(grito de mulher) (urros abafados) (gritos de mulher) (homem rindo loucamente entre os gritos) (porta rangendo) (sinos e passos pesados) Os fantasmas estão inquietos esta noite. Se movimentam famintos... Posso me apresentar? Sou Watson Pritchard. Daqui a pouco vou lhes mostrar a única casa realmente mal-assombrada do mundo. Desde sua construção, há cem anos, sete pessoas, incluindo meu irmão, foram assassinadas nela. Desde então, sou o único proprietário. Mas só passei uma noite lá e, quando me encontraram de manhã, eu estava quase morto! (gemido prolongado) ♪ (nota musical estridente, crescendo) ♪ Sou Frederick Loren e eu aluguei A Casa dos Maus Espíritos para que minha mulher pudesse dar uma festa. Uma festa assombrada. (risos) Ela é tão divertida. Vai ter comida, bebida e... fantasmas. Talvez até algumas mortes. Vocês estão todos convidados. Se algum de vocês passar as próximas 12 horas na casa, vou dar 10 mil dólares para cada um, ou ao parente mais próximo, caso não sobrevivam. Ah, mas aí vêm os outros convidados. Minha esposa deu a ideia dos convidados chegarem em carros fúnebres. Ela é tão divertida. Seu senso de humor é, digamos, original. Eu sonhei com os carros fúnebres. Estão vazios agora, mas, depois de uma noite na Casa dos Maus Espíritos, quem vai saber? Esse é Lance Schroeder, piloto de testes. Sem dúvida um homem de coragem. Mas não acham que alguém pode ter mais coragem, quando é pago por isso? E por acaso eu soube que o Lance precisa dos dez mil que lhe darei, se tiver coragem suficiente para ficar a noite inteira. Essa aí é a Ruth Bridgers. Vocês sem dúvida já viram a coluna dela nos jornais. Ela diz que o motivo para vir à festa é escrever um artigo especial sobre fantasmas. Mas ela também está louca atrás de dinheiro. Ela joga. Vocês já conheceram Watson Pritchard, um homem que morre de medo da casa, e, mesmo assim, vai arriscar a vida para passar outra noite lá. Eu me pergunto por quê. Ele diz que é "por dinheiro". Esse é o Dr. David Trent, psiquiatra. Ele diz que meus fantasmas irão ajudá-lo em seu trabalho sobre histeria. Mas vocês não percebem um leve toque de ganância, na boca e em torno dos olhos? Essa é Nora Manning. Eu a selecionei entre milhares de pessoas que trabalham pra mim porque ela precisava mais dos dez mil. Ela sustenta a família inteira. E não é linda? A festa vai começar agora. E vocês têm até a meia-noite para encontrar... A Casa dos Maus Espíritos. ♪ (música título) ♪ Bem, onde está todo mundo? Não é uma recepção muito calorosa, não é mesmo? Só os fantasmas nessa casa estão felizes por estarmos aqui. Somos todos estranhos para os outros? Vocês não se conhecem? Receio que eu nem saiba seu nome. – Sou Nora Manning. – Lance Schroeder. O Fredrick Loren é seu amigo? Já ouvi falar dele, mas não o conheço. Trabalho em uma de suas empresas, mas nunca o vi. Também nunca o conheci. Só recebi um telefonema. Você o conhece? Não. Então você é o único de nós que o conhece. Mas eu não o conheço. Todos os detalhes de como preparar a casa foram dados por carta. - Ele é bem rico, né? - Milionário. - E acho que se casou cinco vezes. - Quatro, por enquanto. Uma festa de 50 mil dólares para cinco pessoas é um exagero, mesmo para um milionário. Bem, se eu quisesse assustar alguém, certamente seria nessa casa. (porta rangendo e batendo) (lustre tilintando) Quem fechou a porta? ♪ (música de suspense) ♪ Essa porta é feita de aço reforçado. ♪ (música inquietante) ♪ Annabelle? Nossos convidados estão aqui e, felizmente, ainda vivos. Já se maquiou? Tem poeira e sujeira por toda parte. E a água mal sai da pia. Não poderia ter pelo menos limpado o lugar? É para dar clima. Você sabe como são os fantasmas. Eles nunca arrumam nada. Sua roupa é muito provocante, mas pouco apropriada para uma festa. Eu não estou indo a uma festa. Hm, mas essa festa de