Chris Anderson: Olá, Elon,
bem-vindo mais uma vez ao TED.
É ótimo ter você aqui.
Elon Musk: Obrigado por me receberem.
CA: Durante a próxima hora, mais ou menos,
vamos passar um tempo
explorando sua visão de como
seria um futuro empolgante,
o que acho que deixa a primeira
pergunta um pouco irônica:
por que você está escavando?
EM: Pois é.
Sempre me faço essa pergunta.
Estamos tentando cavar
um buraco sob Los Angeles
para dar início
ao que, se tudo der certo,
será uma rede 3D de túneis
para reduzir congestionamentos.
Neste momento, uma das coisas
mais desgastantes é o trânsito.
Ele afeta pessoas em todas
as partes do mundo.
Ele rouba boa parte da vida das pessoas.
É horrível.
Principalmente em Los Angeles.
(Risos)
CA: Acho que você trouxe
uma primeira imagem desse projeto.
Posso mostrar?
EM: Claro, pode sim. É a primeira vez...
Só para mostrar do que estamos falando.
Duas coisas importantes e primordiais
para se ter uma rede 3D de túneis.
Primeiro, você precisa conseguir
integrar a entrada e a saída do túnel
de forma perfeita
à malha rodoviária da cidade.
Então, com um elevador,
tipo um esqueite para o carro
em um elevador,
é possível integrar as entradas
e saídas à rede de túneis
usando apenas duas vagas
de estacionamento.
Aí o carro sobe num esqueite.
Não há limite de velocidade.
Estamos projetando isso
pra que consiga operar a 200 km/h.
CA: Quanto?
EM: Duzentos quilômetros por hora,
cerca de 130 milhas por hora.
Será possível ir, digamos, de Westwood
até o Aeroporto Internacional de LA
em seis minutos... cinco ou seis minutos.
(Aplausos)
CA: Então, depois de pronto,
é como uma rodovia com pedágio.
EM: Sim.
CA: Que, eu acredito, também alivia
o trânsito das ruas na superfície.
EM: Então, eu não sei se as pessoas
perceberam no vídeo,
mas não há um limite real para o número
de níveis de túneis que se pode fazer.
Você pode ir muito mais
para baixo do que para cima.
Há minas com profundidade muito maior
do que a altura dos prédios mais altos,
então você pode aliviar qualquer
nível de congestionamento urbano
com uma rede 3D de túneis.
Esse ponto é muito importante.
Então o principal contra-argumento diz
que, se você colocar uma camada de túneis
que vá apenas aliviar o trânsito,
ele vai ficar lotado,
e então você vai voltar ao início,
o congestionamento vai voltar.
Mas você pode fazer a quantidade
que quiser de túneis e de níveis.
CA: Mas as pessoas vão dizer
que é extremamente caro cavar,
e isso bloquearia essa ideia.
EM: Sim.
Bom, eles estão certos.
Para dar um exemplo:
a extensão do metrô de Los Angeles,
que acredito que seja de 4 km,
acabou de ser finalizada
por US$ 2 bilhões.
Então custou US$ 500 milhões
cada quilômetro,
para fazer a extensão do metrô de LA.
E este nem é o metrô mais útil do mundo.
Então sim, normalmente
é muito difícil cavar túneis.
Acho que precisamos de uma melhoria
de pelo menos umas dez vezes
no custo por quilômetro
para fazer um túnel.
CA: E como você poderia conseguir isso?
EM: De fato, se você
apenas fizer duas coisas,
pode chegar a uma melhoria
de aproximadamente dez vezes,
e acredito que pode ir além disso,
Então a primeira coisa a fazer
é diminuir o diâmetro do túnel
em duas vezes ou mais.
Então, de acordo com as normas,
uma única faixa em um túnel
deve ter uns 8 m, talvez 8,5 m de diâmetro
para dar espaço em caso de falhas
ou para veículos de emergência
e para ter ventilação suficiente
para os veículos com motor à combustão.
Mas se você reduzir esse diâmetro
para o que estamos tentando,
que é 4 m, o suficiente para passar
um esqueite ou plataforma elétrica,
você diminui o diâmetro à metade
e a área transversal a um quarto.
O custo da escavação sobe
conforme a área transversal.
Então aí já temos
uma melhoria de cinco vezes.
Atualmente, as perfuradoras cavam
a metade do tempo, param,
e no resto do tempo
elas reforçam a parede do túnel.
Então, se você projetar a máquina
para cavar e reforçar continuamente,
isso vai dar uma melhoria de duas vezes.
Combinando isso,
é uma melhoria de oito vezes.
