WEBVTT 00:00:00.506 --> 00:00:02.229 Bem, eu sou oceanógrafa química. 00:00:02.229 --> 00:00:04.342 Eu observo a química dos oceanos hoje. 00:00:04.346 --> 00:00:07.370 Eu observo a química dos oceanos no passado. 00:00:07.370 --> 00:00:09.454 A maneira como observo o passado 00:00:09.468 --> 00:00:12.629 é usando restos fossilizados de corais de águas profundas. 00:00:12.633 --> 00:00:15.295 Podem ver uma imagem de um desses corais aqui atrás. 00:00:15.309 --> 00:00:19.775 Esse foi coletado próximo à Antártica, milhares de metros debaixo do mar, 00:00:19.775 --> 00:00:21.851 bem diferente dos tipos de corais 00:00:21.851 --> 00:00:25.442 que vocês talvez tenham tido a sorte de ver em uma viagem tropical. NOTE Paragraph 00:00:25.442 --> 00:00:30.012 E espero que essa palestra possa dar-lhes uma visão em quatro dimensões do oceano. 00:00:30.015 --> 00:00:33.156 Duas dimensões, como essa bela imagem bidimensional 00:00:33.156 --> 00:00:35.110 da temperatura na superfície marítima. 00:00:35.110 --> 00:00:39.128 Foi criada usando satélites, portanto tem ótima resolução espacial. 00:00:39.898 --> 00:00:42.794 As características gerais são simples de entender. 00:00:42.794 --> 00:00:46.482 As zonas equatoriais são quentes pois há mais luz solar. 00:00:46.482 --> 00:00:49.172 As zonas polares são frias pois há menos luz solar. 00:00:49.186 --> 00:00:52.477 E isso permite a formação de grandes calotas de gelo na Antártica 00:00:52.477 --> 00:00:54.301 e no Hemisfério Norte. 00:00:54.301 --> 00:00:57.691 Se você for às profundezas do mar, ou até mesmo molhar o pé no mar, 00:00:57.691 --> 00:00:59.994 você sabe que fica mais frio quanto mais fundo, 00:00:59.994 --> 00:01:03.717 e isso é porque as águas profundas que preenchem os abismos do oceano 00:01:03.717 --> 00:01:06.876 vêm das frias regiões polares onde as águas são densas. NOTE Paragraph 00:01:07.845 --> 00:01:10.971 Se voltarmos 20 mil anos no tempo, 00:01:10.975 --> 00:01:12.865 a Terra era muito diferente. 00:01:12.865 --> 00:01:16.356 E eu acabei de mostrar um desenho de uma das maiores diferenças 00:01:16.356 --> 00:01:18.645 que teríamos visto se voltássemos àquela época. 00:01:18.645 --> 00:01:20.341 As calotas eram muito maiores. 00:01:20.341 --> 00:01:23.972 Cobriam uma grande parte do continente, e se estendiam pelo oceano. 00:01:23.986 --> 00:01:26.499 O nível do mar estava 120 m mais baixo. 00:01:26.503 --> 00:01:30.077 Os níveis de dióxido de carbono eram muito mais baixos que os atuais. 00:01:30.077 --> 00:01:33.745 E a Terra estava entre três e cinco graus mais fria em média, 00:01:33.745 --> 00:01:36.559 e muitíssimo mais fria nas regiões polares. NOTE Paragraph 00:01:37.908 --> 00:01:41.522 O que eu e outros colegas estamos tentando entender, 00:01:41.522 --> 00:01:44.401 é como passamos daquela condição climática fria 00:01:44.401 --> 00:01:47.571 para a condição climática quente de que desfrutamos hoje. 00:01:47.571 --> 00:01:49.694 Sabemos por pesquisa de núcleo de gelo 00:01:49.698 --> 00:01:52.808 que a transição dessas condições frias para condições quentes 00:01:52.808 --> 00:01:57.550 não foi gradual, como se esperaria do lento aumento de radiação solar. 