Meu nome é Joel
e eu sou um "coparental".
Enquanto eu crescia,
nunca ouvi o termo coparental.
Porém ouvia muitas outras coisas,
para começar, "pai ausente"
"doador de esperma",
essa é boa,
"pai morto"
e, minha favorita, "papai bebê".
Papai bebê, para quem não sabe,
tem a ver com um indivíduo
que ajuda a conceber uma criança,
mas não faz muito mais que isso.
Papai bebê também é o cara
que não se casa legalmente
com a mãe dessa criança.
Crescendo, pensei que coparental era algo
reservado mais para famílias brancas
que estrelavam nos dramas
do horário nobre da Netflix.
(Risos)
Ainda é meio assim.
(Risos)
Mas não era usado para explicar
o papel de um pai ou uma mãe.
Você tinha filhos ou não,
e ninguém no meu círculo social
ou à nossa mesa de jantar
tinha conversas complexas sobre o papel
que um pai desempenhava naquela conversa.
Uma abordagem mais equilibrada,
aberta e amorosa à parentalidade
não era algo que discutíamos
dentro de nosso círculo social.
Na maioria das vezes,
os pais que conheci enquanto crescia
mal estavam presentes
ou eram completamente ausentes.
Coparental não era um termo
que ouvi ou vi onde eu cresci,
de onde vim.
Eu venho da periferia,
Creston Avenue com a Rua 188º, no Bronx.
E pra uma pessoa assim...
(Risos)
Muito obrigada por isso.
Para muitos de nós naquele bairro,
havia apenas uma pessoa
com quem podíamos contar
para comida, abrigo,
calor, amor, disciplina:
a nossa mãe.
Minha mãe, que chamo
carinhosamente de "Linda T",
foi meu primeiro exemplo
de amor verdadeiro
e do que é ser um coparental saudável.
Ela era uma mãe solteira
forte e determinada,
uma mulher que teria se beneficiado muito
tendo um parceiro seguro e estável
como um coparental.
Então, jurei que, quando me casasse,
meu amorzinho e eu
ficaríamos juntos para sempre.
(Risos)
Dividiríamos a mesma cama e casa,
dormiríamos sob as mesmas cobertas,
discutiríamos na IKEA, coisa assim.
(Risos)
Minha parceira se sentiria
valorizada e amada,
e nossos filhos cresceriam
numa família com pai e mãe.
No entanto, as coisas raramente
acontecem como as planejamos.
Nossa filha Lilah nunca conheceu
uma família com pai e mãe
vivendo juntos sob o mesmo teto.
A mãe dela e eu nunca nos casamos.
Namoramos por vários meses antes
de descobrirmos que ela estava grávida.
Até então, minha mãe
nem sabia que ela existia.
Eu estava envergonhado,
com muita vergonha,
e, às vezes, tinha pensamentos suicidas.
Eu me perguntava o que estava
fazendo e onde estava errando.
Eu nunca quis o estigma ou o rótulo
do que alguns identificavam
como o "pai negro" estereotipado.
Ou seja, ausente, confrontador,
briguento, desinteressado.
Foi preciso muito trabalho,
tempo, energia e esforço
para finalmente percebermos
que coparentalidade para nós não precisava
significar uma casa compartilhada
e troca de alianças,
e que talvez, simplesmente talvez,
nos apresentarmos como coparentais
está não apenas nas nuances
das camadas da nossa parceria,
mas na capacidade dentro de nosso coração
de cuidar de um ser humano
que ajudamos a criar juntos.
(Aplausos)
Isso envolveria amor
num ambiente afetuoso e seguro,
que alimentaria Lilah por muito tempo
depois que deixássemos este planeta.
Avançando quatro anos,
a Lilah está agora no jardim da infância.
Ela adora bala de goma,
e diz coisas do tipo:
"Meu coração está cheio de amor".
Ela é o ser humano mais carinhoso,
compassivo e empático que conheço,
e digo tudo isso porque
ela voltou a morar no Bronx com a mãe.
Isso é coparentalidade,
e num mundo ideal,
minha mãe também
teria tido uma coparental.
Ela teria tido apoio,
alguém para aparecer
e dar um tempo de folga pra ela.
Em um mundo ideal,
todo pai e mãe é um coparental,
todo pai e mãe compartilha o peso
das tarefas de maneira adequada.
A mãe de Lilah e eu
compartilhamos uma agenda.
Alguns dias, saio do trabalho
e pego Lilah na escola,
em outros dias não.