Todas essas máquinas estão bem longe
de trabalhar nos seus limites de potência,
então se você aumentar
consideravelmente essa potência,
você pode ter uma melhoria de duas vezes,
talvez quatro ou cinco vezes além disso.
Então acredito que existe
uma série de passos bem diretos
para se chegar a uma melhoria
superior a dez vezes
no custo por quilômetro.
Na verdade nós temos
um caracol chamado Gary,
vem do Gary, o caracol de South Park.
Quero dizer, desculpa, do Bob Esponja.
(Risos)
Então, Gary é capaz de...
atualmente ele é capaz
de andar 14 vezes mais rápido
que uma máquina escavadora de túneis.
(Risos)
CA: Você quer ganhar do Gary.
EM: Queremos vencer o Gary.
(Risos)
Ele não é um carinha muito paciente,
e isso seria uma vitória.
Vitória é vencer o caracol.
(Risos)
CA: Mas muitas pessoas estão sonhando
com as cidades do futuro,
elas imaginam que na verdade a solução
seria carros voadores, drones, etc.
Ir por cima.
Por que essa não é uma solução melhor?
Você economiza todo
o custo de escavação.
EM: Eu sou a favor de coisas que voam.
Obviamente, eu faço foguetes,
então eu gosto de coisas que voam.
Não é nenhum preconceito
inerente contra coisas que voam,
mas há um problema
quanto aos carros voadores:
eles farão muito barulho,
a intensidade do vento gerado
vai ser muito alta.
Vamos dizer que, se tem algo
voando sobre a sua cabeça,
um monte de carros
voadores por todo lugar,
isso não é uma situação
muito tranquilizadora.
(Risos)
Você não pensa: "Eu me sinto ótimo hoje".
Você vai pensar:
"Será que fizeram manutenção na calota,
ou ela vai cair e me decapitar?"
Coisas assim.
CA: Então você tem essa visão
das cidades do futuro
com redes 3D de túneis subterrâneas.
Há alguma ligação aqui com o Hyperloop?
Você poderia usar estes túneis
para aplicar a ideia do Hyperloop
que você lançou há alguns anos?
EM: Sim, a gente vem
fazendo umas coisinhas
sobre o Hyperloop há algum tempo.
Nós construímos uma pista de teste
do Hyperloop adjacente à SpaceX,
só para uma competição de estudantes,
para encorajar ideias
inovadoras para o transporte.
E ela acabou sendo a maior
câmara de vácuo do mundo
depois do Grande Colisor de Hádrons,
em volume.
Foi bem divertido fazer isso,
mas era meio que um hobby,
e achamos que, talvez...
nós construímos um pequeno carro
para empurrar os módulos dos estudantes,
mas queremos ver
que velocidade ele pode atingir
se não estiver empurrando algo.
Estamos cautelosamente otimistas
de que vamos conseguir ir mais rápido
que o trem-bala mais rápido do mundo
mesmo em um trecho de 1,3 km.
CA: Uau. Ótimos freios.
EM: Sim, sim.
Ou vai se despedaçar em vários
pedaços ou vai ser muito rápido.
CA: Mas você pode imaginar um Hyperloop
em um túnel correndo longas distâncias.
EM: Exatamente.
Na tecnologia de construção de túneis,
verifica-se que, para se fazer um túnel,
você tem que...
Para vedá-lo do lençol freático,
você tem que projetar a parede do túnel
para resistir a cinco ou seis atmosferas.
Para ter o vácuo, ou quase vácuo,
precisa de apenas uma atmosfera,
De fato, se verifica
que, se você construir um túnel
que possa resistir ao lençol freático,
ele automaticamente será
capaz de manter o vácuo.
CA: Hum.
EM: Então, sim.
CA: Então você pode realmente imaginar,
qual seria o comprimento do túnel
para operar o Hyperloop?
EM: Eu acredito que não há
um limite real de comprimento.
Você pode cavar o quanto você quiser.
Se fosse para fazer um Hyperloop
de Washington para Nova Iorque,
acho que você iria
pelo subterrâneo todo o caminho,
porque é uma área de grande densidade.
Você estaria indo por baixo
de muitos prédios e casas,
e se você cavar muito profundo,
você não consegue detectar o túnel.
Às vezes as pessoas pensam
que vai ser muito incômodo
ter um túnel sendo escavado
embaixo da sua casa.
Se esse túnel for escavado
a uma profundidade maior que três
ou quatro vezes o diâmetro do túnel,
você não vai nem perceber
o túnel sendo escavado, de jeito nenhum.
Na verdade, se você for capaz
de detectar o túnel sendo escavado,
qualquer equipamento que esteja usando,
você pode ganhar muito dinheiro
por ele dos militares israelenses,
que estão tentando
detectar túneis do Hamas,
e da patrulha de fronteira americana,
que procura túneis de drogas.
