Ok, aqui no meio, temos uma pergunta para
Patrick Stewart. Qual é seu nome?
Eu sou a Heather.
Olá Heather. Tudo bem?
Sim.
Ok, qual é sua pergunta?
Então, é uma pergunta meio soturna. Vi no
YouTube recentemente um vídeo de sua fala
na Anistia Internacional, eu acho, sobre como
você encara a violência contra as mulheres,
e aquela declaração realmente me tocou, me
ajudou com meus próprios problemas.
Então, quero agradecer pessoalmente a você
por isso. Relacionado com isso, pergunto:
Além de ser ator, o que você fez em sua
vida de que tem mais orgulho e
que gostaria de partilhar conosco que
não seja propriamente atuar?
Boa pergunta.
Obrigado.
Acho que você relacionou muito
belamente as coisas mais importantes.
O trabalho que faço em campanhas sobre a
violência contra as mulheres,
especialmente violência doméstica
é algo que surgiu de minha própria vida
na infância. Eu sou associado a uma
organização em particular, na Inglaterra,
chamada Refúgio que, desde os anos 70 tem
provido, entre muitos outros serviços,
casas seguras para mulheres e crianças.
Falo de casas SEGURAS onde elas podem ir e
sentir, talvez pela primeira vez em anos,
seguras com seus filhos.
A Refúgio é uma boa organização. Há poucos meses
participei do evento Promessa de Milhões de Homens,
que foi copatrocinado pelas Nações Unidas,
e é uma grande campanha baseada na crença
de que quem poderia fazer mais para melhorar
a situação de tantas mulheres e crianças
são, de fato, os homens. Está em nossas
mãos parar a violência contra as mulheres.
Eu faço o que faço em nome de minha mãe,
porque eu não a pude ajudar na época.
Agora posso. Desde, e falo disso muitas vezes,
estou gravando sobre de minha infância,
ano passado, descobri coisas sobre meu pai que
nem eu nem meu irmão mais velho sabíamos,
que em 1940, por causa de sua experiência
na força expedicionária britânica na França,
meu pai sofria do que então chamavam
estado de choque severo.
Isso foi o que eu li em suas anotações no
Museu Imperial da Guerra, na Inglaterra.
Hoje conhecemos isso de Transtorno do Estresse
Pós-Traumático e sabemos que muitos soldados
por todo o mundo, aqui nos EUA e no Reino
Unido, que voltam de zonas de guerra com
grave Distúrbio de Estresse Pós-Traumático.
Hoje sabemos o que é e sabemos como tratar.
Em 1940 era só estado de choque e o que os
soldados ouviam, basicamente, era
"Se ajeite! Se controle e seja homem."
Bem, um especialista nesse problema, que
trabalha em outra organização beneficente,
que tenho agora a alegria de apadrinhar,
chamada Combate ao Estresse, me disse:
"O que seu pai teve em 1940 nunca foi curado,
porque ele nunca recebeu tratamento.
Todas as questões de sua infância que você
descreveu para mim são sintomas clássicos
de veteranos que sofriam dessa grave
doença física e psicológica."
Trabalho para a Refúgio por minha mãe, e
para a Combate ao Estresse por meu pai.
- Muito obrigado. Essa foi uma bela história.
Obrigado. E você, querida, está tudo bem?
Sim... saber que o que aconteceu é
passado e que era só uma questão de
aceitar que tudo bem que tenha acontecido.
- Sim.
E que eu, sabe, que não era eu, porque uma
uma coisa que observo é que ainda existe
isso de jogar a culpa nas mulheres.
- Sim... sim.
Então, aquela fala me ajudou a finalmente a
a dizer "Tudo bem que aquilo aconteceu",
e, sabe, posso seguir em frente. Então, sou
muito grata, de verdade.
Quando criança, ouvi médicos e pára-médicos
em minha casa dizerem: "Sra Stewart,
a senhora deve ter feito algo para provocá-lo.
Sra Stweart, é preciso dois para haver briga."
Errado! Minha mãe não tinha feito nada para
provocar aquilo, e mesmo que tivesse feito,
a violência nunca é, nunca, uma escolha que
o homem possa fazer. Nunca.
- E sabem...
Gente, obrigado. Eu olho e vejo muitos homens
de pé, e isso é maravilhoso,
porque vocês têm aqui no Texas um homem
chamado Michael Rawlings, Prefeito de Dallas.
Michael estava comigo no palco do evento nas
Nações Unidas e ele falou tão veementemente
sobre essas questões. Falou de sua
própria experiência de ser um texano
e de morar e trabalhar em Dallas.
Eu tive muito orgulho de partilhar
aquele palco com ele.
Ele é uma pessoa notável.
Ok, vamos falar de outras coisas.
Cuide-se bem.
- Quer um abraço? Aceite um abraço.
Quase impossível prosseguir... então...