fantasmas foi ideia sua, esqueceu? E como vai me custar 50 mil dólares, quero que pelo menos se divirta. A festa foi ideia minha, até você inventar a lista de convidados. Por que esses estranhos? Por que não os nossos amigos? Amigos? Nós temos amigos? Não. Seu ciúme impede. Pois eu tive um motivo para convidar cada um deles. Queria que fosse uma amostra completa, que fosse desde um psiquiatra até uma datilógrafa, de um bêbado até um piloto de avião. Todos têm uma coisa em comum. Precisam do dinheiro. Agora vamos ver se têm mesmo coragem para merecer. E você chama isso de festa? Até poderia ser. Por que você sempre faz isso? Acaba com o champanhe! - A garrafa pode explodir. - O que nunca acontece. Certeza absoluta? Não tem a menor graça, Frederick. Daria uma ótima manchete: "Playboy mata esposa com uma rolha de champanhe" Bebe comigo? Não, obrigada. Um golinho já poderia melhorar o seu humor. Meu humor vai bem, obrigada, e eu nem pus veneno. Que bom saber disso. Bebe um pouquinho. Vai curtir mais a festa. Vamos. Sua confiança é comovente. Mas eu não vou à festa. De todas as minhas esposas, você é a menos simpática. Mas continuo viva. Você me deixaria em troca de um milhão livre de impostos? Você quer ter tudo, né? Eu mereço ter tudo. Seu ciúme não é livre de impostos. E a sua possessividade é de enlouquecer. Se algum dia um homem teve motivo para pedir o divórcio... Mas você não tem provas. Vai chegar uma hora em que você vai dar uma escorregada. Você acredita nisso? Se eu viver o bastante... Lembra como nos divertimos quando você me envenenou? Uma coisa que você comeu, segundo o médico. É... Arsênico com gelo. Annabelle, você faria de novo, se achasse que poderia escapar, não faria? Querido, por que você pensaria uma coisa dessas? Tem alguma coisa errada em você. Ser enforcado é muito desagradável, se você continuar tendo ideias. Não deixe que os fantasmas e os demônios te incomodem, querida. Meu bem, o único demônio nessa casa é você. E não passe a noite pensando em como se livrar de mim. Deixa a sua pele enrugada. Foi isso o que ela usou no meu irmão e na irmã. Cortou-os em pedacinhos. Encontramos pedaços dos corpos espalhados na casa inteira. Em lugares que vocês nem podem imaginar. O mais estranho é que as cabeças nunca foram encontradas. Mãos, pés e esse tipo de coisa, sim. Mas as cabeças, não. A mulher, provavelmente num ataque de fúria, ameaçou o marido com o facão e, totalmente histérica, começou a apunhala-lo e não parou mais. Mas isso não é incomum. Quantas pessoas ela matou, Sr. Pritchard? Só duas. O marido e a irmã. Não tinha mais ninguém aqui. Quer dizer que tem duas cabeças soltas rondando por aí? Dá para escutá-las à noite. Sussurram uma para a outra. Então choram. Já que o nosso anfitrião não está aqui, será que alguém poderia me servir uma bebida? É claro. O que você quer? (porta se abrindo) Boa noite. Sou seu anfitrião, Fredrick Loren. Como nenhum de nós se conhece, vamos tomar uma bebida juntos. Sr. Loren, recomendo cancelar essa festa agora mesmo. Os fantasmas já estão se mexendo e isso é mau sinal. Peço desculpas pela minha mulher. Ela virá mais tarde. - Que vai beber? - Um uísque com gelo. - Doutor? - A mesma coisa. Agora, antes da festa começar, vamos repassar os detalhes. Os caseiros sairão à meia-noite. Vão nos trancar aqui até voltarem, pela manhã. Depois que fecharem a porta, não teremos mais como sair. As janelas têm grades dignas de uma prisão. E a única porta para o mundo exterior fecha como se fosse um cofre. Não teremos mais luz, nem telefone. E não há ninguém a quilômetros daqui. De modo que não há como se pedir ajuda. Igual a um caixão. Portanto, se alguém não quiser participar da festa, vai ter que me avisar antes da meia-noite. É claro que, se forem embora, não vão receber nada. Eu gostaria de saber por que o senhor organizou