(Música "Wade in the Water"
de Ella Jenkins)
♪ Entrem na água ♪
♪ Entrem na água, crianças ♪
♪ Entrem na água ♪
♪ Deus agitará a água ♪
♪ Ah, por que não entram na água? ♪
♪ Entrem na água, crianças ♪
♪ Entrem na água ♪
♪ Deus agitará a água ♪
♪ Vejam esse homem
todo vestido de branco ♪
♪ Deus agitará a água ♪
♪ Ele parece um israelita ♪
♪ Deus agitará a água ♪
♪ Entrem na água ♪
♪ Entrem na água, crianças ♪
♪ Entrem na água ♪
♪ Deus agitará a água ♪
♪ Vejam esse homem
todo vestido de vermelho ♪
♪ Deus agitará a água ♪
♪ Parece o homem liderado por Moisés ♪
♪ Deus agitará a água ♪
♪ Entrem na água ♪
♪ Entrem na água, crianças ♪
♪ Entrem na água ♪
♪ Deus agitará a água ♪
♪ Meu Senhor não criou Daniel? ♪
♪ Daniel, Daniel ♪
♪ Meu Senhor não criou Daniel? ♪
♪ Então, por que não todo homem? ♪
♪ Meu Senhor não criou Daniel? ♪
♪ Daniel, Daniel ♪
♪ Meu Senhor não criou Daniel? ♪
♪ Por que não todo homem? ♪
♪ O homem desceu ao rio ♪
♪ O homem desceu ao rio ♪
♪ O homem desceu ao rio ♪
♪ Desceu lá para rezar ♪
♪ O homem desceu ao rio ♪
♪ O homem desceu ao rio ♪
♪ O homem desceu ao rio ♪
♪ Para lavar os pecados dele ♪
♪ Lavou o dia todo, lavou a noite toda ♪
♪ Lavou até as mãos doerem ♪
♪ Lavou o dia todo, lavou a noite toda ♪
♪ Até que não pudesse lavar mais ♪
♪ O homem desceu ao rio ♪
♪ O homem desceu ao rio ♪
♪ O homem desceu ao rio ♪
(Fim da música)
(Aplausos)
Juliet Blake: Vamos dar
calorosas boas vindas
à diretora artística emérita
da Alvin Ailey American Dance Theater,
Judith Jamison.
(Aplausos) (Vivas)
Judith Jamison: Obrigada.
Como estão todos vocês?
(Vivas)
JJ: Sabem que vocês
acabaram de ir à igreja?
(Risos)
Vocês acabaram de assistir a um batismo.
Isso é de uma peça maravilhosa
que o sr. Ailey criou em 1960,
chamada "Revelations".
O sr. Ailey tinha 29 anos
quando coreografou essa obra-prima.
Tem sido dançada em todo o mundo
e compreendida universalmente,
porque ele entendeu
a humanidade em todos nós.
"Revelations" é um reflexo de uma jornada
que todos levamos na vida,
e tomara que seja de modo triunfante.
Essa era a magia de Alvin Ailey.
Ele conseguia vê-los, na plateia,
me ver, como dançarina,
e ver a conexão entre nós,
e os trabalhos coreografados
que conectavam todos nós.
Você sentia que ele
contava a sua história,
enquanto eu sentia que dançava a minha.
Comecei a dançar quando eu tinha seis anos
na Filadélfia.
Eu era magricela...
(Risos)
chocolate negro,
e uma criança com as pernas até as axilas.
Minha primeira apresentação,
na Judimar School of Dance,
foi com uma camisa xadrez vermelha,
macacão, sapatilha rosa,
e dançamos ao som de
"I'm an Old Cowhand from the Rio Grande".
Adorei cada minuto.
Quero dizer, literalmente
adorei cada minuto,
especialmente quando ouvi os aplausos,
e eu sabia, aos seis anos,
que aquilo era pra mim.
(Risos)
Aos seis anos, não pensamos
que será uma carreira da nossa vida,
mas que era perfeita para aquele momento.
Dancei na escola e na faculdade,
e ainda não estava claro que era aquilo
que eu realmente queria fazer.