A realidade é
que a terra é incrivelmente
boa em absorver vibrações,
e estando abaixo de um certo nível,
o túnel é indetectável.
Talvez, se você tiver um instrumento
sísmico muito sensível,
você talvez consiga detectar o túnel.
CA: Então você abriu uma
nova empresa para fazer isso
chamada The Boring Company.
Muito bom. Muito engraçado.
(Risos)
EM: O que é engraçado nisso?
(Risos)
CA: Quanto do seu tempo isso toma?
EM: Talvez...
2 ou 3% do tempo.
CA: Você comprou um hobby.
Um hobby do Elon Musk é assim.
(Risos)
EM: Quero dizer, isso é...
ela é feita basicamente de estagiários
e pessoas trabalhando meio-período.
Nós compramos alguns
maquinários de segunda mão.
É meio que fazer algo aqui e ali,
mas está fazendo um bom progresso.
CA: A maior parte do seu tempo
está sendo gasta com eletrificação
de transporte e de carros pela Tesla.
Uma das motivações para o projeto
de escavação de túneis
foi ter percebido que, de fato,
em um mundo onde os carros são elétricos
e existem carros que dirigem sozinhos,
talvez acabem existindo mais carros na rua
em qualquer horário,
do que já existe agora?
EM: Sim, exatamente.
Muitas pessoas pensam
que, quando você faz carros autônomos,
eles serão capazes de ir mais rápido
e isso vai aliviar o congestionamento.
E em algum grau isso vai ser verdade,
mas quando houver autonomia
que torne muito mais barato usar o carro
para ir de um ponto a outro,
a acessibilidade por carro
será melhor do que por ônibus.
Vai custar menos
que uma passagem de ônibus.
Então, a quantidade de tráfego será
muito maior com a autonomia compartilhada,
e de fato o trânsito vai ficar muito pior.
CA: Você começou a Tesla
com o objetivo de convencer o mundo
de que a eletricidade
era o futuro dos carros,
e há alguns anos, as pessoas estavam
rindo de você. Agora, não muito.
EM: Certo.
(Risos)
Eu não sei. Eu não sei.
CA: Mas não é verdade
que quase todo fabricante de carros
já anunciou sérios planos de eletrificação
para um futuro de curto a médio prazo?
EM: Sim. Sim.
Eu acredito que todo fabricante de carros
tem algum programa para carros elétricos.
Eles só variam na seriedade.
Alguns estão bem sérios
sobre mudar inteiramente para o elétrico,
e alguns estão só começando nisso.
E alguns, incrivelmente, ainda
estão nas células combustíveis,
mas acho que isso não vai durar muito.
CA: Mas não há uma sensação, Elon,
de que você pode apenas
declarar vitória e dizer: "Conseguimos"?
Deixar o mundo eletrificar, e seguir
em frente e focar outras coisas?
EM: Sim.
Eu pretendo ficar com a Tesla
tanto quanto posso imaginar,
e há várias coisas empolgantes
que estamos fazendo.
Obviamente, o Model 3 chega em breve.
Vamos inaugurar a carreta da Tesla.
CA: Certo, vamos chegar nisso.
Então o Model 3 está previsto
para chegar em julho...
EM: Sim, ele já está ótimo
para começar a produção em julho.
CA: Uau.
Uma das coisas que deixam
as pessoas tão animadas
é o fato desse modelo
ter piloto automático.
E você lançou este vídeo um tempo atrás
mostrando como será essa tecnologia.
EM: Sim.
CA: Obviamente o Model S
agora tem piloto automático.
O que estamos vendo aí?
EM: Então, ele está usando
apenas câmeras e GPS.
Não tem nenhum LiDAR
ou radar sendo usado aqui.
Ele está usando apenas óptica passiva,
que é essencialmente o que uma pessoa usa.
Todo o sistema de estrada
foi feito para ser navegado
com óptica passiva, ou câmeras,
e então, uma vez que você
resolve as câmeras ou a visão,
a autonomia está resolvida.
Se você não resolver a visão,
a autonomia não está resolvida.
Por isso focamos pesado
uma rede neural de visão
que seja muito efetiva
para as condições da estrada.
CA: Certo. Muita gente vai seguir
pela linha do LiDAR.
Você quer mais do que isso,
quer câmeras mais o radar.
EM: Você pode plenamente
ser um super-humano só com câmeras.
Você provavelmente pode ser dez vezes
melhor que a maioria, só com câmeras.
CA: Então, os novos carros que estão
sendo vendidos agora têm oito câmeras.
Eles ainda não podem
fazer o que foi mostrado.
Quando eles serão capazes disso?