essa festa? Além da ótima companhia... Os fantasmas, Doutor. Acho que todo mundo se pergunta o que faria se visse um fantasma. E agora minha mulher nos deu uma oportunidade de descobrir. Hum... Que divertido. Se os fantasmas e afins são apenas fruto da histeria, sua festa vai ser um grande sucesso. Mas o Pritchard aqui jurou que os fantasmas são autênticos. Agora são sete. E talvez mais, antes que amanheça. Que simpático. Quatro homens já foram assassinados nesta casa. E três mulheres. O senhor planejou a festa muito bem, Sr. Loren. Aqui nós somos quatro homens e três mulheres. Um fantasma para cada um. Sr. Pritchard, por que não mostra a casa para a gente? Vamos ver o que acontece. Estão vendo aquela mancha? É sangue. Uma jovem foi assassinada aqui, morta por algo que não era humano. - Não fique aí! - O que quer dizer? Onde? Tarde demais. Já foi marcada. Ridículo. É claro que é só uma goteira no teto. Deve ser. Quem se dignaria a me assombrar? Eu diria que qualquer fantasma masculino digno do nome. Espero que não volte. Pritchard, você é a alma da festa. Ele ainda nem começou. Não teve um homem que jogou a própria mulher num tanque de vinho? Isso foi na adega. Já houve assassinatos em quase todas as partes da casa. Tudo isso pertencia a um tal de Norton, que não morreu aqui. Foi eletrocutado mais tarde. O Sr. Norton gostava muito de fazer experiências com vinhos. Mas a mulher dele não aprovava. E assim ele encheu o tanque de ácido, e jogou-a lá dentro. Ele achava que ela iria desaparecer, mas os ossos vieram à tona. É engraçado, mas nenhum dos assassinatos que aconteceram aqui foram comuns. Um simples tiro ou facada. Todos foram bem selvagens, violentos. Diferentes. Cuidado! Ainda bem que ela não caiu! Quer dizer que ainda tem ácido ali? (bolhas) Ele destrói tudo que tenha cabelo e carne. Só deixa os ossos. Caramba. Está muito seco e empoeirado aqui embaixo. Bem, tem uma "cura" para isso lá em cima. Vamos. Como foi que te convidaram? Não... Deixa eles irem na frente. Quero dizer, o que te disseram? O Sr. Loren disse que todo mundo ganharia 10 mil dólares. Mas não disse nada de ficarmos presos aqui. Não. Comigo o acerto foi feito por telefone, mas ninguém falou que teríamos que ficar. Você não vai ficar? Se eu desistir, perco os meus 10 mil dólares. Pois eu também vou ficar. Por 10 mil dólares. É... Você acredita em fantasmas? Não sei. Eu concordo com o que o médico disse. As pessoas podem se assustar. Já aconteceu comigo num avião. Vi coisas que não existiam. Ou será que existiam? E o que vai fazer com 10 mil dólares? Se a gente conseguir. Como assim, "se a gente conseguir"? Ele não vai pagar se a gente ficar? É claro que sim. Para ele, 10 mil dólares não passam de alguns trocados. Tivemos um acidente de carro. Agora eu sou a única da família que consegue ganhar dinheiro. Eu nunca vi tantas portas. Um armário. Garrafas. Isso dá em algum lugar? (porta bate sozinha) Lance! Lance! (música soturna e barulhos estranhos) Socorro! Por favor! O Lance desapareceu e eu vi um fantasma! - Um fantasma? - Eu não disse? Por favor, venham! Você disse que o Lance desapareceu? Onde? Vamos ter que derrubar a porta! Está trancada! Trancada? Tudo bem com você? Nada que o dinheiro não possa curar. Eu acho que bati com a cabeça. A única forma de alguém bater com a cabeça aqui... é batendo direto na parede. Mas você não fez isso, fez? Vamos fazer um curativo. Eu me pergunto por que não o mataram. Quem? Ele não bateu com a cabeça. Foi atingido por eles. Eles? (música fantasmagórica) Nora, quando você entrou, disse alguma coisa sobre fantasmas. Tinha uma coisa lá. Parecida com o quê? Vestia um vestido preto longo, que chegava até o chão. Você não estava um pouco assustada? É claro. Isso, Sr. Loren, é o que chamamos de histeria. Nesse caso, como explicar o que aconteceu com o