00:01:58.153 --> 00:02:01.404 E sabemos isso por núcleos de gelo, pois quando perfuramos o gelo, 00:02:01.414 --> 00:02:04.699 encontramos faixas anuais de gelo, e podemos vê-las no iceberg. 00:02:04.703 --> 00:02:06.714 Vemos aquelas camadas azuis e brancas. 00:02:06.718 --> 00:02:10.384 Os gases ficam presos nos núcleos de gelo, e assim conseguimos medir o CO2; 00:02:10.384 --> 00:02:12.823 é assim que sabemos que havia menos CO2 no passado; 00:02:12.823 --> 00:02:15.810 e a química do gelo também nos informa sobre a temperatura 00:02:15.810 --> 00:02:17.289 nas regiões polares. 00:02:17.289 --> 00:02:20.972 E se avançarmos no tempo, de 20 mil anos atrás aos dias atuais, 00:02:20.976 --> 00:02:22.815 vemos que a temperatura subiu. 00:02:22.815 --> 00:02:24.454 Não subiu aos poucos. 00:02:24.458 --> 00:02:26.266 Às vezes subiu rapidamente, 00:02:26.266 --> 00:02:27.524 e ficava estável, 00:02:27.528 --> 00:02:28.833 e aumentava rapidamente. 00:02:28.833 --> 00:02:30.841 Foi diferente nas duas regiões polares, 00:02:30.841 --> 00:02:33.570 e CO2 também aumentou aos saltos. NOTE Paragraph 00:02:34.808 --> 00:02:37.884 E temos bastante certeza que o oceano tem muito a ver com isso. 00:02:37.884 --> 00:02:40.284 O oceano armazena enormes quantidades de carbono, 00:02:40.284 --> 00:02:42.852 cerca de 60 vezes mais do que o que há na atmosfera. 00:02:42.852 --> 00:02:46.088 Também serve para transportar o calor através do equador, 00:02:46.088 --> 00:02:49.841 E o oceano é cheio de nutrientes e controla a produtividade primária. NOTE Paragraph 00:02:50.142 --> 00:02:53.166 Portanto, se quisermos entender o que acontece no fundo do mar, 00:02:53.166 --> 00:02:54.773 realmente temos que ir até lá, 00:02:54.773 --> 00:02:57.363 ver o que há lá e começar a explorar. 00:02:57.391 --> 00:03:00.076 Eis um vídeo espetacular de uma montanha submarina 00:03:00.076 --> 00:03:02.795 a um quilômetro de profundidade em águas internacionais 00:03:02.795 --> 00:03:05.433 no Atlântico equatorial, longe do continente. 00:03:05.433 --> 00:03:08.666 Vocês são alguns dos primeiros a ver esse pedaço do fundo do mar, 00:03:08.666 --> 00:03:11.220 junto com minha equipe de pesquisa. 00:03:11.220 --> 00:03:13.084 Aí provavelmente há novas espécies. 00:03:13.088 --> 00:03:14.280 Nós não sabemos. 00:03:14.284 --> 00:03:17.974 Teríamos que coletar as amostras e realizar uma taxonomia bem intensiva. 00:03:17.974 --> 00:03:19.891 Dá para var belos corais coloridos. 00:03:19.891 --> 00:03:22.239 Há estrelas quebradiças crescendo nesses corais. 00:03:22.239 --> 00:03:25.213 São as coisas que parecem tentáculos saindo dos corais. 00:03:25.213 --> 00:03:28.129 Há corais feitos de diferentes formas de carbonato de cálcio 00:03:28.129 --> 00:03:31.555 crescendo no basalto dessa enorme montanha submarina, 00:03:31.555 --> 00:03:34.933 e o material meio escuro, esses são os corais fossilizados, 00:03:34.933 --> 00:03:36.808 e vamos falar um pouco mais sobre eles 00:03:36.808 --> 00:03:39.030 à medida que voltamos no tempo. NOTE Paragraph 00:03:39.030 --> 00:03:41.535 Para isso, precisamos fretar um barco de pesquisa. 