Estou pronto...
Está pronto? Ok.
Digo, se você quiser, tanto faz.
Eu estava dando aulas na universidade SUNY,
logo nas imediações de Nova York.
E tinha um aluno que nunca vinha.
Nada demais.
Ele aparece na minha aula de tarde,
e me diz: "eu preciso que você
assine este formulário"...
..."dizendo que você me autoriza a
desistir desta aula".
E eu disse, "é, você não veio
o semestre inteiro,"...
"eu não vou te liberar no último dia."
"Você perdeu minha matéria".
E ele disse, "assine o formulário".
E eu disse pra ele, tipo,
"Essa não é nem sua classe".
"Eu estou dando aula".
E tem uns vinte alunos assistindo a isso.
Então ele se aproxima mais.
E em algum momento eu tive que levantar,
e ele me empurrou com o peitoral.
Ele me jogou na parede
e dizia: "assine o maldito formulário!"
Então ele faz um gesto...
e derruba tudo da minha mesa.
E diz: "Você não é um
professor de verdade!"
"Você é um professor de arte!"
"Vocês são todos uma merda!"
"Arte é uma merda!"
Eu o reprovei na matéria.
Reprovei o aluno.
Eu acho que existia talvez
uma certa fantasia
de ser um artista em Nova York.
Em algum nível, sinto que
estou vivendo esta fantasia.
Tenho a chance de fazer
meu trabalho todo dia.
E trabalhar com pessoas
e instituições ótimas.
Mas por outro lado,
eu acho que a realidade de praticar
e estar em Nova York
nem sempre é o que se espera.
Está na conta do artista
produzir o trabalho,
construir as bases.
Você dá tudo para ser um artista
e não se preocupa com as finanças.
Eu fazia projetos nos quais
colecionava milhares de objetos.
Eu os arrumava, fotografava,
os movia, construía uma instalação.
Eu gosto dessa ideia de animismo,
que um objeto inanimado tem espírito
ou personalidade.
Acho que eu me sentia atraído
pelo mistério
ou aventura ao adquirir estes objetos.
É bem fácil no mundo da arte
parecer que você venceu,
e você não venceu.
Digo, você consegue tanto
apoio institucional,
mas tem muito pouco retorno financeiro.
Eu lembro que tive uma exibição
numa galeria,
e fiz essa grande instalação.
Comecei a fazer esculturas.