No espírito da perturbação, serei um pouco perturbador. Então, quero que todos vocês se levantem. Por favor, pessoal, levantem-se. Vamos fazer um exercício chamado agachamento hindu e eu garanto que ninguém aqui... bem, talvez eu deva perguntar: "Alguém já ouviu falar desse exercício?" Nossa, existem alguns. Palestrei em Mumbai, na Índia, para 500 hindus e ninguém tinha ouvido falar, então... (Risos) Que bom que já ouviram. Coloquem as mãos na sua frente, puxem-nas para trás bem apertadas, se abaixem e toquem o chão ou apenas sentem-se na cadeira. Sim, certo. Mais uma vez. Vamos fazer de novo. Puxem e depois se abaixem. Agora, quando as puxarem, quero que façam: "Bum!" e depois desçam assim. Certo, bem alto. Plateia: Bum! E então desçam e toquem o chão. "Bum!", desçam e toquem o chão, "Bum!", desçam e toquem o chão, "Bum!", desçam e toquem o chão. De novo. "Bum!", desçam e toquem o chão. Certo. Ótimo, agora vocês podem se sentar. Seus cérebros estão prontos para aprender. (Risos) Falarei com vocês hoje sobre o que o exercício faz: ele ativa nosso cérebro e todos os maravilhosos efeitos colaterais obtidos ajudam nosso corpo a ser saudável. Eu aprendi sobre o poder do exercício quando fazia minha residência em psiquiatria em Boston, no momento da explosão na Maratona com Bill Rodgers e todo mundo lá estava correndo. Começamos a ver pacientes que tiveram que parar de correr pela primeira vez na vida com uma lesão. A primeira coisa que aconteceu foi ficarem deprimidos. Então eu comecei a ver algumas pessoas dizendo: "Não consigo mais prestar atenção", "Não consigo mais me programar direito", "Estou procrastinando pela primeira vez na vida". E esses eram professores do MIT e Harvard e líderes da indústria que nunca tiveram o chamado transtorno do déficit de atenção com hiperatividade. Eles se automedicavam com exercícios diários. Isso mudou e causou meu interesse pelo exercício como tratamento para muitos distúrbios. Sabíamos, desde o tempo de Hipócrates, que o exercício era um bom tratamento para a depressão e comecei a dizer que era como tomar um pouco de Prozac e um pouco de Ritalina. (Risos) Isso foi consolidado alguns anos depois quando saiu um estudo da Duke University Medical School, que se interessou muito pelo fato do exercício melhorar as emoções, diminuir a depressão, a ansiedade e a agressividade. Fizeram este estudo observando 100 pacientes que entraram na Duke e os dividiram em três grupos diferentes. Todas essas pessoas eram sedentárias. O primeiro grupo começou com Zoloft, aumentando as doses. O segundo fez um programa de exercícios quatro vezes por semana de 30 minutos e o terceiro tomava remédios e fazia exercícios. Depois de quatro semanas, descobriram que todas as pontuações depressivas caíram para o mesmo nível e, no final do quarto mês, que foi a duração do experimento, as mudanças haviam permanecido. Isso me deixou interessado no exercício como um tratamento. Aí fiquei sabendo de uma escola em Naperville, Illinois, em 2003, que me levou a escrever meu livro "Spark" e me deu o objetivo e a missão de mudar nosso sistema educacional, trazendo de volta a brincadeira e o exercício como modalidade de tratamento ou como estimulante para todos os nossos jovens e todos nós. Naperville tinha 19 mil estudantes e eles desenvolveram ao longo de um período de 20 anos um maravilhoso programa de educação física que praticavam todos os dias. Os jovens passavam 45 minutos se movimentando e dançando. O que lhes deu reconhecimento nacional foi que 3% dos jovens deles estavam acima do peso, enquanto que 33% dos jovens do país estavam acima do peso. De 7,5 mil jovens no ensino médio, não havia nenhum obeso. Notável, mas o que realmente me fez pegar um avião foi que alguns anos antes