Este episódio de "É o Fim do Mundo Como o Conhecemos
E Eu Me Sinto Bem"
foi tornado possível através de contribuições
de escravos como você.
Muito obrigado.
Eles podem fazer o que quiserem para nós.
Nós podemos não voltar
Posso estar na cadeia, posso estar em qualquer lugar
mas quando eu partir, lembre-se que eu disse
com as últimas palavras da minha boca
que eu sou... um Revolucionário
e você vai ter que continuar
dizendo isso.
Você vai ter que dizer que eu
sou um proletário. Eu sou o povo.
Eu não sou o porco.
Você tem que fazer a distinção.
E as pessoas vão ter que
atacar os porcos.
As pessoas vão ter que
se levantar contra os porcos.
Isso é o que os Panteras estão fazendo aqui.
É o que os Panteras estão fazendo
em todo o mundo.
Boooooooooom dia, escravos!
E bem-vindos a outra sedição de
"É o Fim do Mundo Como o Conhecemos
E Eu me Sinto Bem"...
onde as crianças são o futuro.
"Aquele policial estava tão bêbado
que orientou os carros pra sua calça".
"Olhe! Um porco numa moto."
"Óinc, óinc! Bang, bang!"
"Espero que esse distintivo seja a prova de balas".
"Esse é o carro onde eles guardam os subornos".
"Carro 79, nós temos um homem Negro
cuidando da sua própria vida".
"Enquanto isso, do outro lado da cidade"...
Eu sou seu apresentador, Stimulator,
e o 15 de Outubro marcou
o 50º aniversário da fundação de uma
das mais infames...
"A assembleia do estado estava no meio de
um acalorado debate quando os jovens Negros
armados com rifles carregados, espingardas,
e pistolas marcharam para dentro da sede".
Icônicas...
"Essa aparência...
você sabe, o grande cabelo afro,
a jaqueta de couro, os óculos escuros"
Politicamente sofisticadas...
"Eles foram aqueles que surgiram
e começaram a nos mostrar
como se organizar com sucesso".
e mais fodonas
organizações revolucionárias na história
dos Estados Unidos:
o Partido dos Panteras Negras.
Esse aniversário acontece
em um momento particularmente saliente
da porra da história.
Nos Estados Unidos, uma crescente percepção
da brutalidade policial e racismo sistemático
foi introduzida na grande mídia
pelo movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam),
enquanto rebeliões de rua
contra o terror policial supremacista branco
têm inflamado centros urbanos
numa frequência não vista desde os anos 1960.
"Vocês tão ligados?!"
[Aplausos]
Ao longo dos últimos dois anos e meio,
levantes liderados por pessoas Negras estouraram
em Ferguson,
Baltimore,
Milwaukee,
e mais recentemente, Charlotte, na Carolina do Norte.
Os Panteras surgiram durante
uma era similarmente tumultuosa,
em uma época em que o discurso reformista
do movimento sulista e rural
dos direitos civis
estava abrindo caminho rapidamente
para a raiva justificada e a militância
do movimento Black Power (Poder Negro)
majoritariamente urbano.
No verão de 1964,
50 anos antes de Ferguson, os porcos atiraram
e mataram um jovem Negro de 15 anos,
James Powell, levando a seis noites
de intensas rebeliões no Harlem.
E 50 anos antes de Baltimore
aconteceu a Rebelião de Watts
- com ainda mais intensos seis dias de levantes -,
a qual, adivinhe só, foi provocada
por um incidente de brutalidade policial racista
do departamento de porcos da polícia de Los Angeles.
Pelos três verões seguintes
insurreições ocorreram
na média de quase uma por mês.
"Uma vez que as pessoas Negras das periferias
se levantaram e desafiaram
a polícia branca,
um tremor de autorreconhecimento
pareceu percorrer todo o mundo Negro".
"Queime, baby, queime" tomou o lugar de
"Nós iremos superar".
Essa onde de
raiva insurreicionária fodida
alcançou seu ápice
em abril de 1968, nas noites seguintes
ao assassinato de Martin Luther King Jr
com revoltas incendiárias explodindo
em mais de 100 cidades dos E.U.A
no que permanece sendo, até hoje,
a maior demonstração de descontentamento popular
vista no pais desde a Guerra Civil.
Os Panteras aproveitaram efetivamente
esse senso difundido de ira Negra
e revolta, e as canalizaram
em contínua organização revolucionária.