A mãe de Lilah vai fazer escalada
ou estuda para o vestibular de Direito,
e me vejo numa sala cheia de mulheres
audaciosas, dinâmicas e poderosas
e falamos sobre paternidade.
(Aplausos)
É uma tarefa lindamente difícil
desmontar os sistemas que nos faria
acreditar que o papel principal da mulher
é estar na cozinha e cuidar
das tarefas domésticas,
enquanto o pai infeliz se atrapalha
sempre que tem que passar
um fim de semana sozinho com as crianças.
É uma tarefa que precisa ser feita agora.
Com muita frequência,
parece que quando ambos
os pais estão trabalhando,
um deles geralmente fica encarregado
da organização da casa
para mantê-la em ordem.
Essa pessoa é normalmente uma mulher
ou alguém que se identifique como tal.
Muito frequentemente, essa mãe ou mulher
tem que sacrificar seus sonhos
para cumprir esse papel.
Ela tem que abdicar de seus sonhos
para garantir que a maternidade
terá prioridade sobre tudo mais.
E não estou aqui para dizer
que não deva, e sim que:
como parceiros iguais e coparentais,
é nosso dever garantir
que nosso parceiro de coparentalidade
não tenha que colocar suas paixões,
suas atividades e seus sonhos
em segundo plano
só porque somos ocupados demais
pra nos fazermos presentes como aliados.
(Aplausos)
A coparentalidade torna o espaço
possível para todos.
Como coparental,
curto muito o tempo que tenho
pra compartilhar e passar com Lilah,
o tempo que me permitiu estar
totalmente presente pra minha filha,
eliminando a noção de que a tarefa
emocional necessária pra criar um filho
é coisa de mulher.
Como coparental, Lilah e eu
construímos bonecos de neve,
nós brincamos com bolotas,
cantamos rap com a trilha sonora
de "Moana", sei que vocês também.
(Risos)
Ela me acompanha enquanto
conduzo oficinas na Columbia University,
quando falo sobre o cruzamento
entre poesia, hip-hop e teatro.
Falamos sobre as emoções
e os sentimentos dela
porque temos um tempo exclusivo juntos.
E esse tempo é planejado,
organizado não apenas na minha agenda,
mas na agenda da mãe dela.
Nós dois, como coparentais,
temos estilos parentais únicos.
E podemos discutir às vezes,
mas sempre podemos concordar
em como criar um humano,
nosso serzinho humano.
Nunca vou compreender totalmente
o que significa carregar uma criança
no meu corpo por dez meses.
Nunca conseguirei entender as provações
e atribulações da amamentação,
o quanto isso exige,
a sobrecarga emocional,
física e psicológica
que carregar um ser humano
pode trazer ao corpo feminino.
A coparentalidade diz:
nós podemos criar equilíbrio,
uma vida em casa e no trabalho
mais equilibrada para os envolvidos.
A coparentalidade diz que, enquanto
a parentalidade pode envolver sacrifício,
o peso dele não está apoiado
apenas no pai ou na mãe.
Não importa sua dinâmica relacional
ou como se identifica como ser humano:
ele, ela, eles, etc.,
coparentalidade diz que podemos
criar espaço e equidade,
melhor comunicação, empatia,
eu escuto e vejo você,
como posso me fazer presente para você
de maneiras que beneficiem nossa família?
Meu objetivo:
quero que mais pais acolham
a coparentalidade como modelo
para um amanhã melhor,
um hoje melhor para nós mesmos,
pra nosso parceiro de coparentalidade,
nossa família, nossa comunidade.
Quero mais pais conversando
sobre paternidade abertamente,
de maneira sincera, honesta, amorosa.
Que mais pessoas reconheçam
que pais negros, em particular,
são mais que o sistema judicial,
do que uma pensão pra criança
e mais que aquilo que a mídia
usa pra nos retratar.
(Aplausos)
Nosso papel e nosso valor
como pais e como pai e mãe,
não depende dos zeros
no final do nosso cheque,
mas a capacidade em nosso coração
de estarmos presentes pra nossa família,
nossos entes queridos, nossas crianças.
Ser pai não é apenas uma responsabilidade,
mas sim uma oportunidade.
Isso vai pro Dwain,
pro Kareem "Buc" Drayton,
isso vai pro Biggs, pro Boola, pro Tyron,
e pra todos os pais negros
que se fazem presentes no dia a dia,
e pro Charles Lorenzo Daniels,
meu pai, que não tinha a língua
ou as ferramentas pra se fazer
presente como ele queria.
Obrigado.
Meu nome é Joel.
Oi Bria, oi West.
(Em ioruba) Axé!
(Aplausos)