(David Goldblatt): A câmera é um instrumento muito estranho. Demanda, primeiramente, que você veja coerentemente, ela te permite entrar em mundos, lugares, e associações, que de outras formas seria muito difícil. Ser fotógrafo é realmente maravilhoso. Não estou preso a lugar nenhum. Posso ir e voltar como quiser. É maravilhoso. Meus anos de infância em Johannesburg foram muito felizes. Aproveitamos de uma enorme quantidade de liberdade. Andávamos de bicicleta por Randfontein, a mina de ouro que rodeava a cidade e podíamos explorar bastante as minas. É uma paisagem brutal, bem vazia, sombria, não temos um mar, não temos um grande rio. Só tínhamos esses espaços tediosos e desinteressantes. Acho que tinha uma espécie de osmose acontecendo dentro de mim. Eu me tornei organicamente relacionado ao lugar. Por um lado, eu quero fotografar a paisagem. Paisagem, num sentido bem amplo. De outro lado, sou fascinado por nossas estruturas como declarações de valor.