[Script Info] Title: [Events] Format: Layer, Start, End, Style, Name, MarginL, MarginR, MarginV, Effect, Text Dialogue: 0,0:00:00.76,0:00:04.68,Default,,0000,0000,0000,,Gostaria de falar\Nsobre o futuro da medicina. Dialogue: 0,0:00:04.68,0:00:09.09,Default,,0000,0000,0000,,Mas, antes, quero falar\Num pouco sobre o passado. Dialogue: 0,0:00:09.09,0:00:12.74,Default,,0000,0000,0000,,Ao longo de grande parte\Nda história recente da medicina, Dialogue: 0,0:00:12.74,0:00:16.56,Default,,0000,0000,0000,,pensamos a doença e o tratamento Dialogue: 0,0:00:16.56,0:00:19.93,Default,,0000,0000,0000,,em termos de um modelo\Nextremamente simples. Dialogue: 0,0:00:19.93,0:00:22.69,Default,,0000,0000,0000,,De fato, o modelo é tão simples Dialogue: 0,0:00:22.69,0:00:25.78,Default,,0000,0000,0000,,que poderia ser resumido em três etapas: Dialogue: 0,0:00:25.78,0:00:29.84,Default,,0000,0000,0000,,contrair a doença, tomar\Num remédio, matar algo. Dialogue: 0,0:00:31.08,0:00:35.86,Default,,0000,0000,0000,,A razão para o predomínio desse modelo Dialogue: 0,0:00:35.86,0:00:38.49,Default,,0000,0000,0000,,obviamente é a revolução do antibiótico. Dialogue: 0,0:00:38.49,0:00:41.70,Default,,0000,0000,0000,,Muitos de vocês talvez não saibam,\Nmas estamos celebrando Dialogue: 0,0:00:41.70,0:00:45.78,Default,,0000,0000,0000,,o centenário da introdução\Ndos antibióticos nos Estados Unidos. Dialogue: 0,0:00:45.78,0:00:47.46,Default,,0000,0000,0000,,Mas o que todos sabemos Dialogue: 0,0:00:47.46,0:00:51.64,Default,,0000,0000,0000,,é que os antibióticos foram\Num feito absolutamente transformador. Dialogue: 0,0:00:52.88,0:00:56.77,Default,,0000,0000,0000,,Assim, tínhamos uma substância\Nextraída da natureza, Dialogue: 0,0:00:56.77,0:00:59.54,Default,,0000,0000,0000,,ou sintetizada artificialmente\Nem laboratório, Dialogue: 0,0:00:59.54,0:01:02.81,Default,,0000,0000,0000,,que percorria o corpo, Dialogue: 0,0:01:02.81,0:01:05.61,Default,,0000,0000,0000,,encontrava seu alvo, Dialogue: 0,0:01:05.61,0:01:07.30,Default,,0000,0000,0000,,prendia seu alvo, Dialogue: 0,0:01:07.30,0:01:09.54,Default,,0000,0000,0000,,um micróbio ou parte de um micróbio, Dialogue: 0,0:01:09.54,0:01:13.58,Default,,0000,0000,0000,,para desativá-lo e mantê-lo\Ndebaixo de chave Dialogue: 0,0:01:13.96,0:01:17.54,Default,,0000,0000,0000,,com destreza e especificidade primorosas. Dialogue: 0,0:01:17.54,0:01:21.87,Default,,0000,0000,0000,,Portanto, pegamos uma doença\Nque costumava ser fatal, letal Dialogue: 0,0:01:21.87,0:01:25.01,Default,,0000,0000,0000,,como a pneumonia, sífilis, tuberculose, Dialogue: 0,0:01:25.01,0:01:29.04,Default,,0000,0000,0000,,e conseguimos transformá-la\Nnuma doença curável ou tratável. Dialogue: 0,0:01:30.08,0:01:31.56,Default,,0000,0000,0000,,Se alguém tem uma pneumonia, Dialogue: 0,0:01:32.48,0:01:33.89,Default,,0000,0000,0000,,toma penicilina, Dialogue: 0,0:01:33.89,0:01:35.45,Default,,0000,0000,0000,,que mata o micróbio Dialogue: 0,0:01:35.45,0:01:37.57,Default,,0000,0000,0000,,e cura a doença. Dialogue: 0,0:01:37.57,0:01:40.58,Default,,0000,0000,0000,,A ideia era tão atraente, Dialogue: 0,0:01:40.58,0:01:45.94,Default,,0000,0000,0000,,tão potente a metáfora\Nde trancar e matar algo Dialogue: 0,0:01:45.94,0:01:48.40,Default,,0000,0000,0000,,que realmente se disseminou na biologia. Dialogue: 0,0:01:48.40,0:01:50.83,Default,,0000,0000,0000,,Foi uma transformação ímpar. Dialogue: 0,0:01:52.16,0:01:55.37,Default,,0000,0000,0000,,E passamos os últimos 100 anos Dialogue: 0,0:01:55.37,0:01:58.84,Default,,0000,0000,0000,,tentando replicar\Nesse modelo indefinidamente Dialogue: 0,0:01:58.84,0:02:00.47,Default,,0000,0000,0000,,em doenças não infecciosas, Dialogue: 0,0:02:00.47,0:02:04.22,Default,,0000,0000,0000,,em doenças crônicas como diabetes,\Nhipertensão e doença cardíaca. Dialogue: 0,0:02:05.12,0:02:08.96,Default,,0000,0000,0000,,E tem funcionado, mas apenas parcialmente. Dialogue: 0,0:02:08.96,0:02:10.82,Default,,0000,0000,0000,,Deixem-me lhes mostrar. Dialogue: 0,0:02:10.82,0:02:13.75,Default,,0000,0000,0000,,Se pegarmos o universo Dialogue: 0,0:02:13.75,0:02:17.26,Default,,0000,0000,0000,,de todas as reações químicas\Nno corpo humano, Dialogue: 0,0:02:17.26,0:02:20.18,Default,,0000,0000,0000,,todas as reações químicas\Nque o corpo é capaz de