00:03:41.539 --> 00:03:44.609 Esse é o James Cook, uma embarcação de pesquisa oceânica 00:03:44.609 --> 00:03:45.913 ancorado em Tenerife. 00:03:45.913 --> 00:03:47.494 É bonito, não é? 00:03:47.494 --> 00:03:49.694 Ótimo, se você não for um grande marinheiro. 00:03:49.702 --> 00:03:52.236 Às vezes ele fica mais assim. 00:03:52.236 --> 00:03:55.479 Aqui estamos nós garantindo a preservação de amostras preciosas. 00:03:55.479 --> 00:03:58.290 Todos correndo, e eu fico com um enjoo terrível, 00:03:58.294 --> 00:04:01.308 portanto não é sempre divertido, mas em geral é. NOTE Paragraph 00:04:01.312 --> 00:04:04.138 E nós temos que ser muito bons mapeadores para fazer isso. 00:04:04.138 --> 00:04:07.691 Não se vê essa espetacular abundância de corais em todo lugar. 00:04:07.691 --> 00:04:10.389 É global e é profunda, 00:04:10.389 --> 00:04:13.057 mas temos que encontrar realmente os melhores lugares. 00:04:13.057 --> 00:04:16.253 Acabamos de ver um mapa-múndi e sobreposta estava nossa passagem 00:04:16.257 --> 00:04:17.450 do ano passado. 00:04:17.450 --> 00:04:19.386 Foi um cruzeiro de sete semanas, 00:04:19.390 --> 00:04:21.874 e aqui somos nós, tendo criado nossos próprios mapas 00:04:21.874 --> 00:04:25.529 de cerca de 75 mil km² do fundo do mar em sete semanas, 00:04:25.533 --> 00:04:28.059 mas isso é só uma pequena fração do fundo do mar. 00:04:28.059 --> 00:04:30.118 Estamos viajando do oeste para o leste, 00:04:30.118 --> 00:04:33.356 sobre uma parte que seria inexpressiva em um mapa de grande escala, 00:04:33.356 --> 00:04:36.893 mas, na verdade, algumas dessas montanhas são tão altas quanto o Everest. 00:04:36.893 --> 00:04:38.700 E com os mapas que criamos a bordo, 00:04:38.700 --> 00:04:40.722 temos uma resolução de cerca de 100 metros, 00:04:40.722 --> 00:04:43.705 suficiente para detectar áreas para lançar nosso equipamento, 00:04:43.705 --> 00:04:45.723 mas não o suficiente para ver muita coisa. 00:04:45.723 --> 00:04:48.469 Para isso, precisamos pilotar veículos de controle remoto 00:04:48.469 --> 00:04:50.677 a cerca de cinco metros acima do fundo do mar. 00:04:50.677 --> 00:04:53.756 E, se fizermos isso, conseguimos mapas com resolução de um metro 00:04:53.756 --> 00:04:55.874 a milhares de metros de profundidade. 00:04:55.874 --> 00:04:59.950 Este é um veículo de controle remoto para pesquisa. 00:04:59.950 --> 00:05:02.546 Dá para ver uma série de grandes luzes em cima. 00:05:02.546 --> 00:05:05.615 Há câmeras de alta definição, braços para manipulação, 00:05:05.619 --> 00:05:08.532 e várias caixas e coisinhas para depositar as amostras. NOTE Paragraph 00:05:09.087 --> 00:05:12.619 Aqui estamos no nosso primeiro mergulho desse cruzeiro, 00:05:12.619 --> 00:05:14.239 imergindo no oceano. 00:05:14.239 --> 00:05:17.292 Vamos bem rápido para garantir que os veículos de controle remoto 00:05:17.292 --> 00:05:19.319 não sejam afetados por outros navios. 00:05:19.319 --> 00:05:20.421 E descemos, 00:05:20.425 --> 00:05:22.629 e esse é o tipo de coisa que se vê. 00:05:22.629 --> 00:05:26.123 Essas são esponjas marinhas, à escala. 00:05:26.817 --> 00:05:31.029 Esse é uma holotúria nadando: basicamente uma lesma marinha. 