"O diretor do FBI, J. Edgar Hoover,
afirmou hoje que os Panteras Negras
representam a maior ameaça interna
à nação".
No seu ápice, os Panteras Negras
tiveram mais de dez mil membros,
organizados em dezenas de núcleos
por todo o país.
"Eles dizem que um Pantera Negra nasce
a cada minuto no gueto".
Acrescente o fato de que os E.U.A
estava, na época, engajado em uma
guerra muito impopular e socialmente polarizadora
no Vietnã,
na qual milhares de soldados
estavam desertando, e alguns até
assassinando seus oficiais,
"Vá em frente".
e você poderá começar a ver por que o estado
estava cagando suas calças proverbiais.
Maaaaas enquanto aquele louco da porra,
J. Edgar Hoover e seus racistas pirados
do FBI estavam, na época,
aterrorizados pelos chamados programas dos Panteras
de sobrevivência beirando a revolução,
como por exemplo seus cafés da manhã
gratuitos para crianças pobres,
"Nós alimentamos em torno de 10 mil
pelo país todos os dias".
hoje eles são mais amplamente lembrados
pelas suas prerrogativas militaristas,
sua aderência à auto-defesa armada,
e patrulhas comunitárias,
as quais eles levaram a cabo
como uma medida de auto-defesa
contra porcos racistas.
"Essa arma está carregada, garoto?!"
"Vou dizer, seu guarda, não estava...
mas agora está."
Vários dos racistas assustados de merda
que passam a noite acordados
se estressando sobre o Obama
tirar as armas deles,
"Venha pegar elas, Obama!"
iriam, sem dúvida, se engasgar
com suas porras de sanduíches de maionese
ao saberem que foi o mascote caubói do partido Republicano,
o prório velho "Gipper",
Ronnie da porra Reagan
"Foda-se Ronald Reagan!"
quem, em 1967,
enquanto governador da Califórnia,
aproveitou o sentimento difuso de pânico
dos brancos provocado pelas
patrulhas comunitárias armadas dos Panteras
e o usou como uma desculpa para
hããã... tirar as armas da galera.
"Eu não acho que armas carregadas
são a maneira de resolver um problema
que deveria ser resolvido entre pessoas de bem.
E qualquer um que aprove
esse tipo de conduta,
deve estar fora de si."
IÁÁÁÁÁÁÁ! AAAH!
Nos tempos atuais de intensa saturação
da mídia social e corporativa,
nos quais levantes liderados por Negros
estão, novamente, se tornando uma resposta frequente
a rampantes assassinatos policiais,
a reação branca está, mais uma vez,
levantando sua cabeça feia da porra,
com muitos apontando para a administração
de Barack Hussein Obama
como prova de que os E.U.A. evoluiu
para uma sociedade "pós-racial",
"Supresa!
Estudo diz que as pessoas não entendem
como o racismo funciona."
ou então o acusando freneticamente
de tentar começar uma guerra racial.
"Um ex-promotor federal está entrando com uma ação judicial.
A ação acusa todos eles de
incitar uma guerra racial, e prevê
danos de mais de $2 bilhões."
Maaaas enquanto os defensores de porcos
da corrente Blue Lives Matter (Vidas Policiais Importam)
incessantemente tentam pintar as vítimas
do terror policial
e aqueles que participam de revoltas
como bandidos ou criminosos estúpidos,
seu espanto coletivo e confusão indignada
sobre por que a juventude Negra estaria com raiva suficiente
para saquear ou queimar lojas,
estão evidentes pra caralho.
O cerne da questão é que
a "guerra racial" tem estado em chamas
por centenas de anos,
desde quando os europeus brancos trouxeram
o primeiro escravizado africano
para as ilhas Turtle em correntes
e os forçou a cultivar a mesma terra
que eles roubaram através do genocídio
de seus habitantes originais.
O capitalismo colonial é, por si só,
uma porra de uma guerra racial, ao mesmo tempo
que é uma guerra de classes perpétua
travada pelos de cima
contra os de baixo.
Então as pessoas não deviam ficar tão chocadas
quando os de baixo
resolvem revidar.
"Nós não odiamos pessoas brancas,
nós odiamos o opressor.
Seja ele branco, negro,
pardo ou amarelo".
