) Nunca vai ser perfeito. Nenhum sistema será perfeito, mas se você disser que, talvez, o carro dificilmente vai bater por 100 gerações, ou por mil gerações, então as pessoas vão ficar tipo: "Certo, uau, então se eu viver mil vezes, eu dificilmente iria sofrer um acidente". Aí provavelmente está tudo bem. CA: Para dormir. Acho que a sua maior preocupação é que as pessoas talvez pensem cedo demais que isso é seguro, e aí aconteçam alguns acidentes horríveis que vão atrasar tudo isso. EM: Bom, acredito que o sistema de autonomia será capaz de, ao menos, atenuar o acidente, exceto em raras circunstâncias. O que temos que compreender sobre segurança veicular é probabilidade. Quero dizer, sempre há uma chance de, quando um ser humano entrar no carro, ele sofrer algum acidente por culpa dele. Isso nunca é zero. O real limite da autonomia é o quanto ela precisa ser melhor que uma pessoa, antes de você confiar nela? CA: Mas uma vez que você literalmente está seguro sem tocar no volante, o poder disso de quebrar toda a indústria é enorme, porque uma vez você falou sobre as pessoas poderem comprar um carro que lhe deixa no trabalho, você deixa ele ir embora e ele fornece um serviço como o Uber para outras pessoas, ganha dinheiro para você, talvez até cubra o custo da parcela daquele carro, então é como você ter um carro de graça. Isso é realmente possível? EM: Sim. Isso é realmente o que vai acontecer. Haverá uma frota autônoma compartilhada, você compra seu carro e pode escolher usar aquele carro exclusivamente, você pode escolher que ele seja usado apenas por amigos e familiares, apenas por motoristas cinco estrelas, você pode escolher compartilhá-lo algumas vezes e outras não. Isso é o que realmente vai acontecer. É só uma questão de tempo. CA: Uau. Então, você mencionou a carreta e acho que você planeja anunciá-la em setembro, mas estou curioso se há algo que você poderia nos mostrar hoje. EM: Vou lhe dar uma amostra do caminhão. (Risos) Está vivo. CA: Certo. EM: Esse é definitivamente um caso em que queremos ter cuidado com as características de autonomia. Sim. (Risos) CA: Não dá para ver muita coisa, mas ele não parece ser apenas um caminhãozinho da vizinhança. Ele parece meio malvado. Que tipo de caminhão é esse? EM: Esse é um carga pesada, com semirreboque de longa extensão. Ele tem a maior capacidade de carga com a maior extensão. Essencialmente ele foi feito para aliviar as cargas de transporte rodoviário pesado. E isso é algo que as pessoas hoje em dia não acreditam que seja possível. Elas pensam que o caminhão não tem força suficiente ou não tem o alcance, e então, com o Semi da Tesla, queremos mostrar que um caminhão elétrico de fato pode superar qualquer carreta a diesel. E se você fizer uma competição de cabo de guerra, a carreta da Tesla vai puxar a carreta a diesel morro acima. (Risos) (Aplausos) CA: Isso é muito legal; resumindo, eles não são sem motorista. Esses vão ser caminhões que os caminhoneiros vão querer dirigir. EM: Sim, o que vai ser realmente divertido é que, com um motor elétrico, você tem uma curva de torque plana enquanto que, com um motor a diesel ou qualquer tipo de motor à combustão, você tem uma curva de torque parecida com uma montanha. Então este vai ser um caminhão muito ágil. Você pode dirigi-lo por aí, como se fosse um carro esportivo. Não há marchas, é como ter uma única velocidade. CA: Dá pra fazer um ótimo filme com isso. Não sei como seria, nem se termina bem, mas um ótimo filme. (Risos) EM: É bem bizarro testá-lo... quando eu estava dirigindo o protótipo para o primeiro caminhão. É muito estranho, porque você está dirigindo e você fica muito ágil, e você está em um caminhão gigante. CA: Espera, você já dirigiu um protótipo? EM: Sim, eu dirigi ele em