Bom dia, senhoras e senhores. (Aplausos) (Vivas) É incrível estar aqui. Desta vez, vou lhes contar uma história. É como um conto de fadas, mas não é ficção; é uma história real. É a história de minha vida. Era uma vez, numa cidadezinha da Hungria, há 73 anos, nascia um menino. Este sou eu, há 73 anos, como eu disse. Mais tarde, entrei para a universidade e me formei engenheiro elétrico e trabalhei em empresas diferentes como especialista em iluminação. Ganhei alguns prêmios científicos, e até mesmo fui eleito vice-presidente da Hungarian Lighting Society, mas... (Aplausos) Obrigado. Mas não é por isso que estou aqui hoje. (Risos) Talvez muitos de vocês conheçam meu rosto. Levante a mão quem já me viu antes na tela do computador. (Risos) Eu vi direito? Todo mundo? (Risos) Incrível. Pode ser por causa de minhas fotos que circulam na internet em milhões de cópias. Quando publico algo em uma rede social, milhares de pessoas veem. Alguns de meus vídeos foram vistos por milhões. Dia após dia, recebo dezenas de mensagens. Trouxe a vocês apenas alguns exemplos para mostrar o estilo e o conteúdo dessas mensagens. Esta é de uma menina chamada Giulia, que mora na Itália. Ela me escreveu: "Obrigada por trazer ternura e alegria sincera a este mundo cinzento". Espero ter trazido. Outra é dos EUA, de um certo Mason. Ele escreveu: "Adorei assistir ao seu vídeo. Ver sua alegria sincera me encheu de alegria também". E só mais uma, de outro continente, do Paquistão, de Muhammad. Ele escreveu que sou "a melhor inspiração para as pessoas tristes da Terra". Será? (Aplausos) (Vivas) Mas... como é possível um engenheiro aposentado se tornar um "meme"? É uma história estranha, com algumas reviravoltas interessantes, que talvez ensine alguma lição. Pelo menos, assim espero. No início, minhas fotos serviram como ilustrações em diferentes publicações on-line e impressas, artigos de jornais, anúncios, etc. Mas, depois, vocês podiam me ver com legendas divertidas em "memes". Muitos de minha idade nem mesmo conhecem essa palavra. Também fui consultá-la na Wikipédia. Encontrei esta definição para memes: "imagens, vídeos, textos, etc., geralmente de natureza bem-humorada, copiados e espalhados rapidamente por internautas, na maioria das vezes com leves variações". Isso se aplica perfeitamente ao meu caso. Começou de um jeito muito banal: com minhas férias na Turquia. Acho que todo mundo tira férias às vezes, e todos queremos tirar fotos de nossas férias e mostrá-las a nossos parentes, amigos e familiares. Eu também. Publiquei essas fotos em uma rede social - não o Facebook, que não existia na época - para mostrá-las aos meus amigos. Mas, além deles, um fotógrafo profissional também viu essas fotos e entrou em contato comigo, dizendo que procurava um modelo, um personagem como eu, e me convidou para uma sessão de fotos. Bem, lá no fundo, acho que todos são um pouco vaidosos. Não sou diferente. Aceitei o convite e fui para a sessão de fotos. Ele tirou algumas fotos. Gostou delas; eu também. Ele voltou a me convidar e, durante várias sessões, fizemos centenas de fotos para um banco de imagens. Eu sabia para que as fotos seriam usadas. Ele me disse... e autorizei por escrito, mas concordei em usar as fotos para essa finalidade. Só ressaltei três assuntos delicados nos quais eu não queria me ver em mídia on-line nem impressa. Sabem quais eram esses assuntos? O primeiro era política, seguido por religião e sexo. Porque são os assuntos que mais podem dividir as pessoas e, por esse motivo, eu não queria fazer. (Aplausos) Obrigado. (Aplausos) Algumas semanas depois - digamos, alguns meses depois - eu me perguntava como minhas fotos tinham sido usadas. Bastou fazer uma busca de imagens no Google, e fiquei tranquilo ao me ver como médico. Eu estava na página inicial do site de um hospital. (Risos) Aqui está. (Aplausos) Mas, alguns meses depois, repeti a busca e descobri os primeiros memes. Apenas um exemplo. Talvez todos conheçam esta foto: presidentes norte-americanos esculpidos numa rocha do Monte Rushmore, nos Estados Unidos. Eles foram transformados. (Risos) Cada presidente tinha o meu rosto. (Aplausos) Foi divertido, e eu gostei. Mas não havia apenas esses memes engraçados. Também havia alguns rudes ou ofensivos e, no início, foi uma experiência chocante. Eu não sabia o que fazer. Minha primeira reação foi: "Vamos acabar com isso. Vamos sumir com tudo". Pensei