O mundo está cheio de objetos incríveis e de um rico património cultural. E quando conseguimos acesso a eles, ficamos maravilhados, apaixonamo-nos. Mas, na maior parte do tempo, a população mundial está a viver sem verdadeiro acesso às artes e cultura. Quais serão as conexões ao começarmos a explorar o nosso património, os belos locais e a arte neste mundo? Antes de começarmos esta apresentação, quero apenas pôr os pontos nos ii. Primeiro, não sou especialista em arte ou em cultura. Por engano, dei comigo nisto mas estou a adorar. Segundo, tudo o que vos vou mostrar pertence aos fantásticos museus, arquivos e fundações nossos parceiros. Nada disto pertence à Google. E, finalmente, o que veem atrás de mim está agora mesmo disponível nos vossos telemóveis, nos vossos computadores portáteis. Esta é a nossa plataforma atual, onde podem explorar milhares de museus e objetos na ponta dos dedos, com detalhes em alta definição. É a diversidade do conteúdo que é espantosa. Se tivéssemos apenas pinturas europeias, se tivéssemos apenas arte moderna, acho que seria um pouco enfadonho. Por exemplo, este mês lançámos o canal "Black History" com 82 curadorias que falam das artes e cultura naquela comunidade. Temos também alguns objetos espantosos do Japão, centrados em torno do artesanato, chamados "Made in Japão". Uma das minhas exposições preferidas, que é a ideia da minha palestra, é que não esperava tornar-me fã de bonecas japonesas. Mas sou, graças a esta exposição, que me ensinou sobre a técnica artesanal por detrás da alma de uma boneca japonesa. Acreditem-me, é muito empolgante. Palavra de honra. Continuemos, depressa, então. Uma coisa rápida que gostaria de mostrar nesta plataforma e que podem partilhar com os vossos filhos e os vossos amigos, agora mesmo, é que também podem navegar virtualmente por todas estas espantosas instituições. Uma das nossas ideias recentes foi com o Museu Guggenheim, em Nova Iorque, onde podem experimentar o que poderá ser a sensação de estar lá. Podem ir ao rés-do-chão e, presumo que, obviamente, a maior parte de vocês já lá esteve. Podem ver a obra-prima arquitetónica que o museu é. Mas imaginem esta acessibilidade para um miúdo em Bombaim que esteja a estudar arquitetura, que nunca tenha tido a oportunidade de ir ao Guggenheim. Claro que podem olhar para as obras no Museu Guggenheim, interessarem-se por elas, e por aí fora. Há muita informação aqui. Mas este não é o propósito da minha palestra de hoje. Isto existe agora. O que temos agora são os blocos de construção de um futuro empolgante, no que diz respeito às artes e à cultura. e à acessibilidade às artes e cultura. Por isso, reuni-me hoje no palco com o meu amigo e artista residente no nosso escritório em Paris, Cyril Diagne, Professor de "Design" Interativo na Universidade ECAL em Lausanne, Suíça. O que o Cyril e a nossa equipa de engenheiros têm estado a fazer é tentar encontrar as conexões e visualizar algumas. Vou ser bastante rápido, agora. O objeto que veem atrás de mim — apenas um esclarecimento: É sempre melhor ver o objeto real. No caso de as pessoas pensarem que estou a tentar replicar o real. Avancemos. O objeto que veem atrás de mim é a Vénus de Berekhat Ram. É um dos objetos mais antigos do mundo, de há cerca de 233 000 anos, encontrado nos Montes Golan, e atualmente encontra-se no Museu de Israel em Jerusalém. É também um dos mais antigos objetos na nossa plataforma. Ampliemos. Começamos a partir deste objeto. E se nos afastássemos e tentássemos ter a experiência do nosso próprio "Big Bang" cultural? Como seria? É com isto que temos de lidar diariamente no Instituto Cultural — mais de 6 milhões de artefactos curados e que nos são doados por instituições para se fazerem estas conexões. Podemos viajar no Tempo, podemos compreender melhor a nossa sociedade através disto. Podemos olhar para isto da perspetiva do nosso planeta, e tentar ver como se pareceria sem fronteiras, se apenas organizássemos a arte e a cultura. Também podemos fazer um gráfico cronológico, o que, para o cromo dos dados que há em mim, é muito fascinante. Pode-se perder horas a olhar para cada década e para as contribuições nessa década e nesses anos para a arte, a história e as culturas. Adorávamos passar horas a mostrar-vos cada uma das décadas, mas não temos tempo, agora. Podem pegar nos vossos telemóveis e fazê-lo vocês mesmos. (Aplausos) Mas, se não se importam, guardem os vossos aplausos para mais tarde, é que não quero ficar sem tempo, quero mostrar-vos montes de coisas giras. (Risos) Então, muito rapidamente: podem sair daqui para outra ideia muito