realizar, Dialogue: 0,0:02:20.18,0:02:23.53,Default,,0000,0000,0000,,a maioria das pessoas acha que esse\Nseria um número da ordem do milhão. Dialogue: 0,0:02:23.53,0:02:24.100,Default,,0000,0000,0000,,Digamos que seja um milhão. Dialogue: 0,0:02:24.100,0:02:26.66,Default,,0000,0000,0000,,E aí vem a pergunta: Dialogue: 0,0:02:26.66,0:02:29.35,Default,,0000,0000,0000,,qual o número ou fração de reações Dialogue: 0,0:02:29.35,0:02:31.20,Default,,0000,0000,0000,,que podem ser tratadas Dialogue: 0,0:02:31.20,0:02:36.02,Default,,0000,0000,0000,,pela farmacopeia inteira,\Npor toda a química medicinal? Dialogue: 0,0:02:36.02,0:02:38.04,Default,,0000,0000,0000,,Esse número é 250. Dialogue: 0,0:02:39.68,0:02:42.27,Default,,0000,0000,0000,,O restante é quimicamente obscuro. Dialogue: 0,0:02:42.27,0:02:48.46,Default,,0000,0000,0000,,Em outras palavras, 0,025% de todas\Nas reações químicas do nosso corpo Dialogue: 0,0:02:48.46,0:02:52.56,Default,,0000,0000,0000,,podem ser atingidas por esse mecanismo\Nde bloquear e trancar. Dialogue: 0,0:02:53.68,0:02:56.77,Default,,0000,0000,0000,,Se pensarmos na fisiologia humana Dialogue: 0,0:02:56.77,0:03:00.25,Default,,0000,0000,0000,,como uma vasta rede de telefonia, Dialogue: 0,0:03:00.25,0:03:04.12,Default,,0000,0000,0000,,com troncos e partes interativos, Dialogue: 0,0:03:04.60,0:03:07.82,Default,,0000,0000,0000,,então toda a nossa química medicinal Dialogue: 0,0:03:07.82,0:03:10.08,Default,,0000,0000,0000,,opera numa faixa limitada, Dialogue: 0,0:03:10.08,0:03:12.81,Default,,0000,0000,0000,,na borda de fora dessa rede. Dialogue: 0,0:03:12.81,0:03:16.65,Default,,0000,0000,0000,,É como se toda nossa química farmacêutica Dialogue: 0,0:03:16.65,0:03:20.45,Default,,0000,0000,0000,,fosse uma telefonista\Nde Wichita, no Kansas, Dialogue: 0,0:03:20.45,0:03:23.40,Default,,0000,0000,0000,,cuidando de cerca\Nde 10 ou 15 linhas telefônicas Dialogue: 0,0:03:24.88,0:03:27.04,Default,,0000,0000,0000,,Então, o que fazer sobre essa ideia? Dialogue: 0,0:03:28.16,0:03:30.52,Default,,0000,0000,0000,,E se reformulássemos essa abordagem? Dialogue: 0,0:03:32.08,0:03:35.49,Default,,0000,0000,0000,,De fato, ocorre que a natureza Dialogue: 0,0:03:35.49,0:03:40.55,Default,,0000,0000,0000,,nos dá uma ideia de como pensar a doença Dialogue: 0,0:03:40.56,0:03:42.30,Default,,0000,0000,0000,,de uma forma radicalmente diferente, Dialogue: 0,0:03:42.30,0:03:46.34,Default,,0000,0000,0000,,em vez da doença, da medicação, do alvo. Dialogue: 0,0:03:47.08,0:03:50.49,Default,,0000,0000,0000,,De fato, a natureza é organizada\Nhierarquicamente de baixo para cima, Dialogue: 0,0:03:50.49,0:03:52.38,Default,,0000,0000,0000,,não de cima para baixo. Dialogue: 0,0:03:52.38,0:03:58.60,Default,,0000,0000,0000,,Começamos com uma unidade autorregulada\Ne semiautônoma chamada célula. Dialogue: 0,0:03:59.64,0:04:02.91,Default,,0000,0000,0000,,Essas unidades autorreguladas\Ne semiautônomas Dialogue: 0,0:04:02.91,0:04:07.75,Default,,0000,0000,0000,,dão origem a unidades autorreguladas\Ne semiautônomas chamadas órgãos. Dialogue: 0,0:04:07.75,0:04:10.72,Default,,0000,0000,0000,,Esses órgãos se unem para formar\Ncoisas chamadas seres humanos, Dialogue: 0,0:04:11.92,0:04:15.87,Default,,0000,0000,0000,,e esses organismos em última instância\Nmoram em ambientes, Dialogue: 0,0:04:15.87,0:04:19.44,Default,,0000,0000,0000,,que são em parte autorregulados\Ne em parte semiautônomos. Dialogue: 0,0:04:20.92,0:04:23.80,Default,,0000,0000,0000,,O legal desse esquema hierárquico, Dialogue: 0,0:04:23.80,0:04:26.52,Default,,0000,0000,0000,,construído de baixo para cima,\Ninvés de cima para baixo, Dialogue: 0,0:04:26.52,0:04:29.89,Default,,0000,0000,0000,,é nos permitir pensar \Ntambém sobre a doença Dialogue: 0,0:04:29.89,0:04:31.84,Default,,0000,0000,0000,,de um jeito um pouco diferente. Dialogue: 0,0:04:32.40,0:04:34.92,Default,,0000,0000,0000,,Vamos pegar uma doença como o câncer. Dialogue: 0,0:04:36.12,0:04:37.46,Default,,0000,0000,0000,,Desde a década de 50, Dialogue: 0,0:04:37.46,0:04:43.01,Default,,0000,0000,0000,,temos tentado desesperadamente aplicar\Nesse modelo de travar e trancar ao câncer. Dialogue: 0,0:04:43.01,0:04:45.93,Default,,0000,0000,0000,,Tentamos matar as células do câncer Dialogue: 0,0:04:45.93,0:04:50.28,Default,,0000,0000,0000,,usando