Filme da streetfilm
por Clarence Eckerson Jr.
Copenhaga é a melhor cidade-
exemplo para bicicletas.
Eles integraram as bicicletas
à rede de transportes.
Acho que um dos aspectos principais
são ciclofaixas separadas
porque faz as pessoas
sentir-se seguras.
Em toda parte você sente-se numa
cidade humana e humanizada.
Aqui pedalar é parte do cotidiano
das pessoas. Isso é fantástico.
pedalando copenhaga
por olhos norte-americanos
Em Junho de 2010, mil defensores
de bicicletas, oficiais de governo
e especialistas em transporte de
todo o mundo encontraram-se em
Copenhaga, Dinamarca, para a
conferência mundial Velo-Cidade.
O facto de que existem cerca de
100 pessoas aqui dos EUA e do
Canadá acho que traz optimismo,
porque acho que falta nos EUA a
crença verdadeira de que isto
funciona, que nós estamos
fazendo acontecer e Copenhaga é
assim. Mas até você ver, tocar
e sentir por si próprio e andar
nas ruas de Copenhaga na hora de
pico, é realmente difícil de
acreditar.
Eles criaram um sistema no qual
qualquer rua serve para pedalar.
Algumas delas são ruas quietas
em que você anda na rua mesmo.
Algumas delas são ciclofaixas
pintadas.
Mas freqüentemente eles têm
ciclovias, que são ciclofaixas
elevadas. São só uns oito
centímetros de elevação com um
pequeno meiofio e asfalto, mas a
diferença que faz é bem profunda.
Eles realmente criaram
estruturas seguras e confortáveis
que comportam pessoas de todos
os níveis de habilidade.
Vêem-se várias bicicletas cargo
que movem-se mais devagar.
Você vê uma mãe ou pai levando
um, dois e às vezes três.
Tenho visto crianças nas
bicicletas cargo. Baixa
velocidade não é só aceita,
é quase celebrada.
Muitas vezes nos EUA, pedalando
sua bicicleta você sente-se
quase um fora da lei.
Você sente: "Será que consigo
encontrar um pedacinho
de espaço pra mim?"
Aqui você sente que estão colocando
o tapete vermelho pra você.
Em cidades estadunidenses se
você chega numa rua movimentada
é quando você fica tenso e
pensa:
"Consigo cruzar essa rua"? Quando
se cruza com ruas movimentadas
em Copenhaga, você diz, "Que
bom! Sei que agora encontrarei
uma ciclo-pista aqui, e vai ser
um caminho rápido.
Chegarei onde preciso em cinco
minutos."
Que diferença de qualquer outro
lugar onde já estive!
A rua de bicicletas mais
movimentada de Copenhaga.
Amo os contadores do lado da rua.
Eles fazem você sentir
que você deve estar na rua, que
é OK estar aqui. Você não sente
que alguém vai te dizer pra sair
do caminho.
Estamos aqui em Copenhaga
na Nørrebrogade.
Nørrebrogade é a rua mais
movimentada para pedalar
em Copenhaga.
Ano passado pusemos esta máquina.
Hoje há 36.000 ciclistas por dia
nesta rua.
Espere e veja uns duzentos
ciclistas passarem no cruzamento.
e então perceba que um quarteirão
a frente outros cem estão vindo.
É uma experiência fenomenal.
Passamos pelo contador ontem e
fui a ciclista 10.361.
Isso é incrível! É encorajador
saber o que é possível.
Em Copenhaga é comum andar de
bicicleta. Para todo mundo.
Todas as rendas. Todas as idades.
Homens e mulheres. O ciclista
padrão é todo mundo.
[Mulher e crianças de bicicleta]
Ouvi de alguns moradores que
55% dos ciclistas são mulheres
aqui na cidade, o que é muito
impressionante.
Um dos destaques são as ciclofaixas
segregadas porque pessoas sentem-se
mais seguras. E a baixa velocidade
dos carros faz sentir mais segurança
com suas crianças.
Vêem-se muitos desses baldes de
crianças:
as bicicletas cargo, em que
as crianças vão à frente.
Você pode colocar suas compras lá,
muito útil para coisas cotidianas.
Por que você não pedalaria?
Por que mulheres e crianças não
pedalariam aqui?
É tão prático e tão óbvio.
Vêem-se mulheres vestindo saias,
vestidos e saltos altos
pedalando por aí.
Obviamente sentem-se confortáveis
pedalando com seus filhos.
Algo que notei aqui foram
bicicletas bem pequenas
aos montes.
São de criancinhas de uns 4 anos.
Elas pedalam em linha reta, são
"super" fazendo isso
e pedalam melhor que a maioria
dos estadunidenses adultos.
Crianças têm treinamento nas
escolas na terceira série e
de novo na nona, têm de fazer
provas na ciclofaixa executando
sinalização e tudo o mais.
Meu filho tem oito e pedalava
na ciclofaixa para o
jardim de infância ou creche
comigo quando tinha três anos
e meio com rodinhas pedalando
ao meu lado.
As coisas aqui são assim. É
preciso. É uma solução prática.
