Este episódio de "É o fim do mundo como
o conhecemos e estou de boa"
existe graças às contribuições
de escravos como você.
Muito obrigado!
Bill Clinton virou presidente
com a idédia de usar o poder político
para transformar a américa.
Mas foi convencido
a entregar esse poder
aos mercados financeiros
com a promessa de que, dessa vez,
criariam um novo tipo de estabilidade.
Uma nova democracia
livre da corrupção das elites políticas.
Mas foi ficando claro que,
na verdade, o poder político da américa
apenas foi transferida para outra elite:
os financistas de wall street.
E diante de uma crise,
simplesmente usaram esse poder
para salvar eles mesmos.
Nisso,
longe de criarem estabilidade,
suas ações levaram a um mundo
caótico e bem menos estável.
Boooooooooooooooooooooom dia escravos
e bem-vindos a uma nova sedição de
É O Fim Do Mundo Como O Conhecemos
E Estou De Boa... O programa onde
não precisa ser um monge tibetano
para ouvir o som de um aplauso de uma mão.
Fela da puta!
Detonou minha orelha!
Sou seu apresentador o Stimulator,
e se você for geração X como eu
deve se lembrar o início dos anos 90
como uma puta magia sem fim.
NAS tinha acabado de soltar Ill-matic...
No mundo todo o povo era
doidão nas raves...
e todos tivemos nossa primeira impressão
de como era surfar na internet.
A primeira coisa a saber
é que a internet é fantástica
e muda todo dia.
Uma vez sabendo como
se conectar, vai ver
páginas web por toda parte.
Programas de TV têm, escolas,
a disneilândia... Até mesmo a casa branca.
O que é uma página web...
Uma pista de pouso para patos?
E aí, para coroar tudo,
em 1993, o presidente saxofonista
maneiro americano Bill Clint
nos explicou como um novo acordo comercial
chamado NAFTA
ia fazer do mundo um lugar melhor,
próspero pa caralho.
Tomamos uma decisão
que vai nos deixar criar
uma ordem econômica no mundo que vai
promover mais crescimento
mais igualdade,
preservar melhor o meio ambiente,
e melhorar as chances de paz mundial.
Maaaaaaaaas como todo político,
Super Bill só falava merda.
Colarinhos azuis dos EisRatos Unidos
e Klanadá se fuderam com NAFTA,
milhões perdendo o emprego por conta
de terceirização,
enquanto milhões de pequenos produtores
mexicanos perdiam seus meios de subsistência,
levando a uma crise de migração em massa
que continua inabalada
até hoje.
Pulando mais de 20 aos para a frente
e os políticos ainda estão
com a porra dos mesmos truques.
Confundiram os acordos comerciais RUINS
do passado com este,
que é o primeiro que
conseguimos acertar
na mosca.
Dá para entender porque a galera
trabalhista, e alguns progressistas,
estão com um pé atrás no geral,
por conta da experiência passada
Mas, meu ponto é: não lute a
última guerra. Vamos esperar para ver
o que realmente tem NESTE acordo.
A última incarnação do NAFTA, o TPP,
ou Total Porrada no Proletariado
foi expandido para incluir
mais 9 países,
e foi apelidado pelos
seus críticos de NAFTA turbinado.
Após anos de negociações ultra secretas
esses Tremendos Putos Podres
finalmente soltaram o conteúdo
do acordo em novembro. Desde então,
advogados corporativos bem caros
lá dos EisRatos Unidos acrescentaram
suas camadas de verniz cor-de-bosta
garantindo ainda mais proteção dos
direitos intelectuais das grandes empresas
Venho por meio desta informá-los,
pelos poderes a mim concedidos
no capítulo 47 inciso 7 da súmula 438476
que o Sr Archibald Buttle, morando
em Torres Shangrila, Torre Norte, número 412
foi convidado para apoiar o
Ministério da Informação com certos
inquéritos e que está responsável por
certas obrigações financeiras como
especificado na súmula RB/CZ/907/X.
Assine aqui por favor.
Essa reescrita sutil terá graves
implicações sobre o custo de remédios
nos países mais pobres da américa latina
e no sudeste asiático, e vai
forçar governos em todos os 12 países
a criminalizar até as menores
infrações de direitos autorais
Ow, Stim...
Eu sei, Agitator.
Vamos pra porra da cadeia!
Baixar filmes é roubo!
Se você fizer isso...
VAI sofrer as consequências.
O Todopoderoso Perseguidor do Povo
foi assinado em 4 de fevereiro
em Auckland, na Nova Zelândia,
enquanto milhares de pessoas iam às ruas
para denunciar seus
governos como os fantoches das elites
corporativas internacionais que são.
