O ano é 1903 e um cara extraordinário
chamado Teddy Roosevelt
está na beirada no Grand Canyon.
Naquele tempo, as pessoas
queriam construir hotéis e spas
e transformar o Grand Canyon, em 1903,
em uma lucrativa Disneylândia
do meio ambiente.
Ele firmou o pé e disse: "Não!"
E ele criou um ponto crítico
para o movimento ambientalista
e para o mundo.
Ele disse: "Deixemos as coisas como estão.
O homem só pode estragar
o que os séculos vêm trabalhando".
(Aplausos)
O mundo de hoje seria diferente
sem essas palavras,
essas palavras críticas
do Presidente Theodore Roosevelt.
Avançando, o quinto primo dele,
o Presidente Franklin Roosevelt,
30 anos depois, em 1933,
em meio a uma grande crise,
a Grande Depressão nos EUA,
disse algumas palavras que conduziram
o país rumo à recuperação.
Franklin Roosevelt: Antes de tudo,
deixarei claro a minha firme convicção
de que a única coisa que devemos
temer é o próprio medo,
um terror injustificado,
irracional e sem nome,
que paralisa os esforços necessários
para converter retirada em progresso.
Richard Greene: O mundo
de hoje seria diferente
sem essas palavras naquela época,
vindas daquele homem.
Durante os meus 30 anos de estudo
sobre a oratória e os grandes discursos,
descobri que existem sete segredos
que os grandes oradores conhecem
e as outras pessoas não,
e acredito que todo ser humano
pode ser um grande orador,
e que as suas palavras
podem criar um ponto crítico,
e a sua essência pode mudar o mundo.
O primeiro segredo
tem a ver com as palavras
e o entendimento de que as palavras
podem ser as melhores,
as mais incríveis do mundo,
mas elas apenas comovem as pessoas
e comunicam 7% do impacto
que um ser humano tem sobre o outro.
O tom de voz, a variação dela,
o entusiasmo, o amor,
a paixão emanada pela voz: 38%.
A linguagem corporal: você está
olhando nos olhos das pessoas
ou sobre a cabeça delas, desconectado?
Palavras, tom de voz e linguagem corporal
são os três veículos, os três caminhos
pelos quais a grande comunicação acontece.
Segredo número quatro.
A maioria das pessoas vomitam informação
para provar que são inteligentes
e tentar expor todo o conteúdo.
Palavras correspondem a 7%.
O importante é: o que você
quer deixar com as pessoas?
Qual é a manchete?
Isso é o que faz um grande discurso
e é sobre isso que vamos falar hoje.
O segredo número cinco é fascinante.
Se você tem medo - alguém aqui
tem medo de falar em público?
Em todas as culturas, 41% das pessoas
ficam apavoradas ao ponto de,
muito frequentemente,
recusar propostas para palestrar.
Sejam líderes políticos,
empresários ou líderes de caridades,
eles recusam oportunidades
que poderiam abalar o mundo,
porque têm medo.
Há muitas razões
para o medo das pessoas,
mas na minha experiência,
a razão número um
é que não sabemos
o que é um discurso de verdade.
Não sabemos a verdadeira definição.
A verdadeira definição do discurso
é que ele não é nada mais
do que uma conversa do seu coração
sobre algo que você realmente ama, certo?
Se você pensar que é uma apresentação,
vai ser 0% você e 100% um ator,
e não poderemos ver,
experimentar e sentir quem você é.
Então, quero que você escreva
a palavra "discurso" em um papel,
e quero que a circule e faça um "x" nela.
Eu não quero que você faça outro discurso.
Os grandes oradores não fazem isso.
Eles não discursam,
não fazem um espetáculo,
não fazem uma apresentação para o público.
O que eles fazem?
Eles conversam.
É um círculo que une todo mundo.
Somos uma rede conectada a cada pessoa.
É isso que os grandes oradores fazem.
Quando eu conheci a princesa Diana,
ela me olhou nos olhos e disse:
"Sabe, tenho medo de falar em público,
eu queria fazer o que Charles faz".
