Não faz sentido que, num sistema que é feito para ensinar e ajudar os jovens,
a juventude não tenha nenhuma voz.
Se os estudantes criassem as suas próprias escolas, como seria a escola?
SANDY: "Crime e Castigo" (livro) é, em primeiro lugar, um teste.
Provavelmente, algo como isto: sem testes, sem notas, e sem aulas.
E, na maior parte do tempo, sem professores ou adultos na sala de aula.
SANDY: É um programa académico totalmente alternativo. Temos 9 alunos inscritos.
Abordamos as 4 disciplinas principais: Inglês, Matemática, Ciências Sociais e Ciências Naturais.
Isto é uma escola dentro de uma escola secundária pública, desenhada pelos próprios alunos.
O programa, conhecido como o "Projecto Independente", dura um semestre
e divide-se em três partes.
Todas seguem a mesma regra: desenha a tua própria aprendizagem.
Todas as segundas-feiras, cada aluno coloca uma questão sobre a qual tenha curiosidade.
Deve estar relacionada com uma das disciplinas principais.
Peter: A coisa mais importante acerca da tua questão é que queiras mesmo saber a resposta.
Passam a semana a pesquisar ou experimentar.
E na sexta-feira, fazem uma apresentação para partilhar o que aprenderam.
Peter: Se a questão é tua, vais sentir-te muito bem quando descobrires a resposta.
Peter: O meu objectivo é que cada apresentação seja tão cativante quanto possível
e tornar o meu interesse pelo assunto tão contagiante quanto possível.
Na semana da visita, as questões abrangiam vários tópicos, incluindo...
mistérios por explicar, o romance Crime e Castigo,
o naturalista John Muir, um estabelecimento de música local chamado Music Inn,
e o HIV/SIDA na África do Sul.
Jake: Durante uma semana, saí e fui ter uma aula de pilotagem
e construí um modelo de um avião.
Todos os dias queria saber porque é que uma asa permite ao avião voar.
E foi essa questão que me guiou no meio da pesquisa - e foi uma pesquisa divertida.
Estas questões semanais tomam metade do tempo.
A outra metade é dedicada ao esforço individual
que é um projecto muito mais ambicioso, no qual trabalham o semestre inteiro.
Alguns aprendem a tocar um instrumento pela primeira vez e organizam um concerto.
Sergio: Em apenas dois anos, aprendi
a tocar piano razoavelmente. Consigo tocar com outras pessoas.
Estou numa banda agora. Consigo manter o ritmo. Consigo tocar.
Outros trabalham em livros e colecções de poesia.
Matt: Tento escrever 2 a 4 horas por dia. Uma hora por dia é um mau dia
e 5 a 6 horas por dia é excelente.
Alguns escolhem dedicar o seu tempo a pesquisar assuntos como a educação e o ambiente.
Lá está, é o que quiserem, desde que demonstre esforço, aprendizagem
e desenvolvimento de capacidades.
Joe: Aquilo à volt do quando desenvolves o teu semestre não tem de ser académico.
Pode ser algo que te desperte uma grande paixão.
Peter: Este ano o meu Esforço Individual tem sido espectacular.
Tenho estado a fazer um documentário com as pessoas da minha escola.
Tem sido um processo orgânico, com muito improviso.
Acho que tenho conseguido melhores gravações por não ter um fim definido.
Os teus amigos podem pensar de repente nalguma coisa e tu podes construir a partir daí
e acabas com uma coisa 20 vezes mais engraçada do que o que tinhas pensado originalmente.
Para além das questões semanais e do Esforço Individual, os estudantes também passam as últimas três semanas
a trabalhar num projecto de grupo, o Esforço Colectivo.
Aqui, estão a começar a debater o que vão fazer.
O objectivo do Esforço Colectivo é produzir impacto social e fazer a diferença.
Peter: Diz-me porquê. Claramente não gostas desta ideia e quero saber porquê.
Mas, como podem ver, também é uma oportunidade para o grupo praticar a sua capacidade de colaboração
e para se unir numa causa comum.
A aprendizagem auto-dirigida em pequenas doses pode ser encontrada em várias escolas
mas poucas escolas públicas o levaram a este extremo.
Dar aos estudantes o controlo total do seu dia escolar foi uma aposta arriscada da parte da directora
Marianne Young: "O meu investimento pessoal e profissional
nestas oportunidades é para criar uma escola e uma forma de educar os jovens
que lhes permita darem tudo o que têm
e parar de tentar empurrar todos os tipos de pessoas pela mesma cancela."
Quando o Projecto Independente foi proposto,
houve muita resistência por parte de alguns professores,
que achavam que havia muita coisa por pensar. "Qual é o papel do professor?"
Quem decide o que é um bom trabalho? Quem decide o que merece crédito
e um diploma da escola?
O projecto conseguiu arranjar muito apoio por parte do orientador educacional
e de alguns professores que se tornaram orientadores.
Por isso, a directora Young concordou em realizar o projecto não uma, mas duas vezes.
Este é o segundo piloto.
Lisa Baldwin: É um risco bom, dar a um aluno a oportunidade
de ter este tipo de independência e pensamento, porque não é realmente possível falhar.
Não consigo dizer-lhes quantas vezes me perguntei