Eu gostaria de compartilhar com vocês
uma ideia que, eu acredito,
ajudará a moldar o futuro
da aprendizagem personalizada.
Esta é uma ideia que todos vocês
podem colocar em prática hoje, de graça,
e nunca será tirada de vocês.
Chamo de "'Blog' de Aprendizagem Continuada".
Nele, diferente de outros "blogs",
a ideia não é construir
uma grande audiência,
mas ajudar os jovens a aprenderem.
Começar é simples.
Primeiro, pense numa criança
ou crianças que você ama.
Depois, crie para eles uma conta
no Google, ou equivalente,
e ajude a criarem seus próprios "blogs".
Se você acha que são muito jovens
para terem contas no Google,
eles podem simplesmente usar sua conta.
O passo final,
e esta é a chave:
tenha certeza de configurar
a inscrição por e-mail,
e inscreva-se imediatamente
e pelo menos outros quatro adultos
que também amem aquela criança.
Mas, se sua família é como a minha,
vocês compartilham uma arma secreta:
avós.
Existe uma evidente sinergia
entre os mais velhos e os mais jovens.
Eles proporcionam o que Sugata Mitra,
vencedor do prêmio TED do ano passado,
chama de "nuvem de avós",
uma presença de carinho que motiva
as crianças a fazerem mais.
Se sua família não é igual a minha,
como diversas não são,
particularmente em ambientes
urbanos onde vivo,
então pode haver apenas um pai,
e podem haver barreiras
tecnológicas e de linguagem,
mas com quase todas as crianças
há um time de adultos que se preocupa
com aquela criança
e que deseja ajudar.
Poderia ser o provedor
de um programa pós-escolar,
ou um assistente social,
ou um parente distante,
ou um professor.
Demora uns 20 minutos
para configurar um "blog" de aprendizagem
continuada para uma criança.
E eu tenho o passo a passo
com instruções de graça
publicadas no site: blogsandbadges.com
O próximo passo é mais difícil,
mas é onde a diversão começa.
Com meu filho caçula, Charlie,
começou assim:
"Não, não, não, não, não!"
Charlie tinha visto, em primeira mão,
o impacto de "blogar"
em seu irmão mais velho, Max,
e ele não achava que estava
pronto para a responsabilidade.
Ano passado, Max havia cancelado
a matrícula do 6º ano
para prosseguir com a aprendizagem
personalizada por seis meses,
em um "semestre na Geeklandia",
como viemos a chamá-lo.
Suas experiências e o "blog",
"Cartões Postais da Geeklandia",
mostraram à minha esposa e a mim,
ambos educadores de escolas públicas
o poder de "blogar" como uma ferramenta
de aprendizagem ao longo da vida.
Diferentemente dos MOOCs e Khan Academy,
crianças "blogando" trata-se
fundamentalmente de aprender fazendo.
Escrever num tipo de mídia rica,
como um "blog",
resulta em três características essenciais
de que as crianças necessitam
para serem preparadas para o futuro.
Número 1: Comunicar-se com outros
seres humanos, através da escrita,
poderosamente e criativamente.
Número 2: Comunicar-se
com computadores e dispositivos,
tecnicamente e logicamente.
Número 3: Desenvolver
independência e perseverança,
Aquele motor no cérebro que nos motiva
a interagirmos com
humanos e computadores
e de persistirmos na conclusão.
Eu sofri um pouco para descobrir
como explicar o que estou falando,
porque esta ideia é ao mesmo tempo
extremamente simples
e infinitamente extensível.
Motivar as crianças a "blogarem"
pode ser tão simples
como fazê-los postarem tarefas de casa
que eles já realizaram.
Ou, poderiam estar
escrevendo algumas frases
como legendas para fotos
de uma viagem de família recente.
Poderia ser três vezes ao ano,
ou poderia ser quase diariamente.
Um pouco é bom.
Muito é ótimo.
Cada "post" traz uma explosão
de encorajamento,
dos avós, pais e
amigos especiais da família.
Como eu me registrei
nos "blogs" dos meus filhos,
cada "post" publicado chega no meu e-mail.