um estacionamento, e foi muito louco. CA: Uau. Não é nenhum "vaporware". EM: É como dirigir um caminhão gigante e fazer manobras malucas nele. CA: Legal, certo, agora de um cenário bem agressivo para um cenário menos agressivo. Essa é só uma casa fofa de "Desperate Housewives" ou algo assim. O que raios está acontecendo aqui? EM: Bem, isso ilustra o cenário do futuro, como eu acho que as coisas vão evoluir. Você tem um carro elétrico na entrada. Se você olhar entre o carro elétrico e a casa, há três Powerwalls alinhadas na lateral da casa, e o teto da casa é um teto solar. Então isso de fato é um teto de vidro solar. CA: Certo. EM: Isso é uma imagem de uma... Bom, na verdade, é uma casa falsa real. Essa é uma casa falsa real. (Risos) CA: Então essas telhas, algumas delas têm, basicamente, energia solar, a habilidade de... EM: Sim, telhas solares de vidro onde você pode ajustar a textura e a cor para um granulado bem fino, e ainda têm um tipo de persiana pequena, tanto que se você olhar para o teto do nível da rua ou próximo ao nível da rua, todas as telhas parecem iguais, tendo uma célula solar ou não. Então você tem uma cor uniforme a partir do nível do solo. Se você fosse olhar de um helicóptero, você realmente seria capaz de olhar através e ver que algumas telhas de vidro têm uma célula solar e outras não. Não dá para ver do nível da rua. CA: Você as coloca nas telhas que receberão mais sol, e isso torna esses telhados muito acessíveis, certo? Eles não são muito mais caros do que um telhado comum. EM: Sim. Nós estamos muito confiantes de que o custo do teto mais o custo da eletricidade... Um teto de vidro solar vai custar menos que um teto normal mais o custo de energia. Então, em outras palavras, isso vai ser economicamente acessível, nós achamos que vai ficar ótimo, e vai durar... Nós pensamos em ter uma garantia infinita, mas aí pensamos: "Pode parecer que a gente está falando besteira", mas, na verdade, isso é vidro temperado. Muito depois de a casa desmoronar e não existir mais nada lá, as telhas de vidro ainda estarão lá. (Aplausos) CA: Quer dizer, isso é legal. Então você vai divulgar isso em algumas semanas, eu acho, com quatro diferentes tipos de teto. EM: Sim, inicialmente estamos começando com dois, e outros dois serão introduzidos no início do próximo ano. CA: E qual é o nível de ambição aqui? Quantas casas você acredita que podem acabar usando esse tipo de teto? EM: Acredito que com o tempo quase todas as casas terão um teto solar. Você tem que considerar que a escala de tempo aqui seja, provavelmente, na faixa de 40 ou 50 anos. Normalmente, um teto é substituído a cada 20 ou 25 anos. Mas você não começa substituindo todos os tetos de uma vez. Mas por fim, se avançarmos um pouco, digamos, para daqui a 15 anos, vai ser bem incomum ter um teto que não seja um teto solar. CA: Existe um certo modelo mental que as pessoas não entendem, que por causa da mudança no custo, na economia de energia solar, a maioria das casas tem luz solar suficiente em seus telhados para alimentar todas as suas necessidades. Se você pudesse captar a energia, ela poderia cobrir todas as suas necessidades. Ela pode ser autônoma. EM: Isso depende de onde esteja e qual o tamanho da casa em relação à área do teto, mas é justo afirmar que a maioria das casas nos Estados Unidos tem teto com área suficiente para cobrir todas as necessidades da casa. CA: Então o segredo da economia dos carros, do Semi, dessas casas, é baixar o preço das baterias de lítio-íon nas quais você fez uma enorme aposta com a Tesla. De muitas formas, é a competência principal. E você decidiu que, para realmente ter essa competência, você tem que construir o maior centro de produção do mundo para dobrar o suprimento mundial de baterias