Enormes protestos também sacudiram
as ruas do Chile e em Lima, Perú
onde 5,000 militantes se reuniram
na quinta, dia 25 de fevereiro
jogando cocktails molotovs na cara da
puliça que reagiu atirando munições reais.
Rejeitamos o TPP porque é
mais um passo, mais uma tentativa
pelos governos que se ajoelham diante
dos capitalistas e das grandes empresas
Maaaaaaaas os maiores protestos de longe
foram registrados no Japão.
Olhe essa porra!
Tenso!
O Projeto de Poder Transnacional
agora precisa apenas ser ratificado
pelos governos de cada país participante
para se tornar oficialmente lei.
Aqui no Klanadá...
enquanto Justin Trudeau oficialmente
ainda vai tomar sua
decisão, é óbvio pra caralho
que vai usar sua maioria no parlamento
para empurrar isso.
Porque vamos ser claros...
como explica Chrystia Freeland,
Ministra do comércio exterior de Trudeau,
quando o assunto é foder com o povo...
É meu trabalho... e o trabalho
das grandes empresas canadenses.
Em outras notícias, no sábado dia 27
de fevereiro em anaheim, na califórnia,
militantes anti-racistas
entraram em confronto com membros do KKK
que iam à merda de um encontro racista,
e desceram a porrada neles.
Durante a rixa, alguns camaradas foram
esfaqueados, um deles com
a ponta afiada de um mastro de bandeira,
e sete deles foram presos.
Os grupos Copwatch Santa Ana
e a Cruz Negra Anarquista de Los Angeles
estão arrecadando doações para ajudar
com as contas de hospital
e advogado desses camaradas.
Para mais informações sobre como
ajudar, procure no meu site:
Em outubro do ano passado o que é chamado de áfrica do sul
foi sacudido por um forte movimento
estudantil que paralisou o país
com 3 semanas de protestos intensos
desencadeados por uma proposta de aumento das mensalidades.
Sob a bandeira #FeesMustFall ("Mensalidades Precisam Cair"),
milhares de estudantes putos
invadiram a esquadra do parlamento
da cidade do cabo,
e dominaram o quartel geral
do African National Congress ou ANC
em durban e johannesburg.
A onda de luta cumlinou no dia 23 de
outubro, quando dezenas de milhares
de manifestantes se reuniram em frente ao escritório
do braço direito do governo,
o corrupto neoliberal Jacob Zuma,
se metendo com os puliça
e incendiando alguns banheiros
químicos. Diante da determinação
inabalável dos manifestantes,
e o caralho do tamanho da multidão,
Zuma cedeu.
Haverá zero aumento
das mensalidades das faculdades.
Maaaaaaaaas em véz de se satisfazerem
com essa concessão mínima,
os organizadores estudantis ficaram
de olho no prêmio...
Nomeadamente, educação universal gratuita
e o fim do racismo estrutural profundo
que continua dividindo a nação
entre ricos e pobres.
Apesar da queda do apartheid em 1994,
a áfrica do sul continua sendo o país
mais economicamente polarizado do mundo.
Na verdade, sob o ANC, a desigualdade
só piorou.
Quase 80% da população
é indígena africana, mas
graças à História colonial do país,
os brancos ainda possuem mais de 70%
do caralho das terras.
E apesar de ser a segunda maior
economia da africa,
milhões vivem
em favelas rurais que se alastram, lutando
para sobreviver com menos de $1 por dia.
A vida é muito dura.
Somos mais de 40
dividindo um banheiro e uma torneira.
Zuma esteve nas últimas desde 2013,
depois das revelações de que gastou
toneladas de dinheiro público
em reformas luxuosas na sua casa.
Nos últimos meses, um movimento crescente
tem pedido seu impeachment
e o fim dos 22 anos
de dominação do ANC.
Então... nesse contexto de
crise política, o movimento estudantil
voltou a explodir
no meio de fevereiro, para lembrar
ao povo que a merda continua.
No dia 15 de fevereiro,
estudantes da universidade da cidade
do cabo levantaram uma favela improvisada
no campus para salientar a falta
de moradia acessível para os estudantes.
Uzomi responderam com bombas de efeito
moral, o que desencadeou os eventos.
Os militantes logo incendiaram 2 veículos,
inclusive uma van da universidade,
e partiram para cima dos homi
em lutas de rua
até tarde da noite.
No dia 22 de fevereiro,
estudantes e funcionários do
campus da universidade de
Free State interromperam um jogo de rugby
para mostrarem sua oposição à
terceirização dos funcionários, e em
solidariedade com os trabalhadores que estavam
de greve. Logo depois da intervenção, uma turba
de espectadores brancos dominou o campo
e começou a atacar os manifestantes
numa demonstração de violência racista nojenta.