uma variedade de quimioterapias\Nou terapias direcionadas Dialogue: 0,0:04:50.28,0:04:52.76,Default,,0000,0000,0000,,e, como a maioria de nós sabemos,\Ntem funcionado. Dialogue: 0,0:04:52.76,0:04:57.05,Default,,0000,0000,0000,,Tem funcionado para doenças como leucemia,\Npara alguns tipos de câncer de mama, Dialogue: 0,0:04:57.05,0:05:00.79,Default,,0000,0000,0000,,mas essa abordagem acaba\Nchegando a um limiar. Dialogue: 0,0:05:00.79,0:05:03.32,Default,,0000,0000,0000,,E foi apenas nos últimos \Ndez anos, se tanto, Dialogue: 0,0:05:03.32,0:05:06.45,Default,,0000,0000,0000,,que começamos a pensar\Nem usar o sistema imunológico, Dialogue: 0,0:05:06.45,0:05:09.60,Default,,0000,0000,0000,,lembrando que, de fato, a célula\Ncancerosa não cresce num vácuo, Dialogue: 0,0:05:09.60,0:05:11.60,Default,,0000,0000,0000,,na verdade, ela cresce\Nno organismo humano. Dialogue: 0,0:05:11.60,0:05:14.24,Default,,0000,0000,0000,,E será que podemos usar\Na capacidade do organismo, Dialogue: 0,0:05:14.24,0:05:17.14,Default,,0000,0000,0000,,o fato de termos um sistema imunológico,\Npara atacar o câncer? Dialogue: 0,0:05:17.14,0:05:21.33,Default,,0000,0000,0000,,De fato, isso levou a alguns dos remédios\Nmais espetaculares contra o câncer. Dialogue: 0,0:05:22.48,0:05:25.89,Default,,0000,0000,0000,,E, finalmente, existe a instância\Ndo ambiente, não é mesmo? Dialogue: 0,0:05:25.89,0:05:29.19,Default,,0000,0000,0000,,Não pensamos no câncer\Ncomo algo que altera o ambiente. Dialogue: 0,0:05:29.19,0:05:34.11,Default,,0000,0000,0000,,Mas deixem-me lhes dar um exemplo\Nde um ambiente altamente carcinogênico. Dialogue: 0,0:05:34.11,0:05:35.44,Default,,0000,0000,0000,,Chama-se prisão. Dialogue: 0,0:05:36.16,0:05:41.38,Default,,0000,0000,0000,,Pegamos a solidão, a depressão\Ne o confinamento Dialogue: 0,0:05:41.38,0:05:42.99,Default,,0000,0000,0000,,e adicionamos isso, Dialogue: 0,0:05:43.40,0:05:45.96,Default,,0000,0000,0000,,enrolado numa folhinha branca de papel, Dialogue: 0,0:05:47.00,0:05:50.86,Default,,0000,0000,0000,,um dos mais potentes neuroestimulantes\Nconhecidos, chamado nicotina, Dialogue: 0,0:05:50.86,0:05:55.78,Default,,0000,0000,0000,,e adicionamos a isso uma das substâncias\Nmais viciantes que existem, Dialogue: 0,0:05:55.78,0:05:58.56,Default,,0000,0000,0000,,e temos um ambiente pró-carcinogênico. Dialogue: 0,0:05:59.52,0:06:02.06,Default,,0000,0000,0000,,Mas também podemos ter\Nambientes anticarcinogênicos. Dialogue: 0,0:06:02.06,0:06:04.76,Default,,0000,0000,0000,,Existem tentativas de se criar ambientes, Dialogue: 0,0:06:04.76,0:06:07.48,Default,,0000,0000,0000,,mudar o meio hormonal\Npara o câncer de mama, por exemplo. Dialogue: 0,0:06:08.44,0:06:11.93,Default,,0000,0000,0000,,Estamos tentando mudar o meio\Nmetabólico para outras formas de câncer. Dialogue: 0,0:06:11.93,0:06:14.39,Default,,0000,0000,0000,,Ou pegar uma doença como a depressão. Dialogue: 0,0:06:14.39,0:06:17.03,Default,,0000,0000,0000,,De novo, trabalhando de baixo para cima, Dialogue: 0,0:06:17.03,0:06:21.06,Default,,0000,0000,0000,,desde as décadas de 60 e 70,\Ntemos tentado, de novo, desesperadamente Dialogue: 0,0:06:21.06,0:06:25.25,Default,,0000,0000,0000,,desligar as moléculas que operam\Nentre as células nervosas, Dialogue: 0,0:06:25.25,0:06:27.46,Default,,0000,0000,0000,,serotonina, dopamina... Dialogue: 0,0:06:27.46,0:06:32.84,Default,,0000,0000,0000,,para curar a depressão dessa forma,\Ne tem funcionado, mas também há um limite. Dialogue: 0,0:06:32.84,0:06:35.65,Default,,0000,0000,0000,,E agora sabemos que provavelmente\No que temos de fazer Dialogue: 0,0:06:35.65,0:06:38.65,Default,,0000,0000,0000,,é mudar a fisiologia do órgão,\Nque é o cérebro, Dialogue: 0,0:06:38.65,0:06:40.84,Default,,0000,0000,0000,,religá-lo, remodelá-lo, Dialogue: 0,0:06:40.84,0:06:43.40,Default,,0000,0000,0000,,e sabemos, é claro, de acordo \Ncom diversos estudos, Dialogue: 0,0:06:43.40,0:06:45.26,Default,,0000,0000,0000,,que a psicoterapia faz exatamente isso. Dialogue: 0,0:06:45.26,0:06:47.64,Default,,0000,0000,0000,,Sucessivos estudos mostraram\Nque a psicoterapia, Dialogue: 0,0:06:47.64,0:06:50.58,Default,,0000,0000,0000,,combinada com remédios, pílulas, Dialogue: 0,0:06:50.58,0:06:53.75,Default,,0000,0000,0000,,é realmente muito mais eficaz\Ndo que só um deles. Dialogue: 