Saudações, encrenqueiros.
Bem-vindas ao Encrenca...
Meu nome não é importante.
Os últimos anos foram um verdadeiro
tapa na cara para nós que sonhamos com
um mundo sem fronteiras...
pra não falar das inúmeras
pessoas no mundo
que tiveram o azar de não nascer
nos Estados Unidos
mas que tiveram a audácia
de imaginar que seriam capazes
de visitar a Disneylândia
em algum momento de suas vidas.
Oh, bem.
Acho que a EuroDisney ainda existe, né?
Em firme oposição aos valores
do multiculturalismo, igualdade
de oportunidade, solidariedade,
e o inerente
valor de toda vida humana,
uma nova forma estridente
de nacionalismo tem constantemente
ganhado terreno em países
por todo o mundo.
Muitas vezes associada ao Brexit,
ao crescimento da
extrema-direita européia,
e à eleição de Donald Trump,
este forma de populismo
racista e guiada pelo pânico é um fenômeno
verdadeiramente mundial
e com raízes incrivelmente profundas.
O nacionalismo é, afinal, um pilar central
do poder estatal, e uma alternativa padrão
em tempos de crise.
Então não é nenhum mistério
que depois de quase
uma década de medidas de austeridade,
e mais de quinze anos vivendo sob
o espectro da Guerra Mundial ao Terror,
muitas pessoas se tornaram vítimas
da tentadora ilusão
da segurança concretizada por muros fortes,
e pelos políticos que
prometem construí-los...
...e fazer o México pagar por ele.
Mas mesmo nesse contexto
de paranóia generalizada
e de ressurgência do nacionalismo
existem muitas pessoas
que continuam a lutar por
um mundo melhor – onde seres humanos
possuem a mesma liberdade de movimento
que hoje é reservada para mercadorias.
Nos próximos trinta minutos,
compartilharemos
as vozes de alguns desses indivíduos,
onde elas falam sobre suas
experiências na resistência
à militarização das fronteiras,
às limitadoras leis de imigração...
e sobre arranjar muita encrenca.
Pessoas têm passado por aqui
desde... sempre.
Muitas das áreas onde atuamos são
rotas pelas quais pessoas migravam
sazonalmente -- muitas das pessoas de quem
esta terra é: os povos Tohono O'Odham e Yaqui
Mas mais recentemente a idéia é,
você sabe...
ir do México aos EUA.
Eu sou voluntária na organização
No More Deaths.
É um grupo não hierárquico,
baseado no consenso
e fazemos ajuda humanitária
nas regiões fronteiriças.
Colocamos água em trilhas
conhecidas de migrantes.
Também fazemos busca e resgate.
Documentamos abusos
pela patrulha da fronteira
e diferentes organizações, e
também provemos assistência
a pessoas que foram deportadas e provemos
kits de redução de danos
a pessoas que estão
indo cruzar o deserto.
À medida que expandimos nosso trabalho,
expandimos
as áreas em que trabalhamos, e isso inclui
algumas das áreas do
deserto ocidental ao redor
de Ajo Arizona onde as
pessoas caminham através
do Organ Pipe National Monument,
adentram o Refúgio
Nacional da Vida Selvagem Cabeza
e então através
cerca de 30km numa área
de testes militares.
A jornada ao norte mudou
muito nos últimos 15 anos.
Os centros urbanos foram selados
na metade dos anos 90,
empurrando as pessoas pra fora,
na geografia do deserto.
É uma estratégia intencional por parte
do governo dos EUA e da patrulha de fronteira
para aumentar o sofrimento e
a morte de pessoas ao longo
da fronteira como um
impedimento ostensivo.