(Som de vento a soprar) (Música animada) (A música toca) Olá. Bem-vindos. Bem-vindos a esta sessão especial "Regresso ao Coração da Floresta". Vamos ter um momento de contemplação e reflexão em silêncio, aqui hoje, no conforto das árvores. E para orientar esta sessão, tenho o prazer de dar as boas-vindas ao Irmão Abraço (Embrace) e ao Irmão Espírito (Spirit), do mosteiro de Plum Village. Obrigada. Boa tarde e bem-vindos, queridos amigos. É tão maravilhoso estarmos juntos. Sentimo-nos um bocadinho longe de vocês. Gostava de aproximar isto um pouco. Queremos sentir-nos próximos. Assim está melhor. Aí está. Mmmh, que espaço maravilhoso. É tão bom sentir a qualidade do ar. Oxigénio. Fresco. Então, esta tarde, queríamos apenas criar um espaço e um tempo para nos conectarmos uns com os outros, connosco próprios, com a Mãe Terra, que está sempre presente para nós, mas talvez nós nem sempre estejamos presentes para ela. Este é um momento para, sim, encontrarmos formas concretas, práticas, coisas que possamos integrar no nosso dia para tornar essa ligação algo muito concreto, algo prático, algo a que possamos recorrer a qualquer momento da nossa vida, estejamos nós presos num arranha-céus, num escritório, ou a caminhar descalços pela floresta. Por isso, sim, estamos muito felizes por estarmos aqui convosco hoje. Estamos em Glasgow há cerca de dez dias, a caminhar devagar, com atenção plena, a levar sorrisos e suavidade à zona azul, na COP. E a caminhar depressa também. (Risos) Às vezes é preciso andar depressa para chegar a uma reunião. E está tudo bem. O corpo corre, mas nós não corremos por dentro. Acho que vamos então começar com uma meditação sentada guiada. Sim, antes de começar, queremos partilhar convosco uma prática que gostaríamos de vos oferecer, para que a possam experimentar um pouco. Temos partilhado muito, ideias e assim por diante, por isso, esta é uma oportunidade para experienciarmos um pouco, de regressar e tocar na natureza que está dentro de nós. Vou guiar-vos para reconhecerem que nós somos a Mãe Terra. Às vezes separamos, pensamos que a Mãe Terra, a natureza, está lá fora, à espera que a salvemos, mas na verdade ela está dentro de nós. Somos água, somos terra, somos fogo, somos ar. Isto é muito importante no nosso trabalho, na nossa... vá, “corrida”, (pequena risada) mas eu acho que a Mãe Terra está bem, são os humanos que precisam de cuidar de si próprios, e quando cuidamos de nós, estamos presentes em nós, e já não precisamos das coisas materiais. Já não precisamos de consumir. A nossa felicidade estará mais alinhada com quem realmente somos — que é a Mãe Terra. Por isso, sentem-se confortavelmente. E para alguns de vós, isto pode ser novo, mas vou apenas dizer umas palavras para vos guiar. E parte da meditação é sentir. Pensamos muito e temos muitas ideias, por isso pode ser difícil para alguns de nós, mas vamos começar com o sentir, está bem? E eu vou ajudar-vos nisso. Então, sentem-se. Se puderem, façam um “check-in” convosco próprios, com a vossa coluna, e alinhem-na, a coluna vertebral — sintam como está. Talvez estejam demasiado para a frente ou para trás. Vamos então realinhar a coluna e sentir a gravidade da Mãe Terra, do planeta. O peso do nosso corpo. E talvez possamos fechar os olhos, porque temos outro olho, um terceiro olho, o olho da consciência. Por isso, não precisamos dos nossos dois olhos de carne. Fechamos os olhos e vemos com o nosso terceiro olho, e começamos a sentir. Ao inspirar, sentimos a inspiração, a entrar pelas narinas. Ao expirar, sentimos a expiração pelas narinas. Ao inspirar, sentimos aquele pequeno espaço debaixo das narinas, levamos toda a nossa atenção mental para aí, e sentimos a respiração. Inspiro. Expiro. Simplesmente levamos toda a atenção da mente para aí. Se surgir um pensamento, deixamo-lo passar como uma nuvem. Inspiração. Sigo a inspiração até ao fim, pelos pulmões abaixo, até ao abdómen, sentindo a barriga a subir com a entrada do ar. Expiração, sinto