Hoje vou lhes mostrar como este tablet e estes óculos de realidade virtual que estou usando vão revolucionar completamente o ensino de ciências. Também lhes mostrarei como isto pode tornar qualquer professor de ciências duas vezes mais eficiente. Mas antes de mostrar como tudo isso é possível, vamos conversar um pouco sobre por que melhorar a qualidade do ensino de ciências é fundamental. Se pararmos pra pensar, nosso planeta está crescendo incrivelmente rápido. E este crescimento traz consigo uma lista extensa de desafios crescentes, tais como lidar com o aquecimento global, solucionar a situação da fome e da falta de água e curar doenças, dentre tantos outros. E quem exatamente nos ajudará a resolver todos estes grandes desafios? Bem, em última instância, são estes jovens estudantes. Esta é a próxima geração de jovens cientistas brilhantes, e dependemos deles de tantas maneiras para o desenvolvimento de grandes inovações que nos ajudarão a resolver os desafios que virão. Então, alguns anos atrás, meu cofundador e eu ensinávamos universitários assim como estes, só que os nossos se pareciam mais com estas aqui. (Risos) E, sim, esta é a realidade em tantas universidades mundo afora: alunos entediados, desengajados e, às vezes, que nem mesmo sabem por que estão estudando determinado assunto para começo de conversa. Então começamos a procurar métodos de ensino novos e inovadores, mas o que encontramos foi um tanto decepcionante. Percebemos que livros eram transformados em e-books, quadros negros em vídeos do YouTube e aulas presenciais por MOOCs: cursos online abertos e massivos. Se vocês pararem pra pensar, estamos na verdade utilizando o mesmo conteúdo e o mesmo formato e os disponibilizando para mais alunos, o que é ótimo, não me entendam mal, é muito bom mesmo, mas os métodos de ensino são praticamente os mesmos, sem inovações de verdade. Começamos a procurar em outros lugares e descobrimos que simuladores de voo provaram ser, repetidamente, muito mais eficazes quando combinados com treinamentos reais em voo para capacitar pilotos. Então pensamos: por que não aplicar isto às ciências? Por que não construir um simulador virtual de laboratório? Bem, foi o que fizemos. Basicamente nos pusemos a criar um simulador de laboratório, individual e simulado por meio de realidade virtual no qual os alunos poderiam realizar experimentos com equações matemáticas que simulariam o que aconteceria em um laboratório físico. Mas não somente simulações simples. Criaríamos também simulações avançadas com universidades de ponta como o MIT, para disponibilizar pesquisas modernas sobre câncer para estes alunos. E, de repente, as universidades economizariam milhares de dólares ao permitir que alunos realizassem experimentos virtuais antes de usarem um laboratório de verdade. E não somente isso: a partir daí, eles poderiam também compreender, até mesmo a nível molecular dentro da máquina, o que acontece com as máquinas. E, de repente, poderiam realizar experimentos perigosos nos laboratórios também. Por exemplo, também aqui poderiam aprender sobre a salmonela, um tema importante que não pode ser ensinado por muitas escolas por questões de segurança. E claro, testamos os alunos e fornecemos aos professores um painel de controle completo para que possam acompanhar o progresso dos seus alunos. Mas não paramos por aí, porque havíamos percebido o quão importante é o significado para se ter alunos interessados em sala. Por isso, convidamos desenvolvedores de jogos para criarem histórias divertidas e engajadoras. Por exemplo, neste caso, no qual os alunos devem resolver um assassinato misterioso no estilo CSI usando suas principais habilidades científicas. O retorno que obtivemos quando lançamos tudo isso foi incrivelmente positivo. Aqui temos 300 alunos, todos entusiasmados resolvendo casos de assassinato enquanto aprendiam habilidades científicas essenciais. E o que mais gosto sobre isto é que, de fato, quando os alunos vem até mim após a prática, surpresos e um pouco confusos, e dizem: "Passei duas horas neste laboratório virtual, e nem olhei meu Facebook." (Risos) Este é um exemplo de como estas aulas são imersivas e interessantes para eles. Assim, para investigar se isto realmente funcionou, um psicólogo especialista em aprendizagem realizou um estudo com 160 alunos da Universidade de Stanford e da Universidade Técnica da Dinamarca. Eles dividiram os alunos em dois grupos: um deles utilizaria somente as simulações do laboratório virtual, e o outro utilizaria somente métodos tradicionais de ensino, em um determinado período. Então, curiosamente, deram aos alunos um teste antes e depois do experimento, para poderem mensurar claramente o impacto na aprendizagem dos alunos. Eles descobriram um surpreendente aumento de 76% na eficácia do aprendizado no uso dos