0,0:06:53.75,0:06:57.48,Default,,0000,0000,0000,,É possível imaginar um ambiente \Nmais imersivo para mudar a depressão? Dialogue: 0,0:06:57.48,0:07:01.55,Default,,0000,0000,0000,,Podemos "trancar" os sinais\Nque provocam a depressão? Dialogue: 0,0:07:01.55,0:07:07.00,Default,,0000,0000,0000,,De novo, subindo na cadeia\Nhierárquica organizacional. Dialogue: 0,0:07:07.76,0:07:10.50,Default,,0000,0000,0000,,Talvez o que realmente esteja em jogo aqui Dialogue: 0,0:07:10.50,0:07:13.78,Default,,0000,0000,0000,,não seja o remédio em si, mas a metáfora. Dialogue: 0,0:07:13.78,0:07:15.87,Default,,0000,0000,0000,,Em vez de se tentar matar algo, Dialogue: 0,0:07:15.87,0:07:19.58,Default,,0000,0000,0000,,no caso das grandes doenças\Ncrônicas degenerativas, Dialogue: 0,0:07:19.58,0:07:23.09,Default,,0000,0000,0000,,insuficiência renal, diabete,\Nhipertensão, osteoartrite, Dialogue: 0,0:07:23.09,0:07:26.70,Default,,0000,0000,0000,,talvez seja preciso mudar a metáfora\Npara criar algo, em vez de matar algo. Dialogue: 0,0:07:26.70,0:07:28.65,Default,,0000,0000,0000,,E talvez esse seja o segredo Dialogue: 0,0:07:28.65,0:07:31.21,Default,,0000,0000,0000,,para reformular nosso pensamento\Nsobre a medicina. Dialogue: 0,0:07:31.21,0:07:34.65,Default,,0000,0000,0000,,Bem, essa ideia de mudança, Dialogue: 0,0:07:34.65,0:07:37.02,Default,,0000,0000,0000,,de criar uma mudança conceitual,\Npor assim dizer, Dialogue: 0,0:07:37.02,0:07:40.34,Default,,0000,0000,0000,,chegou para mim de uma maneira\Nbem pessoal cerca de dez anos atrás. Dialogue: 0,0:07:40.34,0:07:42.01,Default,,0000,0000,0000,,Fui um corredor quase a vida toda Dialogue: 0,0:07:42.01,0:07:45.13,Default,,0000,0000,0000,,e, cerca de dez anos atrás,\Nsaí para correr numa manhã de sábado Dialogue: 0,0:07:45.13,0:07:47.83,Default,,0000,0000,0000,,e, quando voltei, não conseguia me mover. Dialogue: 0,0:07:47.83,0:07:49.85,Default,,0000,0000,0000,,Meu joelho direito estava inchado, Dialogue: 0,0:07:49.85,0:07:53.36,Default,,0000,0000,0000,,e dava para ouvir aquele barulho\Nassustador de osso contra osso. Dialogue: 0,0:07:54.24,0:07:59.17,Default,,0000,0000,0000,,Uma das vantagens de ser médico\Né pedir sua própria ressonância magnética. Dialogue: 0,0:07:59.17,0:08:03.16,Default,,0000,0000,0000,,Daí, fiz a ressonância na semana\Nseguinte, e o resultado foi este. Dialogue: 0,0:08:03.16,0:08:07.50,Default,,0000,0000,0000,,Basicamente, o menisco\Nda cartilagem que fica entre o osso Dialogue: 0,0:08:07.50,0:08:10.93,Default,,0000,0000,0000,,se rompeu completamente,\Ne o próprio osso tinha sido destruído. Dialogue: 0,0:08:10.93,0:08:15.24,Default,,0000,0000,0000,,Bem, se vocês estão sentindo pena de mim,\Ndeixem-me lhes dar alguns fatos. Dialogue: 0,0:08:15.24,0:08:19.47,Default,,0000,0000,0000,,Se todos vocês fizerem\Numa ressonância magnética, Dialogue: 0,0:08:19.47,0:08:21.55,Default,,0000,0000,0000,,vamos ver que 60% apresentariam sinais Dialogue: 0,0:08:21.55,0:08:24.36,Default,,0000,0000,0000,,de degeneração do osso\Ne da cartilagem como essa. Dialogue: 0,0:08:24.36,0:08:28.14,Default,,0000,0000,0000,,E 85% das mulheres em torno dos 70 anos Dialogue: 0,0:08:28.14,0:08:31.42,Default,,0000,0000,0000,,apresentariam degeneração\Nde moderada a severa na cartilagem. Dialogue: 0,0:08:31.42,0:08:35.13,Default,,0000,0000,0000,,Assim como 50% a 60% dos homens da plateia\Ntambém apresentariam tais sinais. Dialogue: 0,0:08:35.13,0:08:36.91,Default,,0000,0000,0000,,Então essa é uma doença bem comum. Dialogue: 0,0:08:36.91,0:08:39.02,Default,,0000,0000,0000,,Bem, a segunda vantagem de ser médico Dialogue: 0,0:08:39.02,0:08:42.18,Default,,0000,0000,0000,,é poder fazer experimentos\Ncom suas próprias doenças. Dialogue: 0,0:08:42.18,0:08:44.43,Default,,0000,0000,0000,,Daí, cerca de 10 anos atrás, começamos, Dialogue: 0,0:08:44.43,0:08:46.86,Default,,0000,0000,0000,,trouxemos esse processo para o laboratório Dialogue: 0,0:08:46.86,0:08:48.90,Default,,0000,0000,0000,,e começamos a fazer experimentos simples, Dialogue: 0,0:08:48.90,0:08:51.36,Default,,0000,0000,0000,,tentando mecanicamente\Ncurar essa degeneração. Dialogue: 0,0:08:51.36,0:08:56.23,Default,,0000,0000,0000,,Tentamos injetar substâncias\Nquímicas nos joelhos de animais Dialogue: 0,0:08:56.23,0:08:59.19,Default,,0000,0000,0000,,na tentativa de reverter\Na degeneração da cartilagem Dialogue: 0,0:08:59.19,0:09:03.43,Default,,0000,0000,0000,,e de reduzir um longo processo doloroso. Dialogue: 0,0:09:03.44,0:09:06.89,Default,,0000,0000,0000,,Basicamente não deu em nada.