de lítio-íon com ele. O que é isso? EM: Sim, esta é a Gigafactory, o estágio atual da Gigafactory. Você pode perceber levemente que ela tem um formato de diamante. Quando estiver totalmente pronta, ela vai parecer um diamante gigante, essa é a ideia por trás, e ela está alinhada ao norte. Apenas um pequeno detalhe. CA: E por fim será capaz de produzir algo em torno de 100 gigawatt-hora de baterias por ano. EM: Cem gigawatt-hora. Acreditamos que provavelmente mais. CA: E elas estão sendo produzidas neste exato momento. EM: Elas já estão em produção. CA: Vocês colocaram neste vídeo. Quer dizer, ele está acelerado? EM: Essa é a versão desacelerada. (Risos) CA: A que velocidade isso realmente vai? EM: Bom, quando está funcionando na velocidade máxima, você não consegue ver as células sem uma luz estroboscópica. É só um borrão. (Risos) CA: Uma de suas principais ideias, Elon, sobre o que faz um futuro empolgante é um futuro em que não ficamos culpados a respeito do gasto de energia. Nos ajude a imaginar isso. Quantas fábricas Gigafactory precisamos para chegar lá? EM: Em torno de 100, mais ou menos. Não são dez, e nem mil. Muito provavelmente 100. CA: Olha, eu acho isso incrível. Você consegue imaginar o que precisaria para tirar o mundo desse negócio de combustível fóssil. E você está construindo uma, ela custa US$ 5 bilhões, algo assim, US$ 5 a US$ 10 bilhões. É muito legal que você possa imaginar esse projeto. E você está planejando, com a Tesla, anunciar outras duas nesse ano. EM: Acredito que vamos anunciar a localização para algo entre duas ou quatro Gigafactorys ainda este ano. É, provavelmente quatro. CA: Uau. (Aplausos) Não tem mais nenhuma dica sobre isso? Tipo... onde... continente... Você pode dizer não. EM: Nós precisamos atender a um mercado mundial. CA: Certo. (Risos) Isso é legal. Eu acho que deveríamos falar... Na verdade, mercado global. Eu vou fazer uma pergunta sobre política, apenas uma. Estou meio enjoado de política, mas quero lhe perguntar isso. Você agora está em um órgão, aconselhando um cara... EM: Quem? CA: Um que disse que não acredita realmente em mudança climática, e muitas pessoas por aí pensam que você não deveria estar fazendo isso. Elas querem que você se afaste dele. O que você diria a elas? EM: Bom, primeiramente, só estou em dois conselhos de assessoramento cujo formato consiste em andarmos pela sala e perguntarmos a opinião das pessoas sobre alguma coisa. Tem uma reunião a cada um mês ou dois. Essa é toda a minha contribuição. Mas eu acredito que haja pessoas na sala argumentando a favor de se fazer algo sobre as mudanças climáticas, ou questões sociais. Eu usei as reuniões que tive até o momento para argumentar a favor da imigração e das mudanças climáticas. (Aplausos) E, se eu não tivesse feito isso... Isso não estava na agenda antes. Talvez não aconteça nada, mas pelo menos as palavras foram ditas. CA: Certo. (Aplausos) Bom, vamos falar sobre a SpaceX e Marte. Na última vez que você esteve aqui, você falou sobre o que pareceu ser um sonho incrivelmente ambicioso de desenvolver foguetes que fossem realmente reutilizáveis. Você foi lá e fez. EM: Finalmente. Demorou bastante tempo. CA: Conte-nos sobre isso. O que estamos vendo aqui? EM: Este é um dos nossos propulsores voltando do espaço a uma alta velocidade. Ele acabou de soltar a parte superior a uma alta velocidade. Acredito que essa tenha sido a liberação da fase superior da Mach 7, ou algo assim. (Aplausos) CA: Então essa foi a versão... EM: Essa foi a versão desacelerada. (Risos) CA: Achei que fosse a versão acelerada. Quero dizer, isso é incrível, e isso falhou várias vezes antes de você finalmente descobrir como se faz, mas agora você já fez isso, tipo, cinco ou seis vezes? EM: Estamos na