a barriga a descer à medida que o ar sai. Inspiro. Expiro. O corpo pode sentir-se inquieto, basta reconhecer isso. Ao inspirar, eu incorporo este corpo. Sinto a presença deste corpo sentado, sinto a gravidade da Mãe Terra. Ao expirar, eu solto. Solto os ombros, deixo a gravidade atuar sobre os ombros. Permito que a Mãe Terra puxe a tensão do rosto, das bochechas, da testa. Sinto o abraço da Mãe Terra, a gravidade a puxar-nos, a sustentar-nos. A relaxar qualquer tensão. A soltar, especialmente à volta do pescoço, dos ombros. Inspiro. Expiro. Deixamos simplesmente os ombros cair. Deixamos o rosto suavizar. Não precisamos de segurar tudo tão intensamente, com este corpo que corre, anda de um lado para o outro todo o dia. Agora oferecemos a este corpo, o corpo da Mãe Terra, o nosso amor, o nosso cuidado. Inspiro, consciente deste corpo. Expiro, relaxando este corpo. Inspiro, vejo-me como uma flor, uma visão no jardim da humanidade. Sou uma flor. Sou uma manifestação da Mãe Terra. Vim da Mãe Terra, o meu rosto como uma margarida a desabrochar ao sol da manhã. Vejo o orvalho sobre a flor, fresco. Sinto-me fresco como uma flor. Que bonito é estar vivo, manifestado nesta forma. Inspiro, sou uma flor. Mãe Terra, tu és em mim. Expiro, sinto-me fresco como uma flor. Ao inspirar, vejo-me como uma montanha. O elemento terra dentro deste corpo, o alimento que ingiro, a nuvem, a água. Sou uma montanha, estável e imóvel. Tenho emoções que vêm e vão. Tenho pensamentos que vêm e vão, mas não reajo. Permaneço imóvel, sólido, como uma montanha. Mãe Terra, tu estás em mim como montanha. Sinto a tua solidez debaixo dos meus pés. Todo este drama da humanidade não perturba a montanha. A montanha intemporal. Estou para além do calendário e dos horários. Montanha intemporal. Inspiro, vejo-me como montanha. Expiro, estou sólido, estável como a montanha. Ao inspirar, também vejo água em mim. Sou um lago sereno, nas alturas da montanha. Vejo-me a refletir as nuvens, a floresta. Tão límpido. Ao expirar, sinto a mente mais clara, mais aberta, a refletir a beleza da Mãe Terra, a refletir a beleza dentro de mim. Sou suficiente. Sou belo o suficiente, ser apenas eu já é beleza suficiente. Refleto a beleza da Mãe Terra, que me deu esta vida. Mãe Terra em mim, como água, este lago sereno. Inspiro, sou um lago calmo e sereno. Expiro, reflito a beleza. Ao inspirar, sinto todo o espaço, o ar dentro de mim, à minha volta, em cada célula deste corpo. Não sou limitado por esta forma. Sou espaçoso para além deste planeta, para além de tudo o que podemos ver. Sinto-me amplo, a maravilha de estar aberto, espaço ilimitado. Inspiro, vejo-me vasto. Expiro, sinto-me livre, ilimitado. Queridos amigos, podem abrir os olhos. Queridas árvores sagradas, obrigado por estarem connosco. Obrigado por oferecerem a vossa frescura, a vossa presença, e espero que... que isso tenha sido útil, que tenham conseguido tocar isso — que a Mãe Terra não é apenas um elemento fora de nós — e que mesmo que por vezes sintamos momentos de desconexão, de desenraizamento, de perda do nosso “coração de madeira”, nos lembremos de que nós somos a Terra, viemos da Terra e regressaremos à Terra. Gosto de fazer essa meditação para me lembrar do que é importante, por isso, nas vossas reuniões, nas vossas... no nosso drama humano, se sentirem essa necessidade, podem sempre recordar esta prática. Basta algumas respirações, quatro ciclos de inspiração e expiração, e conectamo-nos com a terra, com o fogo, o ar, o espaço, a água. Obrigado pela vossa prática. Nestes últimos dias, temos encontrado muitas pessoas na zona azul da COP — dentro e fora da zona azul — e estamos conscientes de que há muita ansiedade e dor sobre a condição em que nos encontramos. Um verdadeiro estado de alerta vermelho para a nossa sociedade. Os danos que causámos e de que fomos co-responsáveis, alguns mais do que outros. Olho para a minha própria sociedade e para como ela beneficiou do colonialismo. Olho à minha