\NNão aconteceu nada. Dialogue: 0,0:09:06.89,0:09:11.48,Default,,0000,0000,0000,,E, aí, cerca de sete anos atrás, tivemos\Num estudante pesquisador da Austrália. Dialogue: 0,0:09:11.48,0:09:13.20,Default,,0000,0000,0000,,Uma coisa boa sobre os australianos Dialogue: 0,0:09:13.20,0:09:16.57,Default,,0000,0000,0000,,é que estão acostumados a ver\No mundo de cabeça para baixo. Dialogue: 0,0:09:16.57,0:09:17.74,Default,,0000,0000,0000,,(Risos) Dialogue: 0,0:09:17.74,0:09:21.85,Default,,0000,0000,0000,,Então, Dan me sugeriu: "Sabe, talvez\Nisso não seja um problema mecânico. Dialogue: 0,0:09:21.85,0:09:26.06,Default,,0000,0000,0000,,Talvez não seja um problema químico.\NTalvez tenha a ver com células-tronco". Dialogue: 0,0:09:27.60,0:09:29.73,Default,,0000,0000,0000,,Em outras palavras,\Nele tinha duas hipóteses: Dialogue: 0,0:09:29.73,0:09:33.93,Default,,0000,0000,0000,,a primeira era a existência \Nde uma célula-tronco do esqueleto, Dialogue: 0,0:09:33.93,0:09:37.04,Default,,0000,0000,0000,,que construía o esqueleto \Nvertebrado inteiro, Dialogue: 0,0:09:37.04,0:09:39.69,Default,,0000,0000,0000,,ossos, cartilagens e os elementos\Nfibrosos do esqueleto, Dialogue: 0,0:09:39.69,0:09:43.52,Default,,0000,0000,0000,,exatamente como existe uma célula-tronco\Ndo sangue, uma do sistema nervoso. Dialogue: 0,0:09:43.52,0:09:47.56,Default,,0000,0000,0000,,E a segunda era que a degeneração\Nou disfunção dessa célula-tronco Dialogue: 0,0:09:47.56,0:09:51.11,Default,,0000,0000,0000,,era a causa da artrite osteocondral,\Numa doença bem comum. Dialogue: 0,0:09:51.11,0:09:54.34,Default,,0000,0000,0000,,Bem, o problema é que estávamos\Nprocurando uma pílula, Dialogue: 0,0:09:54.34,0:09:57.11,Default,,0000,0000,0000,,quando na verdade deveríamos\Nestar procurando uma célula. Dialogue: 0,0:09:57.11,0:09:59.84,Default,,0000,0000,0000,,Por isso, mudamos nossos modelos Dialogue: 0,0:09:59.84,0:10:03.13,Default,,0000,0000,0000,,e começamos, daí, a procurar\Npelas células-tronco do esqueleto. Dialogue: 0,0:10:03.56,0:10:06.10,Default,,0000,0000,0000,,E, para encurtar a história, Dialogue: 0,0:10:06.10,0:10:09.26,Default,,0000,0000,0000,,cerca de cinco anos atrás,\Nencontramos essas células. Dialogue: 0,0:10:09.80,0:10:12.35,Default,,0000,0000,0000,,Elas vivem dentro do esqueleto. Dialogue: 0,0:10:12.35,0:10:15.25,Default,,0000,0000,0000,,Eis aqui um esquema, ao lado\Nde uma foto real de uma delas. Dialogue: 0,0:10:15.25,0:10:17.22,Default,,0000,0000,0000,,A parte branca é o osso, Dialogue: 0,0:10:17.22,0:10:20.27,Default,,0000,0000,0000,,e essas colunas vermelhas \Ne as células amarelas Dialogue: 0,0:10:20.27,0:10:23.54,Default,,0000,0000,0000,,são células que nasceram \Nde uma única célula-tronco do esqueleto, Dialogue: 0,0:10:23.54,0:10:26.84,Default,,0000,0000,0000,,colunas de cartilagem, colunas\Nde osso geradas por uma única célula. Dialogue: 0,0:10:26.85,0:10:30.15,Default,,0000,0000,0000,,Essas células são fascinantes,\Ne possuem quatro propriedades. Dialogue: 0,0:10:30.16,0:10:33.98,Default,,0000,0000,0000,,A primeira é que vivem\Nonde se espera que vivam. Dialogue: 0,0:10:33.98,0:10:37.70,Default,,0000,0000,0000,,Elas vivem sob a superfície óssea,\Ndebaixo da cartilagem. Dialogue: 0,0:10:37.70,0:10:40.75,Default,,0000,0000,0000,,Na biologia, localização é tudo. Dialogue: 0,0:10:40.75,0:10:44.88,Default,,0000,0000,0000,,E elas se movem para as áreas apropriadas\Npara formar ossos e cartilagens. Dialogue: 0,0:10:44.88,0:10:46.06,Default,,0000,0000,0000,,Essa é uma. Dialogue: 0,0:10:46.06,0:10:50.30,Default,,0000,0000,0000,,Uma outra propriedade interessante:\Npodemos retirá-las do esqueleto vertebrado Dialogue: 0,0:10:50.30,0:10:53.06,Default,,0000,0000,0000,,e cultivá-las nas placas de Petri\Nem laboratório, Dialogue: 0,0:10:53.06,0:10:55.19,Default,,0000,0000,0000,,e elas ficam loucas\Npara formar a cartilagem. Dialogue: 0,0:10:55.19,0:10:57.62,Default,,0000,0000,0000,,Lembram-se de como era\Nimpossível formar cartilagem? Dialogue: 0,0:10:57.62,0:11:00.12,Default,,0000,0000,0000,,Essas células estão