Lance? Foi histeria também? Faça um check up nisso em mais uns dois dias. Obrigado, Doutor. Me espera no hall. Os fantasmas estão se aproximando, Sr. Loren. Você realmente acredita nos seus fantasminhas, né? Antes que essa noite termine, o senhor também vai acreditar. O que quer beber, Lance? Nada, obrigado. Eu gostaria. Scotch com soda. Sr. Loren, o senhor vai realmente pagar todo mundo que passar a noite aqui? Claro. Dez mil dólares. Vai demorar, ou ter que preencher alguma papelada? - Está com pressa, querida? - Sinceramente, sim. Estou desesperada. Aqui está, querida. Tinha alguém ou alguma coisa aqui, quando entrei. Mas onde? E se a porta estava trancada, como foi que ela saiu? O que você viu pode ter sido um fantasma, mas o que estava aqui comigo não era. Eu não sei. Estava muito assustada. (batidas sólidas) (batidas ocas) - Parecem dois barulhos diferentes? - Sim. (batidas ocas) 1... 2... 3... e meio. Três metros e meio. 1... 2... Vou bater do lado de lá. Quando me ouvir, bata desse lado. (batidas do outro lado) (mais batidas) Bata mais embaixo! (batidas ocas) (Nora grita) (Nora soluça) Ai, Lance! Acabei de vê-la de novo! - De onde veio? - Daqui de dentro. Mas... se tivesse saído daqui, eu teria visto. Lance, ela não corre. Só flutua. Mesmo assim... Por que eu não vi? Você não acredita em mim! Como eu poderia? (música fantasmagórica) Eu sou a Anabelle Loren. E você deve ser a Srta. Manning. Sei que essa é uma festa incomum e muito chata também. Não quer se retocar um pouco? (música fantasmagórica) Esse é o seu quarto. Deprimente, né? Duvido que consiga passar muito tempo aqui. Vai chover. Perfeito para dar o clima dessa festa do meu marido. Por que você veio? Ele disse que me daria 10 mil dólares. - Mas por que ele te escolheu? - Não sei. Meu supervisor só me disse que eu tinha sido convidada. Há quanto tempo você conhece o meu marido? Só conheci essa noite. Então...? Por que você? Por que estava vagando sozinha pela casa? Eu estava com o Lance na adega. O sr. Schroeder. E decidi sair. Não faça mais isso. Não vá a lugar nenhum sozinha. Se arrume um pouco. Daqui a pouco eu venho te buscar. Mas eu... Você está em perigo. Todos nós estamos. Mas quem? Para o seu próprio bem, espero que nunca descubra. Sou a Anabelle Loren. Está procurando alguma coisa? Não exatamente. O senhor é o médico? - Não, eu sou o Lance Schroeder. - O piloto. - Se machucou? - Foi só um golpe na cabeça. Qual é o meu quarto? Acho que é esse aqui. - Obrigado, Sra. Loren. - É só Anabelle, Lance. Você estava com a garota na adega. Por que ela estava tão assustada? Estava? E você não tem a menor cara de quem bate na própria cabeça. O que realmente aconteceu, Lance? Bem... a Nora achou que viu um fantasma, mas eu não vi nada. Estava só assustada? E aborrecida comigo. Acho que fiz pouco dela. Eu não faria pouco de nada que venha a acontecer aqui essa noite. Não me diga que você leva tudo isso a sério? Você não leva? Bem... É claro que eu gostaria de saber quem me bateu. Lance... Se eu precisar de ajuda, posso contar com você? Claro... acho que sim. Escuta... Por que você não me conta logo tudo? Enfim, qual o motivo dessa festa? Não é uma festa. Ele está tramando alguma coisa. Seu marido? Eu adoraria saber o que é. Deve ser muito sério, para ele torrar 50 mil dólares. O dinheiro não é nada para ele. Ele tem um motivo para trazer todos nós a essa casa horrorosa. Para quê? Ele nem conhece a gente. Talvez por isso mesmo estejam aqui. O que ele poderia ganhar com isso? Ele acha que milionários como ele podem escapar de tudo. Imagino que saiba que eu sou a quarta esposa dele. A primeira simplesmente desapareceu. As outras duas morreram. Lance, eu não quero ter o mesmo destino que elas. Quer dizer que...? Os médicos disseram que elas enfartaram. Duas garotas de vinte e poucos anos. Mas o que ele