WEBVTT

00:00:14.473 --> 00:00:16.637
Como seres humanos,

00:00:16.637 --> 00:00:21.345
consideramo-nos indivíduos 
únicos e independentes

00:00:21.345 --> 00:00:23.464
mas nunca estamos sozinhos!

00:00:23.464 --> 00:00:27.129
Milhões de seres microscópicos 
moram dentro do nosso corpo,

00:00:27.129 --> 00:00:29.757
e não há dois corpos iguais.

00:00:29.757 --> 00:00:33.288
Cada um é um "habitat" diferente 
para as comunidades microbianas:

00:00:33.288 --> 00:00:35.675
desde os desertos áridos da nossa pele,

00:00:35.675 --> 00:00:38.375
até às aldeias nos nossos lábios,

00:00:38.375 --> 00:00:40.143
e às cidades nas nossas bocas.

00:00:40.143 --> 00:00:43.739
Mesmo cada dente 
tem o seu bairro distinto.

00:00:45.300 --> 00:00:49.517
Os nossos intestinos são metrópoles,
formigueiros de micróbios interativos.

00:00:50.560 --> 00:00:53.100
Nestas ruas apinhadas 
dos nossos intestinos,

00:00:53.100 --> 00:00:56.349
vemos um permanente influxo de comida,

00:00:56.349 --> 00:00:59.221
e cada micróbio tem a sua tarefa.

00:00:59.221 --> 00:01:02.340
Esta é uma bactéria celulósica, 
por exemplo.

00:01:02.340 --> 00:01:04.837
A sua tarefa é decompor 
a celulose em açúcares.

00:01:04.837 --> 00:01:07.940
A celulose é um composto vulgar 
nos vegetais.

00:01:08.567 --> 00:01:11.837
Esses açúcares simples depois 
movem-se através dos respiradores,

00:01:11.837 --> 00:01:15.276
outro conjunto de micróbios que agarram
nesses açúcares simples

00:01:15.276 --> 00:01:17.420

e os queimam como combustível.

00:01:17.355 --> 00:01:20.385
À medida que os alimentos 
viajam pelo nosso trato digestivo,

00:01:20.385 --> 00:01:23.881
chegam aos fermentos que extraem 
energia desses açúcares

00:01:23.881 --> 00:01:25.751
transformando-os em químicos,

00:01:25.751 --> 00:01:27.802
como o álcool e o gás hidrogénio

00:01:27.802 --> 00:01:30.652
que depois cospem como lixo.

00:01:30.652 --> 00:01:33.495
Mais no fundo das profundezas 
da cidade dos intestinos,

00:01:33.495 --> 00:01:37.408
os síntrofos vivem penosamente 
à custa do lixo dos fermentos.

00:01:37.997 --> 00:01:41.354
A cada passo deste processo,
liberta-se energia.

00:01:41.354 --> 00:01:44.749
Essa energia é absorvida
pelas células do trato digestivo.

00:01:44.749 --> 00:01:48.360
Esta cidade que vimos 
é diferente em toda a gente.

00:01:48.769 --> 00:01:52.651
Cada pessoa tem uma comunidade única 
e diversificada de micróbios intestinais

00:01:52.651 --> 00:01:55.414
que podem processar os alimentos 
de formas diferentes.

00:01:55.414 --> 00:01:57.642
Os micróbios intestinais duma pessoa

00:01:57.642 --> 00:02:00.254
podem libertar apenas 
uma fração das calorias

00:02:00.254 --> 00:02:03.113
que os micróbios intestinais 
de outra pessoa libertam.

00:02:03.452 --> 00:02:07.836
Então, o que é que determina a qualidade 
da nossa comunidade microbiana intestinal?

00:02:08.254 --> 00:02:10.791
Coisas como a nossa constituição genética

00:02:10.791 --> 00:02:13.360
e os micróbios que encontramos na vida

00:02:13.360 --> 00:02:16.585
podem contribuir 
para os nossos ecossistemas microbianos.

00:02:17.219 --> 00:02:19.533
Os alimentos que comemos 
também têm influência

00:02:19.533 --> 00:02:21.865
sobre o tipo de micróbios 
que vivem no intestino.

00:02:21.865 --> 00:02:24.484
Por exemplo, alimentos feitos 
de moléculas complexas,

00:02:24.484 --> 00:02:25.821
como uma maçã,

00:02:25.821 --> 00:02:28.768
exigem muitos micróbios 
diferentes para as decompor.

00:02:28.768 --> 00:02:31.247
Mas, se um alimento 
é feito de moléculas simples,

00:02:31.247 --> 00:02:32.516
como um chupa-chupa,

00:02:32.516 --> 00:02:35.154
alguns desses micróbios 
ficam sem trabalho.

00:02:35.154 --> 00:02:38.830
Esses micróbios abandonam a cidade
e nunca mais voltam.

00:02:38.830 --> 00:02:40.961
Mas as comunidades microbianas 
intestinais não funcionam bem

00:02:40.961 --> 00:02:43.718
com poucos tipos diferentes de micróbios.

00:02:43.718 --> 00:02:46.675
Por exemplo, as pessoas 
que sofrem de doenças

00:02:46.675 --> 00:02:49.450
como a diabetes ou 
a inflamação crónica intestinal,

00:02:49.450 --> 00:02:52.767
têm normalmente menor 
variedade microbiana nos intestinos.

00:02:53.123 --> 00:02:55.425
Não percebemos inteiramente 
qual a melhor forma

00:02:55.425 --> 00:02:58.152
de gerir as nossas sociedades 
microbianas individuais

00:02:58.152 --> 00:03:00.764
mas provavelmente 
as mudanças de estilo de vida,

00:03:00.764 --> 00:03:03.594
como comer uma dieta variada 
de alimentos complexos,

00:03:03.594 --> 00:03:05.154
com base em plantas,

00:03:05.154 --> 00:03:08.795
podem ajudar a revitalizar os nossos 
ecossistemas microbianos nos intestinos

00:03:08.795 --> 00:03:11.152
e em toda a paisagem do nosso corpo.

00:03:11.152 --> 00:03:13.769
Portanto, não estamos sozinhos 
no nosso corpo.

00:03:13.769 --> 00:03:17.291
O nosso corpo é a casa 
de milhões de diferentes micróbios.

00:03:17.291 --> 00:03:20.699
e precisamos deles 
tal como eles precisam de nós.

00:03:20.957 --> 00:03:23.326
À medida que aprendemos 
como os nossos micróbios

00:03:23.326 --> 00:03:25.771
interagem uns com os outros 
no nosso corpo,

00:03:25.771 --> 00:03:27.902
saberemos como podemos alimentar

00:03:27.902 --> 00:03:29.630
esse mundo complexo e invisível

00:03:29.630 --> 00:03:31.567
que modela a nossa identidade pessoal.

00:03:31.567 --> 00:03:32.963
a nossa saúde,

00:03:32.963 --> 00:03:34.501
e o nosso bem-estar.