loucas \Npara formar a cartilagem, Dialogue: 0,0:11:00.12,0:11:02.96,Default,,0000,0000,0000,,criando um rolo de cartilagem\Nao redor de si próprias. Dialogue: 0,0:11:02.96,0:11:04.34,Default,,0000,0000,0000,,Terceiro, elas também são Dialogue: 0,0:11:04.34,0:11:08.53,Default,,0000,0000,0000,,os mais eficientes reparadores\Nde fraturas que já encontramos. Dialogue: 0,0:11:08.53,0:11:11.83,Default,,0000,0000,0000,,Este é um osso pequeno\Nde um camundongo, que fraturamos Dialogue: 0,0:11:11.84,0:11:13.41,Default,,0000,0000,0000,,e deixamos se curar sozinho. Dialogue: 0,0:11:13.41,0:11:16.45,Default,,0000,0000,0000,,Essas células-tronco vieram\Ne repararam, em amarelo, o osso. Dialogue: 0,0:11:16.45,0:11:19.09,Default,,0000,0000,0000,,Em branco, vemos a cartilagem,\Nquase toda refeita. Dialogue: 0,0:11:19.09,0:11:22.65,Default,,0000,0000,0000,,Tanto que se as destacarmos\Ncom uma tinta fluorescente, Dialogue: 0,0:11:22.65,0:11:26.41,Default,,0000,0000,0000,,poderão vê-las como um tipo\Nde cola celular especial Dialogue: 0,0:11:26.41,0:11:28.29,Default,,0000,0000,0000,,entrando na área da fratura, Dialogue: 0,0:11:28.29,0:11:31.29,Default,,0000,0000,0000,,reparando-a localmente\Ne aí parando seu trabalho. Dialogue: 0,0:11:31.29,0:11:33.67,Default,,0000,0000,0000,,Bem, a quarta é a mais assustadora: Dialogue: 0,0:11:33.67,0:11:37.79,Default,,0000,0000,0000,,o número delas cai radicalmente, Dialogue: 0,0:11:37.80,0:11:42.53,Default,,0000,0000,0000,,de 10 a 50 vezes,\Nà medida que envelhecemos. Dialogue: 0,0:11:42.53,0:11:44.15,Default,,0000,0000,0000,,Então, o que realmente acontece Dialogue: 0,0:11:44.15,0:11:47.04,Default,,0000,0000,0000,,é que estamos em constante mudança. Dialogue: 0,0:11:47.04,0:11:49.78,Default,,0000,0000,0000,,Fomos em busca de pílulas, Dialogue: 0,0:11:49.78,0:11:52.31,Default,,0000,0000,0000,,mas acabamos encontrando teorias. Dialogue: 0,0:11:52.31,0:11:56.21,Default,,0000,0000,0000,,E, de alguma forma,\Nacabamos voltando a essa ideia: Dialogue: 0,0:11:56.21,0:11:59.08,Default,,0000,0000,0000,,células, organismos, ambientes, Dialogue: 0,0:11:59.08,0:12:01.70,Default,,0000,0000,0000,,porque agora estamos pensando\Nem células-tronco do osso, Dialogue: 0,0:12:01.70,0:12:05.12,Default,,0000,0000,0000,,e pensamos na artrite\Nem termos de uma doença celular. Dialogue: 0,0:12:05.84,0:12:08.18,Default,,0000,0000,0000,,E aí a pergunta seguinte foi:\Nexistem órgãos? Dialogue: 0,0:12:08.18,0:12:10.56,Default,,0000,0000,0000,,Pode-se construir isso como\Num órgão fora do corpo? Dialogue: 0,0:12:10.56,0:12:14.30,Default,,0000,0000,0000,,é possível implantar cartilagem\Nem áreas traumatizadas? Dialogue: 0,0:12:14.30,0:12:16.33,Default,,0000,0000,0000,,E talvez, mais interessante ainda, Dialogue: 0,0:12:16.33,0:12:18.73,Default,,0000,0000,0000,,pode-se subir um nível e criar ambientes? Dialogue: 0,0:12:18.73,0:12:21.77,Default,,0000,0000,0000,,Sabemos que os exercícios\Nremodelam o osso, Dialogue: 0,0:12:21.77,0:12:24.23,Default,,0000,0000,0000,,mas, vamos ser sinceros,\Nnenhum de nós vai malhar. Dialogue: 0,0:12:24.23,0:12:29.48,Default,,0000,0000,0000,,Será que vamos conseguimos construir\Ne desconstruir passivamente o osso, Dialogue: 0,0:12:29.48,0:12:34.25,Default,,0000,0000,0000,,de modo a recriar ou regenerar\Na cartilagem degenerada? Dialogue: 0,0:12:34.25,0:12:37.10,Default,,0000,0000,0000,,E talvez, ainda mais interessante,\Ne importante, é saber Dialogue: 0,0:12:37.10,0:12:40.13,Default,,0000,0000,0000,,se é possível aplicar esse modelo\Nglobalmente, fora da medicina. Dialogue: 0,0:12:40.13,0:12:44.23,Default,,0000,0000,0000,,O que está em jogo, como disse antes,\Nnão é matar algo, Dialogue: 0,0:12:44.23,0:12:46.23,Default,,0000,0000,0000,,mas desenvolver algo. Dialogue: 0,0:12:46.23,0:12:51.14,Default,,0000,0000,0000,,E penso que isso levanta uma série\Nde questões das mais interessantes Dialogue: 0,0:12:51.14,0:12:53.68,Default,,0000,0000,0000,,sobre como pensamos o futuro da medicina. Dialogue: 0,0:12:55.04,0:12:58.71,Default,,0000,0000,0000,,Será que o remédio poderia ser\Numa célula, e não uma pílula? Dialogue: 0,0:12:58.72,0:13:01.15,Default,,0000,0000,0000,,Como desenvolveríamos essas células? Dialogue: 0,0:13:01.15,0:13:04.51,Default,,0000,0000,0000,,O que deveríamos fazer para deter\No