Essa é minha amiga Saeeda.
Saeeda é uma artesã de jóias
do Afeganistão.
Saeeda nasceu em um campo
de refugiados no Paquistão,
onde ela ficou doente
durante seu primeiro ano de vida,
e perdeu a audição.
Saaeda é surda,
comunica-se através da língua de sinais,
suas ações são poderosas e inspiradoras.
Eu conheci Saaeda em Nova York,
quando ela recebeu o prêmio
de sustentabilidade das Nações Unidas,
com a equipe da Turquoise Mountain,
uma entidade beneficente do Reino Unido
que atua em nações em desenvolvimento
proporcionando trabalho e dignidade
para os trabalhadores.
Saaeda faz parte
de uma comunidade em Kabul,
e esses trabalhadores fazem jóias,
produtos, trabalhos em madeira,
trabalhos manuais,
e dependem do acesso
ao nosso mercado ocidental
para garantir os seus meios
de subsistência, renda
e para sustentar suas famílias.
O Afeganistão é uma zona de guerra,
ataques a bomba ocorrem regularmente,
e o domínio do Talibã
é maior do que gostaríamos.
Essa é minha amiga Juana.
Juana é de Lachuá, Guatemala.
Encontrei Juana em uma viagem em busca
de cacau para minha empresa de chocolate
e enquanto andávamos pelas florestas
e fazendas de cacau de Lachuá,
percebi que Juana não tinha sapatos.
Pensei em todos os sapatos que tenho
em meu apartamento em Nova York,
que meus amigos tem,
que todos vocês que estão aqui
devem ter em seus armários
de tantas cores, formatos e estilos,
e eu me senti tão culpada.
É errado desfrutar de coisas
que podemos pagar,
que trabalhamos para conseguir,
que conquistamos,
e do nosso estilo de vida
em Nova York, Paris ou Flórida?
O que podemos fazer sobre isso?
Na indústria de vestuário
de US$ 2,4 trilhões
80% dos trabalhadores são mulheres.
Muitas sujeitas a baixos salários,
maus-tratos, abusos,
e desrespeito aos direitos humanos.
Noventa por cento do cacau mundial
é produzido por pequenos agricultores
que vivem com menos de US$ 2 por dia.
Que é metade do preço
de um café no Starbucks.
Cinco milhões de mulheres e crianças
trabalham nas minas da indústria de joias.
Sujeitas a baixos salários
e abusos dos direitos humanos,
para fazer nossas pulseiras,
colares e anéis.
Pergunto novamente: o que podemos
fazer além de nos sentirmos culpados?
O Fórum Econômico Mundial
em Davos, na Suíça,
duas semanas atrás,
teve a Globalização 4.0 como tema,
e perguntaram:
"Como criar uma economia compartilhada
que funcione para todos
e não somente para poucos afortunados?
Há uma solução.
Alguns já devem ter ouvido falar.
Se não, encorajo vocês a conhecer.
É o "consumo consciente":
comprar com intenção,
comprar com propósito
e literalmente, no caso do chocolate,
"comprar o que você quer ingerir".
Ao comprar com propósito, de marcas
e produtos que respeitamos,
com cadeias de suprimento
éticas e transparentes,
nós podemos fazer a diferença
na vida de artesãos, operários
e agricultores
ao redor do mundo
em nações em desenvolvimento,
ou na sua própria nação,
através do consumo consciente.
Você pode apoiar produtos, marcas
e empresas de qualidade.
Cerca de 65% dos executivos
estão buscando cadeias de suprimento
sustentáveis, éticas e transparentes,
pois é o que eles esperam
que nós esperemos deles.
Cerca de 50% da geração do milênio
e 46% dos consumidores da Geração Z
pesquisam as marcas antes de comprar.
Como podemos aumentar esse número
e transferir isso para gerações inteiras
para fazer a diferença em vidas,
expressar os valores que queremos
e fazer a diferença no mundo?
Como fazer isso?
Parece um pouco complicado,
pode levar tempo, esforço.
Primeiro, vamos definir nossa intenção.
Um dólar, um voto.
Um dólar, uma voz.
São frases que já ouvimos antes.
Mas literalmente,
quando você vota com sua carteira,
você está expressando
o tipo de mundo que você quer.
Quando você vota e usa sua voz
com seus dólares,
isso se torna um coro de valores,
os indivíduos se transformam em um coro
quando votamos coletivamente.
Então você estabelece sua intenção:
vamos mobilizar nossos dólares
para o consumo consciente
para o empoderamento econômico.
Faça sua pesquisa,
como saber quais marcas apoiar?
Pesquisar no Google é uma ótima opção.
Verifique relatórios anuais, websites;
empresas com cadeias
de suprimento transparentes
que estão fazendo negócios éticos
e praticando comércio justo
podem de fato te mostrar
o que está acontecendo,
e você pode aprender
sobre elas facilmente,
porque elas se importam,
e querem que você saiba disso
para que compre seus produtos.
Não tenha pressa.
É importante não ter pressa
antes de comprar.
Nós vivemos em uma sociedade
que nos força a sermos rápidos.