volta, para estes edifícios, e sim, vejo... vejo os traços. Vejo as provas dessa história e a dor que carrega, e trazemos isso no coração. Talvez neste momento, se eu sentir o meu próprio coração, e vos convidar a fazer o mesmo — a sintonizar com o vosso coração neste momento —, possam sentir talvez essa... essa vibração de preocupação, de ansiedade, por vezes até de um medo avassalador. E se for tarde demais? E se não conseguirmos um acordo forte nesta COP? E se for apenas mais do mesmo, mais “greenwashing”, mais promessas vazias? Isso pode trazer muita raiva, muita dor, e por isso, quando estamos em contacto com isso, a nossa prática não é negar esse sentimento, mas também ter o cuidado de não reagir com raiva, encontrar uma forma de... de estar com esse sentimento, de o acolher com ternura, de deixar que vibre em nós mesmo que doa, sem o anestesiar, sem o encobrir com consumo. Esse é o risco da nossa sociedade atual. Há tantas formas de nos anestesiarmos, tantas formas de evitar sentir essa dor e ansiedade coletiva, o luto pela perda da biodiversidade, a solidão das espécies, à medida que os nossos irmãos e irmãs do mundo não humano se extinguem. Há muita dor, e tantas formas de nos distrairmos e encobrir isso, e talvez, na zona azul da COP, sinta-se uma tendência para achar que não podemos expressar esse luto, nem mostrar vulnerabilidade a essa dor, porque temos de ser profissionais, temos de, bem, citar os dados e os números, e... e claro, isso também é importante — mas não só. Para mim, a ciência é... é essencial, temos de confiar nela, mas o que gostamos de propor é que existe a possibilidade de combinar o coração com a cabeça e o espírito e que, er, é possível acolher esses sentimentos de luto e ansiedade, e não afogar-nos, não ser sobrecarregados. Então nós, quando estamos com as pessoas, tentamos... tentamos permitir que isso aconteça, e para mim, é uma parte essencial do meu dia, quando acordo de manhã, tenho de me conectar com o meu corpo, e ver onde está isso, onde isso está no meu corpo, sinto isso (respiração com os dentes), essa ansiedade? Essa dor? Quero dizer, como é que eu encontro uma forma digna de lidar com isso, sem apenas empurrá-lo para longe e dizer: "ok, tenho de seguir com o meu dia"? Eu não... sabem, é... se eu me conectar com isso, vai ser demais, não vou conseguir lidar com isso. Tenho de saber como me relacionar com isso de forma hábil, e, hum, o que aprendi com o meu mestre é que é possível, exatamente tendo a coragem de estar com essa dor, de começar a metabolizá-la, de começar a permitir que ela se mova, para se transformar em raiva, em vergonha, vergonha coletiva pelo... os danos causados pela nossa sociedade, em compaixão, e em ação, a energia para continuar na luta, e voltar, sabem, para as tarefas que temos pela frente, mas com esse sentimento. Então talvez agora, eu vos convido a, sim, a conectar-se com isso, e, quer, sabem, estamos a segurar isso, seguramos isso um pouco para nós mesmos, a nossa própria dor, mas também somos feitos do coletivo, então, tocamos a dor coletiva dos nossos irmãos, irmãs, amigos, humanos e não-humanos. A dor que sentimos é também a dor da Terra, e temos de ter, hum, a coragem de enfrentá-la, e quando o fazemos juntos, num espaço como este, ficamos conscientes de que estamos rodeados por... amigos, então essa dor também é partilhada, torna-se mais fácil de suportar, e uma das formas em que... nos treinamos para lidar com a dor, é também ser capaz de gerar um sentimento de alegria quando precisamos, porque se for só a dor e vamos diretamente para ela, pode ser demais. Então onde encontramos essa alegria? Onde está ela? Há tantas formas. Isso é o maravilhoso, torna-se como, uh... é muito criativo, sabem, entrar em contacto com a vossa criatividade, e têm de partilhar uns com os outros o que nos permite entrar em contacto com a alegria em qualquer momento do dia. Então vou dar-vos alguns exemplos. Na próxima vez que segurarem um copo de água na vossa