2 dias depois
na universidade North West em mafiking
o administrador nomeou um novo conselho
de representantes estudantis
depois de ter dissolvido o anterior
por ser radical demais.
Durante os protestos que
seguiram, um segurança privado atirou
com munições reais
com alguns relatos sugerindo
que um estudando foi morto.
Em resposta, militantes incendiaram alguns
prédios do campus, levando
a uma suspensão total das aulas.
No momento da redação deste texto,
os protestos continuam
em várias universidades país afora,
e não mostram nenhum sinal
de enfraquecimento.
Para saber mais sobre essa
situação, falei há pouco com Alex Hotz,
um membro de #RhodesMustFall (Rhodes tem que cair),
um grupo popular de estudantes
que se formou em março de 2015
e que tem uma grande força no movimento
estudantil desde então.
E aí Alex... como anda?
Hmmm... esta é uma pergunta difícil
Estou sobrevivendo.
Para os espectadores que podem não estar
sabendo, quem era Cecil Rhodes?
E porque o povo quer que sua estátua seja removida
do campus da universidade da cidade do cabo?
Cecil John Rhodes é um símbolo da supremacia
branca. Foi um colonialista...
Foi um dos primeiros governadores
britânicos na áfrica do sul colonizada,
e ele dizimou os recursos do país,
comandou o genocídio de milhões de negros
e escravizou eles quando não os matou.
Foi também o fundador do capitalismo
racializado neste país, porque ele criou
as primeiras enormes mineradoras
que exploraram a força de trabalho barata
dos negros.
Nos últimos anos, estudantes de
2o grau e univerdidade
do chamado quebec até o chile
mostraram que quando os estudantes
se organizam, podem ser uma puta
força a ser levada em conta.
Podemos falar um pouco mais sobre como
este movimento estudantil
se espalhou na áfrica do sul
e como é organizado?
Vimos o governos da áfrica do sul
se tornar muito repressivo e
praticamente imitar o estado do apartheid.
A repressão é forte então...
Truculência da polícia, repressão dos ativistas.
Assim foi um pouco difícil
nos coordenarmos da mesma maneira que
os estudantes chilenos,
indianos, de montreal, etc.
O que temos agora é um país
profundamente polarizado e estudantes
que estão ingressando em instituições que
não tiveram nenhuma mudança... são quase idênticas.
Existem da mesma maneira
que sob o apartheid.
Agora os estudantes negros precisam
ingressar nessas instituições e sofrem
violência psicológica e epistêmica
incrível, mas também violência física...
como vimos recentemente das gerências
brancas das universidades e da polícia.
E assim foi incrível ver como
os protestos se espalharam.
Começaram, chegaram aqui,
tivemos um bloqueio nacional que
coordenamos pelo whatsapp e, sabe,
facebook, etc, etc. E está
claramente ficando mais difícil fazer isso
porque sabemos que o Estado, por via
da agência nacional de inteligência,
tenta infiltrar os movimentos,
e espiar muitos de nós.
Vimos no ano passado um nível
incrível de mobilização
pelo movimento #FeesMustFall, o que
no final das contas conseguiu reverter
o aumento das mensalidades planejado.
Como quem era desse movimento
foi capaz de manter o ritmo depois
dessa conquista inicial?
Acho que para nós, para muitos de nós,
nunca foi pelo aumento zero.
Queríamos educação gratuita
e ainda queremos, bem como
o fim da terceirização em todas
essas instituições.
Sendo assim, mesmo sendo uma vitória,
e foi usada para nos demobilizar,
sabe, muitos estudantes que apoiaram
e foram ativos no #FeesMustFall, foi
interessante ver as massas de estudantes
que se juntaram ao #FeesMustFall, e acho
que foi porque nunca empurramos uma
política radical da mesma forma
que empurramos no #RhodesMustFall,
onde temos pilares ideológicos como
a consciência negra, o panafricanismo,
o feminismo radical negro...
por isso foi capaz de agregar massas
de estudantes que não necessariamente,
que nunca foram politizados antes,
e para quem foi suas primeiras
passeatas ou protestos ativos.
Acho que foi útil lançar
esse tipo de mobilização para o mundo, e
para que o povo enxergue
a violência da polícia e das gerências
que os estudantes enfrentam por demandas
tão simples e pacíficas, e como isso
foi tratado com a violência do Estado
e das instituições.
Foi muito difícil, mas acho que está claro
num país com tanta desigualdade
e pobreza e racismo, onde os estudantes
negros são completamente
marginalizados pelas instituições
que a educação gratuita deve se tornar
realidade em 2016 para que a
maioria negra desse país seja capaz
de entrar nessas instituições sem ser
excluída.
Pelo seu papel histórico na luta
contra o apartheid,
o Congresso Nacional Africano ou ANC
é visto por muitos no mundo como o
porta-bandeira da luta anticolonial
em geral.