Isso aconteceu quando
eles estavam se separando,
tornando ainda mais
complicado para ela admitir.
E eu perguntei: "O que ele faz?"
"Bem, ele fica lá em cima
e conta uma piada engraçada,
e continua falando
completamente tranquilo".
E eu disse a ela que o príncipe Charles
não tem o que ela tem.
E o que ela tinha era
o que comovia e movia o mundo.
As pessoas se conectavam
com ela a um nível humano.
"Tudo o que precisa fazer, Vossa Alteza,
é compartilhar do seu coração,
esse grande coração que você tem,
e a sua intuição,
e as pessoas vão amá-la.
Mesmo durante o discurso que a assusta,
eles vão entender, conhecer
e se conectar com você.
Isso é muito mais eficaz
do que fazer um discurso,
do que contar uma piada,
mas não falar de coração."
Segredo número seis,
e você vai notar isso em alguns oradores,
é que temos cinco partes do cérebro.
Esses cinco diferentes sentidos,
visão, audição, olfato, paladar e tato,
se transformam em quatro
tipos de linguagem.
Fale um deles e você não será bom.
Fale dois deles e você será mediano,
não importa quem você seja.
Fale todos, não importa quem você seja,
vai abalar o mundo.
Porque estará dando
a cada pessoa da plateia
algo com que possa se conectar.
E a linguagem visual é a energia,
é a linguagem da energia.
É o Robin Williams, eu o uso como exemplo,
e vou continuar a usá-lo sempre.
Como o Robin Williams era fantástico.
A linguagem auditiva é a habilidade
de traduzir detalhes que você vê,
pensa e sente em histórias e palavras.
Ronald Reagan foi um grande exemplo.
Auditiva/digital é como
Albert Einstein, Bill Gates.
O tipo de informação que é transmitida
analítica e estaticamente.
Se você não tem isso,
não tem base de credibilidade.
As pessoas dizem:
"Uau, aquela pessoa é carismática,
mas é oca por dentro".
Os cinestésicos são: James Earl Jones,
Morgan Freeman e Barry White.
Ah, querida...
(Risos)
É o poeta Ali.
É essa conectividade que está
dentro de cada um de nós,
a coisa mais importante
para ser um orador,
para ser um comunicador.
E sete, você pode ter apenas isso,
e mesmo assim vai abalar o mundo,
como muitas pessoas fazem:
sua paixão autêntica.
O que é algo tão excitante ou interessante
que você precisa compartilhar?
Eu uso "tão", mas você pode usar
qualquer outra palavra,
porque é algo visceral e não intelectual.
Vamos voltar à nossa excursão
cronológica dos maiores oradores
que criaram pontos críticos no mundo.
Essa pessoa, Lou Gehrig,
não criou um ponto crítico
quanto à geopolítica mundial,
mas ele criou um ponto crítico
quanto ao entendimento
do espírito humano e de si mesmo.
Como vocês sabem,
ele foi diagnosticado com ELA.
Ele tentou jogar, mas não conseguiu.
Ele precisou interromper sua carreira,
e o Yankee Stadium lhe deu um dia.
O dia de Lou Gehrig, em 1939.
Ele vai lá.
Como muitos de vocês,
ele tinha pavor de falar em público.
E ele está lá,
e então, quando chega a sua vez,
ele começa a recuar.
Ele fala: "Não consigo".
O empresário vai até ele, abraça-o e diz:
"Lou, eles estão aqui por você, amigo".
Ele o acompanha até o palco,
e aí está o que Lou disse:
Lou Gehrig: Hoje,
eu me considero o homem
mais sortudo do mundo".
RG: Todos que estudam oratória
colocam esse discurso no topo da lista.
É inacreditável o sentimento
de gratidão que ele teve
durante uma crise pessoal.
Vamos para o próximo ano.
Um enorme ponto crítico
acontece na Grã-Bretanha
na sua luta contra a Alemanha nazista.