mão, antes de darem o primeiro gole, notem o milagre que é a água. Toquem a vossa gratidão. Beber água limpa e fresca é um milagre, e sabemos que a gratidão é uma fonte maravilhosa de alegria. Tão simples. Quando têm gratidão no vosso coração, a alegria está lá. Há a alegria de simplesmente estar vivo, neste momento. Aquela meditação que fizemos. Podem sentir a vibração da vida no vosso corpo, em cada célula, dos pés, subindo pelas pernas, tronco, braços, mãos, e rosto, e passamos muito tempo nas nossas cabeças, a pensar, a preocupar, a planear, a lamentar, mas no momento em que trazemos a nossa atenção de volta apenas para as sensações no nosso corpo, neste momento, se prestarem atenção às sensações na vossa mão, podem pegar uma mão com a outra, e simplesmente notar a sensação nos dedos. Conseguem sentir o vosso pulso? Sente-se quente ou fresco? Há uma sensação de formigueiro nas pontas dos vossos dedos? Conseguem permitir que a vossa mente se assente na consciência das sensações? E talvez sintam um pequeno momento de perceber: "Estou vivo! Ainda estou vivo!" E nas minhas mãos estão as mãos da minha mãe, as mãos do meu pai, as mãos dos meus antepassados, e ainda estou vivo, e através de mim todos eles estão vivos, e podemos continuar a agir com bondade, com suavidade, com compaixão. Isso tem de ser alegria. Então, encontramos todas estas formas de nos nutrirmos, novamente e novamente, ao longo do dia. Quando recebemos comida, quando cumprimentamos um amigo e olhamos nos seus olhos. Para mim, às vezes, sento-me em meditação e só preciso de visualizar os rostos do meu sobrinho e da minha sobrinha, eles são jovens e estão cheios de alegria, e a sua alegria torna-se a minha alegria, instantaneamente. Muito simples. E quando sabemos como fazer isso, criamos um espaço maior para a nossa dor. É um, é um contexto para a nossa dor, uma forma de um abraço mais amplo. Então a nossa dor pode ainda estar lá, mas está dentro desse abraço de alegria, de vida, de paixão, de amor, e assim podemos começar a falar com a nossa dor, e podemos dizer: "Olá, olá minha tristeza, olá minha ansiedade," "Sei que estás aí, vou cuidar bem de ti," "Vou-te segurar com carinho, permitir-te ser abraçada." E podes estar aí o tempo que precisares. Não tentem fazer com que isso vá embora, não tentem negar, simplesmente permitam que esteja aí, e podem sentir algo a libertar-se no vosso corpo. Podem sentir-se bem, tudo ainda está lá, sabem, a situação continua lá, o mundo continua no estado de crise em que o encontramos, mas talvez esteja um pouco mais gerível, porque se entrarmos em pânico, se nos deixarmos levar para a luta ou fuga, ou entorpecimento, ou paralisia, podemos piorar a situação, ou podemos falhar em agir por causa dessa sobrecarga emocional, então é essencial para nós aprendermos algumas destas muito simples tecnologias espirituais, algumas destas muito simples técnicas, para que possamos começar a mover-nos com a nossa dor, deixar que flua através de nós, não deixar que fique presa, e assim podemos trazê-la para esses espaços, para as reuniões, e estar lá no painel com uma lágrima no olho, sabem, e até ir para a negociação com isso, com o nosso coração um pouco vulnerável, mas segurado no calor da nossa própria alegria e celebração da vida. Então, isso são algumas das coisas que temos partilhado nestes, nestes espaços e que queríamos partilhar convosco também, e, uh, sim, gostava de convidar o meu irmão para continuar a partir daqui. Eu só partilho que, uh, um pouco da minha jornada pessoal. A minha família fugiu do Vietname em 1979, por causa de uma guerra, uma guerra causada por ideologia. Não tínhamos nada a ver com isso, mas de alguma forma o nosso país foi um campo de batalha, um campo de jogo para os rapazes e as suas armas. (Sorriso breve) A nossa família, procurou refúgio na América, e eu tinha oito anos, e cresci no Ocidente, fui educado no sistema educativo americano, e tornei-me arquiteto, trabalhei e, sabem, tornei-me