crescimento maligno dessas células? Dialogue: 0,0:13:04.51,0:13:08.21,Default,,0000,0000,0000,,Ouvimos sobre os problemas\Ndo crescimento sem controle. Dialogue: 0,0:13:08.21,0:13:11.01,Default,,0000,0000,0000,,Será que poderíamos implantar\Ngenes suicidas nessas células Dialogue: 0,0:13:11.01,0:13:13.04,Default,,0000,0000,0000,,a fim de parar seu crescimento? Dialogue: 0,0:13:13.04,0:13:17.02,Default,,0000,0000,0000,,O remédio poderia ser um órgão\Ncriado fora do corpo Dialogue: 0,0:13:17.02,0:13:18.97,Default,,0000,0000,0000,,e depois implantado no corpo? Dialogue: 0,0:13:18.97,0:13:21.74,Default,,0000,0000,0000,,Isso poderia deter a degeneração? Dialogue: 0,0:13:21.74,0:13:23.66,Default,,0000,0000,0000,,E se o órgão precisasse ter memória? Dialogue: 0,0:13:23.66,0:13:28.46,Default,,0000,0000,0000,,Nos casos das doenças do sistema nervoso,\Nalguns desses órgãos tinham memória. Dialogue: 0,0:13:28.46,0:13:30.94,Default,,0000,0000,0000,,Como poderíamos implantar\Nessas memórias de volta? Dialogue: 0,0:13:30.94,0:13:32.78,Default,,0000,0000,0000,,Conseguiríamos estocar esses órgãos? Dialogue: 0,0:13:32.78,0:13:36.04,Default,,0000,0000,0000,,Seria preciso desenvolver um órgão\Nindividualmente para cada pessoa Dialogue: 0,0:13:36.04,0:13:37.85,Default,,0000,0000,0000,,e colocado de volta? Dialogue: 0,0:13:38.52,0:13:41.19,Default,,0000,0000,0000,,E talvez, ainda mais misterioso, Dialogue: 0,0:13:41.19,0:13:43.97,Default,,0000,0000,0000,,o remédio poderia ser um ambiente? Dialogue: 0,0:13:43.97,0:13:45.86,Default,,0000,0000,0000,,Poderíamos patentear um ambiente? Dialogue: 0,0:13:45.86,0:13:49.31,Default,,0000,0000,0000,,Vocês sabem que, em todas as culturas, Dialogue: 0,0:13:49.32,0:13:52.29,Default,,0000,0000,0000,,os xamãs tem usado ambientes como remédio. Dialogue: 0,0:13:52.29,0:13:55.58,Default,,0000,0000,0000,,Conseguem imaginar\Nisso para o nosso futuro? Dialogue: 0,0:13:56.08,0:13:59.38,Default,,0000,0000,0000,,Falei bastante sobre modelos,\Ne até comecei esta palestra com eles. Dialogue: 0,0:13:59.38,0:14:02.43,Default,,0000,0000,0000,,Então, vou terminar refletindo\Nsobre a construção de modelos, Dialogue: 0,0:14:02.43,0:14:04.38,Default,,0000,0000,0000,,pois é o nosso papel como cientistas. Dialogue: 0,0:14:04.38,0:14:07.67,Default,,0000,0000,0000,,Quando um arquiteto constrói um modelo, Dialogue: 0,0:14:07.67,0:14:10.98,Default,,0000,0000,0000,,está tentando nos mostrar\Num mundo em miniatura. Dialogue: 0,0:14:10.98,0:14:13.92,Default,,0000,0000,0000,,Mas, quando um cientista\Nconstrói um modelo, Dialogue: 0,0:14:13.92,0:14:17.12,Default,,0000,0000,0000,,está tentando nos mostrar\Numa metáfora do mundo. Dialogue: 0,0:14:17.60,0:14:21.51,Default,,0000,0000,0000,,Está tentando criar\Numa nova visão de mundo. Dialogue: 0,0:14:21.51,0:14:26.49,Default,,0000,0000,0000,,A primeira é uma mudança de escala;\Na segunda é uma mudança de percepção. Dialogue: 0,0:14:26.92,0:14:31.91,Default,,0000,0000,0000,,Bem, os antibióticos criaram\Numa mudança de percepção tal Dialogue: 0,0:14:31.91,0:14:35.72,Default,,0000,0000,0000,,na forma de pensarmos a medicina\Nque realmente marcou, distorceu, Dialogue: 0,0:14:35.72,0:14:40.31,Default,,0000,0000,0000,,de forma muito bem-sucedida, a forma\Nde pensar a medicina nos últimos 100 anos. Dialogue: 0,0:14:40.31,0:14:44.85,Default,,0000,0000,0000,,Mas precisamos de novos modelos\Npara pensar o futuro da medicina. Dialogue: 0,0:14:44.85,0:14:46.83,Default,,0000,0000,0000,,É isso o que está em jogo. Dialogue: 0,0:14:47.48,0:14:50.86,Default,,0000,0000,0000,,Existe uma crença popular por aí Dialogue: 0,0:14:50.86,0:14:54.85,Default,,0000,0000,0000,,de que o motivo pelo qual não\Ntivemos o impacto transformador Dialogue: 0,0:14:54.85,0:14:56.87,Default,,0000,0000,0000,,no tratamento da doença Dialogue: 0,0:14:56.87,0:14:59.75,Default,,0000,0000,0000,,é porque não temos\Ndrogas poderosas o suficiente, Dialogue: 0,0:14:59.75,0:15:01.80,Default,,0000,0000,0000,,o que, em parte, é verdade. Dialogue: 0,0:15:02.03,0:15:03.66,Default,,0000,0000,0000,,Mas talvez a verdadeira razão seja Dialogue: 0,0:15:03.66,0:15:07.45,Default,,0000,0000,0000,,não termos formas poderosas\No suficiente de pensar os remédios. Dialogue: 0,0:15:08.56,0:15:10.84,Default,,0000,0000,0000,,É certamente verdade