poderia fazer? Às vezes ele fica louco de ciúmes. E nessas horas, não se importa com nada. Por favor, tenha cuidado. Ele poderia te machucar? Se pudesse, poderia até me matar. Annabelle, você está perdendo o mais divertido. A Nora Manning quase morreu com uma luminária que despencou. O piloto machucou a cabeça. Ficou muito ferido? O psiquiatra soturno fez um curativo. Não quer dar um pouco de consolo a ele? Como faz com a maioria dos homens, à sua maneira? Você é tão inteligente, Frederick. Às vezes passo a noite em claro me perguntando por que casei contigo. Talvez tenha sido um erro. Você não se casou comigo. Eu é que casei contigo. É desagradável, mas não foi um erro. Então anda logo! Frederick, pela última vez eu digo que não vou à sua festa. E pela última vez vou falar que a festa não é minha. É sua. E você vai. Eu não vou. - Está pronta, querida? - Não. - Está pronta, querida? - Estou, caramba. Será que você me adoraria tanto, se eu fosse pobre? O que você quer é ser uma linda viúva. Está quase na hora de trancar a casa. E aí a festa vai começar de verdade. Eu me pergunto como vai terminar. (batidas) É quase meia-noite, Lance. OK. Vou descer num minuto. (batidas) Quem é? Seu anfitrião, querida. É quase meia-noite, Nora. Vamos reunir todo mundo no salão. Tudo bem, Sr. Loren. Vou descer daqui a pouco. (música de mistério) Vem com a gente. Antes que ele te mate. (gritos) Onde está a Nora? A Srta. Manning. Eu não quero ficar aqui! Nora, que que houve? (ruído da porta se abrindo) Esses são o Jonas Slyde e a esposa. São caseiros aqui há muitos anos. Ela é cega. Eu não quero ficar aqui. Doutor, acho que temos um caso real de histeria aqui. Acho que ela está só um pouco agitada. Não chega a ser histeria. (porta abrindo) Boa noite. Oi, querida. Essa é a minha mulher. Esses são os nossos convidados. Ruth Bridgers, o Dr. Trent. Você já conhece o Watson Pritchard, é claro. Nora Manning e esse aqui é Lance Schroeder. Me tira daqui! E os 10 mil dólares? Não me interessa. Ele quer me matar. Quem quer te matar? O Sr. Loren. Posso ter um pouco de atenção, por favor? Acho que todos se lembram do trato que foi feito de passarmos a noite aqui. Dez mil dólares para cada um. Se um de vocês não sobreviver, os 50 mil serão divididos entre os restantes. Se eu mesmo morrer, vocês serão pagos com a minha herança. Quando os caseiros fecharem as portas pelo lado de fora, estaremos obrigados a ficar aqui até de manhã. Se alguém quiser ir embora, vai ter que sair agora com os caseiros. Depois não vai dar mais para mudar de opinião, porque não haverá como sair. - Eu não quero ficar! - Espera! (barulho de vento e a luz tremulando) (batida forte da porta) Ainda não é meia-noite. Quem falou para eles saírem? - Eles nunca saem antes da hora. - Dessa vez, sim. Eu ia perguntar se queriam sair ou não, mas parece que os caseiros já decidiram por vocês. Agora estamos todos trancados aqui. Mas eu não quero ficar! Sinto muito, minha cara, mas agora é tarde demais. Querido, você já não se divertiu o bastante com esse joguinho tolo? Arranje uns carros para o pessoal e deixe-os sair. Mas não deixe de pagá-los antes. A festa é sua, esqueceu? Apesar da minha mulher crer que eu sou capaz de fazer coisas impossíveis, o fato é que vamos ter que ficar nessa casa até as oito da manhã. No entanto, temos uns presentinhos para vocês nesses pequenos caixões. Ideia da minha mulher. Tenho que dizer que para mim é meio perigosa. Imagino que todos saibam como usar uma coisa dessas, mas caso não saibam... Só precisam abaixar esse engate com o polegar e aí... apertar o gatilho. (bang) Como veem, estão carregadas. Mas elas não servem contra os mortos. Só contra os vivos. Doutor... Lance... Nora... Vamos. Pode pegar. Senhorita Bridgers... E aqui está a sua, querida. Eu não preciso. A ideia foi sua. Talvez você queira até