muito, uh, como todos: tentando ter esse sonho de sucesso, e ter todas as coisas que desejamos, o carro, a casa e as contas bancárias, o plano de reforma, mas acho que através do sistema tornei-me muito egoísta, uh, cresci na era Reagan, que era muito competitiva, e é como, uh, sabem, a curva de Bell, então a minha educação era sempre, eu estava sempre, tinha de estar à frente da curva de Bell. (Sorriso breve) Então, no meu trabalho, eu me tornei muito, uh, protetor das minhas ideias, do meu... Então, eu me tornei bem-sucedido, e depois o sucesso me fez ficar mais com medo, uh... e a minha segurança era muito... Eu tinha muito medo de perder a minha segurança, a minha conta bancária tinha que estar sempre a aumentar, e eu também era muito consumista— eu consumia muito também. Comprava muitos— tinha muitos sapatos, muitos Armani e, sabes, essas coisas todas, muitas, como é que se chama, as colónias, as colónias, não consigo acreditar que gostava de pôr isso, e cheirar de uma maneira que não era natural. (Risos) Peço desculpa, não é para todos, uh, não é um comentário sobre a nossa civilização, mas é a minha jornada pessoal, e, uh, recentemente, fui apresentado como líder espiritual, o que eu reagi um pouco, sinto-me, sinto-me mais no meu coração como um rebelde, e sou um resistente, e quando escolhi este caminho, que acham que pode ser budista, religioso, uh, mas o que realmente me move no meu coração, como jovem, quando escolhi este caminho, é, na verdade, rebeldia, porque vi esta guerra: Acordei e vi que há uma guerra a acontecer pela minha mente. A cultura em que cresci, em que fui educado, estava a fazer-me tão ocupado e a correr atrás das coisas. Eu não sabia porquê, estava tipo, todas as sextas-feiras, com medo de estar em casa. Tinha de sair, gastar dinheiro, e sentia-me horrível se ficasse em casa. Tinha de estar a gastar e a ir a esses lugares que, sabes, não me preenchiam realmente. Sentia-me, voltava, sentindo-me mais vazio, sozinho. Então, para mim, há, uh, para esta mudança climática, para este, uh, reequilíbrio da nossa cultura de produção e consumo, precisamos também de uma mudança cultural, da forma como nos comportamos, e isso é, uh, uma coisa muito importante a salientar. Portanto, para mim, olho e vejo, onde quer que vá, vou ao aeroporto, vou a lugares, e vejo que há uma guerra pela nossa mente, pela nossa atenção. Os seres humanos agora estão tão... temos de resistir tanto para, tipo, realmente estar com os outros sem tocar nesta coisa, e já não estamos realmente presentes, e então, para mim, há algo muito fundamental que está, uh, a faltar, e isso faz-nos sentir vazios porque já não estamos a ter a conexão de coração para coração com os outros, com os nossos entes queridos, com a Mãe Terra, com a nossa comida, com a água. Portanto, sentimos-nos muito, sabes, perdemos, ficamos alienados e tornamo-nos solitários e é exatamente isso que a guerra está a levar-nos. O mercado, a publicidade, eles sabem como te fazer sentir sozinho, e depois consumimos, estimula-se, entretém-se. Então, fui assim, era assim, e para mim, em vez de ser visto como um líder espiritual, ou assim— na verdade sou, uh, mais ligado à rua e na verdade viemos da tradição de sair das nossas casas, e ir para as ruas, e pedir comida. Claro que agora provavelmente seríamos postos na prisão ou algo assim, mas, uh, antigamente, na Índia, íamos de casa em casa, pedir comida, e é uma forma de reconhecer a nossa interconexão, a nossa dependência de vocês para o nosso sustento, dependência da Mãe Terra para o nosso sustento, para a nossa alimentação, portanto, isso é um símbolo de, tipo, deixar todas as coisas materiais, para que possamos depender e confiar que o cosmos vai providenciar quando nos movemos a partir de um lugar de conexão, de não-separação, do coração, e isso é uma revolução na educação, nos meios de comunicação, no que produzimos como— o que supostamente deveríamos fazer como seres humanos, como civilização humana, e