Mas muitos, inclusive membros do
%RhodesMustFall, têm a impressão que o ANC
traiu sua missão inicial.
Como assim?
Passamos por um acordo negociado com o
regime do apartheid, o que
significa que muitas das ferramentas
de opressão que existiam neste país
para repressão, marginalização,
opressão e exploração dos negros
ainda estão intocadas, especialmente
a economia do país.
Assim, a mineração ficou intocada...
A agricultura... Alguns poucos
mantiveram a riqueza. Os brancos
ficaram com as terras...
E nunca foi visto... Os negros até hoje
não tiveram nenhuma redistribuição,
nem mesmo compensação ou reparação
para o que aconteceu com a gente
neste país.
É isso que acho, para mim o ANC continua
sendo como uma proteção e um guardião
para a supremacia branca, o patriarcado
branco capitalista.
E sua postura agora, como Fanon
diria, é que é a classe
marcantil, o intermédio entre quem ainda
tem o poder,
e a maioria negra.
O ANC está enfrentando um desafio
da esquerda, vindo de um novo partido chamado
Combatentes pela Liberdade Econômica
ou EFF.
Qual é a relação entre o movimento
estudantil e a EFF?
E acha que a traição do ANC
gerou muitas das opiniões dos sul africanos
sobre a política eleitoral tradicional?
A ascensão da EFF, eu acho, é muito
importante neste país como desafio à noção
de que esta geração é
apática ou apolítica.
E pode ver que a EFF, em pouco tempo,
ganhou um imenso apoio.
E a EFF, igual ao ANC, tem uma enorme
quantidade de contradições...
Muitos vêm do ANC e cresceram
com ele, e em outros movimentos
muito próximos a ele,
como [inaudível] e a Jovem Liga Comunista
e a Liga ANC, que são todas
ligadas ao ANC.
E dá para saber que falam de liberdade
econômica, etc, e de nacionalizar a
economia, mas há o desafio de como,
dentro da organização, o materialismo
é aceito pela liderança, sem ser
contestado.
A áfrica do sul tem diversos outros
movimentos sociais fortes, como seus
sindicatos, e o movimento dos favelados,
Abahlali baseMjondolo ou AbM, que entendo
ter uma ampla representação na
cidade do cabo.
Tem tido muita duplicidade e solidariedade
entre os estudantes e alguns
desses movimentos sociais?
Acho que para nós, ver a ascensão de
movimentos sociais como
Abahali baseMjondolo, e como colocaram
a questão da moradia e das terras
à frente dos debates
e discussões foi incrivelmente
importante. Mas acho que
outra coisa muito
interessante é nosso compromisso como
jovens com essas organizações políticas e
movimentos sociais, ver que como jovens...
de uma geração à outra, sabe,
estamos forjando nossa própria luta e
estamos lutando nossas próprias lutas...
e queremos seu apoio. Mas de uma maneira
que não seja condescendente, sem nos
dizer o que fazer, mas de verdade sermos
capazes de aprender juntos e desaprender
juntos e construir um movimento mais
amplo. Porque sabemos que
não daremos conta de fazer isso sozinhos.
Tem algo a acrescentar?
Talvez apenas dizer que acho crítico
construirmos uma solidariedade realmente
transnacional como jovens e estudantes
ao redor do mundo.
Para apoiar estudantes na índia,
no chile, no brasil,
américa do sul, canadá, kênia...
que estão enfrentando as mesmas coisas
que nós... em países onde somos
reprimidos, brutalizados, etc.
Acho que podemos aprender muito um com
os outros, e nos apoiarmos.
Valeu Alex!
E é mais ou menos isso para esta sedição de
É O Fim Do Mundo Como O Conhecemos
E Estou De Boa
Se quiser conhecer o nome das músicas
que tocadamos, os trechos de filmes
ou se inscrever ao nosso podcast,
ou lista de difusão, visite
meu site:
Caso não saiba, este show é financiado
por micro-doações de escravos assalariados
que preferem receber notícias deste
amalgamo flutuante.
Então... meu amor imortal vai esta semana
para os escravos seguintes: Marisol, Joseph
Kirk, Willie, Gerrard, Justina, Jeremy,
Reto, Renzo, Yvanne, Sebastien,
Christopher, Alexandra, Ricky, Andrew,
Jason, Dylan, Mason, Massiege, Sara,
Gregory, Jennifer, Martin, Jonathan, Max,
Gomo, Jonathan, Kyle, Stephen, Miguel
e... Shannon
Teguino!
Quero também dar as bem-vindas para os
mais novos membros da taconspiração...
Christopher, Stinsky e Daniel.
Chermole!
Fique ligado na próxima, para mais
notícias da puta resistência global
Que la passen chingon camaradas!