Três dias antes do discurso,
o rei George foi até Winston Churchill
e disse: "Por favor, quero
que você seja o primeiro ministro.
Temos que tomar uma atitude
e enfrentar essa ameaça".
Esse é o Winston Churchill.
É apenas um áudio.
Não havia vídeo
na Câmara dos Comuns em 1940.
Winston Churchill: "Diria à Câmara,
assim como disse àqueles
que se juntaram ao governo:
não tenho nada a oferecer senão
sangue, sofrimento, lágrimas e suor."
RG: O mundo de hoje seria diferente
sem Winston Churchill e suas palavras,
esse nível de convicção,
liderança, e resolução.
Vamos avançar.
Tenho três discursos de John F. Kennedy,
e vocês vão entender porquê.
Todos conhecem esse aqui.
Ele estava sucedendo um velho general,
Dwight D. Eisenhower.
Ele está na casa dos 40, uma nova era
para os Estados Unidos e o mundo.
Vocês vão reconhecer a primeira parte,
mas talvez não a segunda.
John F. Kennedy:
"Meus companheiros americanos,
não perguntem o que o país
pode fazer por vocês,
mas o que vocês podem fazer pelo país."
(Aplausos)
RG: Ele continua:
JFK: "Meus amigos do mundo,
não perguntem o que os EUA
farão por vocês,
mas o que podemos fazer juntos
pela liberdade do homem."
(Aplausos)
RG: O mundo se tornou um lugar diferente
por causa desse discurso
e desse novo presidente.
E ele provou isso muitas vezes,
dois anos depois na Universidade Rice,
onde ele falou sobre sua paixão autêntica:
enviar o homem à Lua.
Ouçam o nível de detalhe aqui
e percebam que sendo um líder visionário,
ele compromete a si mesmo e aos EUA
sem mesmo saber ainda como o faria.
JFK: Mandaremos o homem à Lua,
a 400 mil km de distância
do posto de controle de Houston,
em um grande foguete
com mais de 90 metros de altura,
do tamanho desse campo de futebol,
feito de novas ligas metálicas,
algumas das quais ainda
não foram inventadas,
capazes de resistir a calor e pressão
mais vezes do que já foi visto,
unidas com uma precisão maior
do que o melhor relógio,
carregando todo o equipamento necessário
para propulsão, orientação, controle,
comunicações, comida e sobrevivência,
numa missão nunca realizada,
para um corpo celestial desconhecido,
e então retornar em segurança à Terra,
reentrando na atmosfera a uma velocidade
superior a 40 mil km por hora,
gerando quase a metade do calor do sol
quase tão quente como hoje,
para fazer tudo isso e fazer certo,
e fazer primeiro,
antes do fim desta década,
então, precisamos ser corajosos.
RG: Não foi espetacular?
Infelizmente, ele não viveu para ver isso.
Mas tornou isso possível
graças à sua visão e sua liderança,
e criando um ponto crítico
com aquele discurso.
E depois, o famoso discurso em Berlim.
Berlim Ocidental estava sofrendo muito.
Ele vai lá e diz
que eles não estão sozinhos.
JFK: Todos os homens livres,
onde quer que vivam,
como cidadãos de Berlim,
e, portanto, como um homem livre,
eu me orgulho em dizer
essas palavras: Ich bin ein Berliner.
(Aplausos)
RG: Certo, então,
no ano seguinte, na verdade,
naquele mesmo ano
Dr. Martin Luther King,
acho que todos sabem disso
ninguém duvidaria que este discurso,
que metade dele foi improvisado,
abalou o mundo e criou um ponto crítico.
Martin Luther King: Eu tenho um sonho
(Aplausos)
que meus quatro filhos viverão
um dia em uma nação,
onde eles não serão julgados
pela cor da pele,
mas pelo caráter deles.
Eu tenho um sonho."
(Aplausos)
RG: Se ao menos fosse verdade,
estamos progredindo
por causa desse discurso.
Alguém que não conhecem, Barbara Jordan,
uma congressista do Texas,
foi a última pessoa a discursar
no Comitê de Watergate,
falando se Richard Nixon sofreria
impeachment ou não.
