[Como podemos controlar
a pandemia do coronavírus?]
[De Adam Kucharski,
especialista em doenças infecciosas]
[Primeira pergunta: o que significa
contenção quando se trata de surtos?]
Contenção é uma ideia
de que é possível concentrar esforços
no controle acentuado
dos casos e dos contatos.
Não irá causar perturbações
para a população em geral.
Surge um caso, as pessoas são isoladas,
descobre-se com quem elas tiveram contato,
quem tem possível chance de exposição,
e é feito o acompanhamento
dessas pessoas,
colocando-as talvez em quarentena
para evitar mais transmissões.
Portanto, é um método
muito focado e direcionado
e, para a SARS, funcionou
extraordinariamente bem.
Mas creio que, para essa infecção,
como alguns casos não serão
percebidos ou detectados,
é preciso abranger realmente
um grande número de pessoas em risco.
Se algumas passarem despercebidas,
teremos, possivelmente, um surto.
[Segunda pergunta: se a contenção
não for suficiente, o que vem a seguir?]
A esse respeito,
haveria mudanças consideráveis
em nossas interações sociais.
E exigiria,
pelas chances de disseminação do vírus
para esses tipos de contato próximo,
que todos na população, em média,
reduzissem essas interações
possivelmente a dois terços
para controlar o surto.
Isso pode ser feito trabalhando em casa,
mudando o estilo de vida
e o tipo de lugares lotados e jantares
aos quais comparecemos.
É claro que medidas,
como fechamento de escolas,
bem como outras,
tentam apenas reduzir
o contato social de uma população.
[Terceira pergunta: quais são os riscos
que devem ser considerados pelas pessoas?]
Não se trata só da mão de quem apertamos,
mas da mão que se aperta a seguir.
Creio que precisamos considerar
essas etapas secundárias,
de achar que temos baixo risco
ou que somos de um grupo mais jovem,
mas que, muitas vezes,
estamos bem próximos
de alguém que será
duramente afetado por isso.
Creio que precisamos ter
consciência social
e refletir que isso pode ser
uma drástica mudança de comportamento,
mas é necessário para reduzir
o possível impacto que enfrentaremos.
[Quarta pergunta: a que distância
as pessoas devem ficar umas das outras?]
Acho difícil definir exatamente,
mas é preciso ter em mente
que não há muita evidência
de que isso seja um tipo de aerossol
que vai muito longe.
São distâncias razoavelmente curtas.
Não creio que seja o caso de estar
sentado a poucos metros de alguém,
e o vírus, de algum modo, ser transmitido.
São em interações próximas,
e é por isso que estamos vendo
tantos casos de transmissão
ocorrendo, por exemplo,
em refeições e grupos muito unidos.
Porque, se pensarmos bem,
são nessas situações que um vírus
pode contaminar superfícies,
mãos e rostos.
São situações como essas que devemos
realmente levar em consideração.
[Quinta pergunta: que tipo
de medidas de proteção
os países devem adotar?]
Acho que é isso o que as pessoas
estão tentando entender,
primeiro sobre o que funciona.
Foi somente nas últimas semanas
que tivemos a sensação
de que isso pode ser controlado
com esse grau de intervenções,
mas é claro que nem todos os países
podem fazer o que a China fez.
Algumas dessas medidas
têm um enorme ônus social, econômico
e psicológico para as populações.
E, claro, há o limite de tempo.
Na China, essas medidas duraram
seis semanas, o que é difícil manter.
Precisamos pensar num equilíbrio
de tudo o que podemos pedir
para as pessoas fazerem
e que terá o maior impacto
na redução real do ônus.
[Para saber mais, visite:
CDCP - www.cdc.gov/coronavirus
WHO - www.who.int/coronavirus]