usá-la em mim, antes que a noite acabe. Joguem essas armas fora. Não vão ajudar em nada. Concordo com o Pritchard, mesmo que por um motivo diferente. Por quê, Dr. Trent? O senhor não aprova os nossos presentinhos? Imagine que Nora tivesse a pistola quando confundiu a mulher cega com um fantasma. Não acredito que alguém mais vá passar por ali, na escuridão total. Estou certa de que não vamos correr pela casa, disparando contra os outros. O senhor não está? Quem vai saber? O medo leva as pessoas a fazerem coisas estranhas. Sr. Pritchard,... o senhor disse que a sua cunhada matou um homem e uma mulher e os esquartejou? Disse que encontraram as mãos e os pés, mas não as cabeças? Você gostaria de ver uma dessas cabeças? Vocês todos gostariam de ver uma das cabeças? Sigam-me. Apenas sigam-me. Querido, eu realmente não vou precisar disso. Vejam a minha maleta. Podem ver. Mas estava aí! A cabeça de uma mulher! Nora, eu acho que você está um tanto confusa. Quer um sedativo? CAI FORA! Todos vocês, para fora e me deixem em paz! Saiam daqui! (chora) O senhor acha que ela pode ficar sozinha? Ela devia ter tomado o sedativo. E o que o senhor acha que ela viu? Eles a estão cercando. Acho que alguém devia ficar com ela. Pode ter um milhão de pessoas com ela. Se quiserem acabar com ela, vão acabar. E se ele tiver razão? Está bêbado demais para saber o que fala. Será mesmo? Vou me juntar a vocês num minuto. Será que seria bom se você entrasse e falasse com ela? Você acha mesmo que havia mesmo uma cabeça naquela maleta? Não sei. Uma coisa dessas me deixaria totalmente louca. Mas você poderia ficar aqui em cima, se ela precisar de ajuda? OK. Vou ficar no meu quarto. É só me chamar. Obrigado. Tem certeza de que só tem sete pessoas na casa? Absoluta. Tirando os fantasmas. Eu não acredito em fantasmas. Nem em assustar mulheres. No caso de Nora, já foi longe demais. Longe demais. O que você acha que devemos fazer, Doutor? Não a assustem mais. Nora? Nora? (música de suspense) Nora?! (porta abrindo e rangendo) (música mais intensa) Nora! Nora! - O que você sabe sobre isso? - Levaram-na. Em pouco tempo será mais um fantasma. Cadê a Nora? Onde ela está? É tarde demais. Nunca vai conseguir encontrá-la. Pritchard, se sabe onde ela está, é melhor dizer logo. Ela se foi! Foi embora com eles. E não tem nada que você possa fazer. (grito de mulher) (música de suspense) Nora... Solte a corda. Nora? Está morta, Sr. Loren. Sua mulher se enforcou. Suicídio. (Nora) - Lance... - Nora! Me esconde, Lance! Por favor! - O que houve? - Me esconde! Ele tentou me matar. Me agarrou, me sufocou e me levou àquele quarto. Depois saiu e me deixou. Quem? Achou que eu estava morta. Mas quem? O Sr. Loren. Tem certeza absoluta? Não sei. Estava muito escuro, mas devia ser ele. Alguém mais te viu depois disso? Escutei alguém naquele quarto, mas vim para cá e ninguém me viu. A Sra. Loren está morta. Mas como? Loren disse que ela se suicidou, mas acho que alguém a matou. Ele mesmo? (batidas na porta) Tenho certeza que você chegou à mesma conclusão que eu. É, acho que sim. Vamos reunir todo mundo e decidir o que fazer. No salão? Tudo bem. Num minuto. Tenho que descer. Tranca a porta e não deixa ninguém saber que está aqui. Se ele achar que você já está morta, não voltará. E eu volto assim que puder. Vai ficar tudo bem. E, se for necessário, use isso! Tão linda... Tão gananciosa... Tão fria. - O que está fazendo aqui? - Espera! Não, espera! O que você queria vindo até aqui? Eu não quero que eles a levem. - Você está bêbado! - Vão levar, se ninguém vigiar. OK, vou perguntar de novo. Por que entrou nesse quarto? - Eu sou o único que entende. - Entende o quê? Sua mulher não está mais aqui. Já se juntou aos fantasmas. E eu estou farto desse seu papo de fantasmas. Sai daqui, seu bêbado, e não volte aqui nunca mais! Onde está