Parte 4: Perguntas & Expressando e Recebendo Gratidão Esta manhã você fez uma referência ao "lamento de girafa", e [mencionou] que há uma forma diferente de pedir desculpas a alguém, e gostaria de saber como se faz isso. - Está bem, vamos ver primeiramente o que quero dizer com "lamento de girafa". Pense em algo que você tenha feito, que desejava não ter feito. [Risos] E identifique... Tente se lembrar ao máximo, de como falou com você mesma. quando você disse algo, ou fez algo, ou o que quer que tenha feito. Então, o que fez você desejar não ter feito, depois de ter feito? E me dê um exemplo do que disse para si mesma quando o fez. Você tem algum em mente? - Ok. [Uma vez] estava me sentindo na defensiva, e critiquei alguém. - Então, o que fez foi: você disse algumas coisas a outra pessoa, que desejou não ter dito. - Certo. - Ok, e o que você disse para si mesma quando você fez isso? - Normalmente, no momento, me sinto na defensiva comigo mesma. - Não, quero saber concretamente... para este exercício, eu preciso saber concretamente o que você diz para si mesma quando se comporta de forma que não gosta. - Hmm - Isto é muito importante para responder a sua pergunta sobre o "lamento de girafa", -Hmm - Muito importante para identificar o que o seu educador interno te diz. Consegue ver? Todos nós temos um educador interno, cuja função é de nos educar quando somos menos que perfeitos. Agora, a maioria de nós cometeu o erro de enviar o nosso educador interno para uma academia chacal cruel de educadores internos. e por isso, é importante estar consciente de como o nosso educador interno fala conosco. É por isso que estou te perguntando. Quando você disse o que disse ao seu marido, o que o seu educador interno... De que modo o seu educador interno tentou te educar? O que ele te disse em relação ao que você tinha feito? - No momento ou depois? - Em qualquer um deles. - Bem, o ponto em que comecei a sentir remorso ou arrependimento foi depois. - Em qualquer ponto, o que você disse a você mesma em relação a aquilo que você tinha feito? - Ok. Disse que era uma pessoa má... - Agora, isso é suficiente. Consegue ver? O seu educador interno tenta educar você através da penitência. Através de fazê-la odiar a si mesma pelo que você fez. Ele usa uma linguagem que implica que existem coisas como uma pessoa má. Tudo bem. Agora, se você pedir desculpas através dessa energia, isso é chacal. Qualquer desculpa que venha através do pensamento de que você fez algo de errado não fará bem para você ou para a outra pessoa. Você está seguindo o meu raciocínio até agora? - Eu sei que isso não parece bom. - Sim. Isso parece ruim. E quero realmente que você se sinta mal nesta situação, mas quero que você se sinta gentilmente desconfortável. Um desconforto gentil que vai lhe ajudar a aprender com isso, sem que você odeie a si mesma. Quando você coloca na sua cabeça que você é uma pessoa má, isso é um desconforto ruim. É um desconforto punitivo. Que vai primeiramente fazer com que se torne difícil de aprender. E mesmo que você aprenda, vai ser através do ódio a si mesma, então qualquer mudança que você fizer, terá um custo alto. Então, esse é o seu educador interior. Esse foi o seu educador interno falando com você quando você disse que é uma pessoa má. Agora, estivemos aprendendo hoje que todos os julgamentos são expressões de necessidades, certo? Então, o seu educador interno tem boas intenções. Ele realmente tem boas intenções. Ele quer que você aprenda com isso de um jeito que vai servir à vida. Ele tem boas intenções, é só a linguagem que não presta. Ok? Por isso nós não queremos ouvir o que o nosso educador interno pensa de nós. Nós queremos ouvir a necessidade que não está sendo atendida, e que está tentando chamar a nossa atenção. Então, qual é a necessidade que o seu educador interno está tentando chamar a