Fui a uma audição,
em que eu estava morrendo de medo,
a única audição que tive na vida,
e, quando fui dispensada daquela audição,
porque achei que, quando
diziam: "Muito obrigado",
significava que eu ficasse.
(Risos)
Subi correndo as escadas,
e havia um homem sentado nos degraus.
E mal o notei.
Ele era um observador.
Três dias depois, aquele homem me ligou
e me perguntou se eu gostaria de entrar
na Alvin Ailey American Dance Theatre.
Foi assim que aconteceu, pessoal.
Sem dramas nem traumas.
(Aplausos)
Passei 15 anos dançando com a companhia
e depois a dirigi por cerca de 21 anos.
Se você fosse negro,
afroamericano e dançarino,
entre os anos 1940 e 1970,
você tinha muito a dizer,
porque sua voz completa não era ouvida.
E você não era representado
na sua essência.
Alvin Ailey teve a coragem,
bem no meio do
movimento dos direitos civis,
de apresentar a verdade
sobre quem nós éramos
que nossa criatividade, nossa beleza,
nossa inteligência, nossos talentos
faziam parte intrínseca
da panóplia da cultura americana.
Nosso mantra sempre foi educar, divertir
e elevar nosso público.
Ailey acreditava que a dança vinha do povo
e precisava ser entregue de volta a ele.
Não dançávamos no vácuo.
Nossa missão era servir as pessoas.
Chamamos isso agora de bem-estar social,
mas sempre fez parte
de quem éramos e ainda somos,
60 anos depois, até hoje.
Ser inclusivo de nosso público
sempre foi uma parte
importante da companhia.
Nós nos perguntávamos:
para quem estamos dançando?
Por que estamos dançando, se não
para mostrar às pessoas o que é ser humano
e para se conectar com o público
para o qual dançamos.
Sempre nos sentimos responsáveis
por garantir que a comunidade entendesse
que o que fazemos é parte da herança dela.
Não só fazemos isso nos EUA,
como também em todo o mundo.
Fazemos mais turnês do que qualquer
outra companhia de dança do mundo.
Depois que Nelson Mandela
foi libertado da prisão,
pensei: "Essa é a hora de ir
para a África do Sul".
E isso foi um pouco além.
Fomos a Joanesburgo, Soweto
e a algumas outras cidades
que realmente passavam por dificuldades.
Comecei a perceber
que, quando estávamos lá, eu dizia:
"Estamos aqui na capital da Mãe África
e vamos tentar ensinar
essas pessoas a dançar?"
(Risos)
Mas elas estavam interessadas
em nosso afroamericanismo
e na cultura que desenvolvemos
nos últimos 400 anos.
Fizemos várias turnês pelo mundo
e, seja na Europa, América do Sul,
Ásia ou em outro lugar,
o público fica emocionado e animado.
Vocês pareciam emocionados e animados.
Às vezes, com lágrimas nos olhos,
porque essa comunicação não-verbal
realmente funciona.
Trata-se de abraçar todos.
Alvin não precisava nos explicar
o que acontecia na época
dos anos 1960 e 1970;
era óbvio por que fazia o trabalho dele.
Ele sabia do que se tratava
a verdade da época
e não tinha medo de revelá-la
por meio da dança.
Ele aproveitou todas as emoções
que ele e nós tínhamos,
da fúria à felicidade,
à dor e tudo mais;
ele nos conhecia.
Ele pegou nossa história
e a transformou em uma dança poderosa.
Ele e eu sobrepusemos nossas gerações.
Não precisávamos
conversar muito sobre as coisas,
porque entendíamos, de modo implícito,
as responsabilidades que compartilhávamos.
Quando ele me pediu
para assumir a companhia
antes de falecer em 1989,
eu me sentia preparada
para levar isso adiante.
Alvin e eu fazíamos parte da mesma árvore:
ele, as raízes e o tronco;
nós, os galhos.
Eu era a musa dele.
Éramos todos as musas dele.
O balé "Cry",
que alguns de vocês já devem ter visto...
vocês verão um trecho dele...
foi feito sobre mim,
e Alvin o dedicou a todas
as mulheres negras,
especialmente às nossas mães.