EM: Eu acredito que estamos
no caminho de poder atravessar o país
de Los Angeles a Nova Iorque
até o fim do ano, totalmente autônomo.
CA: Certo, então você está dizendo
que, até o fim do ano,
alguém vai sentar em um Tesla
sem ao menos tocar no volante,
selecionar "Nova Iorque", e ele vai?
EM: Sim.
CA: Sem precisar tocar no volante,
até o fim de 2017?
EM: Sim... basicamente,
em novembro ou dezembro deste ano,
seremos capazes de ir
de um estacionamento na Califórnia
até um estacionamento em Nova Iorque,
sem tocar nos controles em nenhum
momento durante toda a viagem.
(Aplausos)
CA: Impressionante.
Mas parte disso é possível
porque você já tem uma frota de Teslas
circulando por todas as estradas.
Você está acumulando muitos dados
sobre o sistema rodoviário nacional.
EM: Sim, mas o que será interessante é...
estou de fato muito confiante
de que ele será capaz de cumprir a rota
mesmo se você mudar a rota dinamicamente.
Então... é muito fácil...
Dizer que vou ser muito bom
em uma rota específica, isso é uma coisa,
mas ele deve ser realmente tão bom
que, uma vez que entre em uma rodovia,
vá a qualquer lugar do sistema rodoviário
de um determinado país.
Não se limita a ir
de Los Angeles à Nova Iorque.
Poderíamos mudar para Seattle à Flórida,
naquele dia, em tempo real.
Você estava indo de LA à Nova Iorque.
Agora você vai de LA a Toronto.
CA: Então, deixando de lado
a regulamentação por um segundo,
apenas em termos de tecnologia,
quanto falta pra que alguém possa
comprar um dos seus carros,
e literalmente tirar as mãos
do volante e ir dormir
e só acordar quando chegar,
de forma segura?
EM: Eu acredito que dois anos.
O verdadeiro segredo não é como fazer
isso funcionar, digamos 99,9% do tempo,
porque, se um carro bate uma vez em mil,
você provavelmente ainda não vai
se sentir confortável em dormir.
Você não deveria, sem dúvidas.
(Risos)
Nunca vai ser perfeito.
Nenhum sistema será perfeito,
mas se você disser que, talvez,
o carro dificilmente vai bater
por 100 gerações, ou por mil gerações,
então as pessoas vão ficar tipo:
"Certo, uau, então se eu viver mil vezes,
eu dificilmente iria sofrer um acidente".
Aí provavelmente está tudo bem.
CA: Para dormir.
Acho que a sua maior preocupação
é que as pessoas talvez
pensem cedo demais que isso é seguro,
e aí aconteçam alguns acidentes
horríveis que vão atrasar tudo isso.
EM: Bom, acredito
que o sistema de autonomia
será capaz de, ao menos,
atenuar o acidente,
exceto em raras circunstâncias.
O que temos que compreender
sobre segurança veicular é probabilidade.
Quero dizer, sempre há uma chance
de, quando um ser humano entrar no carro,
ele sofrer algum acidente por culpa dele.
Isso nunca é zero.
O real limite da autonomia é o quanto
ela precisa ser melhor que uma pessoa,
antes de você confiar nela?
CA: Mas uma vez que você literalmente
está seguro sem tocar no volante,
o poder disso de quebrar
toda a indústria é enorme,
porque uma vez você falou
sobre as pessoas poderem comprar um carro
que lhe deixa no trabalho,
você deixa ele ir embora
e ele fornece um serviço
como o Uber para outras pessoas,
ganha dinheiro para você,
talvez até cubra o custo
da parcela daquele carro,
então é como você ter um carro de graça.
Isso é realmente possível?
EM: Sim. Isso é realmente
o que vai acontecer.
Haverá uma frota autônoma compartilhada,
você compra seu carro e pode escolher
usar aquele carro exclusivamente,
você pode escolher que ele seja usado
apenas por amigos e familiares,
apenas por motoristas cinco estrelas,
você pode escolher compartilhá-lo
algumas vezes e outras não.
Isso é o que realmente vai acontecer.
É só uma questão de tempo.
CA: Uau.
Então, você mencionou a carreta
e acho que você planeja
anunciá-la em setembro,
mas estou curioso se há algo
que você poderia nos mostrar hoje.
EM: Vou lhe dar uma amostra do caminhão.
(Risos)
Está vivo.
CA: Certo.
EM: Esse é definitivamente um caso
em que queremos ter cuidado
com as características de autonomia.
Sim.
(Risos)
CA: Não dá para ver muita coisa,
mas ele não parece ser apenas
um caminhãozinho da vizinhança.
Ele parece meio malvado.
Que tipo de caminhão é esse?
EM: Esse é um carga pesada,
com semirreboque de longa extensão.