00:05:31.029 --> 00:05:32.306 Aqui está desacelerado. 00:05:32.306 --> 00:05:34.919 A maioria dos vídeos que estou mostrando está acelerada, 00:05:34.919 --> 00:05:36.891 porque isso tudo demora muito. 00:05:37.474 --> 00:05:40.413 Aqui também uma bela holotúria. 00:05:40.897 --> 00:05:43.853 E esse animal que vai aparecer subindo foi uma grande surpresa. 00:05:43.853 --> 00:05:46.609 Eu nunca vi nada como isso, e nos deixou todos surpresos. 00:05:46.609 --> 00:05:50.037 Depois de umas 15 horas de trabalho, estávamos todos um pouco irritados, 00:05:50.037 --> 00:05:53.538 e de repente esse monstro marinho gigante passou nadando. 00:05:53.538 --> 00:05:56.938 Chama-se pirossomo, ou tunicata colonial, se preferirem. 00:05:56.938 --> 00:05:58.749 Não era o que estávamos procurando. 00:05:58.749 --> 00:06:01.399 estávamos procurando por corais de águas profundas. 00:06:02.194 --> 00:06:04.522 Logo vamos ver a imagem de um. 00:06:04.522 --> 00:06:07.191 É pequeno, cerca de cinco centímetros de altura. 00:06:07.191 --> 00:06:10.513 É feito de carbonate de cálcio, e dá para ver seus tentáculos. 00:06:10.517 --> 00:06:12.648 movendo-se com as correntes do oceano. 00:06:13.180 --> 00:06:16.321 Um organismo desses provavelmente vive por cerca de cem anos. 00:06:16.321 --> 00:06:19.599 E, enquanto cresce, absorve substâncias do oceano. 00:06:19.599 --> 00:06:22.079 E as substâncias, ou a quantidade de substâncias, 00:06:22.079 --> 00:06:26.197 depende da temperatura; depende do pH e dos nutrientes. 00:06:26.197 --> 00:06:29.641 E se conseguirmos entender como esses nutrientes entram no esqueleto, 00:06:29.641 --> 00:06:32.163 podemos voltar, coletar espécimes fósseis, 00:06:32.163 --> 00:06:35.361 e reconstruir o oceano como ele era no passado. 00:06:35.361 --> 00:06:38.755 E aqui estamos coletando um coral com um sistema a vácuo, 00:06:38.755 --> 00:06:41.170 e colocando-o num frasco de amostra. 00:06:41.170 --> 00:06:43.463 Devo dizer que o fazemos com bastante cuidado. NOTE Paragraph 00:06:43.463 --> 00:06:45.908 Alguns desses organismos chegam a viver mais tempo. 00:06:45.908 --> 00:06:49.334 Este é um coral negro, o "Leiopathes", numa foto do meu colega 00:06:49.334 --> 00:06:52.584 Brendan Roark, tirada a cerca de 500 m de profundidade no Havaí. 00:06:52.584 --> 00:06:54.862 Quatro mil anos é muito tempo. 00:06:54.862 --> 00:06:58.097 Coletamos e polimos um ramo de um desses corais. 00:06:58.101 --> 00:07:00.653 Este tem cerca de 100 micrômetros de espessura, 00:07:00.653 --> 00:07:03.304 e Brendan o analisou, 00:07:03.304 --> 00:07:05.114 dá para ver as marcas, 00:07:05.114 --> 00:07:08.061 que ele mostrou serem anéis anuais. 00:07:08.061 --> 00:07:10.024 Portanto, mesmo a 500 m de profundidade, 00:07:10.028 --> 00:07:12.816 os corais conseguem registrar as mudanças sazonais, 00:07:12.820 --> 00:07:14.572 o que é fantástico. NOTE Paragraph 00:07:14.576 --> 00:07:18.358 Mas 4 mil anos não é suficiente para nos levar à última máxima glacial. 00:07:18.358 --> 00:07:19.596 Então, o que fizemos? 00:07:19.596 --> 00:07:21.587 Fomos atrás dessas espécies fósseis. 