a... como é o nome mesmo?... Nora? Não vamos perturbá-la, porque isso não é problema dela. Tem razão. Sr. Loren, tem algum jeito de sairmos dessa casa agora? Não. Nenhum. Poderíamos arrombar uma porta. A única porta para o mundo exterior é feita de aço. As grades nas janelas são fixas em pedras sólidas. Vamos ter que ficar. Eu não tenho medo dos seus fantasmas, Pritchard. Mas tenho medo. Quando chegamos aqui, nosso único elo comum era a recompensa de 10 mil dólares. Agora temos algo mais: a morte da Sra. Loren. Até agora, só nessa noite, uma pessoa quase morreu com a queda de uma luminária, outra sofreu um golpe misterioso, uma mulher foi levada à beira da histeria e outra morreu. Todos acidentes? E um suicídio? E vamos ter que ficar mais seis horas aqui. Seis horas? E nós somos seis. Tempo suficiente. Quem será o próximo? O que vai acontecer? Permita-me uma pergunta, Doutor. O senhor foi o primeiro que encontrou a minha esposa morta. Viu alguma coisa onde ela poderia ter subido para saltar? Não. Alguém viu? Não tinha nada. Então como ela poderia ter subido a uma altura daquelas? Tão alta. Exatamente, Sr. Loren. Como? Não poderia ter subido sozinha. Não poderia ter pulado do teto... O senhor acha que ela se suicidou? Não. Acho que foi assassinada por um de vocês. Ou pelo senhor, Sr. Loren. É preciso ter um motivo para matar alguém deliberadamente. E ninguém aqui conhecia sua mulher. Só o senhor tinha um motivo para assassiná-la. Que marido nunca pensou em matar a própria mulher? Que marido não teria milhares de oportunidades, para fazer isso sem despertar suspeitas? Não são tão burro a ponto de pendurar minha mulher do teto. A questão é que o senhor, ou um de nós, matou a Sra. Loren. E isso é caso de polícia. E como vamos chamar a polícia? Essa é a questão. Só podemos chamar a polícia de manhã. Aquilo que começou como uma festa maluca dada por um excêntrico acabou envolvendo todos nós num assassinato. Pela primeira vez, concordo com o Pritchard. Se houver outro assassinato em marcha, temos que detê-lo. Outro assassinato? Por que não? Talvez um de nós tenha visto o que não devia. Por que um milionário daria 10 mil dólares para cada um de nós, apenas para passar a noite numa velha casa sombria? Para ver fantasmas? Participar de uma festa? Não. Já terminou de me julgar, Doutor? O veredito é "culpado de homicídio"? Isso não vai levar a gente a lugar nenhum. Alguém matou a Sra. Loren, isso é certo. Um de nós é culpado e os outros, inocentes. O que temos que fazer nessas próximas seis horas é nos proteger uns dos outros. - Você realmente acha que... - Não acho nada. Só sei que vou ficar no meu quarto e, se alguém entrar, vou usar minha arma contra ele. Ou ela. Se ficarmos nos quartos, vamos estar a salvo. Porque os inocentes não terão motivo de sair do quarto. E o culpado vai confessar sua culpa se sair. E estamos todos armados. Estão todos de acordo? Quem dera que essa noite já tivesse terminado! Quartos, pistolas... Eu digo que não vai fazer a menor diferença. Ainda não acabaram com a gente. Nem adianta desejar boa noite. Boa noite. (música de suspense) Boa noite, Doutor. (copo quebrando) (armando o revólver) (barulho na porta) (música de suspense) (barulho na porta) (música mais intensa) (gemido) (choro abafado) (batendo na porta) Nora, sou eu, Lance. Você está bem? Todo mundo foi para o seu quarto e se trancou lá. Lance, eu andei pensando. Estava tão escuro que talvez não tenha sido o Sr. Loren. Foi ele, sim. Ele tentou me matar e matou a própria esposa. (trovão) Como pode ter tanta certeza? Ela tentou me alertar. Pediu que eu lhe ajudasse. O médico acha que ele vai tentar matar mais alguém. (trovão) Tem que ter um jeito de se sair daqui e eu vou encontrar e chamar a polícia, antes disso. Eu vou contigo. Se ele souber que você está viva... Não, Nora. Você está