Então, mesmo que eu esteja muito ocupado
para comentar durante o dia,
eu continuo ciente
do trabalho deles,
e pronto para conversar com eles
no jantar, ou no café da manhã.
A plataforma de "blog" não é diferente
da plataforma do Facebook,
mas há uma diferença crucial
entre a cultura de
relacionamento do Facebook
e o tipo de cultura criada "on-line"
quando uma criança "bloga" para seus pais,
avós e amigos especiais da família.
Quando Max, Charlie
e as outras crianças que conheço
tiverem concluído o ensino médio
e forem para o ensino superior,
ou seus empregos,
eles terão montado um rico
livro de recortes indexado
por hipertexto de seus trabalhos.
Poderão utilizá-lo para refletirem
sobre o que fizeram e aprenderam.
Eles serão capazes
de criarem portfólios
de seus melhores trabalhos,
medalhas, certificados e diplomas.
Muitas crianças passam pela fase
em que elas aprendem a amar a leitura,
mas ainda odeiam escrever.
Ambas levam prática
e são difíceis no princípio.
Diferentemente de ler e falar,
onde gastamos horas
intermináveis com crianças,
praticando com eles,
desde a hora em que nascem,
a escrita recebe pouca atenção,
e é, na maior parte das vezes,
terceirizada para as escolas.
Quando você terceiriza
a escrita para as escolas,
e digo isso com total
respeito aos professores,
o que acontece é
que crianças fazem tarefas
que vão para a caixa preta
para terem um "feedback" do professor
e retornam um tempo depois,
com tinta vermelha.
Eu digo isso figurativamente,
para ponderar,
mas a matemática é simples.
Minha esposa é professora
de humanidades no 7º ano,
numa escola pública local.
Eu a vejo trabalhando
todos os finais de semana,
classificando papéis
e dando "feedback" para crianças.
Numa escola típica de ensino fundamental,
há cerca de 20 crianças em uma classe.
Sendo assim, cada criança recebe
cerca de 1/20 de atenção da professora.
Se a criança tem
um "blog" de aprendizagem,
com cinco adultos seguindo o "blog",
a criança tem a atenção de cinco adultos,
100 vezes mais atenção
do que as crianças normalmente têm.
Eu não estou dizendo
que o comentário de um avô em um "blog"
é o mesmo que um" feedback"escrito
pela professora num papel.
O tempo e a ocasião
são muito diferentes.
Professores são profissionais,
pagos para trabalharem
com crianças, em tempo integral.
Mas o resto dos adultos da
"vila digital" de uma criança
podem não ter as mesmas
habilidades de um professor,
mas eles oferecem suporte, encorajamento,
e um compromisso para o resto da vida,
que, de outra forma, é essencial.
No ensino médio,
onde professores
normalmente têm cinco aulas,
a probabilidade de "blogarem"
aumenta numa razão de 500 para 1,
e isso supondo que apenas
os cinco adultos originais
se registraram no "blog".
Esta é uma melhoria profunda no sistema.
Nenhuma outra iniciativa educacional
de que eu tenha conhecimento
oferece o mesmo retorno sobre investimento
para tempo e dinheiro.
Se você acredita
que aprender é mais
efetivo quando fazendo,
não recebendo passivamente,
que escrever poderosamente e criativamente
é uma habilidade essencial
de que todas as crianças necessitam,
e que a motivação para escrever
é profundamente influenciada
pelo "feedback" de adultos,
confiáveis e amorosos,
então você verá o profundo avanço
do sistema que isso oferece.
Crianças que "blogam" para um
time de adultos amorosos,
geram uma significativa
melhoria de 100 para 500,
em um dos principais ciclos
do aprendizado:
a escrita e a reflexão com os outros.
É exatamente como ler
para suas crianças.
Todos aqui sabem como fazer isso.
Negligenciar isso seria colocar
sua criança em perigo.
Escrever é o mesmo,
e há algo simples e gratuito
que poderá fazer
para melhorar esta variável
em muitas ordens de grandeza.
Eu pergunto a vocês:
vocês criariam o blog de aprendizagem
com uma criança?
Levantem a mão ou fiquem em pé,
se estão prontos para
colocar esta ideia em ação.
Muito obrigado.
(Aplausos)