00:07:22.180 --> 00:07:25.101 Isso é o que me torna tão impopular com meu grupo de pesquisa: 00:07:25.101 --> 00:07:26.049 continuando, 00:07:26.049 --> 00:07:27.977 há tubarões gigantes por toda a parte, 00:07:27.977 --> 00:07:30.479 há piossomos, há holotúrias nadadoras, 00:07:30.479 --> 00:07:31.708 esponjas gigantes, 00:07:31.708 --> 00:07:34.403 mas faço todo mundo mergulhar em áreas de fósseis mortos 00:07:34.403 --> 00:07:37.943 e passar horas cavucando o fundo do mar. 00:07:37.947 --> 00:07:41.326 Aí, coletamos os corais, trazemos para cima e os separamos. 00:07:41.326 --> 00:07:43.651 Cada um é de uma era diferente, 00:07:43.655 --> 00:07:45.570 mas, se conseguirmos descobrir sua idade 00:07:45.570 --> 00:07:48.106 e medir esses sinais químicos, 00:07:48.106 --> 00:07:49.588 isso vai nos ajudar a descobrir 00:07:49.588 --> 00:07:52.065 o que acontecia no oceano no passado. NOTE Paragraph 00:07:52.558 --> 00:07:54.246 Assim, na imagem à esquerda, 00:07:54.246 --> 00:07:57.312 peguei uma lâmina de um coral e poli cuidadosamente, 00:07:57.312 --> 00:07:59.342 e tirei uma foto pelo microscópio. 00:07:59.342 --> 00:08:03.568 À direita, pegamos o mesmo coral, colocamos num reator nuclear, 00:08:03.568 --> 00:08:04.808 induzimos uma fissão 00:08:04.812 --> 00:08:08.463 e sempre que houve uma deterioração, como mostram as marcas aqui no coral, 00:08:08.479 --> 00:08:10.382 pode-se ver a distribuição do urânio. 00:08:10.382 --> 00:08:11.567 Por que fazemos isso? 00:08:11.567 --> 00:08:13.832 O urânio é um elemento com má fama, 00:08:13.832 --> 00:08:15.061 mas eu o adoro. 00:08:15.061 --> 00:08:18.131 A deterioração nos ajuda a desvendar as taxas e as datas 00:08:18.131 --> 00:08:19.824 do que está acontecendo no oceano. 00:08:19.824 --> 00:08:21.026 E, como falei no início, 00:08:21.026 --> 00:08:24.053 é aonde queremos chegar quando pensamos em clima. 00:08:24.053 --> 00:08:26.624 Assim, usamos um laser para analisar o urânio 00:08:26.624 --> 00:08:29.247 e um de seus elementos filhos, o tório, nesses corais, 00:08:29.247 --> 00:08:32.036 e isso nos dá a idade exata desses fósseis. NOTE Paragraph 00:08:32.742 --> 00:08:34.928 Esta linda animação do Oceano Antártico 00:08:34.928 --> 00:08:38.123 vai ser usada agora para ilustrar como usamos esses corais 00:08:38.123 --> 00:08:42.228 para conseguir as respostas sobre o passado do oceano. 00:08:42.228 --> 00:08:44.668 Dá para ver a densidade da superfície da água 00:08:44.668 --> 00:08:47.060 nesta animação de Ryan Abernathey. 00:08:47.481 --> 00:08:49.548 Trata-se de um ano de dados apenas, 00:08:49.548 --> 00:08:52.482 mas dá para ver o quanto o Oceano Antártico é dinâmico. 00:08:52.490 --> 00:08:55.947 A intensa mistura, particularmente na passagem de Drake, 00:08:55.947 --> 00:08:58.352 mostrada aqui dentro do quadrado, 00:08:58.352 --> 00:09:00.998 é realmente um das correntes mais fortes do mundo 00:09:00.998 --> 00:09:03.129 que passa ali, fluindo do oeste para o leste. 00:09:03.129 --> 00:09:04.668 É uma mistura muito turbulenta, 00:09:04.668 --> 00:09:07.278 pois está se movendo sobre grandes montanhas submersas, 00:09:07.278 --> 00:09:12.049 e isso permite a troca de CO2 e calor com a atmosfera. 