Sabe aquela animação
que tem por trás
da tela do seu aplicativo
ou aquela transição
entre uma tela e outra?
Nós estamos falando aqui
do Motion Design.
O assunto desse podcast
vai mostrar para você
quais são as principais
técnicas, ferramentas,
frameworks, estratégias,
e, é claro, o papel
do desenvolvedor
e da Inteligência Artificial
em tudo isso.
Eu sou Gustavo Torrente,
e hoje estou aqui
com grandes
especialistas em motion.
Estamos aqui
com Eder Bronson, César Molina,
que hoje vão falar tudo
sobre o que você precisa saber
sobre esse tal de Motion Design.
Tudo bom, César?
Tudo bom.
Muito obrigado pelo convite.
Meu nome é César,
eu trabalho na área
de comunicação e educação
já faz quase dez anos.
Na verdade, educação,
faz algo em torno de oito anos,
e na parte
de comunicação, uns 20.
Faz tempo.
No momento, eu estou trabalhando mais
também como designer instrucional,
utilizando motion e outros
recursos audiovisuais.
Muito bom.
Eder, seja muito bem-vindo.
Obrigado.
Como ele já disse,
meu nome é Eder,
sou professor
de Design Digital da FIAP,
dou aula de UX Motion,
dou aula também
de Design Gráfico.
Tenho uma trajetória aí
de mais ou menos
15 anos em design.
Venho do jornalismo,
fiz uma transição de carreira
onde eu fui para a tecnologia,
mas, na tecnologia, eu
resgatei o meu lado designer,
e agora eu estou oferecendo
um pouco do meu conhecimento
para os meus queridos
alunos na FIAP,
e estou muito feliz com isso.
Que incrível, gente!
Vamos começar aqui a nossa conversa
colocando os pingos nos is.
Então, César,
o que é, na sua visão,
esse tal de Motion Design,
e como ele ajuda
na experiência do usuário,
principalmente aqueles que vão
navegar por aplicativos?
Bom, na verdade, isso aí nasceu
há muito tempo atrás
com o cinema.
Ele foi pensado mais para a parte
de cinema e animações.
Só que, trazendo pouco
para o nosso contexto,
ele cresceu nesse ambiente
mais de aplicativos,
principalmente
com o desenvolvimento dos Tablets
e Smartphones.
Então, o Motion Design,
para aplicativos mobile,
tem uma função
ali de primeiro...
Pegando essas referências
do Designer Gráfico,
da animação e algumas
técnicas cinematográficas,
inclusive reaproveitando os nomes
que a gente utiliza nessa área,
eles tendem a criar animações
para tornar...
Mais dinâmica a experiência.
Eu acho que essa é
a palavra fundamental,
que a gente ouve bastante,
inclusive na área de criação
ultimamente,
a palavra experiência.
Então torna esse
processo mais fluído.
E tem até um termo
que eu li esse dia,
que eu acho muito engraçado,
que é reduzir a carga
cognitiva do usuário,
ou seja, você fazer com que o usuário
fique muito mais à vontade
e muito mais calmo,
de repente, não frustrado,
que são outros temas
que eu tenho lido bastante,
na hora de utilizar
um aplicativo, por exemplo.
Então é tornar a experiência
mais fluida, mais simples.
Que aquele app
não seja um labirinto,
que ele bata o olho
e já saiba o que vai fazer
sem ter que pensar muito,
sem ter que gastar poder
de processamento, né?
Exatamente. A parte
estética é fundamental,
mas o essencial mesmo
é fazer a coisa mais
fluida, mais intuitiva.
Eu costumo dizer
que, na verdade,
o usuário é o navegador,
é o navegante,
e a gente, por mexer
com essa parte técnica,
tende a achar que somos
o capitão do barco.
E, na verdade, não.
Na verdade, o capitão do barco
é o próprio usuário.
Ele que é responsável
pela sua navegação.
O nosso trabalho
é ser o cursor da água,
é fornecer a linha
e o movimento
que vai guiar os passos
desse navegante
na nossa interface digital.
Então...
O Motion Design,
que, na verdade,
é uma junção de Motion
Graphics com UX Motion,
é o Motion Graphics
aplicado ao UX Motion...
Essa animação
de elementos visuais,
elementos técnicos,
que a gente joga
para a interface digital
para criar isso que ele disse,
que é uma navegação mais fluida...
Mais constante,
mais tranquila, né, uma...
