A emoção é um sentimento muito forte.
E muitas pessoas não sabem como lidar com os seus sentimentos, as suas emoções.
Sofrem tanto que tentam cometer suicídio.
Porque acreditam que morrer é a única forma de acabar com o sofrimento.
Então, um meditador é alguém que sabe
como lidar com os seus sentimentos e emoções.
Quando a energia da emoção surge,
eles sabem imediatamente o que fazer para cuidar disso.
Não têm de lutar contra a emoção ou o sentimento.
Eles apenas convidam a energia da atenção plena
para vir e cuidar dos sentimentos.
Porque sabem que a atenção plena é o Buda, na forma de energia.
A atenção plena traz concentração e insight,
tendo o poder de aliviar, de consolar, de compreender, de libertar.
O Buda está dentro de cada célula.
E é por isso que quando a energia do sofrimento surge,
devemos saber como convidar
a energia do Buda para vir e cuidar.
Inspirando, sei que o sentimento de desespero está em mim.
Expirando, sei que este é apenas um sentimento.
E sou muito mais do que um sentimento.
É muito importante.
E todo sentimento nasce, fica durante algum tempo, e depois vai embora.
Porque é que tenho de morrer por causa de um sentimento?
Cada um tem de ter sucesso nesta prática.
É muito importante.
Temos de sobreviver às nossas emoções, aos nossos sentimentos.
Temos de atravessar a tempestade.
Deves estar preparado com a prática.
Deves dominar a arte da respiração consciente, da meditação sentada consciente, da caminhada consciente,
para que possamos enfrentar as nossas emoções fortes com facilidade.
Não lutamos,
somos capazes de abraçar, reconhecer e sorrir para elas.
Isso é possível.
Muitas gerações de praticantes foram capazes de fazer isso.
Devemos ser capazes de fazer o mesmo.
Quer na posição sentada, ou na posição de caminhada, ou na posição deitada,
Devemos ser capazes de lidar com as nossas emoções.
Cultivamos a nossa capacidade de respirar conscientemente, sorrir conscientemente, e abraçar conscientemente
as nossas emoções e os nossos sentimentos.
Se tiveres sucesso, então podes ajudar muitas pessoas,
especialmente os jovens.
Muitos jovens suicidam-se
porque não sabem como lidar com as suas emoções.
A taxa de suicídios de jovens na nossa época é muito alta.
E deves ser capaz de os ajudar.
Eles estão à tua volta, o tempo todo, tentados a suicidar-se.
Cada vez que sentem que não conseguem lidar com as suas emoções.
Então, cada momento que nos é dado para viver,
podemos usá-lo para praticar
cultivar a energia da atenção plena,
a capacidade de estar no aqui e no agora,
a capacidade de reconhecer, abraçar e sorrir
para tudo o que nos acontece.
E dentro de uma sangha, é muito fácil,
porque todos te apoiam a fazer isso.
Deixa a sangha abraçar o teu desespero.
[Sino]
Tens dor no coração.
Tens sofrimento e mal-estar no coração.
Vens e sentas-te perto do Buda.
E depois de algum tempo sentado com o Buda em silêncio,
poderás dizer, "Querido Buda, eu sofro."
É isso que deves dizer.
Deves dizer-lhe, "Querido Buda, eu sofro."
Porque o Buda pode não ser outra pessoa,
não tendo nada a ver contigo.
O Buda pode estar apenas em ti mesmo.
E falar com o Buda é muito importante.
Cada um de nós tem o Buda dentro.
E o Buda, eu posso localizá-lo, ele está em cada célula do teu corpo.
"Querido Buda, eu sofro."
E se estiveres atento, ouvirás ele dizer,
"Eu sei, mostra-me o teu sofrimento, para que eu possa vê-lo e abraçá-lo."
E tu mostras-lhe o teu sofrimento, o teu desespero, a tua angústia.
E ele irá abraçar.
Não deves depender só de ti para abraçar o teu sofrimento.
Deves depender do Buda para abraçar.
E o Buda está lá em cada membro da tua Sangha.
Tens de te comportar assim com a tua Sangha.
"Querida Sangha, eu sofro."
Deves ser capaz de comunicar assim.
E a tua Sangha dirá com a mesma quantidade de compaixão,
"Querido irmão, querida irmã, mostra-nos a tua dor.
"Deixa-nos abraçar a tua dor."
Isto é muito reconfortante, muito curativo
quando tens o Buda em quem confiar,
quando tens a Sangha em quem confiar.
Porque eles são Gemas, são Joias, as Três Joias.
E com a prática, vais perceber que
és muito mais forte do que pensavas.
Quando observas uma árvore, de pé na tempestade,
ou quando focas a tua atenção no topo da árvore,
tens a sensação de que a árvore vai ser derrubada.
O vento faz com que pequenos ramos e folhas balancem para lá e para cá, com violência.
E tu tens medo de que a árvore se parta, seja derrubada.
Mas se direcionares a tua atenção para o tronco da árvore,
e se estiveres consciente de que a árvore está profundamente enraizada no solo,
terás outra sensação.
Sabes que a árvore vai resistir.
Cada um de nós é como uma árvore.
Se ficarmos no nível do nosso cérebro, ou do nosso coração,
podemos sentir que somos vulneráveis, partíveis a qualquer momento,
especialmente quando a emoção forte surge assim.
Sentimos que não conseguimos lidar.
Mas o Buda aconselhou-nos neste momento crítico,
não fiques nesse nível da tua árvore.
Desce até ao tronco.
E o tronco está aqui, de alguma forma um pouco abaixo do umbigo.
Os chineses chamam-lhe Dan Tien.
Foca a tua atenção neste ponto,
e começa a respirar in e out,
e investe 100% da tua atenção
na subida e queda do teu abdómen.
Senta-te numa posição estável,
porque a estabilidade do corpo ajuda à estabilidade da mente.
Não fiques aqui, desce.
Desfruta de respirar in e out, com a consciência,
"Esta é apenas uma tempestade, entre muitas outras tempestades, que podem passar pela minha vida.
"Sobrevivi a outras tempestades, desta vez, também posso sobreviver.
"Uma tempestade é algo que vem, fica durante algum tempo, e terá de ir embora.
"Porque é que tenho de morrer por causa disso?"
Pode ser útil se escreveres estas palavras num pequeno pedaço de papel,
e colocá-lo na tua carteira.
E quando a tempestade vier, basta tirá-lo, respirar, e ler.
E saberás o que fazer.
Isso é uma campainha de atenção plena.
Podes ouvir a voz do Buda,
podes ouvir a voz do teu mestre,
bastando ler este pequeno pedaço de papel.
E sabes como te sentar,
sorrir para a tua dor, a tua tristeza, o teu medo, o teu desespero, as tuas emoções fortes.
E depois de teres conseguido passar pelo momento difícil,
tens confiança,
tens confiança no Dharma.
E já não tens medo.
Na próxima vez que surgir, saberás o que fazer,
como fazer, e o que não fazer. (sorrindo)
E então estás na posição de ajudar os jovens
porque eles ainda não sabem,
eles não sabem como lidar com a sua dor, e com as suas emoções ainda.
A minha recomendação é que não devemos esperar
até que a emoção forte venha para começar a prática.
Porque, naturalmente, vamos esquecer a prática.
Temos de praticar agora quando a tempestade ainda não está lá.
E se o fizermos um hábito,
praticando algo como durante três semanas, e continuar.
E depois, quando as emoções vierem, de repente lembrar-nos-emos de praticar.
(Deve) ser feito uma tradição, um bom hábito.