(música em piano) Quando os historiadores falam sobre a Paris do fim do século XIX, falam frequentemente numa cultura de ostentação. E esta é uma pintura a esse respeito. Vemos uma pintura de Mary Cassatt. Mulher com Colar de Pérolas num Camarote, e esta é, talvez, a irmã de Mary Cassatt pintada na Ópera de Paris. Ela se senta numa cabine particular, e vemos um espelho atrás dela, que reflete todas as outras cabines particulares na ópera. A Ópera de Paris, situada no cruzamento do Grand Boulevards, É uma jóia de construção, mas também exibe os ocupantes. Em outras palavras, o palco da ópera não é simplesmente onde o balé acontece, mas o palco é também o público. A arquitetura da Ópera de Paris permitiu ver e ser visto, e proporcionou muitas oportunidades em pequenos balcões e espaços onde se poderia vislumbrar a elegante elite de Paris, e certamente sentimos que estamos vendo um dos membros dessa elite nessa pintura de Mary Cassatt. Você está certíssima. Veja a composição. Mary Cassatt deve ter se afastado do palco olhando o camarote em direção à sua irmã, e Lydia está, por sua vez, olhando de volta para o público, então vemos Lydia da forma como o público a veria se olhasse o camarote. Ela é o objeto exibido nessa caixa de jóias. Mas Cassat não pinta a si mesma refletida no espelho, onde ela deveria estar enquanto olhava para Lydia e a pintava. Essa é uma pintura que mostra a opulência da França imperial. O momento representado, claramente é o intervalo. O lustre foi abaixado para o espaço do público. As luzes estão para cima, então o olhar do público se deslocou do palco para si mesmo. A família de Cassatt apesar de ser muito rica, seu pai se recusou a apoiar seu desejo de ser artista, e apesar de ele pagar suas despesas básicas, Se recusou a apoiar seus suprimentos de arte e seu estúdio onde ela pintava. Isso, apesar do apoio real dos grandes artistas da época Ela era amiga íntima de Degas, que tinha um enorme respeito por sua habilidade. e ela foi uma pintora extraordinária de todas as formas, colega dos grandes pintores impressionistas de Paris. Essa pintura mostra uma técnica de mestre. Mary Cassatt aprendeu a pintar por meio de diversas fontes mas era difícil porque ela era mulher. Suas primeiras aulas formais foram na Academia de Arte da Pensilvânia, mas as mulheres eram proibidas de estudar o nu, mesmo dentro do contexto da escola de arte. E como muitos artistas de sua geração, eles se mudaram para Paris onde havia um pouco mais de liberdade para mulheres que eram aspirantes a artistas. Apesar de não poder entrar na Escola de Belas Artes porque ela era mulher, ela entrou nos estúdios particulares de muitos artistas consagrados e estudou com eles. Mas o mundo ainda era restrito para ela, mesmo em Paris, e ela não podia, por exemplo, passar o tempo com seus amigos como Degas nos cafés. Isso se reflete em seus temas, que tendem a ser domésticos, ou talvez uma noite na ópera. É difícil lembrar essas restrições para mulheres quando vemos essa pintura porque há um extraordinário sentido de liberdade sobre a mulher representada aqui. ela se inclina sobre o cotovelo direito. Há uma forte diagonal que tem um sentido de informalidade e movimento, real autoconfiança. A mulher com o colar de pérolas, talvez Lydia parece muito ser seu próprio agente no mundo. e nos lembra das tensões existentes no fim do século XIX. enquanto as mulheres entravam no espaço público. A tensão entre público e privado é vista não só em termos do tema, não só pelo fato de que eles estão num espaço semiprivado nessa cabine no espaço público da ópera, mas também no contraste entre luz e sombra pelo corpo de Lydia. Veja a forma como a luz só pega o lado de seu rosto. A frente de seu rosto está na sombra. Isso não só é corajoso da parte de Cassatt, mas também fala da representação da cultura burguesa, essa noção de privacidade e sua importância, mesmo enquanto alguém vê o palco com outros. Cassatt tem muito em comum com seus colegas impressionistas e toca em alguns dos problemas mais avançados que confrontam em sua arte, um interesse pela luz artificial por exemplo. A informalidade das pinceladas soltas na tentativa de capturar um momento no tempo. Essas eram todas preocupações importantes para seus colegas impressionistas. Uma das áreas que achei mais interessantes é onde seus ombros se encontram. A representação de seus ombros e a representação do reflexo de seus ombros, e tudo isso se junta bem no topo da cadeira estofada em que ela se senta, e se você trabalhar desse ponto, o arco do balcão que vemos refletido no espelho se torna uma referência para sua visão, enquanto ela olha para o público, mesmo que ele a olhe de volta. (música em piano) [Legendado por Pedro Mota Byrro]