se não tivermos cuidado, se não— não estivermos atentos, se não tivermos a nossa atenção, eles vão manipular e dizer-te que isto é— e é muito fácil agora, porque eles sabem da nossa fraqueza: quando estamos sozinhos, quando estamos infelizes, é quando— sabes, na altura do Natal: toca-se uma música muito bonita, fazem-te sentir bem, e o que acontece? Queres comprar coisas para os teus entes queridos. Portanto, esta é a cultura que é— é muito difícil resistir a isso, e então, para mim, eu estou a lutar— os meus pais escaparam de uma guerra do Vietname, que chamamos os Comunistas. Agora eu escapo de outro tipo de sistema. Não sei como o chamas, eles chamam-lhe Capitalismo, mas eu vejo— vejo-o muito mais no material e dinheiro e bancos, mas é pela nossa mente. Há outra guerra pela nossa atenção. Portanto, para mim— eu sinto-me mais próximo do que, porquê, er, estamos a fazer o que estamos a fazer, e então convido-te a testar-te neste próximo feriado: resistir à guerra pela nossa atenção, resistir a expressar o nosso amor comprando coisas materiais, tenta— testa isso, e depois a tua— a tua família, os teus entes queridos, dizem: "Mas, estás a brincar comigo, só me vais dar um abraço no Natal?" "Agora quero, realmente, algo que me mostre o teu amor", certo? Vês essa cultura? E se fizeres isso, provavelmente serás criticado. Portanto, esta é, er, a guerra de que estou a falar e é exatamente a raiz do porquê temos este problema, que está a destruir outras culturas, destruindo outros, er, grupos que estamos a explorar, e há buracos na terra na Indonésia só porque gostamos desta pedrinha brilhante, chamada— chamamos-lhe "Diamantes", certo? Vi esse buraco eu mesmo, é incrível, e gostaria que todos vocês estivessem lá nesse buraco na terra, e então isto é, er, o que estamos a resistir, e isto é o que trouxemos, tão quanto pudemos, para a conversa. É difícil, porque, sabes, er, ok, isso tudo está bem, sabes, e estamos— vamos fazer a coisa verdadeira de adulto: vamos resolver o problema, é tudo bonito e fantástico— sabes, meditação e tudo isso (Risos) mas, er, sim, há— essa é a dificuldade, er, nisto, e vemos isso em, er, até nesta organização que estamos, er, a organizar para resolver o problema. Toda a gente está tão desconectada, do seu corpo, então ajudamos as pessoas a simplesmente abrandar e reconhecer que estamos, por baixo de tudo isso, é o nosso amor, e o nosso cuidado, e então vamos por aí, abraçamos as pessoas, e damos as mãos, e eles resistem no início e dizem "deixa— uh— vamos higienizar depois, sim?" (Risos) Sabem, e isto é, er, esta é a conexão, que— todos nós queremos a mesma coisa, mas por causa das maneiras como a sociedade tem projetado, e fazem-nos sentir separados uns dos outros e da Mãe Terra, do chão abaixo de nós. Então, deixo-vos com isso, para vos deixar saber, e por favor, er, ajudem-nos, e espalhem essa notícia, espalhem esse vírus, ok. Esse vírus de atenção— de despertar, de estar empoderado, de ter a tua própria soberania, e não deixar que outros te colonizem com o seu próprio dogma, sim. Obrigado. Então gostaríamos de convidar o nosso bom amigo Nick para o palco, para nos oferecer uma música, é também para nutrir a nossa alegria e a nossa conexão. Esta é uma parte tão importante da nossa cura, e isso também está um pouco a faltar na zona azul ali, er, mas pelo menos aqui podemos, podemos oferecer isso, e depois, er, pensámos que podíamos partilhar convosco a prática da meditação a andar, porque queremos tornar isto experiencial, e já que este é um espaço tão bonito, acho que gostaríamos de tentar, se quiserem, fazer uma meditação a andar aqui, neste espaço. É algo— uma habilidade muito transferível, para que a possam levar de volta para casa, para o vosso local de trabalho, onde quer que vão, então, er, sim. Vamos desfrutar. Obrigado irmãos por partilharem esta plataforma comigo. Olá a todos, o meu nome é Nick, e esta é uma música chamada "A Prece Minha". De alguma forma o meu amor De alguma