Temos que pensar, agir
e gastar rapidamente.
Quando se investe
em produtos, a longo prazo,
por exemplo, uma barra de chocolate,
você compra o chocolate,
e investe naquela marca repetidamente -
não é uma má opção,
todo mundo ama chocolate -
você cria fluxo de renda estável
para os agricultores que cultivam o cacau.
Eles podem investir em suas casas,
em planos de saúde para suas famílias
e educação para seus filhos,
incluindo educação de meninas, geralmente
uma das primeiras coisas a ser abandonada.
A fidelidade a marcas e produtos
pode fazer grande diferença
a longo prazo.
Há algumas controvérsias neste caso.
Há muitos rótulos por aí
que são vendidos como solução
para esses problemas
além de criarem empregos
e serem éticos, transparentes,
maravilhosos, alto padrão,
em que você pode confiar.
Por favor não se deixem enganar.
Vocês são espertos.
As expressões "comércio justo"
e "comércio ético"
são opções de busca maravilhosas
quando você está pesquisando marcas.
Mas muito do alto padrão
não vem escrito no rótulo
por exemplo, de um chocolate,
ou na etiqueta de uma jaqueta.
Pode conter produtos,
parte de produtos que não são éticos.
Por exemplo grãos,
certos grãos de uma barra de chocolate,
podem não ter boa procedência;
a embalagem também.
Então sejam espertos
e não se deixem enganar.
Há outra controvérsia,
muitos podem dizer que consumo consciente
é uma filosofia elitista,
somente para os ricos.
Isso não é verdade;
leva um pouco mais de tempo,
energia e talvez até recursos
porque esses produtos podem
ser um pouco mais caros
que aqueles que você compra
em certas lojas.
Por que são mais caros?
Porque as pessoas estão recebendo
salários maiores,
estão recebendo um salário digno
e você não gostaria de apoiar essa causa?
Você pode ou não ter
condições de comprar, um carro elétrico,
mas você pode comprar um chocolate
e você não ficaria contente em saber
que está contribuindo para o futuro
de uma família e de uma comunidade?
No caso da moda:
qualidade, não quantidade.
Pense sobre o custo benefício.
Quando você compra aquela blusinha barata,
você pode usá-la algumas vezes,
e, sendo sincera, muito provavelmente
logo ela vai cair aos pedaços.
E quando você gasta um pouco mais
em um item de qualidade superior,
que você pode saber de onde vem,
você não só terá uma história melhor
e terá certeza que está apoiando alguém,
como também provavelmente vai durar mais.
(Vídeo)
(Voz do intérprete) Saeeda Etebari:
Eu gosto mais deste
porque me lembra do meu povoado,
quando eu vou lá e eles plantam trigo
para fazer pão para a família,
é algo que você planta
e pode alimentar sua família.
Intérprete: Ela gosta muito desse também.
Katherine Parr: Esta é minha amiga Saeeda,
do Afeganistão, a artesã que faz joias.
Me orgulho muito de ser sua amiga,
porque tenho orgulho do que ela faz,
e do que ela diz.
Saeeda foi capaz de explicar
simultaneamente uma joia
como um item luxuoso e como um símbolo
de empoderamento econômico.
Ao adquirir uma joia,
um colar, por exemplo,
vocês estão criando empregos e renda
e também estão adquirindo
uma história, algo com significado,
vocês têm a felicidade compartilhada
de comprar algo de que se orgulham,
que podem usar em uma festa,
em um jantar, um concerto,
e, quando alguém elogiar
vocês têm muito mais para contar
do que só o nome de uma marca.
Vocês podem dizer:
"Eu conheço quem fez esta joia.
Estou usando meus valores".
Uma história melhor
que as contadas no tapete vermelho.
A maioria de nós sabe
que estamos vivendo
na quarta revolução industrial,
na qual mudanças na robótica
e desenvolvimentos
na Inteligência Artificial
vão tomar conta.
Como sobreviver nesse ambiente?
E não só sobreviver, mas se destacar?
Jack Ma acredita que são as habilidades
de compartilhamento e cuidado
que irão nos ajudar
a competir com a robótica
na quarta revolução industrial.
Bem, eu acho que é mais simples que isso.
Ele não está errado.
Mas, se retirarmos o consumo,
a acumulação de bens materiais
e acrescentarmos cuidado
podemos contribuir para
uma felicidade global compartilhada.
Este colar é da minha coleção de joias,
e essa é uma campanha
de revolução da moda,
que eu aprecio e integro no programa.
Nós sabemos que essa mulher
faz as nossas joias.
Você não se orgulharia
de usar algo que diz:
"Eu sei quem fez minha joia"?
Isso te dá uma história maravilhosa,
e é algo do qual você pode
realmente se orgulhar.
Nesta noite estamos neste lindo museu,
com muitos influenciadores
e pessoas com voz.
Eu acredito que cada um de vocês,
individualmente e coletivamente,
pode fazer a diferença.
Espero que vocês se envolvam
com o consumo consciente
em prol do empoderamento econômico.
Vocês podem começar aos poucos.
Pode ser apenas um colar,
e apenas um chocolate por vez.
(Aplausos)