- Intuitiva.
- Intuitiva.
Então a gente é
responsável por guiar...
É muito mais que estética.
Ele falou isso, é muito
mais que estética.
É uma noção
de percepção do usuário.
Então o nosso objetivo
é com conduzir o usuário
pela interface digital.
Como a gente vai
fazer essa animação,
é uma mera questão técnica.
Então eu acho que é
importante dizer isso,
porque às vezes as pessoas
acham que a técnica resolve tudo.
"Ah, eu preciso aprender
um determinado software
e eu vou me tornar
esse profissional."
Não.
O Motion Design
é muito mais que técnica.
Ele é uma noção
da cognição do usuário,
da relação com a interface.
Perfeito, perfeito.
É aquela história, eu não estou
criando a aplicação para mim.
Eu estou criando aquela
aplicação para o usuário.
É com a cabeça dele
que eu tenho que pensar,
quais são os passos que ele
vai tomar, onde ele vai clicar,
se ele digitar
alguma coisa errada,
qual é o feedback visual
que eu posso fornecer para ele.
- É quase um exercício de empatia.
- É verdade.
Se colocar no lugar do outro
e ter essa sensibilidade.
Porque não deixa de ser um artista
o motion designer, concorda?
É um artista aplicado.
E para ser artista
tem que ter sensibilidade
de se colocar no lugar do outro.
Incrível.
É isso que a gente faz.
Muito boas as definições.
E de que forma, César,
essas animações
vão facilitar a vida e o dia
a dia do usuário?
Ou seja, como você consegue
hoje, no seu dia a dia,
colocar em prática esse
conhecimento do Motion Design
e tornar interfaces
que antes eram complexas,
muito mais intuitivas?
Então, a gente tem
alguns recursos.
Por exemplo, a gente tem
essa questão dos feedbacks,
das microinterações,
que vão servir ali para reforçar
determinado comportamento,
e muitas vezes para guiar.
Então, por exemplo, a gente
às vezes pega uma interface ali
na mão de uma pessoa
que não está muito acostumada
a lidar com aplicativos,
internet de maneira geral,
e a coloca, de repente,
na frente de um story,
de uma propaganda
que ela está assistindo,
de repente,ela gostou do conteúdo
e querer saber mais.
Você tem ali o velho conhecido
Call to Action, que é o botão,
mas às vezes ele é colocado
de uma maneira...
Por exemplo, às vezes,
dependendo do aplicativo,
são muitos recursos.
Se a gente for colocar
um recurso para cada botão...
Me desculpe, ao contrário.
Um botão para cada recurso,
parece ser uma tela de botões.
Então a gente começa a dar
algumas orientações.
Por exemplo,
coloca uma animação,
como setinhas
apontando para cima.
A pessoa vai saber que se ela
quiser acessar aquela pasta,
arrasta para cima,
arrasta para o lado.
Então você tem ali
alguns aplicativos.
Eles vêm a primeira vez
que você instala
como se fossem minis tutoriais.
Para quem está vendo
aqui, o estudante,
você que instalou o Adobe
no seu computador pela primeira vez,
sabe que, toda vez
que abre um software...
É irritante, né?
Mas toda vez que abre
um software da Adobe...
Eu pulo.
Então, mas ultimamente
parece que eles
não estão deixando nem isso né?
- É, força você...
- É, força você assistir.
Então ele tem ali um tutorial.
Se você quer ir para o menu tal,
você arrasta para cá,
ou se você quer acessar a página,
você arrasa para cima.
Então...
Esse feedback, muitas vezes,
de você clicar no botão...
Isso aconteceu comigo
esses dias.
Foi no meu aplicativo inclusive.
Eu preenchi um cadastro enorme,
extremamente mal feito,
que você tem que...
Você não pode digitar.
Você tem que... Sabe?
Universidade, são todas
as universidades do mundo.
Se vira, acha.
Você não pode digitar.
E a hora que você
acabou de digitar,
você vai lá para baixo
e some da sua tela.
Todo o formulário que você preencheu,
fica só o botão de enviar.
O que é o básico da nossa área?
Quando você aperta esse botão,
o que tem que acontecer?
Tem que ter uma micro interação.
O botão muda de cor, ele treme,
ele muda, aparece como enviado.
Isso é o básico na nossa área.
O botão não fazia isso.
Ele simplesmente não mudava,
o formulário tinha sido enviado,
o formulário tinha sido assim...
