[Script Info] Title: [Events] Format: Layer, Start, End, Style, Name, MarginL, MarginR, MarginV, Effect, Text Dialogue: 0,0:00:07.36,0:00:09.26,Default,,0000,0000,0000,,Esta é a Mabel. Dialogue: 0,0:00:09.43,0:00:11.27,Default,,0000,0000,0000,,A Mabel é um pulgão fêmea, Dialogue: 0,0:00:11.28,0:00:14.45,Default,,0000,0000,0000,,um pequeno inseto\Nda mesma ordem das cigarras, Dialogue: 0,0:00:14.45,0:00:16.57,Default,,0000,0000,0000,,dos ácaros e dos percevejos. Dialogue: 0,0:00:16.65,0:00:20.59,Default,,0000,0000,0000,,Todos estes insetos picam as presas\Npara sugar os seus fluidos vitais. Dialogue: 0,0:00:20.70,0:00:22.90,Default,,0000,0000,0000,,As presas dos pulgões são as plantas. Dialogue: 0,0:00:22.94,0:00:25.96,Default,,0000,0000,0000,,Aquilo que os pulgões procuram\Nestá no interior das plantas, Dialogue: 0,0:00:25.99,0:00:29.73,Default,,0000,0000,0000,,fluindo em tubos feitos de células \Nligadas ponta com ponta. Dialogue: 0,0:00:29.89,0:00:33.67,Default,,0000,0000,0000,,Chamam-se tubos de seiva e\Nformam o sistema de canalização Dialogue: 0,0:00:33.72,0:00:37.22,Default,,0000,0000,0000,,para o recurso mais valioso\Nduma planta: a seiva. Dialogue: 0,0:00:37.51,0:00:39.90,Default,,0000,0000,0000,,A seiva é sobretudo água e açúcar. Dialogue: 0,0:00:39.93,0:00:43.73,Default,,0000,0000,0000,,A seiva de algumas espécies tem mais açúcar\Npor litro do que uma lata de gasosa. Dialogue: 0,0:00:43.73,0:00:46.23,Default,,0000,0000,0000,,A fotossíntese produz açúcar\Npermanentemente. Dialogue: 0,0:00:46.28,0:00:48.57,Default,,0000,0000,0000,,Podemos pensar nisso\Ncomo uma "bomba" química Dialogue: 0,0:00:48.58,0:00:50.64,Default,,0000,0000,0000,,que gera uma pressão extremamente alta Dialogue: 0,0:00:50.64,0:00:53.18,Default,,0000,0000,0000,,— nove vezes mais alta do que\No pneu de um automóvel — Dialogue: 0,0:00:53.21,0:00:54.61,Default,,0000,0000,0000,,nos tubos de seiva. Dialogue: 0,0:00:54.63,0:00:58.72,Default,,0000,0000,0000,,Para se alimentar, a Mabel usa um estilete\Nque é uma agulha longa e flexível. Dialogue: 0,0:00:58.74,0:01:02.52,Default,,0000,0000,0000,,Perfura lentamente o tecido com ela,\Nentre as células da planta, Dialogue: 0,0:01:02.55,0:01:05.46,Default,,0000,0000,0000,,até furar um desses tubos de seiva. Dialogue: 0,0:01:05.52,0:01:07.68,Default,,0000,0000,0000,,Como a seiva se encontra\Nsob grande pressão, Dialogue: 0,0:01:07.70,0:01:10.03,Default,,0000,0000,0000,,A Mabel nem sequer precisa de sugá-la. Dialogue: 0,0:01:10.07,0:01:14.84,Default,,0000,0000,0000,,Basta-lhe abrir uma válvula na cabeça\Ne deixar que a pressão empurre a seiva Dialogue: 0,0:01:14.86,0:01:16.88,Default,,0000,0000,0000,,para o seu sistema digestivo. Dialogue: 0,0:01:16.92,0:01:19.66,Default,,0000,0000,0000,,Já voltaremos para ver o que sai\Ndo traseiro mas, para já, Dialogue: 0,0:01:19.68,0:01:23.12,Default,,0000,0000,0000,,é preciso saber que as plantas\Nnão gostam de ser perfuradas e sugadas. Dialogue: 0,0:01:23.16,0:01:25.32,Default,,0000,0000,0000,,Por isso, tentam defender-se. Dialogue: 0,0:01:25.42,0:01:27.46,Default,,0000,0000,0000,,Uma das defesas é a própria