Ele tem a maior capacidade de carga
com a maior extensão.
Essencialmente ele foi feito para aliviar
as cargas de transporte rodoviário pesado.
E isso é algo que as pessoas hoje em dia
não acreditam que seja possível.
Elas pensam que o caminhão não tem
força suficiente ou não tem o alcance,
e então, com o Semi da Tesla,
queremos mostrar que um caminhão elétrico
de fato pode superar
qualquer carreta a diesel.
E se você fizer uma competição
de cabo de guerra,
a carreta da Tesla vai puxar
a carreta a diesel morro acima.
(Risos)
(Aplausos)
CA: Isso é muito legal; resumindo,
eles não são sem motorista.
Esses vão ser caminhões
que os caminhoneiros vão querer dirigir.
EM: Sim, o que vai ser realmente divertido
é que, com um motor elétrico,
você tem uma curva de torque plana
enquanto que, com um motor a diesel
ou qualquer tipo de motor à combustão,
você tem uma curva de torque
parecida com uma montanha.
Então este vai ser um caminhão muito ágil.
Você pode dirigi-lo por aí,
como se fosse um carro esportivo.
Não há marchas, é como ter
uma única velocidade.
CA: Dá pra fazer um ótimo filme com isso.
Não sei como seria, nem se termina bem,
mas um ótimo filme.
(Risos)
EM: É bem bizarro testá-lo...
quando eu estava dirigindo o protótipo
para o primeiro caminhão.
É muito estranho,
porque você está dirigindo
e você fica muito ágil, e você está
em um caminhão gigante.
CA: Espera, você já dirigiu um protótipo?
EM: Sim, eu dirigi ele
em um estacionamento,
e foi muito louco.
CA: Uau. Não é nenhum "vaporware".
EM: É como dirigir um caminhão gigante
e fazer manobras malucas nele.
CA: Legal, certo,
agora de um cenário bem agressivo
para um cenário menos agressivo.
Essa é só uma casa fofa
de "Desperate Housewives" ou algo assim.
O que raios está acontecendo aqui?
EM: Bem, isso ilustra o cenário do futuro,
como eu acho que as coisas vão evoluir.
Você tem um carro elétrico na entrada.
Se você olhar entre
o carro elétrico e a casa,
há três Powerwalls
alinhadas na lateral da casa,
e o teto da casa é um teto solar.
Então isso de fato
é um teto de vidro solar.
CA: Certo.
EM: Isso é uma imagem de uma...
Bom, na verdade, é uma casa falsa real.
Essa é uma casa falsa real.
(Risos)
CA: Então essas telhas,
algumas delas têm, basicamente,
energia solar, a habilidade de...
EM: Sim, telhas solares de vidro
onde você pode ajustar a textura e a cor
para um granulado bem fino,
e ainda têm um tipo de persiana pequena,
tanto que se você olhar
para o teto do nível da rua
ou próximo ao nível da rua,
todas as telhas parecem iguais,
tendo uma célula solar ou não.
Então você tem uma cor uniforme
a partir do nível do solo.
Se você fosse olhar de um helicóptero,
você realmente seria capaz
de olhar através e ver
que algumas telhas de vidro
têm uma célula solar e outras não.
Não dá para ver do nível da rua.
CA: Você as coloca nas telhas
que receberão mais sol,
e isso torna esses telhados
muito acessíveis, certo?
Eles não são muito mais caros
do que um telhado comum.
EM: Sim.
Nós estamos muito confiantes
de que o custo do teto
mais o custo da eletricidade...
Um teto de vidro solar
vai custar menos que um teto normal
mais o custo de energia.
Então, em outras palavras,
isso vai ser economicamente acessível,
nós achamos que vai ficar ótimo,
e vai durar...
Nós pensamos em ter uma garantia infinita,
mas aí pensamos: "Pode parecer
que a gente está falando besteira",
mas, na verdade, isso é vidro temperado.
Muito depois de a casa desmoronar
e não existir mais nada lá,
as telhas de vidro ainda estarão lá.
(Aplausos)
CA: Quer dizer, isso é legal.
Então você vai divulgar isso
em algumas semanas, eu acho,
com quatro diferentes tipos de teto.
EM: Sim, inicialmente
estamos começando com dois,
e outros dois serão introduzidos
no início do próximo ano.
CA: E qual é o nível de ambição aqui?
Quantas casas você acredita que podem
acabar usando esse tipo de teto?
EM: Acredito que com o tempo
quase todas as casas terão um teto solar.
Você tem que considerar
que a escala de tempo aqui seja,
provavelmente, na faixa de 40 ou 50 anos.
Normalmente, um teto é substituído
a cada 20 ou 25 anos.