Ele carregava.
Só que tem um macete
especial desse aplicativo.
Você apertava mais de uma vez
porque você achava que não tinha apertado,
ele zerava o seu formulário
e você tinha
que começar de novo.
Então, a nossa área
trabalha muito
na parte de direcionamento,
mas também de reforço,
de você sanar, no usuário,
se a ação que ele executou
foi para algum lugar.
Reduzir as interrupções.
Reduzir as interrupções.
Não existe nada mais desconfortável
do que você clicar num botão
e você não saber
se o seu arquivo subiu
ou se você recebeu o arquivo
de alguma maneira.
Então, esse feedback que ele está
fazendo, que é o feedback visual,
é uma micro animação
que é realizada
através de uma interação
num pequeno ícone,
num pequeno botão,
que dá a resposta ao usuário
de que aquela ação foi efetiva.
Tranquiliza.
Exatamente.
O nosso papel é deixar
os usuários mais tranquilos.
A vida já é muito difícil.
Ao acessar o meu site, eu te garanto
que, tranquilo, você vai ficar.
A vida já difícil, o seu aplicativo
vai dificultar mais?
Se as telas,
que a gente tem que lidar
o tempo inteiro com elas,
forem dificultar a nossa vida,
então a gente está ferrado.
No começo estava difícil, no final,
parecia que eu estava no começo.
É por aí mesmo.
Então a nossa função é essa.
É o que eles chamam
também de visual cue",
que seria uma dica visual.
essa parte de...
Animações,
quando arrasta, cliques.
São recursos que a gente
acaba utilizando.
além de transições, que a gente
vai comentar um pouco.
São os principais os três,
transições, micro interações...
E os feedbacks visuais.
Feedback visual, interações,
são recursos então que...
Fundamentais.
Fundamentais,
que o motion design...
E sabe o que acontece?
Nos primórdios da internet
não tinha essa preocupação.
A preocupação era:
tem que funcionar.
E aí o que você falou?
Você vai selecionar lá a cidade.
Você seleciona
o estado de São Paulo,
tem mais de 500 cidades,
e aí a sua cidade é
a capital, é São Paulo,
que está lá embaixo
e aí tem que percorrer.
Todo mundo sabe que a primeira
cidade é Adamantina,
porque todo o formulário
que você vai preencher...
- Que não tem esses recursos...
- É mesmo, né?
Você sabe que Adamantina
é a primeira da lista.
Agora você imagina, por exemplo,
que você quer colocar uma cidade
lá no seu formulário
e você clica na setinha para baixo
e não abrem as cidades.
Já é uma sensação
de desconforto.
Exato.
E você falou desde
os primórdios, não é verdade?
Provavelmente, a gente
deve estar falando
com uma faixa etária aqui, enfim.
Quem tiver mais ou menos
a nossa idade
vai lembrar dos sites
da década de 1990.
Até tem lugares, sites,
que arquivam essas interfaces.
Tem, Web Archiving,
"web.archiving.org".
Obrigado por lembrar.
Eu estava aqui matutando.
Pô, se você pega um site
da década de 1990,
experiência do usuário,
meu Deus,
era o terror na terra.
E a gente desbravou
aquilo tudo, né?
Apanhou para fazer.
"Ah, então é assim que funciona."
Teve alguém que falou assim:
"Meu Deus, isso aqui está terrível.
Eu vou ajudar
o pessoal a navegar melhor",
Essa pessoa merece
ser glorificada.
Eu acho que isso que você trouxe
é muito da cultura e da experiência
que nós tivemos no passado,
de hoje não ter essa paciência
de querer assistir o tutorial
que, de repente, outra geração
ou outra cultura tem.
Eu vejo que os americanos
tem muito dessa cultura.
Quando eles compram
uma TV, por exemplo,
de abrir a caixa, pegar o manual,
ficar lendo o manual, para depois...
Aqui não, aqui a gente já
pega a TV, coloca na tomada,
pega o controle remoto,
e vou aprender a mexer.
"Ah, tem uma folhinha
aqui explicando".
Na melhor das hipóteses,
o cara vê uma unboxing,
vê um review.
Para falar bem a verdade,
quando eu pego uma coisa
e não estou
conseguindo programar,
não tem dúvida, YouTube.
É uma cultura imediatista,
vai um pouco além de geração.
Você está vendo que até...