sua atenção e que você não conseguiu do jeito que se comportou? - Aaah... uma necessidade de... ... estar em um relacionamento com a outra pessoa? - Uma necessidade... em que tipo de relacionamento? - De entendimento mútuo, respeitosa? - Certo Então o relacionamento não atendeu sua necessidade de ser respeitosa e entender a outra pessoa. - Isso. - E como você se sentiu quando essa necessidade não foi atendida? - Culpada. - Então você ainda estava com a imagem da "pessoa má" na cabeça. Consegue ver? Você ainda pensa que você é má... se ainda tem alguma coisa acontecendo, essa culpa vem do julgamento. - Bem, me sinto separada e isolada. Mas como você se sente? Que emoção você sente por não atender a suas próprias necessidades de entendimento e respeito? Veja, a culpa vem dessa imagem de uma pessoa má. Que sentimento vem de não atender a sua necessidade de reagir com respeito e entendimento para com esta pessoa? - Tristeza. - Essa é uma dor gentil. Este é o lamento de girafa. Então, se você disser à outra pessoa "Sabe, eu me sinto muito triste pela maneira com que falo com você." "Isso não atende a minha necessidade de respeitar e entender você." Consegue ver? Aqui não há nenhuma imagem de que sou uma pessoa má. Estou triste. Não correspondi à minha própria necessidade de te respeitar e te entender. Confirme com a outra pessoa o que ela preferiria ouvir. Se ela preferiria ouvir um lamento de girafa, ou a desculpa de que você é uma pessoa má. Sim. - Eu estou tendo um pouco de dificuldade tentando me encontrar neste modelo. Parece que tudo está... mesmo que estivéssemos falando a um nível de sentimentos, tudo parece... estou interpretando, que seja... é um tipo de nível mental em oposição a um nível emocional, embora ache que eu vá muito pela minha intuição, e estou tentando chegar lá de alguma forma. Então preciso de ajuda com isso. Basicamente, diga-me como eu poderia ser capaz de usar esta técnica na minha vida diária. para fazê-la... não. Bem, para que seja natural, sabe? Não é natural para mim operar desta forma. - A primeira coisa que recomendaria para você seria mudar a palavra "natural" para "habitual". - Fazer o quê? - Mudar a palavra "natural" para "habitual". Penso que esse processo é natural, mais natural do que o modo como você foi treinado a pensar. Então, Gandhi disse "É muito perigoso misturar as palavras "natural" e "habitual"". Ele disse "Nós fomos treinados para sermos bastante habituais em nos comunicarmos de formas que são bastante artificiais". Então, não consigo imaginar uma forma mais natural de se comunicar do que falar sobre o que está vivo em nós. É apenas o que nós estamos sentindo e necessitando. - Quando você se sente como se dissesse... Se eu me sinto como se estivesse dizendo "não", dizer "não" parece correto para mim, mas o que você estava falando antes disso... - O que você quer dizer com "correto" em "É correto dizer não"? - O que você quer dizer com o que eu quero dizer? [Risos] Podemos ir para frente e para trás. - Perdão? - Podemos ir para frente e para trás perguntando um ao outro... - Sim, então deixe-me ser mais específico. Quando você diz "não", Prevejo que ao dizer "não", mais frequentemente do que você gostaria, a outra pessoa vai reagir a você de um jeito que não vai ser-lhe muito interessante. Mas se você falar da necessidade por trás do "não", isso tenderá a acontecer menos. - Logo, então, se estou compreendendo o que você está falando, você está tentando... A ideia é se comunicar de um modo que a outra pessoa se comunicaria de volta com você, portanto isso ficará mais interessante para mim? - Estou dizendo que o propósito deste processo é satisfazer as necessidades de todo mundo, e que as necessidades são satisfeitas voluntariamente pelas pessoas, e não por nenhuma motivação coercitiva. E também digo que quando você diz "não", isso atrapalha