Todos os objetos à sua volta são compostos de unidades subatômicas chamadas de moléculas. E as moléculas, por sua vez, são compostas de átomos. As moléculas frequentemente se quebram, formando, assim, novas moléculas. Por outro lado, praticamente todos os átomos com os quais você entra em contato ao longo de sua vida, aqueles no chão sob seus pés, no ar que você respira, no alimento que você come, que formam tudo que tem vida, inclusive você, existem há bilhões de anos e foram criados em lugares nada parecidos com o nosso planeta. Como esses átomos surgiram é o que quero contar a você. Tudo começou 14 bilhões de anos atrás, com um evento chamado Big Bang, que resultou em um universo formado apenas por gás. Não havia estrelas ou planetas. O gás era composto apenas por átomos pertencentes aos elementos mais simples. Tinha cerca de 75% de hidrogênio e quase todo o restante era gás hélio. Não havia elementos como carbono, oxigênio ou nitrogênio. Não havia ferro, prata ou ouro. Em alguns lugares, a densidade desse gás era ligeiramente maior que em outros. Graças à gravidade, esses lugares atraíam ainda mais gás, o que intensificou ainda mais a atração da gravidade, o que atraía ainda mais gás e assim por diante. Por fim, grandes e densos globos de gás se formaram, contraindo-se sob sua própria gravidade e, consequentemente, aquecendo-se no centro. Em dado momento, o núcleo desse globo fica tão quente que ocorre uma fusão nuclear. Átomos de hidrogênio colidem, formando o hélio, com uma grande liberação de energia, forte o bastante para neutralizar a força esmagadora da gravidade. Quando a energia repelente das reações de fusão se combina com a gravidade que puxa todos os gases para dentro, ocorre um equilíbrio. Daí nasce uma estrela. Ao longo de sua vida, as reações de fusão no núcleo de uma estrela gigante produzirão não apenas hélio, mas também carbono, oxigênio, nitrogênio e todos os outros elementos da tabela periódica, até o ferro. Mas, por fim, o combustível do núcleo se acaba, deixando-a entrar completamente em colapso. Isso causa uma explosão incrivelmente poderosa, que chamamos de supernova. Mas existem duas coisas a ressaltar quanto a como as supernovas criam elementos. Primeiro, essa explosão libera tanta energia, que a fusão enlouquece, formando elementos com átomos ainda mais pesados que o ferro, como prata, ouro e urânio. Segundo, todos os elementos que foram se acumulando no núcleo da estrela, como carbono, oxigênio, nitrogênio, ferro, bem como todos aqueles formados na explosão da supernova, são ejetados no espaço interestelar, onde se misturam com o gás que já está lá. A história se repete, então. Nuvens de gás, agora contendo muitos elementos, além dos originais hidrogênio e hélio, têm maiores áreas de densidade que atraem mais matéria, e por aí vai. Como antes, novas estrelas surgem. Nosso Sol nasceu dessa maneira, há cerca de cinco bilhões de anos. Isso significa que o gás de onde ele surgiu foi enriquecido com muitos elementos das explosões de supernova, desde o início do universo. Então, foi assim que o Sol consolidou todos os elementos. Ele ainda é composto de 71% de hidrogênio, com 27% do restante sendo de hélio. Mas tenha em mente que, embora as primeiras estrelas tenham sido feitas somente de hidrogênio e de hélio, os elementos restantes na tabelas periódica compõem 2% do Sol. E quanto à Terra? Os planetas se formam como consequência da formação das estrelas, a partir da mesma nuvem de gás que elas. Pequenos planetas como o nosso não possuem gravidade suficiente para atrair muito hidrogênio e hélio, uma vez que ambos são muito leves. Então, embora o carbono, o nitrogênio, o oxigênio e por aí vai, tenham formado apenas 2% da nuvem de gás da qual a Terra se formou, esses elementos mais pesados formam a maior parte de nosso planeta e tudo que há nele. Pense nisto: com exceção do hidrogênio e de um pouco de hélio, o chão em que você pisa, o ar que você respira, você, tudo isso é feito de átomos que se formaram dentro de estrelas. Quando os cientistas inicialmente entenderam isso, ao longo da primeira metade do século XX, o famoso astrônomo Harlow Shapley comentou: "Nós somos irmãos das rochas, primos das nuvens".