Mas você não começa substituindo
todos os tetos de uma vez.
Mas por fim, se avançarmos um pouco,
digamos, para daqui a 15 anos,
vai ser bem incomum ter um teto
que não seja um teto solar.
CA: Existe um certo modelo mental
que as pessoas não entendem,
que por causa da mudança no custo,
na economia de energia solar,
a maioria das casas tem luz solar
suficiente em seus telhados
para alimentar todas as suas necessidades.
Se você pudesse captar a energia,
ela poderia cobrir
todas as suas necessidades.
Ela pode ser autônoma.
EM: Isso depende de onde esteja
e qual o tamanho da casa
em relação à área do teto,
mas é justo afirmar que a maioria
das casas nos Estados Unidos
tem teto com área suficiente para cobrir
todas as necessidades da casa.
CA: Então o segredo da economia
dos carros, do Semi, dessas casas,
é baixar o preço das baterias de lítio-íon
nas quais você fez uma enorme
aposta com a Tesla.
De muitas formas,
é a competência principal.
E você decidiu
que, para realmente ter essa competência,
você tem que construir
o maior centro de produção do mundo
para dobrar o suprimento mundial
de baterias de lítio-íon com ele.
O que é isso?
EM: Sim, esta é a Gigafactory,
o estágio atual da Gigafactory.
Você pode perceber levemente
que ela tem um formato de diamante.
Quando estiver totalmente pronta,
ela vai parecer um diamante gigante,
essa é a ideia por trás,
e ela está alinhada ao norte.
Apenas um pequeno detalhe.
CA: E por fim será capaz de produzir
algo em torno de 100 gigawatt-hora
de baterias por ano.
EM: Cem gigawatt-hora.
Acreditamos que provavelmente mais.
CA: E elas estão sendo produzidas
neste exato momento.
EM: Elas já estão em produção.
CA: Vocês colocaram neste vídeo.
Quer dizer, ele está acelerado?
EM: Essa é a versão desacelerada.
(Risos)
CA: A que velocidade isso realmente vai?
EM: Bom, quando está funcionando
na velocidade máxima,
você não consegue ver as células
sem uma luz estroboscópica.
É só um borrão.
(Risos)
CA: Uma de suas principais ideias, Elon,
sobre o que faz um futuro empolgante
é um futuro em que não ficamos
culpados a respeito do gasto de energia.
Nos ajude a imaginar isso.
Quantas fábricas Gigafactory
precisamos para chegar lá?
EM: Em torno de 100, mais ou menos.
Não são dez, e nem mil.
Muito provavelmente 100.
CA: Olha, eu acho isso incrível.
Você consegue imaginar
o que precisaria para tirar o mundo
desse negócio de combustível fóssil.
E você está construindo uma,
ela custa US$ 5 bilhões,
algo assim, US$ 5 a US$ 10 bilhões.
É muito legal que você
possa imaginar esse projeto.
E você está planejando, com a Tesla,
anunciar outras duas nesse ano.
EM: Acredito que vamos
anunciar a localização
para algo entre duas ou quatro
Gigafactorys ainda este ano.
É, provavelmente quatro.
CA: Uau.
(Aplausos)
Não tem mais nenhuma dica sobre isso?
Tipo... onde... continente...
Você pode dizer não.
EM: Nós precisamos atender
a um mercado mundial.
CA: Certo.
(Risos)
Isso é legal.
Eu acho que deveríamos falar...
Na verdade, mudando de assunto.
Eu vou fazer uma pergunta
sobre política, apenas uma.
Estou meio enjoado de política,
mas quero lhe perguntar isso.
Você agora está em um órgão,
aconselhando um cara...
EM: Quem?
CA: Um que disse que não acredita
realmente em mudança climática,
e muitas pessoas por aí pensam
que você não deveria estar fazendo isso.
Elas querem que você se afaste dele.
O que você diria a elas?
EM: Bom, primeiramente,
só estou em dois
conselhos de assessoramento
cujo formato consiste
em andarmos pela sala
e perguntarmos a opinião
das pessoas sobre alguma coisa.
Tem uma reunião a cada um mês ou dois.
Essa é toda a minha contribuição.
Mas eu acredito que haja pessoas na sala
argumentando a favor de se fazer
algo sobre as mudanças climáticas,
ou questões sociais.
Eu usei as reuniões que tive até o momento
para argumentar a favor da imigração
e das mudanças climáticas.
(Aplausos)
E, se eu não tivesse feito isso...
Isso não estava na agenda antes.
Talvez não aconteça nada,
mas pelo menos as palavras foram ditas.
CA: Certo.
(Aplausos)
Bom, vamos falar sobre a SpaceX e Marte.