forma o meu amor Mantém-me com o coração aberto no inferno Dá-me a coragem de sentir tudo A beleza da queda Quando quero fugir Quando desejo fugir Oh, Senhor, ajuda-me a ficar Olho em volta, olho para longe Ei, ei, há demasiado para aguentar Encho o meu coração a cada dia Encho o meu coração sempre que digo Que não sei como partir Que estou melhor assim Anda, Senhor, ajuda-me a ficar De alguma forma o meu amor De alguma forma o meu amor Podemos suportar o insuportável? Como suportar o insuportável? Como suportar o insuportável? Encontrar na cor da minha raiva, Dar à nossa raiva um lugar, oh, a besta tem um rosto, Com uma careta e tanta graça E um coração aberto no inferno Bem, bem, Coragem para sentir tudo Sustenta-nos, mantém-nos parados, quando queremos fugir Anda, Senhor, ajuda-nos a ficar E fazemos isso pelo nosso próprio bem Pelas nossas meninas, pelos nossos meninos E fazemos isso pela nossa casa Se fizermos isso pelo mundo Então deixa sair, e deixa entrar Conhece a besta dentro de mim Dá-lhe amor e traz-o para dentro Não, não é um inimigo, mas um amigo E na fúria do fogo Nesse fogo intemporal Encontro o meu amigo antigo, Senhor, vem ajudar-me uma vez mais Então deixa sair, e deixa entrar Conhece a besta dentro de mim Dá-lhe amor e traz-o para dentro Não, não é um inimigo, mas um amigo Na fúria do fogo Nesse fogo intemporal Encontro o meu amigo antigo, Senhor, vem ajudar-me uma vez mais, sim (Cantando sem palavras) Obrigado. Isto também é uma meditação guiada. Obrigado, Nick. Uau. Obrigado. Alguém nos pode dizer a hora? Temos um minuto? Dois minutos? Nenhum minuto? Dois minutos, mesmo dois minutos? Ok. Então talvez... (Fala muito baixa) Então não temos tempo para andar, talvez. E que horas são agora? Literalmente dez minutos. Ok. É possível. Cinco minutos? Sim. Ok, queres liderar? Sim, gostaríamos de, er, partilhar convosco, er, este espaço aqui. Não tenho a certeza se podemos fazer algum tipo de ciclo, mas, por favor, levantem-se. Deixem as vossas malas aqui. Acho que vamos voltar. Temos dez minutos, mas quero que experimentem isto porque temos praticado isto na, er, conferência enquanto andávamos por aí. E é, er, muito— muito mais fácil do que, er, a meditação sentados, é a meditação a andar. Então, simplesmente tornem-se conscientes de as vossas, er, pernas, os vossos pés, em pé, e larguem os vossos braços. Na verdade, vai ser muito curativo, na verdade, para, er, ok, levantem os braços. In, estiquem para cima, e para fora. Uau, preciso mesmo disto. In, estiquem para cima, para fora. Claro, aqui está a tradução: O nosso corpo é como uma esponja, ok. Então, in, apertam a esponja. In. Apertem todo o corpo, puxem o pescoço, empurrem a cabeça para cima. Out, relaxem. In, e baixem a palma devagar, na mesma velocidade. E sintam algo quando passa pelo vosso coração. In Out, mesma velocidade, não se apressam. É um pouco de, er, Qigong para vocês. Voltem à energia da terra. In, apertam, out, prestem atenção, quando passa pelo vosso coração. Se estão vivos, deviam sentir um pouco de formigueiro, agora, com os dedos, e a palma da mão. In, estão vivos? Sentem algum calor? In, e continuem. Estamos, para o nosso lado esquerdo. E respirem para fora. Cima. In, para o nosso lado direito. E imaginem que somos erva, somos erva no campo. Sintam o vento da nossa respiração. In Out In Out Desfrutem do movimento. Um dia, não seremos capazes de fazer isto, então desfrutem realmente deste momento. Fazemos isto pela nossa avó, pelo nosso avô, e larguem os braços. Então, convido todos a, er— vai ser— Três minutos. Ok, mais um movimento. Ok. Então, fiquem com os pés, respirem in, levante-se nas pontas dos pés. Pés em V. Sim, e se puderem, baixem um pouco o joelho. In Out In Out Hmm, obrigado. Espero que tenha revivido essa energia em vocês. Por favor, continuem a nossa, er, nossa prática. Obrigado por nos receberem, e por favor, desfrutem do resto do vosso dia, hein. Obrigado. Obrigado a todos por estarem connosco. (Aplausos.)