1 00:00:00,564 --> 00:00:04,209 Eu e os meus alunos trabalhamos com robôs muito pequenos. 2 00:00:04,209 --> 00:00:06,426 Podem pensar neles como versões robóticas 3 00:00:06,426 --> 00:00:10,346 de algo com que estão todos familiarizados: uma formiga. 4 00:00:10,346 --> 00:00:13,166 Todos sabemos que as formigas e outros insetos a esta escala 5 00:00:13,166 --> 00:00:15,012 podem fazer coisas incríveis. 6 00:00:15,012 --> 00:00:18,197 Todos vimos já um grupo de formigas ou algo parecido, 7 00:00:18,197 --> 00:00:22,467 a carregar uma batata frita num piquenique, por exemplo. 8 00:00:22,467 --> 00:00:25,910 Quais são os verdadeiros desafios de construir estas formigas? 9 00:00:25,910 --> 00:00:29,861 Em primeiro lugar, como conseguimos as capacidades de uma formiga 10 00:00:29,861 --> 00:00:31,909 num robô do mesmo tamanho? 11 00:00:31,909 --> 00:00:34,343 Primeiro temos que descobrir como fazê-los andar, 12 00:00:34,343 --> 00:00:35,603 sendo tão pequenos. 13 00:00:35,603 --> 00:00:38,363 Precisamos de mecanismos como pernas e motores eficientes 14 00:00:38,363 --> 00:00:40,072 de modo a apoiar essa locomoção. 15 00:00:40,072 --> 00:00:42,563 Precisamos de sensores, potência e controlo 16 00:00:42,563 --> 00:00:46,525 para juntar tudo num robô formiga semi-inteligente. 17 00:00:46,525 --> 00:00:49,071 Finalmente, para tornar isto realmente funcional 18 00:00:49,071 --> 00:00:53,019 queremos que trabalhem em conjunto para fazerem coisas mais importantes. 19 00:00:53,019 --> 00:00:55,710 Vou começar com a mobilidade. 20 00:00:55,710 --> 00:00:58,871 Os insetos deslocam-se muito bem. 21 00:00:58,871 --> 00:01:00,469 Este vídeo é da UC Berkeley. 22 00:01:00,469 --> 00:01:03,342 Mostra uma barata a mover-se sobre terreno muito irregular, 23 00:01:03,342 --> 00:01:05,195 sem tombar. 24 00:01:05,195 --> 00:01:09,192 Ela consegue fazer isto porque as suas pernas combinam materiais rígidos, 25 00:01:09,192 --> 00:01:11,545 que usamos tradicionalmente para fazer robôs, 26 00:01:11,545 --> 00:01:13,144 com materiais macios. 27 00:01:14,374 --> 00:01:18,201 Quando se é muito pequeno, outra forma interessante de deslocação é saltar. 28 00:01:18,201 --> 00:01:22,270 Estes insetos armazenam energia numa mola e libertam-na muito rapidamente, 29 00:01:22,270 --> 00:01:26,281 para conseguirem a potência necessária para sair da água, por exemplo. 30 00:01:26,281 --> 00:01:29,403 Uma das grandes contribuições do meu laboratório 31 00:01:29,403 --> 00:01:32,153 tem sido combinar materiais rígidos e macios 32 00:01:32,153 --> 00:01:34,367 em mecanismos muito, muito pequenos. 33 00:01:34,367 --> 00:01:37,532 Este mecanismo de salto tem cerca de quatro milímetros de lado. 34 00:01:37,532 --> 00:01:39,220 É muito pequeno. 35 00:01:39,220 --> 00:01:43,388 O material rígido aqui é silicone, e o macio é borracha de silicone. 36 00:01:43,388 --> 00:01:45,953 A ideia básica é que vamos comprimir isto, 37 00:01:45,953 --> 00:01:48,854 armazenar energia nas molas e depois soltá-la para saltar. 38 00:01:48,854 --> 00:01:52,037 Ainda não estamos a usar motores ou potência. 39 00:01:52,037 --> 00:01:55,090 Isto é acionado com um método a que chamamos, no meu laboratório, 40 00:01:55,090 --> 00:01:57,472 "universitário com pinças". (Risos) 41 00:01:57,472 --> 00:01:59,306 O que verão no próximo vídeo 42 00:01:59,306 --> 00:02:02,333 é um tipo a portar-se muito bem nos seus saltos. 