a probabilidade de que as necessidades de todo mundo sejam cumpridas Se você disser a necessidade que o impede de dizer "sim" prevejo uma maior probabilidade de que as necessidades de todo mundo sejam satisfeitas - Então se estou entendendo bem, você está dizendo que tenho que expressar minhas necessidades sem dizer o 'não'? - Estou dizendo que a necessidade é uma expressão clara do que você quer ao dizer o "não" Você se torna mais claro e mais conectado a vida quando você diz a necessidade que o levou a não dizer o "sim", em vez do "não". E tem menos possibilidade de ser interpretado como uma rejeição, como se você estivesse na defensiva... Ao dizer apenas o "não" por si só, prevejo que existe maiores chances de que o interpretem de formas que não lhe sejam favoráveis. - Às vezes quando não escuto um "não" vejo isso como sendo uma resposta passivo-agressiva a algo que eu possa querer. Alguém... por exemplo, digamos que marco um encontro com alguém e em vez de ela dizer "não", ela apenas não aparece. E depois ela me dá uma razão do por quê não apareceu. - Sim. Não estou sugerindo isso. Não estou sugerindo essa resposta. Estou sugerindo que teria gostado que essa pessoa tivesse lhe dito honestamente naquele momento qual era a necessidade dela. Acho que se tivesse dito isso desde o princípio não teria chegado a essa situação. Ela disse um "sim" que não era um "sim". - Alguma pessoas não diriam "Temo". - Desculpe? - Digamos que a razão é que ela tem medo. - Isso vai depender bastante do que aconteceu no passado entre elas quando ela diz "não" qualquer que seja o jeito que foi dito. Se ela não recebeu respostas muito empáticas no passado, então é provável que ela tenha medo de ser honesta no presente. - Vejo que isso tudo tem o seu valor. Relamente. Imagino que essa seja a ideia de coisas como tocar-sentir que não estou muito acostumado. - O que você está tentando descobrir, se estou entendendo, é como realmente colocar isso num idioma que você pode usar no seu cotidiano e usar confortavelmente. - Essa é uma forma de colocar o problema. - Pois bem, em nossos treinamentos, primeiro mostramos às pessoas como desenvolver esse linguajar e, em seguida, como traduzir para sua fala comum. Tive um estudante que viajava comigo, e ele queria me agradecer. Ok? Ele gostou de algo que fiz. Eu vinha trabalhando pesado com o grupo. E durante o intervalo, ele disse "ditador!". Aquilo foi "girafa" porque ele sabia que eu sabia ao quê ele estava reagindo. Ele sabia que eu não ouviria um julgamento. Ele sabia que eu adivinharia ali quais eram o sentimento e a necessidade. Assim, ele podia me dizer isso: "ditador!" Então, depois que a gente consegue realmente identificar de forma clara nossos, sentimentos, necessidades, pedidos, então podemos começar a colocá-los numa linguagem que possa nos conectar com as pessoas que estamos falando. Mas nesse momento do dia, depois de um dia, ainda estou trabalhando com vocês para ter certeza que entenderam o que é um sentimento e uma necessidade, pois se vocês não entenderem isso, será muito difícil saber como colocá-los no seu próprio idioma. - Acho que estou reconhecendo chacal novaiorquino. [risadas] Tenho a impressão que se desculpar não é o melhor jeito de ser girafa. Gostaria de saber se você poderia modelar... Gostaria que você modelasse para mim um reconhecimento de "pisar na bola", mentindo corajosamente... - Se você se lembra quando mais cedo mostrei um exemplo onde falei de uma pessoa dizendo "Estou triste. Gostaria de ter respondido com mais compreensão do que respondi". - Então você não está usando "me desculpe". Vocês está dizendo "estou triste". Não é tanto as palavras "me desculpe". O que mudamos foi o pensamento de que fiz alguma coisa errada, de que isso foi mau. É esse pensamento que é o problema, e o "me desculpe" que se segue desse pensamento. Então, não