Na verdade, elas deveriam participar
e ajudar a derrubar
esse sistema racista do cacete de uma vez por todas.
Enquanto pessoas brancas nos E.U.A.
estão se desesperando pra caralho
com palhaços assassinos
"Vamos mostrar a eles como Homey
se vinga do Sr. Establishment, podemos?"
"Claro!"
[Gritando]
Pessoas Negras em todo o mundo
estão celebrando o 50o aniversário
da fundação do
Partido dos Panteras Negras.
"A Revolução chegou... abaixo os porcos!"
"Hora de pegar a arma... abaixo os porcos!"
Maaaaaaaaaaas dizer que
essa comemoração é agridoce
seria uma subestimação do caralho.
Fora a performance
da Beyoncé no Superbowl,
nenhum reconhecimento devido
das contribuições vitais dos Panteras
para a prática e teoria revolucionárias
podem encobrir a puta brutalidade
da repressão que os E.U.A.
desencadearam na sua estrutura,
e na organização como um todo.
Essa implacável campanha de repressão
foi planejada e coordenada
pelos nojentos da porra do FBI
através de uma série de operações sujas
agrupadas sob o
infame guarda-chuva da COINTELPRO.
COINTELPRO, abreviação dos porcos
para Programa de Contra-Inteligência,
já existia e atuava
na ocasião em os Panteras
entraram em cena em 1965,
tendo sido usado antes para foder
com os Independendistas na minha terra Natal, Boriken
também conhecida como Porto Rico,
bem como membros
do Partido Comunista dos E.U.A.,
a Nova Esquerda,
e vários líderes dos Direitos Civis.
Maaaaaaas, na real mesmo
isso foi só um aquecimento
para o que ainda viria.
Nos cinco anos e meio
entre a sua formação
e o término oficial da COINTELPRO ,
o Partido dos Panteras Negras foi alvo
de não menos que 233 operações
supervisionadas e executadas pelo FBI
que usou uma mistura tóxica da porra
de vigilância, sabotagem,
guerra psicológica e
amplas infiltrações para alimentar
richas internas e provocar conflitos
com outras organizações armadas,
visando incitar confrontos violentos,
como o tiroteio no campus da Universidade da Califórnia (UCLA)
que matou dois líderes influentes
do núcleo de Los Angeles:
Bunchy Carter e John Huggins.
Quando isso parou de funcionar, o FBI
se engajou diretamente em assassinatos,
um bom exemplo sendo o assassinato
de Fred Hampton em 69,
que foi morto em sua cama
por um esquadrão da morte da polícia de Chicago
atuando sob ordens dos Federais
e com ativa cooperação
do seu guarda-costas pessoal,
que foi, "casualmente", implantado pelo FBI.
Em tempos em que todo o departamento de polícia
de qualquer cidadezinha tem sua própria porra de tanque
e armamento militar suficiente
para invadir Luxemburgo,
é, às vezes, esquecido
que o primeiro assalto do esquadrão da SWAT foi lançado
contra o escritório dos Panteras Negras
em Los Angeles,
culminando em uma troca de tiros de 4 horas
em que 4 Panteras e 4 porcos
foram feridos,
mas, incrivelmente, ninguém foi morto.
Como resultado da COINTELPRO
e seus programas secretos seguintes,
dezenas de Panteras e ex-Panteras
foram enquadrados em falsas acusações
e muitos sentenciados a longos períodos de prisão,
em alguns casos passando décadas
em confinamentos solitários.
Esses prisioneiros políticos foram atirados
nas entranhas do sistema
americano de gulags
por soldados capturados
do Exército Negro de Libertação,
muitos dos quais eram, eles mesmos,
ex-Panteras que optaram
pela luta armada clandestina
após o fatídico racha entre Huey P Newton
e Eldridge Cleaver.
Na medida em que a ameaça revolucionária
dos Panteras estava recuando,
o estado expandiu massivamente o alcance
de suas operações contrainsurgentes.
Em 1971, Richard Nixon lançou
a então chamada Guerra às Drogas,
a qual seu chefe de políticas internas,
John Ehrlichman, mais tarde admitiu
ser um pretexto para perseguir
pessoas Negras e esquerdistas anti-guerra.
"O que importa é que os clientes
do Sr. Tynan e o FBI chegaram
a uma solução para nosso problema dos Panteras".
"Uma solução final, pode-se dizer.