43 00:02:02,333 --> 00:02:05,947 Este é o Aaron, o universitário em questão, com as pinças. 44 00:02:05,947 --> 00:02:08,630 O que veem é um mecanismo de quatro milímetros 45 00:02:08,630 --> 00:02:10,841 a saltar cerca de 40 centímetros em altura. 46 00:02:10,841 --> 00:02:13,265 É quase 100 vezes o seu comprimento. 47 00:02:13,265 --> 00:02:15,221 Ele sobrevive, balança na mesa, 48 00:02:15,221 --> 00:02:18,735 é incrivelmente robusto e sobrevive muito bem até que o perdemos, 49 00:02:18,735 --> 00:02:21,651 por ser tão pequeno. 50 00:02:21,651 --> 00:02:24,390 Em última análise, queremos acrescentar motores a isto. 51 00:02:24,390 --> 00:02:27,576 Temos estudantes no laboratório a trabalhar em motores milimétricos, 52 00:02:27,576 --> 00:02:31,026 para serem integrados em robôs pequenos e autónomos. 53 00:02:31,026 --> 00:02:34,567 De modo a trabalhar a mobilidade e a locomoção a esta escala, para começar, 54 00:02:34,567 --> 00:02:36,487 estamos a fazer batota e a usar ímanes. 55 00:02:36,487 --> 00:02:39,417 Isto mostra o que poderá ser parte da perna de um micro-robô. 56 00:02:39,417 --> 00:02:41,474 Podem ver as juntas de borracha de silicone. 57 00:02:41,474 --> 00:02:43,963 Existe um íman incorporado que está a ser deslocado 58 00:02:43,963 --> 00:02:46,266 por um campo magnético externo. 59 00:02:46,266 --> 00:02:48,949 Isto leva-nos ao robô que vos mostrei antes. 60 00:02:49,959 --> 00:02:53,000 A coisa mais interessante que este robô nos ajuda a perceber 61 00:02:53,000 --> 00:02:55,007 é como os insetos se movem, a esta escala. 62 00:02:55,007 --> 00:02:57,392 Temos um modelo realmente bom de como tudo se move, 63 00:02:57,392 --> 00:02:59,304 desde uma barata até a um elefante. 64 00:02:59,304 --> 00:03:02,228 Todos nos movemos de um modo saltitante quando corremos. 65 00:03:02,228 --> 00:03:06,513 Quando se é muito pequeno, as forças entre os pés e o chão 66 00:03:06,513 --> 00:03:09,288 afetam muito mais a locomoção do que a massa, 67 00:03:09,288 --> 00:03:11,642 que é o que causa aquele movimento saltitante. 68 00:03:11,642 --> 00:03:13,317 Este tipo ainda não funciona, 69 00:03:13,317 --> 00:03:16,392 mas temos versões ligeiramente maiores que conseguem correr. 70 00:03:16,392 --> 00:03:20,657 Isto tem cerca de um centímetro cúbico, um centímetro de lado, muito pequeno. 71 00:03:20,657 --> 00:03:24,645 Pusemo-lo a correr 10 comprimentos do seu corpo por segundo, ou 10 cm por segundo. 72 00:03:24,645 --> 00:03:26,739 Bastante rápido, para um tipo tão pequeno, 73 00:03:26,739 --> 00:03:28,820 e só está limitado pelo nossos testes. 74 00:03:28,820 --> 00:03:32,037 Isto dá-nos uma ideia de como as coisas funcionam neste momento. 75 00:03:32,037 --> 00:03:35,781 Também podemos fazer versões impressas em 3D que conseguem trepar obstáculos, 76 00:03:35,781 --> 00:03:39,280 como a barata, que viram antes. 77 00:03:39,280 --> 00:03:42,166 Em última análise, queremos acrescentar tudo a este robô. 78 00:03:42,166 --> 00:03:45,859 Queremos sensores, potência, controlo, tudo acionado em conjunto. 79 00:03:45,859 --> 00:03:48,765 Nem tudo tem que ser inspirado na biologia. 80 00:03:48,765 --> 00:03:51,900 Este robô tem cerca do tamanho de um Tic Tac. 81 00:03:51,900 --> 00:03:55,849 Neste caso, em vez de ímanes ou músculos para se mover, 82 00:03:55,849 --> 00:03:58,274 usamos foguetes. 