Ele falou assim: "A gente largou
o panfletinho o manual
para a gente procurar
o tutorial de como montar
num site,
porque o YouTube é um site,
o Facebook é um site.
E pela intuitividade deles
faz com que...
É muito mais intuitivo eu procurar
numa plataforma como essa
do que eu ler um manual...
- Com 500 folhas.
- Que é mal diagramado.
Nossa, muito mal diagramado.
E aí você fica naquela confusão...
- Faço isso, faço aquilo...
- E você acha na internet, né?
Por exemplo, como prosetar
o relógio na TV tal, tal, tal.
Tem, incrível como tem.
Então é muito mais fácil,
muito mais prático, né?
É o que eu falei, é
a cultura do imediatismo.
A gente tem que ter coisas
que forneçam respostas rápidas,
até para coisas que a gente...
Não tem como ser mais
rápido que isso, né?
A gente chegou num estado
que a gente pergunta para o AR?:
"Como eu programo essa TV?".
E o AR me responde:
"Ainda não chegamos lá".
Mas o aplicativo é uma coisa
que e cada vez mais
tem que ser responsivo,
tem que ser rápido.
Ninguém vai aturar ficar
no aplicativo de...
Eu já fiz, abandonar
o aplicativo de comida
porque o negócio ou é lerdo
ou mete uma animação
que não tem nada a ver,
e, consequentemente...
Na época,
o carregamento não ia e...
Não, e existe uma pesquisa,
que inclusive...
Eu não vou lembrar
a fonte da pesquisa.
Por favor, se vocês
tiverem acesso em casa,
pesquisem isso.
Mas existe uma média de...
Usuários que largam um site
se o site demorar
3 segundos para abrir.
A otimização é um processo
fundamental também.
Não basta você ter uma animação,
um motion design, bem bacana
se ele não tiver otimizado
para que o site carregue bem,
para que o site flua bem,
para que ele não fique
cheio de travamentos.
Boa!
Eu quero pegar um gancho
que o César trouxe
de múltiplas animações
e tudo mais.
Vocês, que são profissionais
que hoje estão na área,
atuam no dia a dia
com Motion Design,
eu vejo que às vezes o excesso
de animações e transições
pode dificultar
a vida do usuário.
Não adianta ter um aplicativo
que gira, pula, estoura,
sendo que ele não cumpre
com as funcionalidades básicas.
Eder, na sua opinião,
como a gente consegue
alcançar um equilíbrio
entre essas transições
e animações
e a usabilidade final
para o nosso usuário?
A análise
de otimização do site...
Se o site está rendendo bem,
é a primeira coisa que se tem
que fazer, identificar...
Esse excesso de animações
através
de uma percepção sensível
que o motion designer
tem que ter.
Em tudo, em qualquer trabalho,
no caso de interface digitais, porque
a gente está falando de animação.
Um monte de animação
não vai ser legal.
Se você pegar
para fazer um panfleto,
se utilizar o mesmo estilo,
ou o mesmo objeto, várias vezes,
ele vai cair num problema
que é um dos fundamentos
do design,
que é a repetição.
Então eu acho que a gente tem que
controlar essa questão de repetição.
A gente tem que ter o bom
senso e a sensibilidade
de tornar a página fluida.
E esse processo exige
o conhecimento do usuário.
Então, assim,
quando você conhece
como é o comportamento visual
diante de uma interface
de usuário,
você vai adquirindo automaticamente
e imperceptivelmente
essa sensibilidade.
E é design.
O design tem um objetivo
de frente de arte que é subjetiva.
Então, se você tem um objetivo,
você tem que cumprir
com esse objetivo.
O excesso de animação
vai cumprir o objetivo?
Depende de qual
a proposta da interface.
Se ele não estiver cumprindo
esse objetivo, então tira.
É preciso ter
essa sensibilidade,
esse bom senso de saber
avaliar qual é a proposta
e qual o objetivo da animação.
Com um bom briefing,
você vai à lugares maravilhosos.
Sensacional!
César, nós falamos aqui
nesse bate-papo
sobre micro interações.
Traz para nós aí
alguns exemplos.
Eu percebo que a micro interação
é aquela coisa que às vezes
o usuário não percebe,
ele não dá valor,
mas aqui faz
uma diferença enorme
na sua experiência
e na usabilidade.
Traz alguns outros exemplos
de micro interações
para o pessoal que está
assistindo a gente associar...
"Hum, isso aqui é
uma micro interação".