oitava ou nona. CA: E pela primeira vez, você realmente relançou um dos foguetes que pousaram. EM: Sim, nós pousamos o foguete propulsor preparamos ele para voo e o lançamos novamente, então esse foi o primeiro relançamento de um propulsor orbital em que o segundo lançamento era relevante. Então é importante entender que reutilizar só é relevante se for rápido e de forma completa. Como uma aeronave ou um carro, a reusabilidade é rápida e completa. Você não manda seu avião para voos intermediários da Boeing. CA: Certo, então isso está lhe permitindo sonhar com essa ideia realmente ambiciosa de enviar muita, muita gente para Marte em 10 ou 20 anos, eu acho. EM: Sim. CA: E você projeta esse foguete absurdo para fazer isso. Nos ajude a entender qual a escala dessa coisa. EM: Bom, visualmente você pode perceber que aquilo é uma pessoa. E este é o veículo. (Risos) CA: Então se fosse um arranha-céu, seria tipo, de acordo com o que li, um arranha-céu de 40 andares? EM: Provavelmente um pouco maior. O nível de propulsão dele é... A configuração é em torno de quatro vezes maior que a do foguete lunar Saturno 5. CA: Quatro vezes a propulsão do maior foguete já criado pela humanidade. EM: Sim. Sim. CA: Assim que se faz. EM: Sim. (Risos) Comparando com um 747, um 747 tem apenas 250 mil libras de propulsão, então a cada 10 milhões de libras de propulsão, você tem 40 747s. Então ele vai ter a propulsão equivalente a 120 747s, com todos os motores ligados. CA: Então, mesmo sendo uma máquina projetada para escapar à gravidade, acho que me disse na última vez, essa coisa realmente poderia colocar um 747 totalmente carregado, pessoas, carga, tudo, em órbita. EM: Exatamente, ele pode levar um 747 completamente carregado com tanque cheio, o máximo de passageiros, e o máximo de carga no 747, ele pode levar tudo isso como carga. CA: Então, baseado nisso, você apresentou recentemente um sistema de transporte interplanetário que é visualizado dessa forma. Essa é uma cena que você imagina em, o que, 30 anos, 20 anos? As pessoas entrando nesse foguete. EM: Tenho esperança que isso seja algo em torno de oito a dez anos. Ambiciosamente, essa é a nossa meta. Nossas metas internas são mais agressivas, mas eu acho que... (Risos) CA: Certo. EM: Enquanto esse veículo parece bem grande, e é grande em comparação com outros foguetes, acredito que as aeronaves do futuro farão essa parecer um barco a remo. As espaçonaves do futuro serão realmente enormes. CA: Por que, Elon? Por que precisamos construir uma cidade com 1 milhão de pessoas, em Marte, ainda em sua vida? Foi isso que você disse que amaria fazer. EM: Eu acredito que seja importante ter um futuro inspirador e atrativo. Eu acredito que precisamos ter razões para levantar de manhã e querer viver. Tipo, por que você quer viver? Qual o propósito? O que te inspira? O que você ama sobre o futuro? E se você não estiver por lá, se o futuro não incluir estar lá fora no meio das estrelas e ser uma espécie multiplanetária, acho incrivelmente deprimente se não for esse o futuro que vamos ter. (Aplausos) CA: As pessoas dizem que isso não devia ser prioridade, dizem que há tantas coisas urgentes acontecendo no mundo agora, desde problemas climáticos à pobreza, enfim, diversas outras questões. E isso parece uma distração. Você não deveria estar pensando nisso. Você deveria resolver o que está aqui e agora. E, para ser justo, você fez muito por isso com o seu trabalho em energia sustentável. Mas por que não só fazer isso? EM: Eu acho que... Eu olho para o futuro de um ponto de vista de probabilidades. É como um fluxo ramificado de possibilidades, e há ações que podemos tomar que afetam essas probabilidades; ou que aceleram uma coisa ou desaceleram outra. Eu posso introduzir algo