00:09:12.049 --> 00:09:15.540 Basicamente, os oceanos respiram através do Oceano Antártico. 00:09:16.865 --> 00:09:22.103 Coletamos corais de diversos locais nessa passagem Antártica, 00:09:22.103 --> 00:09:25.270 e descobrimos uma coisa surpreendente na minha datação do urânio: 00:09:25.270 --> 00:09:27.937 os corais migraram do sul para o norte 00:09:27.937 --> 00:09:31.054 durante a transição do glacial para o interglacial. 00:09:31.054 --> 00:09:32.205 Não sabemos bem a razão, 00:09:32.205 --> 00:09:34.514 mas achamos que tenha a ver com a fonte alimentar 00:09:34.514 --> 00:09:36.845 e talvez com o oxigênio na água. NOTE Paragraph 00:09:37.378 --> 00:09:38.453 Bem, aqui estamos, 00:09:38.453 --> 00:09:41.175 e vou ilustrar o que acho que descobrimos sobre o clima 00:09:41.175 --> 00:09:43.189 com esses corais do Oceano Antártico. 00:09:43.189 --> 00:09:46.298 Escalamos montanhas submarinas coletando pequenos corais fósseis. 00:09:46.298 --> 00:09:48.248 Eis minha ilustração disso. 00:09:48.248 --> 00:09:49.987 Achamos que, na era glacial, 00:09:49.987 --> 00:09:51.974 com base nas análises dos corais, 00:09:51.974 --> 00:09:55.138 o fundo do Oceano Antártico era rico em carbono, 00:09:55.138 --> 00:09:58.107 e havia uma camada de baixa densidade no topo. 00:09:58.107 --> 00:10:00.894 Isso impede a saída do dióxido de carbono do oceano. 00:10:01.752 --> 00:10:04.384 Então, encontramos corais de uma era intermediária, 00:10:04.384 --> 00:10:08.748 evidenciando uma mistura parcial durante aquela mudança climática. 00:10:08.748 --> 00:10:11.439 Isso permite ao carbono deixar o fundo do oceano. 00:10:12.154 --> 00:10:15.273 Depois, analisamos os corais com idade mais recente, 00:10:15.273 --> 00:10:17.581 e, de fato, se descermos lá hoje 00:10:17.581 --> 00:10:19.781 e medirmos a química dos corais, 00:10:19.785 --> 00:10:23.799 veremos que passamos para uma posição em que o carbono pôde fazer trocas. 00:10:23.803 --> 00:10:25.917 Então, é assim que usamos corais fósseis 00:10:25.917 --> 00:10:28.393 para tentar entender o meio ambiente. NOTE Paragraph 00:10:29.827 --> 00:10:31.991 Bem, quero terminar com este último slide. 00:10:31.991 --> 00:10:35.908 É apenas um instantâneo tirado daquela primeira parte do filme que lhes mostrei. 00:10:35.912 --> 00:10:38.038 Este é um jardim de corais espetacular. 00:10:38.038 --> 00:10:40.620 Nem esperávamos encontrar algo assim tão bonito. 00:10:40.620 --> 00:10:42.694 Fica a milhares de metros de profundidade. 00:10:42.694 --> 00:10:44.492 Existem espécies novas. 00:10:44.492 --> 00:10:46.309 É um lugar simplesmente lindo. 00:10:46.309 --> 00:10:47.770 Existem fósseis no meio, 00:10:47.770 --> 00:10:50.465 e agora eu os ensinei a apreciar os corais fósseis 00:10:50.465 --> 00:10:51.628 que estão lá embaixo. NOTE Paragraph 00:10:51.628 --> 00:10:54.714 Assim, da próxima vez que tiverem a sorte de sobrevoar o oceano 00:10:54.714 --> 00:10:56.037 ou velejar pelo oceano, 00:10:56.037 --> 00:10:58.718 pensem: há enormes montanhas lá embaixo 00:10:58.718 --> 00:11:02.020 nunca antes vistas e lindos corais. NOTE Paragraph 00:11:02.020 --> 00:11:03.165 Obrigada. NOTE Paragraph 00:11:03.165 --> 00:11:05.129 (Aplausos)