nas opções. O que eu poderia fazer? Posso excluir as fotos? Não, autorizei por escrito a usá-las - é claro que na forma original e não alteradas e transformadas em piadas. A segunda opção era fechar o site. Foi um cara norte-americano quem juntou minhas fotos do banco de imagens e anunciou um concurso entre os amigos dele sobre quem poderia incluir algum texto engraçado ou fazer uma piada visual, e foi assim que surgiram os memes. Então, consigo fechar o site? Com certeza. Pelo menos, eu poderia iniciar o fechamento do site. Mas é a natureza da internet: nada desaparece dela. Se eu conseguisse fechar um site, no dia seguinte, abririam mais três com o mesmo conteúdo. Portanto, não é uma solução ou, pelo menos, é somente uma solução temporária. Minha única esperança era que apareceriam muitas coisas novas, dia após dia, na internet, que as pessoas, aos poucos, se esqueceriam de mim e de meus memes engraçados. Devo dizer que eu estava totalmente enganado. (Risos) As imagens não paravam de se espalhar. Cada vez mais países aderiam a essa mania. Começou nos Estados Unidos, foi para a Europa e se espalhou por todos os continentes da Terra. Devo dizer que, durante as fotos, o fotógrafo me pediu para sorrir. (Risos) Assim. (Aplausos) Mas os internautas achavam ou sentiam que esse sorriso não era realmente sincero. Eles viam alguma tristeza ou dor oculta por trás dele. Por isso, recebi o nome de "Hide the Pain Harold". (Aplausos) Eu ainda achava que as pessoas esqueceriam, e muitos esqueceram. Mas, então, um internauta, de algum modo, descobriu minha verdadeira identidade e me enviou um e-mail, dizendo que muitos não acreditavam que eu era uma pessoa real, um ser humano. Então, ele pediu que eu mostrasse que era uma pessoa real. Ignorei o pedido dele, mas ele me pediu tantas vezes que acabei concordando. (Risos) (Aplausos) Talvez uma foto conhecida: eu, com um pedaço de papel na mão, dizendo que estou vivo. (Russo) [Estou vivo! Olá!] Nas horas seguintes, como se costuma dizer, a internet bombou. Dezenas de milhares de pessoas viram essa foto, e a mídia internacional também me descobriu. Então, não me restava mais nada além de encarar a coisa toda e me revelar. Criei minhas páginas nas redes sociais, como esta, por exemplo. E tudo isso mudou drasticamente minha vida. Fui convidado para ir a lugares maravilhosos, como Londres, ou como aqui em Kiev hoje. É ótimo estar aqui. (Aplausos) Sei que tudo isso, ser "Hide the Pain Harold", é uma encenação. Não sou eu de verdade. É um papel que os internautas me deram. Aprendemos com Shakespeare, que escreveu, em uma de suas peças, que "o mundo é um palco; os homens e as mulheres, meros artistas". Meu papel é ser "Hide the Pain Harold". Mas isso tornou minha vida muito emocionante e interessante, com muitas oportunidades novas. Por exemplo, um grupo de um pub, que canta em inglês, me convidou... para a gravação de um videoclipe. Depois disso, também me convidaram para estar no palco de um de seus shows, e foi um grande sucesso, como podem ver. Mas não apenas sorrindo assim. Também fui convidado, embora sem sorrir, para curtas-metragens ou comerciais. (Aplausos) Obrigado. (Aplausos) Por que contei esta história a vocês? É claro que nem todo mundo pode virar um meme. Talvez eu seja o primeiro e único, e as coisas que aconteceram comigo nunca se repitam com mais ninguém. Mas acho que pode interessar a todos o fato de que, após atingir a idade de se aposentar - e não apenas na aposentadoria, acho que, em todos os momentos da vida - as pessoas devem estar cientes de coisas novas a fazer, que nunca fizeram antes. Temos de estar abertos a novas oportunidades, abertos ao que acontece no mundo e tentarmos, em qualquer área possível. Por exemplo, eu mesmo tentei, depois de virar um meme, por cinco anos, em uma pequena estação de rádio local, ser DJ. (Aplausos) Recentemente, neste ano, participei de um grupo de arte e aprendi a fazer pinturas a óleo. (Aplausos) Esta é minha primeira pintura a óleo: o nascimento de Palas Atena, quando ela surge da cabeça de Zeus. (Aplausos) E, é claro, é muito mais agradável se divertir com os jovens do que escutar as queixas médicas de meus contemporâneos. (Aplausos) Finalmente, mais uma coisa: há três regras de como ficar famoso. (Risos) Infelizmente, ninguém sabe quais são elas. Nem eu. (Aplausos) Então, muito obrigado pela atenção de vocês. (Aplausos) (Vivas)