Quando Alvin e eu fomos ao estúdio,
é claro que ele não pensava:
"Aqui estou, criando um trabalho famoso".
Vocês conhecem algum artista que faz isso?
Você não entra no estúdio
para criar
nada além do que vem verdadeiramente
do seu coração e do seu espírito.
E você confia que tem um dançarino
com quem pode compartilhar isso.
O local de ensaio é um local sagrado,
que não deve ser invadido,
porque se trata de conversar
uns com os outros pelo espírito.
Além disso, é melhor você ter
alguma técnica para conseguir dançar.
(Risos)
Ele trouxe o Alvin dele para "Cry",
e eu trouxe o meu Judy para ele.
Fiz apenas os passos.
Era um presente de aniversário
para a mãe dele,
porque ele não tinha condições
de dar um presente que podia ser tocado.
Quando o apresentei pela primeira vez,
tive um desgaste físico e emocional.
Eu ainda não havia percorrido
toda a peça do começo ao fim.
O balé tem 16 minutos de duração.
É sobre uma mulher orgulhosa
que esteve no inferno e voltou,
da jornada dela pelo Atlântico.
Ela está exausta,
é uma rainha
e, nessa peça, vocês verão
que ela é triunfante.
Ela conseguiu,
e está, no último passo que dá,
superando qualquer coisa negativa
com a tremenda força que ela tem.
E, no último passo, ela escava a terra
e alcança o céu...
porque abrirá espaço
para a próxima jornada.
Eu a apresentei em 1971,
e ainda estamos abrindo espaço.
Agora vou deixá-los
com um último pensamento.
Aqui estamos, no século 21,
ainda lutando pelos direitos civis.
Não passa um dia
em que não tenhamos consciência
da luta que continua.
Acredito que a dança pode elevar
nossa experiência humana
além das palavras.
E, quando vocês estiverem
sentados no escuro,
no teatro,
tendo uma experiência pessoal,
não se sintam bloqueados
ou incompreendidos.
Sintam-se abertos,
vivos,
e, esperamos,
inspirados.
Obrigada.
(Aplausos)
(Música "Right on. Be free."
de East Harlem)
♪ Quero ir aonde o vento do norte sopra ♪
♪ Quero saber o que o falcão sabe ♪
♪ Quero ir aonde o ganso selvagem vai ♪
♪ Pássaro que voa alto,
pássaro que voa alto, voe ♪
♪ Quero as nuvens acima da minha cabeça ♪
♪ Não quero nenhuma loja
que comprou cama ♪
♪ Vou viver até morrer ♪
♪ Mãe, mãe, mãe, salve seu filho ♪
♪ Vamos lá, seja livre ♪
♪ Vamos lá, seja livre ♪
♪ Vamos lá, seja livre ♪
♪ Não quero nenhuma loja
que comprou cama ♪
♪ Vamos lá ♪
♪ Quero as nuvens acima da minha cabeça ♪
♪ Seja livre ♪
♪ Não há tempo para ter medo ♪
♪ Mãe, mãe, mãe, salve seu filho ♪
(Música)
♪ Não quero nenhuma loja
que comprou cama ♪
♪ Vamos lá ♪
♪ Quero as nuvens acima da minha cabeça ♪
♪ Seja livre ♪
♪ Não há tempo para ter medo ♪
♪ Mãe, salve seu filho ♪
♪ Quero ver um arco-íris no céu ♪
♪ Quero ver as nuvens passarem ♪
♪ Pode tornar minha carga um pouco leve ♪
♪ Senhor, Senhor, Senhor
onde estarei amanhã à noite? ♪
♪ Vamos lá ♪
♪ Seja livre ♪
♪ Vamos lá, seja livre ♪
♪ Vamos lá, seja livre ♪
♪ Vamos lá, seja livre ♪
♪ Vamos lá, seja livre ♪
♪ Vamos lá, seja livre ♪
♪ Vamos lá, seja livre ♪
(Fim da música)
(Aplausos)
(Vivas)
(Aplausos)
(Vivas)
(Aplausos)