mais segura aqui do que em outro lugar. Fecha a porta com a chave e não faça barulho. (trovão) Se eu encontrar uma saída, volto para te buscar. (trovão) (música aguda) (Lance bate repetidas vezes na porta) (trovão) (notas agudas de piano) (trovão) (gemidos) (música de suspense) (trovão) Não! (Nora soluça) (música fantasmagórica) Não! Não! (trovões) Não! Nããão! (Nora grita) (Nora sôfrega) Lance... (órgão tocando sozinho) (Nora grita) (trovões) Uma confissão de culpa, Doutor? É claro que não. Ou tem mais alguém nessa casa, ou um de nós saiu do quarto. Ouviu alguma coisa? O som do órgão? Isso. E alguém caminhando. Está com a sua? Pronto? Você vê lá embaixo e eu investigo aqui em cima. Por que não vamos juntos? Talvez alguém só tenha alguns minutos de vida. Por que perder tempo? (música de suspense) Já está quase acabando, querida. Todos os detalhes correram perfeitamente. O que está acontecendo? Nós conseguimos. O crime perfeito. Uma maravilha. Ela já o matou? Ainda não. Mas vai matar. Me tira dessa armação para a forca. Por que ela está demorando tanto? Que horas são? No início, não achei que a Nora fosse pegar a arma para se proteger. Mas depois da sua aparição na janela, tudo começou a correr como planejado. Você foi maravilhosa! Foi só o que faltava para levá-la à mais completa histeria. Todo esse plano valeu a pena, querido. Onde é que a Nora está agora? O que está acontecendo? Ela está indo para a adega. Tão assustada que vai atirar na primeira coisa que se mova. E o Frederick? Está indo para lá também. David, tem certeza que ninguém vai suspeitar de nós? Do quê? Uma garota histérica atirou em alguém sem querer. Quem suspeitaria que isso foi planejado? Que a levamos a isso? E como explicar o meu suicídio? Só uma brincadeira, numa festinha. Diremos que era um boneco e eu fui o único a tocar. E os caseiros? Não tinham a menor ideia do que estavam fazendo. E a Nora? Ela não é burra. Querida, acredite. Tudo o que planejamos está correndo perfeitamente. Nora tem certeza que o Frederick te matou. Acha que foi ele quem a atacou na adega, e não eu. E agora está praticamente fora de si, de tanto medo. As cabeças, a música, você... Garanto que, quando o Frederick entrar lá, ela vai atirar. Está demorando muito. Você tinha que estar lá, David. Quando ouvir o disparo, vá até a adega. (música de suspense) (notas rápidas e agudas) Nora! Não! (tiro) (Nora grita, histérica) (ranger da roldana) (grunhido) (pessoa se debatendo na água) David? David? (ranger da porta) (rangido e porta se fechando) (rangido e porta se fechando) (música tensa) (bolhas) (música intensa) Finalmente, você tem tudo. Tudo o que eu tenho. Até a minha vida. Mas você não vai viver para desfrutá-la. Vem comigo, assassina! Vem comigo. (Anabelle grita) (música de tensão) (Anabelle grita) (Anabelle grita mais alto) (Anabelle grita) (bolhas) (música fantasmagórica) Boa noite, Doutor. Boa noite, Annabelle. O crime que vocês planejaram era mesmo perfeito. Só que a vítima ainda está viva e os assassinos, não. Pena que vocês não sabiam, quando começaram esse joguinho assassino... que eu também sabia jogar. Tem que haver uma forma de se sair daqui. E é bem aqui, em algum lugar... (batidas) Lance! Eu atirei no Sr. Loren! Está lá embaixo, na adega! Vivo? Acho que não. É ele! Está vivo! Você não atirou contra ninguém, minha cara. Eu carreguei a sua arma com balas de festim. Agora já posso contar tudo. Trent e minha mulher planejavam me matar. Mas falharam. Trent tentou me empurrar no tanque. Já a minha mulher tropeçou e caiu. Estou pronto para que a Justiça diga se eu sou inocente ou... culpado. (música de suspense) Agora são nove mortes. Mas vão ter outras. Muitas mais. (ruído de passos e correntes) Estão vindo atrás de mim, agora. Depois vão ir atrás de vocês. (gargalhada maluca) Tradução Gabriel Zide Neto FIM