Na última vez que você esteve aqui,
você falou sobre o que pareceu
ser um sonho incrivelmente ambicioso
de desenvolver foguetes
que fossem realmente reutilizáveis.
Você foi lá e fez.
EM: Finalmente. Demorou bastante tempo.
CA: Conte-nos sobre isso.
O que estamos vendo aqui?
EM: Este é um dos nossos propulsores
voltando do espaço a uma alta velocidade.
Ele acabou de soltar a parte superior
a uma alta velocidade.
Acredito que essa tenha sido a liberação
da fase superior da Mach 7, ou algo assim.
(Aplausos)
CA: Então essa foi a versão...
EM: Essa foi a versão desacelerada.
(Risos)
CA: Achei que fosse a versão acelerada.
Quero dizer, isso é incrível,
e isso falhou várias vezes
antes de você finalmente
descobrir como se faz,
mas agora você já fez isso,
tipo, cinco ou seis vezes?
EM: Estamos na oitava ou nona.
CA: E pela primeira vez,
você realmente relançou
um dos foguetes que pousaram.
EM: Sim, nós pousamos o foguete propulsor
preparamos ele para voo
e o lançamos novamente,
então esse foi o primeiro relançamento
de um propulsor orbital
em que o segundo lançamento era relevante.
Então é importante entender
que reutilizar só é relevante
se for rápido e de forma completa.
Como uma aeronave ou um carro,
a reusabilidade é rápida e completa.
Você não manda seu avião
para voos intermediários da Boeing.
CA: Certo, então isso está lhe permitindo
sonhar com essa ideia realmente ambiciosa
de enviar muita, muita gente
para Marte em 10 ou 20 anos, eu acho.
EM: Sim.
CA: E você projeta esse foguete
absurdo para fazer isso.
Nos ajude a entender
qual a escala dessa coisa.
EM: Bom, visualmente você pode perceber
que aquilo é uma pessoa.
E este é o veículo.
(Risos)
CA: Então se fosse um arranha-céu,
seria tipo, de acordo com o que li,
um arranha-céu de 40 andares?
EM: Provavelmente um pouco maior.
O nível de propulsão dele é...
A configuração é em torno de quatro vezes
maior que a do foguete lunar Saturno 5.
CA: Quatro vezes a propulsão do maior
foguete já criado pela humanidade.
EM: Sim. Sim.
CA: Assim que se faz.
EM: Sim.
(Risos)
Comparando com um 747, um 747
tem apenas 250 mil libras de propulsão,
então a cada 10 milhões
de libras de propulsão,
você tem 40 747s.
Então ele vai ter a propulsão equivalente
a 120 747s, com todos os motores ligados.
CA: Então, mesmo sendo uma máquina
projetada para escapar à gravidade,
acho que me disse na última vez,
essa coisa realmente poderia
colocar um 747 totalmente carregado,
pessoas, carga, tudo,
em órbita.
EM: Exatamente, ele pode levar um 747
completamente carregado com tanque cheio,
o máximo de passageiros,
e o máximo de carga no 747,
ele pode levar tudo isso como carga.
CA: Então, baseado nisso,
você apresentou recentemente
um sistema de transporte interplanetário
que é visualizado dessa forma.
Essa é uma cena que você imagina
em, o que, 30 anos, 20 anos?
As pessoas entrando nesse foguete.
EM: Tenho esperança que isso seja
algo em torno de oito a dez anos.
Ambiciosamente, essa é a nossa meta.
Nossas metas internas
são mais agressivas, mas eu acho que...
(Risos)
CA: Certo.
EM: Enquanto esse veículo
parece bem grande,
e é grande em comparação
com outros foguetes,
acredito que as aeronaves do futuro
farão essa parecer um barco a remo.
As espaçonaves do futuro
serão realmente enormes.
CA: Por que, Elon?
Por que precisamos construir uma cidade
com 1 milhão de pessoas, em Marte,
ainda em sua vida?
Foi isso que você disse que amaria fazer.
EM: Eu acredito que seja importante
ter um futuro inspirador e atrativo.
Eu acredito que precisamos ter razões
para levantar de manhã e querer viver.
Tipo, por que você quer viver?
Qual o propósito? O que te inspira?
O que você ama sobre o futuro?
E se você não estiver por lá,
se o futuro não incluir
estar lá fora no meio das estrelas
e ser uma espécie multiplanetária,
acho incrivelmente deprimente
se não for esse o futuro que vamos ter.
(Aplausos)
CA: As pessoas dizem que isso
não devia ser prioridade,
dizem que há tantas coisas urgentes
acontecendo no mundo agora,
desde problemas climáticos à pobreza,
enfim, diversas outras questões.
E isso parece uma distração.