Crianças têm de pedalar para
poderem andar pela cidade.
[motoristas corteses]
Motoristas são adestrados. Essa
é minha expressão: eles são
adestrados.
Eles olham antes de cruzar.
Em muitos cruzamentos observei,
o carro quer virar à direita e
fica lá esperando quatro, cinco,
seis bicicletas passar, e
então, quando não há ciclistas,
eles viram.
Motoristas ficam confortáveis e
familiares com ciclistas por
perto que mesmo que se remova
toda a infraestrutura, como se
você estivesse numa rua sem a
infraestrutura cicloviária,
você ainda estaria muito
seguro.
Há um tipo de componente: a
educação do motorista;
mas as velocidades é que são o
importante.
Acho que é isso que dá humildade,
e as pessoas se acostumaram
com ciclistas em geral.
Confiamos neles num nível
fantástico porque aquela moça
ou aquele cara no carro, eles
têm uma bicicleta em casa. Eles
andaram de bicicleta quando
tinham cinco, seis anos, então
Quanto mais pessoas pedalam, mais
os motoristas esperam
ver ciclistas por aí, então
temos mais segurança.
Percebe-se a segurança em
números.
É uma abordagem diferente isso
tudo.
Eu não pensava nisso antes de
ir a Nova Iorque, por exemplo.
Foi quando tomei ciência do que
fazemos aqui em Copenhaga, onde
pedalar é parte de nossas vidas.
[conveniência, conforto e
adaptação]
Nem uma vez tive de levantar
minha bicicleta.
Há rampas em todas as escadarias.
Há lugares para pôr sua bicicleta.
É apaixonante.
Uma incrível sensação de liber-
dade aqui é pedalar rapidinho
para seu apartamento, loja ou
restaurante. É só pôr a chave no
simples cadeadinho de pneu,
girar, tirar a chave e ir embora.
Nada de acorrentar em árvores ou
postes, o que torna até
trajetos pequenos mais fáceis.
É muito impressionante ver a
infraestrutura especial, a
logística especial de
trânsito, as pequenas
facilidades nas esquinas, a
sinalização de trânsito.
Temos onda verde aqui, o tempo
do sinal permite
um movimento contínuo e
confortável das bicicletas.
Tem-se a Onda Verde ajustada
para a velocidade da bicicleta e
não do carro. Então temos, por
exemplo, um trecho onde se pode
passar. Se você vai a 20 km/h,
então você pode passar. Acho
que 14 semáforos. Todos verdes
para você.
Sempre que estão fazendo obras,
construção em ruas,
eles sempre põem umas rampas
temporárias de asfalto, então...
Mesmo que eles trabalhem metade
do dia ou algumas horas,
você nunca acha um meio fio
no seu caminho.
Sempre haverá uma transição.
Este é o parlamento dinamarquês,
onde trabalho.
Uma de nossas grandes conquistas
em anos recentes foram umas 10,
15 vagas de carros removidas
e transformadas em bicicletários.
Toda manhã
você vê parlamentares. Você vê
todas as pessoas que trabalham
no Parlamento
vindo com suas bicicletas, pondo-
as em frente ao Parlamento.
Esta é a mais linda, maravilhosa
cidade ciclística do mundo.
[o que o futuro nos prepara?]
Existe muito nos EUA o
sentimento do "outro". Esse cara
na bicicleta, isso não sou eu.
Isso é um tipo diferente de
criatura. Aqui, é muito claro. A
pessoa pedalando, esse sou eu
usando um modal diferente
de transporte.
Copenhaga atingiu tal
transformação que pedalar
é mais barato, mais fácil,
mais rápido e talvez mais
seguro do que qualquer outro
modal de transporte.
E assim, é o que as
pessoas fazem.
Acho que se
conseguirmos fazer nossas ruas
lá em casa seguras e receptivas
para mães, para pais levando
suas crianças pra passear, nós
teremos conseguido.
A ciclofaixa pintada é óptima
para o ciclista comprometido e
entusiasta, mas para a próxima
faixa da população,
isso não será suficiente.
Precisamos encontrar meios de
dar aos ciclistas um lugar que
seja confortável, convidativo e
tenha segurança. Não temos
isso ainda. Então precisamos
fazer isso e acompanhar com
divulgação, educação e
explicações.
Poderíamos fazer isso bem fácil e
barato em qualquer cidade dos EUA.
A única coisa que precisaríamos
fazer é ter vontade e
força política para espremer
os carros um pouco.
Gostamos de dizer, só para
tranqüilizar as pessoas, que
Copenhaga não fez isso do dia
para a noite. Levaram 40 anos
para chegar aonde estão hoje.
Não podemos nos dar ao luxo de
esperar 40 anos para que as
cidades dos EUA cheguem aí.
Temos de fazer muito mais
rápido.
Para mim, é fantástico estar numa
cidade onde sempre que se acorda,
sente-se que a cidade é um pouco
melhor que ontem.
É extraordinário ter esse
sentimento toda manhã por
quarenta... cinqüenta anos.
Esse é o caso de Copenhaga.