Dialogue: 0,0:15:10.84,0:15:14.80,Default,,0000,0000,0000,,que seria ótimo ter novos remédios. Dialogue: 0,0:15:14.80,0:15:19.50,Default,,0000,0000,0000,,Mas talvez o que esteja realmente em jogo\Nseja três objetivos mais inatingíveis: Dialogue: 0,0:15:19.50,0:15:23.27,Default,,0000,0000,0000,,mecanismos, modelos e metáforas. Dialogue: 0,0:15:23.27,0:15:24.72,Default,,0000,0000,0000,,Obrigado. Dialogue: 0,0:15:24.72,0:15:26.88,Default,,0000,0000,0000,,(Aplausos) Dialogue: 0,0:15:33.60,0:15:37.07,Default,,0000,0000,0000,,Chris Anderson:\NGosto muito dessa metáfora. Dialogue: 0,0:15:37.07,0:15:38.63,Default,,0000,0000,0000,,Como ela se encaixa? Dialogue: 0,0:15:38.63,0:15:41.78,Default,,0000,0000,0000,,Existe muita conversa no mundo tecnológico Dialogue: 0,0:15:41.78,0:15:43.92,Default,,0000,0000,0000,,sobre a personalização da medicina, Dialogue: 0,0:15:43.92,0:15:47.39,Default,,0000,0000,0000,,que temos esses dados todos\Ne que os tratamentos médicos do futuro Dialogue: 0,0:15:47.39,0:15:51.88,Default,,0000,0000,0000,,serão feitos especialmente para\No seu genoma, seu contexto atual.\N Dialogue: 0,0:15:51.88,0:15:55.77,Default,,0000,0000,0000,,Isso se aplica a este modelo\Nque temos aqui? Dialogue: 0,0:15:55.77,0:15:58.07,Default,,0000,0000,0000,,Siddhartha Mukherjee: \NPergunta bem interessante. Dialogue: 0,0:15:58.07,0:16:00.72,Default,,0000,0000,0000,,Pensamos sobre \Na personalização da medicina Dialogue: 0,0:16:00.72,0:16:02.37,Default,,0000,0000,0000,,muito em termos de genômica. Dialogue: 0,0:16:02.37,0:16:04.91,Default,,0000,0000,0000,,Isso é porque o gene\Né uma metáfora tão dominante, Dialogue: 0,0:16:04.91,0:16:07.91,Default,,0000,0000,0000,,para usar de novo essa palavra,\Nna medicina hoje, Dialogue: 0,0:16:07.91,0:16:11.65,Default,,0000,0000,0000,,que pensamos que o genoma vai ser \No motor da personalização na medicina. Dialogue: 0,0:16:11.65,0:16:14.79,Default,,0000,0000,0000,,Mas, é claro, o genoma é apenas a base Dialogue: 0,0:16:14.79,0:16:18.62,Default,,0000,0000,0000,,de uma longa cadeia do ser,\Npor assim dizer. Dialogue: 0,0:16:18.62,0:16:22.46,Default,,0000,0000,0000,,Nessa cadeia do ser, a primeira\Nunidade organizada é realmente a célula. Dialogue: 0,0:16:22.46,0:16:25.47,Default,,0000,0000,0000,,Assim, se vamos fazer\Nmedicina dessa forma, Dialogue: 0,0:16:25.47,0:16:28.30,Default,,0000,0000,0000,,temos de pensar em personalizar\Nas terapias celulares, Dialogue: 0,0:16:28.30,0:16:31.49,Default,,0000,0000,0000,,depois personalizar as terapias\Ndos órgãos ou do organismo Dialogue: 0,0:16:31.49,0:16:35.15,Default,,0000,0000,0000,,e, finalmente, personalizar terapias\Nde imersão para o ambiente. Dialogue: 0,0:16:35.15,0:16:38.25,Default,,0000,0000,0000,,Assim, penso que em todos os estágios Dialogue: 0,0:16:38.25,0:16:40.97,Default,,0000,0000,0000,,há essa metáfora de algo \Nque existe "de cabo a rabo". Dialogue: 0,0:16:40.97,0:16:43.31,Default,,0000,0000,0000,,Aqui há uma personalização \Nem cada uma das fases. Dialogue: 0,0:16:43.31,0:16:46.32,Default,,0000,0000,0000,,CA: Então, quando você diz\Nque o remédio poderia ser uma célula, Dialogue: 0,0:16:46.32,0:16:47.92,Default,,0000,0000,0000,,e não uma pílula, Dialogue: 0,0:16:47.92,0:16:50.80,Default,,0000,0000,0000,,você está falando potencialmente\Nsobre suas próprias células. Dialogue: 0,0:16:50.80,0:16:53.51,Default,,0000,0000,0000,,SM: Sem dúvida.\NCA: Então convertida para célula-tronco, Dialogue: 0,0:16:53.51,0:16:57.54,Default,,0000,0000,0000,,talvez testada contra todo tipo\Nde drogas ou algo, e preparada. Dialogue: 0,0:16:57.54,0:16:59.93,Default,,0000,0000,0000,,SM: E não há talvez.\NIsso é o que estamos fazendo. Dialogue: 0,0:16:59.93,0:17:03.61,Default,,0000,0000,0000,,Isso é o que está ocorrendo\Ne, de fato, estamos indo devagar, Dialogue: 0,0:17:03.61,0:17:07.46,Default,,0000,0000,0000,,não afastados da genômica,\Nmas incorporando a genômica Dialogue: 0,0:17:07.46,0:17:12.20,Default,,0000,0000,0000,,em sistemas multiordenados,\Nsemiautônomos e autorregulados, Dialogue: 0,0:17:12.20,0:17:14.85,Default,,0000,0000,0000,,como células, órgãos e ambientes. Dialogue: 0,0:17:14.85,0:17:17.65,Default,,0000,0000,0000,,CA: Muito obrigado.\NSM: Foi um prazer. Obrigado. Dialogue: 0,0:17:17.65,0:17:20.03,Default,,0000,0000,0000,,(Aplausos)