Você nos dá acesso livre ao gueto,
e nós resolvemos seu problema.
As propriedades pacificadoras da heroína
são bastante formidáveis".
A onda resultante do encarceramento em massa
só aumentou
sob o governo de Reagan
"Desde os primeiros dias de nosso mandato,
Nancy esteve abusando da maconha
diariamente".
A qual, cinicamente, intensificou
a então chamada Guerra às Drogas,
enquanto cortava programas sociais
e usava a CIA para encher
os arredores dos centros da cidade com crack.
A merda ficou ainda pior no governo "Billy Clint"
no qual as condenações sob a lei federal
dos três delitos levaram a
uma explosão da população carcerária,
preparando o cenário para o sistema
de exploração massiva de
trabalho escravo dos presos -
contra o qual dezenas de milhares de presos
estão, hoje, fazendo uma greve histórica.
É. Como eu disse, agridoce...
para dizer o mínimo.
Maaaaas enquanto a classe dominante
dos E.U.A foi finalmente capaz
de conter e destruir os Panteras Negras
e desde então tem afiado
seus métodos de contrainsurgência
e repressão,
ainda há muito a se aprender
com aqueles que experienciaram em primeira mão
os extremos aos quais irá
para manter sua dominação.
Então, para ajudar a revelar algumas dessas lições
e como elas se aplicam
a lutas do presente,
eu recentemente me inteirei
com JoNina e Lorenzo Komboa Ervin,
dois ex-membros dos Panteras Negras
e atualmente membros da
Federação da Autonomia Negra.
E aí, pessoal, como estão?
"Aguentando... indo bem."
"Estamos bem, irmão."
Vocês dois eram membros
dos Panteras Negras naqueles tempos.
O que levou vocês a se juntarem ao Partido
e quais papeis vocês tinham
dentro da organização?
"Bom, no meu caso, foi em
um estágio mais inicial.
Eu tinha sido parte de outra organização,
uma organização de direitos civis
chamada Comitê de Coordenação Não-violenta do Estudante
que foi dos Direitos Civis
em 1968
para o Black Power.
Por um breve período, o Comitê de Coordenação
Não-violenta do Estudante fez parceria
com o Partido dos Panteras Negras em 1967.
Eles tiveram uma aliança de '67 a '69
Foi assim que eu me envolvi."
"Eu entrei para o Partido dos Panteras Negras
porque vi o que estava acontecendo
em todo o país, em termos de
brutalidade policial, pobreza e opressão.
E eu me dei conta enquanto indivíduo,
que sozinha não poderia fazer nada."
J. Edgar Hoover acreditava que
o mais organizado e subversivo elemento
dos Panteras Negras estava em seus
programas de café da manhã para crianças.
Por que você acha que ele considerava
esses programas de sobrevivência tão ameaçadores?
E que tipo de programas você acha que podem
representar ameaça similar hoje em dia?
"Os programas de sobrevivência, em especial
o de café da manhã era ameaçador
para o governo dos E.U.A. porque falávamos
em alimentar pessoas que estavam
com fome...crianças.
Não podíamos alimentar todas as crianças,
mas alimentamos tantas quantas pudemos. E isso chamou
atenção para o fato da pobreza
nos E.U.A. - especialmente
pobreza contra pessoas Negras.
Isso era muito ameaçador porque
eles não queriam que esse tipo de coisa
aparecesse naquele tempo.
Então estavam particularmente ameaçados.
Ainda há muita fome e pobreza
nos Estados Unidos.
Obviamente não pudemos
nos organizar da mesma forma,
mas há pessoas que tiveram
auxílios-refeição cortados aqui no Missouri
Em março eles cortaram
26 mil pessoas de auxílio-refeição.
Então você passa por uns estoques de comida
e vê filas se alongando, sabe?
por quarteirões.
Então ainda há a necessidade
desses programas. E se eles existissem hoje,
iriam mais uma vez destacar
o que está acontecendo agora nesse país.
Essa guerra de classes...guerra contra
pessoas pobres e de baixa renda."
Depois do seu tempo nos Panteras você
se tornou mais influenciada pelo anarquismo,
enquanto ainda sendo crítica
do movimento anarquista mais amplo.
O que causou essa virada política?
E quais você acha que são
algumas limitações do movimento anarquista
que impedem seu potencial revolucionário
nos Estados Unidos?