seiva. Dialogue: 0,0:01:27.48,0:01:30.50,Default,,0000,0000,0000,,Vamos ver como é que isso funciona,\Nobservando hipoteticamente Dialogue: 0,0:01:30.54,0:01:34.50,Default,,0000,0000,0000,,o trato digestivo de outros insetos\Nsubmetido a um fluxo de seiva. Dialogue: 0,0:01:35.08,0:01:38.41,Default,,0000,0000,0000,,Quando a seiva toca nas células do inseto,\No seu alto teor de açúcar Dialogue: 0,0:01:38.44,0:01:42.11,Default,,0000,0000,0000,,encoraja a água das células\Na sair delas por osmose, Dialogue: 0,0:01:42.18,0:01:45.70,Default,,0000,0000,0000,,tal como o sal encoraja a água\Na sair de uma lesma. Dialogue: 0,0:01:45.74,0:01:49.64,Default,,0000,0000,0000,,Quanto mais seiva passa pelo inseto,\Nmais água ele perde. Dialogue: 0,0:01:49.72,0:01:52.58,Default,,0000,0000,0000,,Por fim, ele murcha e morre. Dialogue: 0,0:01:52.62,0:01:56.49,Default,,0000,0000,0000,,Mas o intestino da Mabel está cheio\Nde uma enzima chamada sacarase Dialogue: 0,0:01:56.53,0:02:00.91,Default,,0000,0000,0000,,que agarra em duas moléculas de sacarose\Ne as transforma numa molécula de fructose Dialogue: 0,0:02:00.95,0:02:03.91,Default,,0000,0000,0000,,e uma de... este açúcar de três unidades. Dialogue: 0,0:02:04.01,0:02:08.55,Default,,0000,0000,0000,,A Mabel queima a frutose como energia,\Ne rejeita o açúcar de três unidades. Dialogue: 0,0:02:08.61,0:02:11.18,Default,,0000,0000,0000,,Como é que isso a ajuda? Dialogue: 0,0:02:11.21,0:02:14.19,Default,,0000,0000,0000,,Quanto mais moléculas de açúcar\Nestiverem dissolvidas na seiva, Dialogue: 0,0:02:14.22,0:02:16.94,Default,,0000,0000,0000,,mais água ela pode absorver\Ndas células da Mabel. Dialogue: 0,0:02:16.98,0:02:19.66,Default,,0000,0000,0000,,Ao reduzir o número de moléculas\Nde açúcar na seiva, Dialogue: 0,0:02:19.76,0:02:23.24,Default,,0000,0000,0000,,A Mabel reduz a capacidade de a seiva\Nabsorver a água das suas células. Dialogue: 0,0:02:23.31,0:02:25.60,Default,,0000,0000,0000,,A seiva da planta fica neutralizada. Dialogue: 0,0:02:25.66,0:02:28.97,Default,,0000,0000,0000,,Isso significa que a Mabel pode\Nalimentar-se durante dias, Dialogue: 0,0:02:28.99,0:02:32.24,Default,,0000,0000,0000,,obtendo toda a energia\Nde que precisa para se reproduzir. Dialogue: 0,0:02:32.28,0:02:35.12,Default,,0000,0000,0000,,Algumas espécies de pulgões\Ntêm um ciclo de vida incrível. Dialogue: 0,0:02:35.18,0:02:37.47,Default,,0000,0000,0000,,Por exemplo, o piolho-do-pessegueiro. Dialogue: 0,0:02:37.54,0:02:41.59,Default,,0000,0000,0000,,Durante o outono, os machos e as fêmeas\Nacasalam e as fêmeas põem ovos. Dialogue: 0,0:02:41.62,0:02:46.84,Default,,0000,0000,0000,,Mas, na primavera, quando os ovos eclodem,\Ntodas as larvas que surgem são fêmeas. Dialogue: 0,0:02:46.92,0:02:50.43,Default,,0000,0000,0000,,Quando essas fêmeas atingem a maturidade\Nnão põem ovos. Dialogue: 0,0:02:50.63,0:02:56.28,Default,,0000,0000,0000,,Em vez disso, dão à luz seres vivos\Nque são clones delas mesmas Dialogue: 0,0:02:56.30,0:03:00.82,Default,,0000,0000,0000,,e já estão grávidas\Ndos seus próprios clones. Dialogue: 0,0:03:00.91,0:03:05.61,Default,,0000,0000,0000,,Estes