Por exemplo, quando você vai
preencher uma rede social
fora do seu computador,
fora do seu celular...
Essa é bem famosa.
A gente está acostumado a salvar
sem ter mais
que ficar decorando,
ou a gente mete
a impressão digital e acessa.
Às vezes a gente tem que acessar
o site fora, em outro lugar,
a sua rede social... "Qual
a sua senha do Facebook?".
- Eu não tenho a menor ideia.
- Não faço ideia
Aí você vai tentar entrar
com a sua senha e não funciona.
O que acontece normalmente com o campo?
A hora que você digita e erra,
ele tende a ficar na cor vermelha,
mas, além disso...
A gente até comenta sobre isso,
em relação à acessibilidade.
Só ficar na cor
vermelha não ajuda.
Ele dá uma tremidinha.
Isso é uma coisa que acontece...
Não vou dizer em todas, né,
mas eu acho que a maioria
dos aplicativos que a gente utiliza,
quando você erra alguma
informação, ele tende a tremer.
Quando você preenche,
de repente, o seu CEP errado,
você colocou seis dígitos,
o que normalmente tende a acontecer
é ele não te deixa ir para frente.
De repente ele
vai subir a página
e vai mostrar o erro
com uma cor diferente,
onde que você errou.
Então, essas interações,
desde movimento,
desde a alteração de cor,
ou os dois juntos,
preferencialmente os dois juntos,
vai mostrar uma espécie
de reforço quando você acerta,
ou ao contrário, quando
você erra, que é o caso aqui.
São coisas que ralmente tendem a...
Reforçar,
para que você não faça mais
ou você preste atenção,
ou para que, de repente,
quando você dá um like...
É uma coisa até
um pouco mais recente.
Você dá um like ou você dá um coraçãozinho,
dá um parabéns...
Ainda existe isso no Facebook,
de você colocar parabéns,
tem serpentina?
Sim.
Então, isso é um é
um reforço, é uma interação,
que causa ali
uma conexão emocional.
Porque, assim...
A parte do motion
pega um pouquinho de referência...
Atenção! Um pouquinho, tá?
De referência dos doze passos,
doze fundamentos da animação,
que é um livro que surgiu
lá na década de 1980,
que foram observações feitas
principalmente com produções da Disney.
Então não é alguém
que veio da regra.
É alguém que achou
elementos em comum.
E que vai influenciar
de alguma forma
os doze fundamentos do UX.
Qual a diferença
de um e de outro?
Da animação, é para criar
uma conexão emocional,
do UX para criar uma...
No sentido mais...
- Como eu posso dizer?
- Experiência.
Experiência.
Então você vai juntar um
com o outro, entendeu?
Fique mais no UX, tá?
Mas a questão da animação
para te trazer uma conexão
emocional, é fundamental.
A experiência é muito boa,
mas quando você sente ali
que tem uma...
A questão de você dar
like ou um coração
e ter toda uma animação,
uma alimentação,
um feedback.
torna a sua experiência
muito mais emocional,
que é importante também.
É bom que o aplicativo
funcione,
mas essa conexão emocional
também é fundamental.
Essas micro interações geralmente
trazem um pouquinho dos dois.
Sem dúvida, sem dúvida.
Vamos fazer agora
uma viagem no tempo
e voltar lá para 2009.
2009 foi um ano em que começou
a surgir os primeiros aplicativos
após o lançamento
de AppStore, Google Play,
a antiga Play Store.
Era uma época que tinha
diversos Smartphones,
um leque com Windows Phone,
BlackBerry, iOS,
Android, entre outros.
Voltando agora
para os dias de hoje,
nós temos a grande concentração
entre usuários Android e iOS.
Eder, muda alguma coisa
de Android para iOS
quando o assunto é motion,
ou é tudo a mesma coisa?
Eu acho que tem muito a ver
com as diretrizes do design.
Eu sou péssima com nome,
mas, por exemplo,
o Android usa muito
o Material Design do Google.
Tem essas...
Essas diferenças que são
muito estéticas, de estilo.
Por exemplo, o Material
Design é mais flat.
Você se lembra como
que é o nome do material...
Perdão por não lembrar.
Capaz que eu lembre no meio.
Mas o UX também
usa um estilo de...
Um Guidelines?
Alguma coisa assim.
Human Interface Guidelines.
Eu acho que eles têm
menos de flat.
Eles mexem mais
com sombreamento e profundidade
através de luzes.
