Imagine o seguinte: você está num local público, digamos, um shopping. Você vê dois homens andando de mãos dadas. Você olha em volta e vê pessoas de cara feia pra eles, apontando e cochichando rudemente. Você pergunta a alguém do lado por que estão de cara feia. A pessoa responde: "Esses dois são gays. Credo". Situações assim acontecem com frequência. O casamento entre pessoas do mesmo sexo recentemente tornou-se legal nos EUA, mas será que é amplamente aceito pela sociedade? Não, não é, mas precisa ser. Desde os meus cinco anos, fui criada por duas mães. Isso mesmo. Fui criada por duas lésbicas. Cinco anos de casamento feliz. Oito anos de relacionamento feliz. Para alguns, isso pode parecer bonitinho, mas, para outros, é nojento. Minha própria mãe dizia que não podia sequer sair em público de mãos dadas com sua esposa sem que as pessoas as olhassem de cara feia. Triste, não? Um artigo intitulado "A maioria diz que a homossexualidade deveria ser aceita pela sociedade", da pewresearch.org, diz que, em 2011, 58% dos americanos apoiavam a homossexualidade, 45% apoiavam o casamento entre pessoas do mesmo sexo, mas só 14% disseram apoiar crianças serem criadas por casais gays. Fala sério. Quatorze por cento não é muito. Vou trazer à baila nossa Declaração de Independência. Uma frase famosa dela é a seguinte: "Todos os homens são criados iguais". Até hoje, em nossa sociedade moderna, por que isso não se aplica aos gays? Não me refiro apenas a gays e lésbicas. Estou me referindo a todos que não sejam "hétero". Bissexuais, pansexuais, assexuados e transgêneros, todos têm dificuldade de se encaixar na nossa sociedade e, na minha opinião, isso simplesmente não é certo. Ninguém deveria se sentir tão deslocado e tão odiado só por causa de seu amor por alguém. Amor é amor, independentemente de por quem seja. Não me levem a mal: a legalização do casamento gay é incrível, mas, francamente, do que adianta? Do que adianta, se gays e lésbicas ainda têm medo de se casar por terem pavor de que suas famílias os rejeitem, de que suas igrejas os abandonem e de serem excluídos pela sociedade? E, fala sério, o que dizer do "bullying"? A palavra "gay" é usada como insulto, tipo: "Cara, isso é muito gay", como se fosse a pior coisa do mundo. Isso faz o gay sentir que é errado ser gay. Imagine. Fala sério. As pessoas riem deles, debocham deles, os agridem. Pessoas cometem suicídio por causa disso. Pelo quê? Só por amarem quem amam? Parece bem estúpido, não é mesmo? Pessoas que se opõem à homossexualidade geralmente dizem: "Deus odeia os gays porque são todos pecadores e vão para o inferno". Desculpe, mas, primeiro, dizer isso é hipocrisia, porque quem diz isso também peca por odiar os gays. Segundo, por favor me mostrem onde isso está escrito na bíblia, porque não está. Deus não odeia ninguém. Bom, agora preciso que você imagine outra coisa. Imagine a situação inversa. Imagine viver numa sociedade na qual a norma fosse ser gay, e ser hétero fosse considerado estranho. E digamos que você fosse hétero. Você tem de andar escondido com seu namorado ou namorada, pois tem pavor do que os outros vão pensar. Só por ser um rapaz que ama uma moça, ou uma moça que ama uma rapaz, você tem medo de que a sociedade homossexual não aceite vocês. Como você se sente? Rejeitado? Mal-amado? Sem importância? Totalmente inútil? Bem, sabe de uma coisa? É assim que muitos gays, bissexuais, pansexuais e transgêneros se sentem todos os dias. Mas sabe de uma coisa? Eles não têm se sentir assim. Se nós, como país, aprendermos a aceitar as pessoas como elas são, ninguém terá de se sentir tão rejeitado, mal-amado, sem importância e inútil. As pessoas podem ser amadas por suas famílias, acolhidas por suas igrejas e aceitas pela sociedade. Precisamos ficar felizes pela comunidade gay por eles saberem quem são e quem amam, mesmo que seja alguém do mesmo sexo. Os gays são seres humanos, como qualquer outra pessoa, e não devem ser tratados de forma diferente. Então, vista as cores do arco-íris, porque ser gay não é errado. Obrigada. (Aplausos)