que eu apenas não diga "me desculpe". Digo "estou triste", se estou triste. As palavras "me desculpe" significam quase nada. As pessoas podem dizer isso e não sentir nada. Se diz isso para comprar o perdão. Se estou me sentindo triste, digo isso. "Estou triste. Gostaria de ter sido mais atento às suas necessidades", por exemplo, quando não levei as necessidades da pessoa em consideração. Mas não vou dizer "Me desculpe, não fui muito atencioso". Aqui não existe auto-culpa. Não fiz nada de errado. Não existe isso de fazer alguma coisa errado. O que fiz não estava em harmonia com minhas necessidades. Quero lamentar isso. "Estou triste. Gostaria de ter sido mais atencioso com suas necessidades". - Algo do gênero. Isso é um exemplo? - Sem dúvida. Obrigado. - Tenho uma pergunta. Aqui, à sua esquerda. Tem uma situação com meu parceira íntima em que muitas vezes quando nos encontramos, discutimos muito e tenho essa necessidade que você disse antes que é inapropriada: Quero que ela seja feliz. - Eu não disse que era inapropriada. Disse que não era exequível. - OK, tá. É o que ela vive me dizendo. - Se você me diz para ser feliz, diga-me a ação para que isso aconteça. Isso eu posso fazer. Se me dizes uma ação que você prevê que se eu realizá-la, serei feliz no final, isso seria de muita ajuda. Diga-me a ação. Não me diga apenas para ser feliz. Não me diga para ter confiança em mim mesmo. Diga-me o que você gostaria que eu fizesse para ter confiança. A ação vai me levar até lá, mas dizer-me apenas o que sentir me coloca num círculo paradoxal. - Ok. Uma outra coisa seria que quando estamos juntos, não necessariamente tenho vontade de ir a algum lugar com ela, se ela não está num bom humor na hora ou se existe alguma tensão no ar... - Então empatize com o porque não estou de bom humor e acabarei ficando. Mas me dizer que tenho que estar de bom humor para que você queira sair comigo me coloca num humor ainda pior. - Ok. - Fico pensando se tem momentos em que Aqui. Estou sentindo um pouco de ansiedade sobre uma viagem, quero visitar minha mãe em breve e temos uma dinâmica em que ela quer muito me ajudar a perceber todos os detalhes do que estou fazendo durante minha visita, e eu gostaria que pudesse ficar em paz. - Tá, deixe-me te mostrar como fazer isso. - E tenho medo que se eu disser isso pra ela, tornará as coisas muito piores. - Ok. Vamos te ensinar como fazer... E se piorar, vamos te mostrar como desfrutar mesmo assim. Mas primeiro, deixe-me mostrar como começar. Se queremos que uma pessoa mude de comportamento, comece a comunicação mostrando a ela que o que ela vem fazendo é a coisa mais preciosa que ela poderia estar fazendo. Dessa forma: empatia. Comece empatizando com a tentativa da sua mãe em se comportar como ela faz. Mãe, imagino que quando você aparece e quer me mostrar todas as coisas que poderiam ser feitas, você realmente se importa com o meu divertimento nesta viagem e quer ter certeza de que isso vai acontecer. - Ah, sim, sim, bla, bla... - Sim, então, é bem importante pra você que eu me divirta e você quer contribuir com isso? - Sim. Esse é o primeiro passo. Entende? É o que quero dizer com começar mostrando entendimento. Agora, quanto mais a gente está preocupada com esse comportamento mais importante é é começar dessa forma. Entende? É por isso que quando trabalho em prisões, e tem um cara que abusou sexualmente de alguém, ou estuprou alguém, se eu gostaria que ele encontrasse outra forma de se comportar, a primeira coisa que preciso fazer é assegurar que ele não se odeia por ter feito o que fez. Quanto mais ele se odiar pelo que fez, mais ele vai continuar fazendo. Assim, começo empatizando com as necessidades que o levaram àquilo. Ok. Então você entendeu esse passo. O próximo passo... Aquele com o qual começamos o dia... Eu diria honestamente como me sinto. "Mãe,