Uma vez minha cartomante me disse que eu tenho cinco cavalos. Isso quer dizer que eu viajo muito, então sou basicamente destinado a sair de casa e viver em outro lugar. Acho que eu queria sair de casa por causa do meu pai. Ele é um pintor bem sucedido. De alguma forma eu sentia que sua fama me ofuscava e eu queria fazer minhas próprias coisas. Você sabe, Nova Iorque é uma loucura. Muito muito barulhenta. E eu não conseguia dormir muito bem. E eu estava pensando quando tinha sido a última vez que tinha dormido realmente bem. E tinha sido na Coréia. [diálogo em coreano] Então pensei, 'como vou trazer esse espaço?' E fisicamente é impossível. Então tive essa ideia do tecido transportável. Eu quero carregar minha casa, meu lar, comigo o tempo todo, como um caracol. O projeto da minha casa, 'Lar de Seul/ Lar de LA', é uma réplica do interior da casa dos meus pais. Eu cresci nessa casa. É uma casa coreana muito tradicional. Meu pai construiu a réplica exata de um famoso prédio tradicional. Eu só não queria sentar e chorar pelo meu lar. Eu só queria lidar mais ativamente com as questões da saudade. Minha mãe me ajudou a encontrar tesouros nacionais, basicamente pessoas que continuam a usar técnicas tradicionais, artesanato, coisas assim. Aquelas mulheres me ensinaram a fazer algumas costuras. Há uma expressão na Coréia "Você anda a casa". As pessoas realmente desmontam a casa e depois a reconstroem em um lugar diferente. Então eu tinha que fazer algo que coubesse em uma mala e carregá-la comigo o tempo todo. Eu consegui descobrir tantas coisas enquanto estava medindo... E aquilo foi muito pessoal e uma experiência emocionante. Frequentemente você acha pequenas marcas que fez quando criança e que trazem todas as lembranças da sua infância. E quando você passa por esse processo, o espaço se torna verdadeiramente uma parte de você. Eu gosto muito dessa ideia da minha arte se tornar uma parte da arquitetura. Começou com meu interesse sobre a noção de espaço, particularmente essa noção de espaço pessoal, ou espaço individual. Seul é uma cidade muito lotada, e, nas ruas, as pessoas se trombam. E alguém poderia, sabe, bater no seu ombro. E aquilo é normal. Mas eu percebi que é diferente aqui. Então minha percepção desse espaço pessoal mudou, eu acho. Era muito natural para mim pensar sobre o espaço interpessoal, O espaço entre as pessoas. E foi assim que veio essa ideia do individual e do coletivo. Eu escolhi aquela pose intencionalmente. Se você olhar para as expressões faciais das figuras, elas não parecem oprimidas. Então tem um gesto positivo, mas o que elas estão fazendo, na verdade, é suportar peso. E eu não faço nenhuma declaração com isso, Fica mesmo a critério do espectador. Me pediram para fazer algumas esculturas públicas em um espaço público. E eu comecei a pensar sobre o que significa espaço público e qual é o significado de arte pública ou monumento. Eu tentei repensar toda essa noção de monumento. [inaudível] '... certifique-se de que está muito bem polido.' 'Eu quero que fique muito brilhante...' Geralmente são figuras individuais, ilustres, maiores que o tamanho real. Mas o que eu fiz foi rebaixá-la, deixá-la menor, e transformá-la em múltiplas. Eu só quero reconhecer pessoas anônimas e cotidianas que passam por aquele espaço. Para mim foi mais importante, na verdade, vir da Coréia para os Estados Unidos, e aquele tipo de deslocamento, o deslocamento cultural, me permitiu comparar duas culturas diferentes. Então eu consegui olhar para trás e pensar sobre essas questões do individual e do coletivo. Eu digitalizei os retratos de sessenta alunos do meu anuário do ensino médio para o computador. E eu coloquei o meu rosto primeiro e, os outros, sobrepostos um em cima do outro criando, assim, essa média de uma turma. De certa forma, é um autorretrato. Eu coleciono anuários dos anos 1970 a 1993 ou algo assim e eu vejo os mesmos rostos em anuários diferentes, então talvez não sejamos tão únicos assim. Estava curioso sobre o que temos em comum e o que não temos, e como esses indivíduos convergem. Toda a sociedade coreana é, na verdade, baseada nessa estrutura militarista, muito hierárquica. Quando você termina o ensino fundamental I, você entra no ensino fundamental II, na Coréia. Provavelmente na faixa dos 13 anos. Então você raspa o cabelo. E tem o uniforme e o quepe. E acho que vinha como um tipo de trauma para as acrianças. E você também é chamado por números, como 'número 37' ou algo assim. Meu número era 46. - Ok, prontos? Todos os coreanos tem esse tipo de nostalgia, esse tipo de apego pessoal ao uniforme. É algo engraçado sobre o uniforme, porque nós odiávamos usá-lo. Era muito rígido e, se você não usasse o uniforme, era punido. Mas nós tentávamos ao máximo diferenciar nossos uniformes uns dos outros. Desde o momento em que nasce, você sabe que irá para as forças armadas, porque todo mundo tem que ir. Então isso é parte importante da identidade do homem coreano. Eu estive no exército por quase dois anos. Foi uma parte muito importante da minha vida e acho que isso transparece no meu trabalho. Eu achei uma loja de excedentes do exército, e o dono era um velho senhor coreano, e ele nos deu de graça muitas chapas de identificação, e me deixou usar a máquina de escrever especial para digitar nas chapas, tipo letras e números. Todo homem fala sobre sua própria experiência no exército, sabe, quando você toma uma bebida. E são histórias inacreditáveis. [falando em coreano] Eu era muito bom em muitas coisas. Eu era um atirador preciso e tinha uma faixa preta antes do exército, conseguia correr muito rápido, e isso era muito útil. Mas o programa era basicamente forçar seu físico e psicológico ao extremo, para que você realmente consiga matar alguém. Eu realmente vivenciei o que significa ser desumanizado. Então, para mim, tudo era algo a se pensar. No meu trabalho, permito que as pessoas vejam as coisas de forma diferente. Eu acho que esse senso desesperado de deslocamento me dá espaço para ter um tipo de distância crítica de tudo.