83 00:03:58,274 --> 00:04:00,940 Isto é um material energético micro fabricado. 84 00:04:00,940 --> 00:04:03,539 Podemos criar pequenos pontos deste material, 85 00:04:03,539 --> 00:04:07,326 e podemos pôr um desses pontos na barriga deste robô. 86 00:04:07,326 --> 00:04:11,722 Assim, este robô vai saltar quando sentir um aumento de luz. 87 00:04:12,645 --> 00:04:14,618 O próximo vídeo é um dos meus favoritos. 88 00:04:14,618 --> 00:04:17,658 Temos aqui um robô de 300 miligramas 89 00:04:17,658 --> 00:04:20,064 a saltar oito centímetros no ar. 90 00:04:20,064 --> 00:04:22,974 Só tem quatro por quatro por sete milímetros de tamanho. 91 00:04:22,974 --> 00:04:25,130 Verão um grande clarão no início, 92 00:04:25,130 --> 00:04:26,622 quando a energia for libertada, 93 00:04:26,622 --> 00:04:28,530 e o robô aos tombos pelo ar. 94 00:04:28,530 --> 00:04:30,139 Aí está o grande clarão, 95 00:04:30,139 --> 00:04:33,336 e podemos ver o robô a subir através do ar. 96 00:04:33,336 --> 00:04:36,368 Não há aqui amarras nem fios de ligação. 97 00:04:36,368 --> 00:04:38,862 Está tudo integrado e saltou em resposta 98 00:04:38,862 --> 00:04:42,673 ao facto de o estudante ter apenas ligado o candeeiro ao seu lado. 99 00:04:43,823 --> 00:04:46,897 Poderão imaginar todas as coisas fixes que podemos fazer 100 00:04:46,897 --> 00:04:51,604 com robôs que conseguem correr, rastejar, pular e rolar, a esta escala. 101 00:04:51,604 --> 00:04:55,394 Imaginem os destroços resultantes de um desastre natural como um terramoto. 102 00:04:55,394 --> 00:04:58,043 Imaginem estes robôs a correr através desses destroços, 103 00:04:58,043 --> 00:05:00,171 à procura de sobreviventes. 104 00:05:00,171 --> 00:05:03,127 Ou imaginem uma série de pequenos robôs a correr por uma ponte, 105 00:05:03,127 --> 00:05:05,506 para poderem inspecioná-la e garantir que é segura, 106 00:05:05,506 --> 00:05:07,326 para evitar colapsos como este, 107 00:05:07,326 --> 00:05:11,233 que sucedeu nos arredores de Mineápolis em 2007. 108 00:05:11,233 --> 00:05:12,995 Imaginem o que poderíamos fazer 109 00:05:12,995 --> 00:05:15,808 se tivéssemos robôs que nadassem através do nosso sangue. 110 00:05:15,808 --> 00:05:17,851 Certo? "Viagem Fantástica", de Isaac Asimov. 111 00:05:17,851 --> 00:05:22,206 Se conseguissem operar sem terem que nos cortar e abrir, em primeiro lugar. 112 00:05:22,206 --> 00:05:25,156 Se pudéssemos mudar radicalmente o modo de construir as coisas, 113 00:05:25,156 --> 00:05:28,343 se tivéssemos os nossos pequenos robôs a trabalhar como as térmitas, 114 00:05:28,343 --> 00:05:31,108 construindo incríveis montes de oito metros de altura, 115 00:05:31,108 --> 00:05:35,196 prédios de apartamentos muito bem ventilados, para outras térmitas, 116 00:05:35,196 --> 00:05:37,687 em África e na Austrália. 117 00:05:37,687 --> 00:05:39,797 Penso ter-vos dado algumas das possibilidades 118 00:05:39,797 --> 00:05:42,154 do que podemos fazer com estes pequenos robôs. 119 00:05:42,154 --> 00:05:46,561 Já fizemos alguns avanços, até agora, mas há ainda um longo caminho a percorrer. 120 00:05:46,561 --> 00:05:49,419 Espero que alguns de vós possam contribuir para esse objetivo. 121 00:05:49,419 --> 00:05:50,687 Muito obrigado. 122 00:05:50,687 --> 00:05:53,391 (Aplausos)