laboratórios virtuais em relação aos métodos tradicionais. Ainda mais curiosamente, a segunda parte deste estudo investigou o impacto do professor no aprendizado. Eles descobriram que, ao combinar os laboratórios virtuais com treinamentos e orientação guiadas por um professor, houve um aumento total de 101% na eficácia de aprendizado, o que efetivamente duplica o impacto que o professor de ciências tem com o mesmo tempo gasto. Alguns meses atrás, começamos a nos perguntar: temos uma equipe dos sonhos de psicólogos da aprendizagem, professores, cientistas e desenvolvedores de jogos, então, como podemos manter nossa promessa de repensar a educação incessantemente? E hoje, estou muito ansioso para apresentar o que inventamos e temos dado muito duro para criar. Vou explicar brevemente do que falo. Basicamente, pego meu telefone celular, a maioria dos alunos já possui estes smartphones, e o conecto a estes óculos de realidade virtual de baixo custo. E agora, posso literalmente entrar neste mundo virtual. Alguns de vocês também poderão testar, porque é realmente algo que vocês precisam experimentar para sentir por completo o quão imersivo este equipamento é. A sensação é, de fato, a de estar dentro deste laboratório virtual. Vocês me veem na tela? Plateia: Sim. Michael Bodekaer: Ótimo! Basicamente, acabei de transformar meu celular em um moderno laboratório totalmente simulado com esses equipamentos incríveis com os quais posso interagir. Posso, por exemplo, pegar uma pipeta e desenvolver experimentos com ela. Tenho meu E-Gel, meu PCR e, vejam só, tenho meu sequenciador de última geração e aí tenho meu microscópio eletrônico. Quem pode carregar um microscópio eletrônico no próprio bolso? Aqui tenho meu computador, no qual posso realizar diversos experimentos. E bem aqui tenho uma porta, pela qual posso ir a outros laboratórios e realizar experimentos neles. E aqui tenho meu tablet didático. Este tablet inteligente me permite ler sobre teorias relevantes para o experimento. Como podem ver, posso interagir com ele, posso assistir vídeos e ver conteúdos pertinentes ao experimento que estiver realizando no momento. E aqui está a Marie, minha professora e minha assistente de laboratório, e ela me guia dentro do laboratório. E muito em breve, os professores poderão literalmente se "teletransportar" para o mundo virtual no qual estou agora e me auxiliar, me guiar, durante todo o experimento. E, antes de encerrarmos, quero lhes mostrar algo que acredito ser ainda mais legal, algo que não se pode fazer nem mesmo em laboratórios. Este é um aparelho de PCR. Iniciarei agora um experimento. Acabei de me encolher, literalmente, um milhão de vezes no tamanho de uma molécula. E é bem assim que me sinto; vocês têm que experimentar. Sinto como se estivesse dentro da máquina vendo todo o DNA e as moléculas. Consigo ver a polimerase, as enzimas e tudo mais. Também consigo ver, neste caso, como o DNA é replicado milhões de vezes, bem como está acontecendo dentro dos seus corpos agora. Consigo sentir e entender como tudo isso funciona. Espero que isto lhes dê uma noção geral das possibilidades proporcionadas por estas novas técnicas de ensino. Também gostaria de enfatizar que tudo que acabaram de ver também funciona em iPads e laptops sem os óculos. Digo isto por um motivo muito importante: para podermos verdadeiramente capacitar e inspirar a próxima geração de cientistas, precisamos de educadores que liderem a adoção de novas tecnologias em sala de aula. Assim, de várias maneiras, acredito que o próximo grande avanço no ensino de ciências não mais recai sobre a tecnologia, mas sim na decisão dos professores de levar adiante e adotar estas tecnologias nos ambientes educacionais. Por isso, é nosso desejo que cada vez mais universidades, escolas e professores colaborem com empresas de tecnologia para alcançar todo este potencial. Deste modo, e por fim, gostaria de deixá-los com uma pequena história que me inspira muito. É a história de Jack Andraka. Talvez alguns de vocês o conheçam. Jack inventou um novo revolucionário teste de baixo custo para o câncer de pâncreas quando tinha 15 anos. Quando Jack compartilha sua história de como chegou a tamanha descoberta, também explica que algo quase o impediu de realizá-la: ele não tinha acesso a laboratórios físicos pois não tinha experiência suficiente para ser autorizado a utilizá-los. Então imaginem se pudéssemos levar laboratórios virtuais de ponta para todos os alunos como Jack, no mundo todo, e dar-lhes os melhores e mais modernos aparelhos que vocês podem imaginar, os quais, literalmente, fariam qualquer cientista aqui saltar de tanto entusiasmo. E então imaginem como isto capacitaria e inspiraria toda uma nova geração de jovens cientistas brilhantes, prontos para inovar e mudar o mundo. Muito obrigado. (Aplausos)