Em determinada altura, a maioria das pessoas sexualmente ativas podem ser infetadas com VPH, ou seja, o Vírus do Papiloma Humano. Há mais de 100 tipos de VPH e, na maioria das vezes, o corpo elimina as infeções, sem sintomas, mas algumas estirpes podem causar graves problemas de saúde. O VPH provoca infeções por contacto, ou seja, o vírus mantém-se nas células perto do ponto da infeção em vez de se espalhar por todo o corpo. Como o VPH se transmite sobretudo através da atividade sexual, trata-se normalmente das células da vagina, da vulva, do pénis, do ânus, da boca e da garganta. Podemos detetar o VPH nas células destas áreas, mas embora a análise para este vírus seja possível cientificamente, não é muito comum. A principal razão para isso é que, embora haja tratamentos para os efeitos adversos causados pelo VPH, não há tratamento para o vírus. Portanto, procurar o VPH levaria a muitos resultados positivos e, embora a maioria deles não seja motivo de preocupação, ainda não há plano de tratamento para limpar o vírus do corpo. Mas há outras boas formas de nos protegermos do VPH. Vamos percorrer as formas como o VPH pode causar danos, quem corre riscos e como minimizar esses riscos. O sistema imunitário do corpo consegue erradicar a maioria das estirpes do VPH antes de causarem qualquer dano e sem que as pessoas reparem que estão infetadas. Mas determinadas estirpes — como os VPH 6 e 11 — provocam anomalias nas células do tecido infetado que podem evoluir em verrugas genitais. Embora estas sejam infecciosas e exijam tratamento, normalmente com cremes tópicos, as estirpes que provocam verrugas não criam danos a longo prazo. Mas outras 13 estirpes podem provocar mutações no ADN que levam as células a dividir-se a um ritmo muito mais rápido do que o normal. fomentando o desenvolvimento de tumores cancerosos. As células do colo do útero, em especial, correm grande risco. Dois deles em particular — os VPH 16 e 18 — são responsáveis pela maioria das causas do cancro do colo do útero que é atualmente o quarto tipo de cancro mais comum nas mulheres. Os sintomas do cancro podem demorar mais de 20 anos a aparecer, mas, com um rastreio regular, podemos descobrir anomalias celulares no colo do útero antes de evoluírem num cancro. As mulheres, a partir dos 21 anos, podem realizar uma análise Papanicolau em que se faz um esfregaço do revestimento do colo do útero para procurar células anormais. Um teste positivo não significa que a pessoa tem um cancro cervical mas que há células irregulares no colo do útero que podem evoluir num cancro, futuramente. Assim, as pacientes são vigiadas com análises mais frequentes ou, no caso de irregularidades mais pronunciadas, são submetidas a um procedimento chamado colposcopia que envolve um exame médico do colo do útero, feito ao microscópio e, por vezes, uma pequena biópsia do tecido para um exame mais minucioso. Nalguns casos, o tecido afetado tem de ser retirado. As infeções do VPH na garganta podem levar a cancros no cérebro e no pescoço, mas ainda não há equivalente à análise de Papanicolau para a garganta. O uso de preservativos pode ajudar a evitar o contágio do VPH durante o sexo. E há três vacinas seguras e eficazes para os VPH 16 e 18. As vacinas tomam-se em duas ou três doses com uns meses de intervalo e só são benéficas, se tomarmos todas as doses. Atualmente, a vacina faz parte dos cuidados padrão para raparigas dos 11 aos 18 anos, em muitos países, embora também esteja disponível para rapazes, cada vez mais. As mulheres e homens adultos em países, como os EUA e o Reino Unido, podem optar por receber a vacina e os indícios sugerem que a vacinação de mulheres e homens pode reduzir a incidência mundial do cancro cervical em quase 90% Os investigadores também estão a desenvolver uma injeção para pessoas que já estão infetadas com VPH 16 e 18, que visará as células infetadas para impedi-las de evoluírem em células cancerosas. Portanto, embora ainda haja espaço para melhorias no rastreio, no tratamento e no acesso a ambas as coisas, o uso de preservativos, a vacinação e a análise cervical podem reduzir os danos causados pelo VPH.