pulgões fêmeas têm duas gerações\Nde bebés que são clones Dialogue: 0,0:03:05.67,0:03:08.72,Default,,0000,0000,0000,,que se formam dentro delas mesmas,\Nao mesmo tempo. Dialogue: 0,0:03:08.89,0:03:11.92,Default,,0000,0000,0000,,Os cientistas chamam a isto\Ndesenvolvimento telescópico Dialogue: 0,0:03:11.96,0:03:15.14,Default,,0000,0000,0000,,o que significa que os pulgões\Nproduzem mais pulgões, rapidamente Dialogue: 0,0:03:15.18,0:03:18.02,Default,,0000,0000,0000,,— pode haver 20 gerações\Nnuma única estação — Dialogue: 0,0:03:18.09,0:03:21.09,Default,,0000,0000,0000,,e significa muitos excrementos de pulgões. Dialogue: 0,0:03:21.13,0:03:23.87,Default,,0000,0000,0000,,A Mabel pode produzir excrementos\Ncom o peso do seu corpo, Dialogue: 0,0:03:23.88,0:03:25.16,Default,,0000,0000,0000,,de duas em duas horas, Dialogue: 0,0:03:25.16,0:03:28.29,Default,,0000,0000,0000,,tornando-a um dos seres mais prolíferos\Nem excrementos do planeta. Dialogue: 0,0:03:28.29,0:03:30.25,Default,,0000,0000,0000,,Há populações de pulgões que produzem Dialogue: 0,0:03:30.26,0:03:32.85,Default,,0000,0000,0000,,centenas de quilos\Nde excrementos por hectare. Dialogue: 0,0:03:33.03,0:03:35.86,Default,,0000,0000,0000,,Mas os excrementos dos pulgões\Nnão são como os humanos. Dialogue: 0,0:03:35.90,0:03:38.51,Default,,0000,0000,0000,,Quimicamente, não são\Nmuito diferentes da seiva. Dialogue: 0,0:03:38.53,0:03:41.17,Default,,0000,0000,0000,,É um líquido xaroposo,\Ndoce, claro e incolor. Dialogue: 0,0:03:41.20,0:03:44.48,Default,,0000,0000,0000,,Talvez o conheçam\Npor um nome diferente: melada. Dialogue: 0,0:03:44.54,0:03:47.02,Default,,0000,0000,0000,,Há outras espécies que adoram melada. Dialogue: 0,0:03:47.10,0:03:49.51,Default,,0000,0000,0000,,Há espécies de formigas\Nque gostam tanto dela Dialogue: 0,0:03:49.55,0:03:52.91,Default,,0000,0000,0000,,que formam rebanhos e defendem\Ncolónias inteiras de pulgões. Dialogue: 0,0:03:52.95,0:03:56.24,Default,,0000,0000,0000,,Em troca, as formigas recebem\Numa dose regular de melada doce Dialogue: 0,0:03:56.29,0:03:58.93,Default,,0000,0000,0000,,que podem beber diretamente\Ndo traseiro dos pulgões. Dialogue: 0,0:03:59.01,0:04:00.39,Default,,0000,0000,0000,,Traseiro para o ar! Dialogue: 0,0:04:00.42,0:04:02.43,Default,,0000,0000,0000,,Os seres humanos também\Ngostam de melada. Dialogue: 0,0:04:02.45,0:04:05.33,Default,,0000,0000,0000,,Várias tribos americanas nativas\Ncolhiam-na nos juncos altos Dialogue: 0,0:04:05.36,0:04:06.96,Default,,0000,0000,0000,,para fazerem um bolo com ela. Dialogue: 0,0:04:06.97,0:04:09.49,Default,,0000,0000,0000,,Certas espécies de abelhas\Nfazem mel com a melada, Dialogue: 0,0:04:09.50,0:04:12.16,Default,,0000,0000,0000,,que depois os seres humanos\Ncolhem e comem. Dialogue: 0,0:04:12.18,0:04:15.71,Default,,0000,0000,0000,,Assim, as plantas fazem a seiva,\Nque é comida e rejeitada pelos pulgões, Dialogue: 0,0:04:15.71,0:04:18.59,Default,,0000,0000,0000,,regurgitada pelas abelhas,\Ncolhida pelos seres humanos Dialogue: 0,0:04:18.63,0:04:21.88,Default,,0000,0000,0000,,e dissolvida numa chávena\Nde chá Earl Grey.