interessante. Para além da imagem bonita, para além da visualização agradável, qual é o propósito, qual é a utilidade disto? Esta próxima ideia veio de discussões com curadores que temos estado a ter nos museus, já agora, pelos quais me apaixonei, porque eles dedicaram a sua vida inteira a tentar contar estas histórias. Um dos curadores perguntou-me: "Amit, como seria se pudesses criar uma mesa de curador virtual "onde todos estes 6 milhões de objetos "fossem expostos de forma a que víssemos as conexões entre eles?" Acreditem-me, podem passar muito tempo a olhar para objetos diferentes a compreender de onde eles provieram. É uma experiência Matrix louca. (Risos) Avancemos. Vamos ver o mundialmente famoso Vincent van Gogh que está muito bem representado nesta plataforma. graças à diversidade de instituições que nós temos, temos mais de 211 espantosas obras de arte deste artista, em alta definição, organizadas agora numa linda vista. À medida que aumenta a resolução da imagem, e o Cyril explora mais, podem ver estes autorretratos, podem ver naturezas-mortas. Mas queria só destacar um exemplo muito rápido, e que é muito oportuno: "Quarto em Arles". Esta é uma obra de arte de que existem três cópias: uma no Museu Van Gogh, em Amesterdão, uma no Museu de Orsay, em Paris, e uma no Instituto de Arte de Chicago, que, na verdade, está neste momento a receber a reunião de todas as três obras de arte, fisicamente, creio que apenas pela segunda vez na sua história. Mas estão unidas digital e virtualmente para qualquer pessoa as ver de forma muito diferente, sem ser empurrada na fila, por entre a multidão. Vamos então viajar e levar-vos através do "Quarto em Arles", bem depressa, para poderem experienciar o que estamos a fazer para cada objeto. Queremos que a imagem fale o mais possível numa plataforma digital. E tudo o que é preciso é ter Internet e um computador. (Aplausos) Cyril, se pudesses ampliar mais, depressa... Desculpem, isto é tudo ao vivo, por isso, têm de dar ao Cyril um desconto... E isto está disponível para todos os objetos: arte moderna, arte contemporânea, Renascença — o que quiserem, até para a escultura. Às vezes, não sabemos o que nos pode atrair a uma obra de arte ou a um museu ou a uma descoberta cultural. Pessoalmente, para mim, foi um grande desafio porque quando decidi fazer disto uma ocupação a tempo inteiro na Google, a minha mãe não me deu muito apoio. Adoro a minha mãe, mas ela pensou que eu estava a desperdiçar a minha vida com esta coisa dos museus. E, para ela, um museu é o que se faz em férias e cumprida a tarefa, acabou, certo? Levou-me cerca de quatro anos e meio para convencer a minha adorável mãe indiana de que, de facto, isto vale a pena. E como o fiz foi assim: percebi um dia que ela adora ouro. Então comecei a mostrar-lhe todos os objetos feitos com ouro. A primeira coisa que a minha mãe me perguntou, foi: "Como é que podemos comprar estes?" (Risos) E, claro que o meu vencimento não é assim tão alto, por isso, eu disse: "Não podemos fazer isso na realidade, mamã. "Mas podes explorá-los virtualmente." Então agora, a minha mãe, de cada vez que a vejo, pergunta-me: "Há mais algum ouro, alguma prata no teu projeto? "Podes mostrar-me?" É essa a ideia que tento ilustrar. Não importa como chegamos lá, desde que cheguemos lá. Uma vez lá, ficamos cativados. Avancemos muito rapidamente, há uma espécie de ideia lúdica, para ilustrar o ponto de acesso, e vou apresentá-la muito rapidamente. Todos sabemos que ver em pessoa a obra-prima é espantoso. Mas também sabemos que a maioria de nós não o pode fazer, e para os que se podem dar ao luxo de o fazer, é complicado. Por isso... Cyril, podemos carregar a nossa viagem pela arte — como lhe chamamos? Não temos um bom nome para ela. Mas, temos cerca de 1000 espantosas instituições, 68 países. Mas vamos começar por Rembrandt. Talvez tenhamos tempo apenas para um exemplo. Graças à diversidade, temos cerca de 500 espantosas obras de arte de Rembrandt de 46 instituições e 17 países. Suponhamos que nas vossas próximas férias querem ver cada uma delas. Aquele é o vosso itinerário, provavelmente vão viajar 53 000 km, e visitar, creio eu, 46 instituições, e, só para vossa informação, vão gerar 10 toneladas de emissões CO2. (Risos) Mas, lembrem-se, é arte, por isso, em parte, talvez o possam justificar. Avançando rapidamente para algo um pouco mais técnico e interessante. Tudo o que vos mostrámos, até agora, usa metadados para fazer as conexões. Mas é óbvio que temos uma coisa gira, hoje em dia, de que ninguém gosta de falar e que é a aprendizagem das máquinas. O que