Você não deveria estar pensando nisso.
Você deveria resolver
o que está aqui e agora.
E, para ser justo, você fez muito por isso
com o seu trabalho em energia sustentável.
Mas por que não só fazer isso?
EM: Eu acho que...
Eu olho para o futuro
de um ponto de vista de probabilidades.
É como um fluxo
ramificado de possibilidades,
e há ações que podemos tomar
que afetam essas probabilidades;
ou que aceleram uma coisa
ou desaceleram outra.
Eu posso introduzir algo novo
ao fluxo de possibilidades.
Energia sustentável vai acontecer
de qualquer maneira.
Se não existisse a Tesla,
se a Tesla nunca tivesse existido,
ela teria surgido por nessecidade.
É tautológico.
Se você não tem energia sustentável,
então você tem energia não sustentável.
Algum dia ela vai acabar,
e as leis da economia
levarão a civilização
em direção à energia sustentável.
Inevitavelmente.
O valor fundamental
de uma empresa como a Tesla
está no grau em que ela acelera
o surgimento da energia sustentável,
mais rápido do que ocorreria
de outra forma.
Quando eu penso qual é o bem fundamental
de uma empresa como a Tesla,
eu diria, com esperança,
que se ela acelerasse isso em uma década,
potencialmente em mais que uma década,
seria realmente uma coisa boa.
Isso é o que eu considero
ser o desejo fundamental da Tesla.
E, também, nos tornarmos uma espécie
multiplanetária e exploradora do espaço.
Isto não é inevitável.
É muito importante compreender
que isso não é inevitável.
O futuro da energia sustentável
é extremamente inevitável,
mas nos tornarmos uma civilização espacial
definitivamente não é inevitável.
Se você olhar o progresso espacial,
em 1969 fomos capazes
de enviar alguém à Lua.
Em 1969.
Então nós tivemos o ônibus espacial.
O ônibus espacial só podia levar pessoas
para a órbita baixa da Terra.
Então o ônibus espacial acabou,
e os Estados Unidos não podiam
enviar ninguém à órbita.
Essa é a evolução.
A evolução é de baixa a nada.
As pessoas estão erradas quando pensam
que a tecnologia se desenvolve
automaticamente.
Ela não se desenvolve automaticamente.
Ela só se desenvolve se muita gente
trabalhar duro para torná-la melhor,
e acredito, que, na verdade,
sozinha, ela retrocede.
Olhe para grandes civilizações
como o Egito Antigo,
eles foram capazes de fazer pirâmides,
e esqueçaram como fazer isso.
E então os romanos, construíram
aqueles aquedutos incríveis.
E esqueceram como se faz.
CA: Elon, ouvindo você
e olhando as diferentes coisas que fez,
parece que você tem essa
dupla motivação única em tudo,
o que eu acho muito interessante.
Uma delas é esse desejo de trabalhar
pelo bem da humanidade a longo prazo.
A outra é o desejo
de fazer algo inspirador.
E parece que você sente
que precisa de uma para chegar à outra.
Com a Tesla, você quer
ter energia sustentável,
então você fez esses carros
superatraentes e empolgantes para isso.
Precisamos de energia solar,
então fazemos esses telhados bonitos.
Nem sequer falamos
sobre sua maior novidade,
não teremos tempo de falar,
você quer salvar a humanidade
da inteligência artificial ruim,
então você vai criar uma interface
cerebral muito interessante
para nos dar memória infinita,
telepatia e assim por diante.
E em Marte, você parece estar dizendo
que, sim, precisamos salvar a humanidade
e ter um plano de reserva,
mas que também precisamos
inspirar a humanidade,
e essa é uma forma de inspirar.
EM: Eu acredito que o valor
da beleza e da inspiração
é muito desvalorizado, sem dúvida.
Mas eu quero ser claro.
Eu não estou tentando
ser o salvador de ninguém.
Isso não é...
Eu só estou tentando pensar
sobre o futuro e não ficar triste.
(Aplausos)
CA: Linda declaração.
Acho que todos aqui irão concordar
que nenhuma dessas coisas
acontecerá, inevitavelmente.
O fato de que, em sua mente,
você sonha com essas coisas,
você sonha coisas
que ninguém mais ousaria sonhar,
ou que ninguém mais seria capaz de sonhar
no nível de complexidade que você sonha.
O fato de você fazer isso, Elon Musk,
é uma coisa realmente incrível.
Obrigado por nos ajudar
a sonhar um pouquinho mais.
EM: Mas você vai me avisar se isso
começar a ficar realmente insano, certo?
(Risos)
CA: Obrigado, Elon Musk.
Isso foi realmente, realmente fantástico.
Isso foi realmente fantástico.
(Aplausos)