Então tem essa diferença de diretrizes,
e de softwares que você vai usar, né,
de ferramentas que você vai usar.
Então você pode usar...
No Android, você pode usar Lottie,
você pode usar o After Effects,
para converter as suas
animações em JSON...
Em Flutter.
Assim, tem várias ferramentas
que diferenciam,
que são utilizadas
em cada sistema.
Tem suas diferenças,
mas o fundamento é o mesmo.
O fundamental é o mesmo,
desde que a gente
consiga respeitar ali
o Guidelines, né?
Traduzindo
para o pessoal de casa,
é um conjunto de boas práticas
que cada sistema operacional usa.
E vale destacar também que são
fundamentais muitas vezes
para o aplicativo
ser aceito na loja.
Porque, às vezes, se você coloca lá
um botão que foge da proposta
ou um botão menor,
o que a Apple,
o que o Google, pensam?
"O meu usuário vai ter dificuldade
de clicar nesse botão".
E aí, o que ele vai falar?
"Ah, esse aplicativo é ruim"?
Ele vai falar: "Esse
iPhone não presta".
Então eles são bem preocupados
com essa questão.
Nos projetos que você
já tocou, César,
você sentiu muita diferença
de iOS para Android
na hora de pensar em motion?
É que normalmente...
iOS tem uma questão com a sobreposição
e de arrastar para o lado.
Eles também tem uma questão
em relação a você não começar
o movimento muito perto da borda.
É uma recomendação que eles dão.
Não é bem uma recomendação.
Não pode, tá?
E no Android,
ele é um pouco mais...
Eu não sei como é hoje em dia,
mas se tinha uma certa cultura
de que o iOS era
um pouquinho mais chatinho.
Só que, assim, como você falou,
a gente está muito mais
em Android e iOS hoje.
As diferenças de tamanho de tela
são muito menores no iOS
do que no Android.
No Android, você tem
uma variedade imensa de tamanhos,
e você tem que trabalhar
em cima disso.
E a questão das transições
é assim:
"Ah, mas a transição
no iOS é mais suave".
É o que ele falou.
Eu acho que é muito mais
uma questão de...
É tão sutil, tão sutil,
que às vezes torna
imperceptível para o usuário.
Então é mais uma questão
de detalhe técnico mesmo.
A questão do design
como um todo,
se você comparar o WhatsApp
em um e em outro.
Mas é uma diferença do tipo...
Ah, um detalhe.
O iOS tinha uma preferência
no modo de transição,
que é o de expandir,
também chamado...
Eu vou tentar traduzir aqui.
É obscurecer,
se não me engano.
Onde você aplicaria ali...
Clica em uma determinada tela,
ela expande,
só que, o que está atrás,
não desaparece,
que é para te manter
o senso de direção,
para você não ficar perdido.
Só que, assim, o Android
também está fazendo isso.
Então, voltando para o WhatsApp,
a única diferença que eu vi,
visualmente falando,
o WhatsApp de um para o outro,
é que, em cima do Android,
tem uma faixinha verde
para fazer a barra superior
ser dividida em duas.
A superior do iOS é uma faixa
única com uma cor só.
Então, assim, são coisas
que...
Eu acho que, antigamente, o iOS
seria um pouco mais temido.
Mas hoje a coisa acabou
convergindo um pouco
e eu não vejo tantas
diferenças assim.
A questão de você arrastar
para o lado ou não...
Muita coisa do Android funciona assim
hoje em dia.
É, essa convergência, a gente
discutia muito isso no passado,
as diferenças
de um para o outro.
O iPhone tinha um botão
voltar no aplicativo.
O voltar do Android já é
nativo do próprio aparelho.
Tinham essas diferenças.
Mas esse lance da convergência
é muito legal, Eder,
porque a gente percebe
que as empresas olham e falam:
"Por que eu estou querendo
reinventar a roda?
Se meu usuário já sabe
que o carrinho de compra
é no canto superior direito,
por que eu vou inventar
moda e colocar embaixo?".
Porque as pessoas já
estão associando,
inclusive no caso do motion,
que é o nosso papo aqui,
os gestos, os movimentos,
o arrasta para cima,
o double tap.
iOS, Android,
são as nossas principais
plataformas de Smartphones,
quando gente fala
de sistema operacional.
Mas e quando a gente fala
num passo anterior
ao desenvolvimento do aplicativo,
o protótipo,
quais ferramentas vocês indicam hoje
para a gente prototipar
esses aplicativos
já pensando nas animações?