Ela ainda não tinha muita experiência,
era perto da meia-noite,
mas mesmo assim, suas palavras
com aquele tom incrível da sua voz,
abalaram o mundo e catalizaram
o movimento contra Richard Nixon.
Barbara Jordan: Hoje sou uma inquisidora,
e uma hipérbole não seria um exagero
e não estaria longe de expressar
a solenidade que sinto agora.
A minha fé na constituição
é integra, completa e total.
E não vou ficar sentada aqui assistindo
à depreciação, à subversão,
à destruição da constituição.
RG: Barack Obama.
BO: Hoje me sinto particularmente
honrado, porque, convenhamos,
a minha presença nesse palco
é bem improvável.
RG: E esse discurso foi um ponto crítico.
Aquele discurso mudou os EUA,
gostando ou não de Obama,
aquele discurso em 2004 mudou os EUA.
Não temos um áudio do próximo,
mas um dos meus discursos
favoritos é o de Albert Einstein.
Ele disse: "A experiência mais bonita
e profunda que o homem pode ter
é a sensação do mistério.
Sentir que por trás de tudo
pode ser experimentado
existe algo que a nossa mente
não consegue captar
e cuja beleza e simplicidade
é apenas uma fraca reflexão.
Para mim, é suficiente ficar
encantado com esses segredos
e tentar humildemente
compreender com a minha mente
uma mera imagem da estrutura
complexa de tudo que existe."
E ele fez isso e criou um modelo,
no qual entendemos como
a matéria e a energia são iguais,
e criou um novo paradigma,
e algumas pessoas acham
que ele reflete o símbolo antigo
para Deus chamado de Ohm.
Se você notar, há um "E" ao contrário,
um sinal de igual,
um "M" que está de lado,
um C, e um sobrescrito
que parece um quadrado.
E=MC², milhares de anos atrás,
refletido na descoberta
de Albert Einstein em 1906.
Quero mostrar algo que, na minha opinião,
são os dois minutos mais
poderosos de um discurso gravado,
de um ponto crítico da história do mundo.
Sintam e notem
que esse foi o último discurso dado
por ele antes de morrer.
Ele morreu e era óbvio que ele sabia,
ele morreu no dia seguinte.
MLK: Como qualquer um,
eu gostaria de viver
uma longa vida.
A longevidade tem o seu papel.
Mas não estou preocupado com isso agora.
Eu só quero fazer a vontade de Deus.
E Ele me permitiu subir à montanha.
E eu olhei ao redor,
e vi a terra prometida.
É possível que eu não vá até lá com vocês,
mas quero que saibam essa noite,
que nós, como pessoas,
chegaremos à terra prometida.
(Vivas) (Aplausos)
Então hoje estou feliz.
Não estou preocupado com nada,
eu não temo nenhum homem.
Meus olhos viram a glória
da vinda do Senhor.
RG: Você ainda tem medo
de falar em público?
Se sim, você está junto com a metade
das pessoas do planeta.
Para superar isso, veja isso como
uma conversa do seu coração
e pergunte a si mesmo:
Qual é o meu darma?
Qual é a minha paixão que quero
compartilhar com o mundo?
Algo que o meu DNA sem igual,
que está em cada uma
das 50 trilhões de células
carregadas com energia equivalente
a 50 mil bombas atômicas,
segundo Einstein,
vai me permitir estar no mundo,
fazer a diferença,
fazer discursos,
compartilhar minha paixão,
e fazer do mundo um lugar melhor.
Cada pessoa com quem trabalhei
tem a habilidade, à sua maneira,
de se superar,
de fazer do mundo um lugar melhor,
de revelar a sua paixão,
e criar um ponto crítico que mudará
tudo o que existe no planeta,
e fazer do mundo um lugar melhor.
E eu o encorajo a superar seu medo,
mostrar a sua paixão,
mostrar quem você realmente é
e fazer essa diferença.
Obrigado a todos.
(Aplausos)