pensámos foi: vamos retirar todos os metadados, vamos ver o que a aprendizagem automática consegue fazer baseada unicamente no reconhecimento visual de toda a coleção. Acabámos por ficar com este mapa, muito interessante, estes aglomerados sem ponto de referência de informação, mas que usou as imagens para reunir as coisas. Cada aglomerado é uma arte em si mesma para nossa descoberta. Mas um dos aglomerados que queremos mostrar muito depressa, é este aglomerado de retratos que encontrámos, provenientes de museus de todo o mundo. Se pudesses ampliar um pouco mais, Cyril. É só para vos mostrar que podem viajar através de retratos. Podem fazê-lo através das paisagens, dos cavalos, numa abundância de aglomerados. Quando vimos todos estes retratos, pensámos: "Ei, será que conseguimos fazer algo giro para os miúdos, "ou será que conseguimos fazer algo lúdico "para as pessoas se interessarem por retratos?" Porque eu nunca vi miúdos entusiasmados por visitarem uma galeria de retratos. Eu quis tentar imaginar alguma coisa. Nós criámos uma coisa chamada "combinador de retratos". É bastante autoexplicativo, por isso, vou deixar que o Cyril mostre o seu lindo rosto. E o que acontece é que, com o movimento da sua cabeça, estamos a combinar diferentes retratos de todo o mundo, de museus. (Aplausos) Quanto a vocês, não sei, mas eu mostrei-o ao meu sobrinho e à minha irmã, e a reação é simplesmente fenomenal. Tudo o que me perguntaram, foi: "Quando é que podemos ir ver isto?" (Risos) E, a já agora, se formos simpáticos, Cyril, podes sorrir e encontrar um feliz? Oh, perfeito. (Risos) A propósito, isto não é ensaiado. Parabéns, Cyril. Muito bom. Oh, uau. Ok, avancemos, senão isto vai tomar-nos o tempo todo. (Risos) (Aplausos) Então, a arte e a cultura também podem ser divertidas, certo? Para a nossa última experiência — chamamos "experiências" a tudo isto — a nossa última e rápida experiência regressa à aprendizagem automática. Mostramos-vos aglomerados visuais, mas e se pudéssemos perguntar à máquina para também nomear estes aglomerados? E se ela os etiquetasse automaticamente sem usar metadados reais? O que temos é esta espécie de explorador, onde conseguimos combinar, creio eu, cerca de 4000 etiquetas. Não fizemos nada de especial aqui, só aumentámos a coleção. E encontrámos categorias interessantes. Podemos começar com cavalos, uma categoria muito simples. Seria de esperar que a máquina tivesse posto imagens de cavalos, certo? E pôs, mas reparem também ali, que tem uma imagem muito abstrata que ainda assim conseguiu reconhecer como cavalos e reunir em aglomerado. Temos também uma cabeça espantosa no que se refere a cavalos. E cada um tem as etiquetas que explicam porque foi categorizado assim. Passemos a outro que achei muito divertido e interessante, porque não compreendo como surgiu esta categoria. Chama-se "Dama de Companhia". Cyril, se o fizeres muito depressa, vocês verão que temos estas espantosas imagens de damas talvez de companhia ou em pose. Não percebo de todo. Mas tenho tentado perguntar aos meus contactos nos museus: "O que é isto?" "O que é que se passa aqui?" E é fascinante. Voltando ao ouro, muito rapidamente. Quis pesquisar ouro e ver como é que a máquina etiquetava todo o ouro. Na verdade, ela não o etiqueta como ouro. Estamos a viver uma época "Pop". Ela etiqueta-o como "bling bling" (jóias espalhafatosas). (Risos) Estou a ser duro com o Cyril, porque estou a ir depressa demais. Aqui têm todo o "bling bling" dos museus do mundo, organizado para vocês. E, finalmente, para terminar a palestra e estas experiências, o que espero que sintam depois desta palestra, é felicidade e emoção. E o que vemos quando vemos a felicidade? Se olharmos a sério para todos os objetos que foram etiquetados com "felicidade", esperamos felicidade, suponho eu. Mas houve um que apareceu e que foi muito fascinante e interessante e que foi esta obra de arte de Douglas Coupland, o nosso amigo e também artista residente, chamado "Sinto Falta do Meu Cérebro Pré-Internet". Não sei porque é que a máquina sente falta do seu cérebro pré-Internet como foi etiquetado aqui, mas é um pensamento muito interessante. Às vezes sinto falta do meu cérebro pré-Internet, mas não no que toca a explorar "online" as artes e a cultura. Por isso, peguem nos telemóveis e computadores, e vão aos museus. Um rápido agradecimento a todos os espantosos arquivistas, historiadores, e curadores que estão nos museus, a preservar a nossa cultura. O mínimo que podemos fazer é obter a nossa dose diária de arte e cultura para nós e para os nossos filhos. Obrigado. (Aplausos).