eles haviam feito os testes TIMSS, o teste internacional de ciências e matemática que todo país faz a cada três anos para ver como eles estão se saindo nessas matérias, e os EUA geralmente estão na faixa baixa a média da adolescência. Eles o fizeram como um país, ficaram em primeiro lugar do mundo em ciência e em sexto lugar em matemática. Então, fui voando para lá e comecei a aplicar a ciência do exercício e seu efeito não apenas nas questões de saúde mental, mas para cognição. Levamos essa ideia para outras escolas, fomos para Charleston, Carolina do Sul, onde não havia recursos: um ginásio, uma professora de educação física. Ela montou oito estações diferentes no ginásio, os alunos do quarto ao oitavo ano chegavam toda manhã para 30 minutos de exercícios, jogavam basquete numa estação, pulavam corda em outra, "pogo stick", bambolês. Eles alternavam, então havia novidade. Nos quatro primeiros meses identificaram uma queda de 83% nos problemas disciplinares. Eles não estavam apenas gastando energia. Estavam ativando o cérebro deles. Trabalhamos com outra escola de ensino médio no norte de Ontário, onde havia uma aula especial para os 25 "meninos maus" deles. Eles eram perturbadores de um jeito ruim e uma das coisas que faziam era suspender esses jovens se brigavam, quebravam móveis ou apenas atrapalhavam demais a classe. Então, os ajudamos a criar um programa para fazer com que todos esses jovens se movimentassem vigorosamente pela manhã. Podem ver no gráfico aqui que, no semestre anterior, houve 95 dias de suspensão desses jovens. Depois que começamos o programa, caiu para cinco. E a assiduidade aumentou. Esses jovens difíceis iam para a escola para obter as notas deles, terminar o curso, tentar uma faculdade. Quando nos exercitamos, ativamos a parte frontal do cérebro, a última parte a se desenvolver. É uma parte do cérebro chamada de CPF ou córtex pré-frontal, onde estão as funções executivas frontais e, quando nos exercitamos, ativamos essa parte do cérebro. Também produzimos neurotransmissores, que buscamos com nossos medicamentos psiquiátricos, e outra substância chamada BDNF, ou fator neurotrófico derivado do cérebro, que chamei de Miracle-Gro para o cérebro. Quando disparamos a célula nervosa, produzimos essas coisas, e isso mantém nossas células cerebrais jovens e alegres; uma das razões pelas quais o exercício é uma das melhores maneiras de prevenir o início do declínio cognitivo e da doença de Alzheimer; mas também prepara nosso cérebro para ser plástico. Precisamos aumentar as células cerebrais para registrar qualquer nova informação. Portanto, o exercício é uma ótima maneira de melhorar o aluno, porque ativa o sistema de atenção, o sistema de motivação, de memória, além de deixar todas as nossas pequenas células cerebrais prontas para aumentar, única maneira de aprender qualquer coisa. Aqui na Califórnia, nos últimos 12 anos, testaram um milhão de crianças do quinto, sétimo e nono ano, todos os anos. Este é um gráfico representativo disso. Elas são avaliadas em seis diferentes níveis de condicionamento físico. E o gráfico mostra que à medida que mais níveis são concluídos, que elas os alcançam, as pontuações nos testes... neste caso é matemática, mas é o mesmo com idiomas, artes; as pontuações dos testes sobem e vemos isso em todos os anos. Portanto, quanto mais saudável o jovem é, melhor aluno ele será. Meu objetivo e missão é percorrer o país e o mundo para dizer às pessoas: "O exercício melhora o cérebro, otimiza a capacidade dele aprender, ajuda a regular as emoções, melhora sua motivação e é algo que infelizmente estamos eliminando de nossas escolas. Precisamos revitalizar nossas escolas e manter nossos jovens em movimento". Então, muito obrigado. (Aplausos)