novo ao fluxo de possibilidades. Energia sustentável vai acontecer de qualquer maneira. Se não existisse a Tesla, se a Tesla nunca tivesse existido, ela teria surgido por nessecidade. É tautológico. Se você não tem energia sustentável, então você tem energia não sustentável. Algum dia ela vai acabar, e as leis da economia levarão a civilização em direção à energia sustentável. Inevitavelmente. O valor fundamental de uma empresa como a Tesla está no grau em que ela acelera o surgimento da energia sustentável, mais rápido do que ocorreria de outra forma. Quando eu penso qual é o bem fundamental de uma empresa como a Tesla, eu diria, com esperança, que se ela acelerasse isso em uma década, potencialmente em mais que uma década, seria realmente uma coisa boa. Isso é o que eu considero ser o desejo fundamental da Tesla. E, também, nos tornarmos uma espécie multiplanetária e exploradora do espaço. Isto não é inevitável. É muito importante compreender que isso não é inevitável. O futuro da energia sustentável é extremamente inevitável, mas nos tornarmos uma civilização espacial definitivamente não é inevitável. Se você olhar o progresso espacial, em 1969 fomos capazes de enviar alguém à Lua. Em 1969. Então nós tivemos o ônibus espacial. O ônibus espacial só podia levar pessoas para a órbita baixa da Terra. Então o ônibus espacial acabou, e os Estados Unidos não podiam enviar ninguém à órbita. Essa é a evolução. A evolução é de baixa a nada. As pessoas estão erradas quando pensam que a tecnologia se desenvolve automaticamente. Ela não se desenvolve automaticamente. Ela só se desenvolve se muita gente trabalhar duro para torná-la melhor, e acredito, que, na verdade, sozinha, ela retrocede. Olhe para grandes civilizações como o Egito Antigo, eles foram capazes de fazer pirâmides, e esqueçaram como fazer isso. E então os romanos, construíram aqueles aquedutos incríveis. E esqueceram como se faz. CA: Elon, ouvindo você e olhando as diferentes coisas que fez, parece que você tem essa dupla motivação única em tudo, o que eu acho muito interessante. Uma delas é esse desejo de trabalhar pelo bem da humanidade a longo prazo. A outra é o desejo de fazer algo inspirador. E parece que você sente que precisa de uma para chegar à outra. Com a Tesla, você quer ter energia sustentável, então você fez esses carros superatraentes e empolgantes para isso. Precisamos de energia solar, então fazemos esses telhados bonitos. Nem sequer falamos sobre sua maior novidade, não teremos tempo de falar, você quer salvar a humanidade da inteligência artificial ruim, então você vai criar uma interface cerebral muito interessante para nos dar memória infinita, telepatia e assim por diante. E em Marte, você parece estar dizendo que, sim, precisamos salvar a humanidade e ter um plano de reserva, mas que também precisamos inspirar a humanidade, e essa é uma forma de inspirar. EM: Eu acredito que o valor da beleza e da inspiração é muito desvalorizado, sem dúvida. Mas eu quero ser claro. Eu não estou tentando ser o salvador de ninguém. Isso não é... Eu só estou tentando pensar sobre o futuro e não ficar triste. (Aplausos) CA: Linda declaração. Acho que todos aqui irão concordar que nenhuma dessas coisas acontecerá, inevitavelmente. O fato de que, em sua mente, você sonha com essas coisas, você sonha coisas que ninguém mais ousaria sonhar, ou que ninguém mais seria capaz de sonhar no nível de complexidade que você sonha. O fato de você fazer isso, Elon Musk, é uma coisa realmente incrível. Obrigado por nos ajudar a sonhar um pouquinho mais. EM: Mas você vai me avisar se isso começar a ficar realmente insano, certo? (Risos) CA: Obrigado, Elon Musk. Isso foi realmente, realmente fantástico. Isso foi realmente fantástico. (Aplausos)