Figma, você pode animar
no Figma também.
Eu acho que é o mais comum.
Tem o Sketch.
O After Effects também.
Essas ferramentas todas,
você consegue prototipar,
e, de alguma forma,
elas têm suas integrações.
A tecnologia
é tão bacana hoje
porque você consegue permear
por todos os cantos,
por todas as ferramentas,
sem necessariamente sair,
abandonar outra ferramenta,
porque elas estão integradas.
São algumas.
Mas aí tem diversas ferramentas.
Tem o Lottie, né?
É, o Lottie.
Essa eu não conhecia.
O que ela faz?
- Está certo o nome, né, Lottie?
- É, Lottie.
Ele tem modo...
Para a galera que já trabalha
mais com programação,
porque ele te fornece
um arquivo JSON...
Depende como a pessoa pronuncia.
Se você não souber programar,
vai precisar de algum
desenvolvedor,
que ele te dá o código, que é
um código mais facilitado inclusive,
ele é mais fácil, ele roda
inclusive muito mais rápido.
E tem a versão mais
prática e multiuso.
Qualquer um pode pegar.
Você pode baixar uma animação
que você precisa colocar no teu...
Alguma publicação que você
vai fazer no Instagram.
Aí você quer, de repente,
uma caixinha de som tocando.
Você coloca lá uma caixinha
de som tocando.
Aí você acha a caixinha
de som, animada,
você consegue mudar
essa caixinha de som.
Não precisa programar,
pode ser do zero, tanto
o fundo quanto a figura,
e você consegue adaptar,
de que maneira ela vai se mexer,
de que maneira ela vai animar,
e você consegue baixar em MP4,
GIF e o JSON.
Então, se você já baixa no formato
para você utilizar na hora,
você mexe na sua publicação
imediatamente.
Você transforma vetor,
ou imagem,
que é superpesado, em código,
e aí você pode levar
para o VS Code
e o front-end pode só aplicar
o código JSON no site dele
e vai ter a animação lá.
E caso você queira
uma funcionalidade de cliques
aí é código,
muitas vezes em CSS
ou alguma coisa em JavaScript.
Sensacional!
Essa então seria uma forma
de pular uma barreira.
Quando a gente fala em animação,
quando a gente volta lá
para meados dos anos 1990,
vocês devem lembrar do Adobe Flash.
Nossa! Eu tinha certeza absoluta
que você ia levar a gente
para o fundo do...
Não, eu estou brincando, Flash.
Você foi muito útil
por muito tempo.
Resgatei agora o Adobe Flash.
- Eu fiz um curso em 2008...
- O terror dos web designers.
Flash CS5.
O Flash é traumático.
Era pesado
e prejudicava a experiência.
O carregamento do site,
o aplicativo, na época,
não existia ainda,
os Smartphones são pós 2007.
Mas quando a gente fala
desses desafios técnicos,
esse é um exemplo que você deu,
de converter em SVG,
converter em código
para não prejudicar
a performance do aplicativo.
Tem outras dicas e truques?
É sobre o usuário,
é tudo sobre o usuário
é o que ele precisa,
o que ele quer,
para ter a melhor experiência
possível diante de uma tela.
Eu acho que é sobre isso.
O UX Motion...
A gente estava conversando
sobre isso, né, César?
O código hoje...
Eu sei que muita gente torce o nariz,
principalmente quem
não é da programação.
Mas é algo que a gente
tem que lidar.
E eu não gosto de ser clichê,
mas normalmente é clichê
é porque é verdade.
É um novo idioma,
um novo inglês.
A pessoa que hoje está preparada
para lidar com código,
ela está um passo
na frente dos outros.
Opa! Então quer dizer que, mesmo
eu só trabalhando ali com design,
eu tenho que sair
da minha zona de conforto
e entender um pouquinho
o que aquele código faz?
Você precisa saber
se vai pegar o arquivo JSON
na hora que você exportar
uma animação Lottie.
Você precisa saber
o que está escrito ali.
Vai ter uma série de sintaxes,
parâmetros e valores.
Então, você precisa saber
para que você possa otimizar melhor
o seu site, caso necessário.
E quando você tem
o domínio dessas ferramentas,
você fica muito mais tranquilo
para lidar
com as resoluções dos problemas.
E da mesma forma que o designer
começou a aprender
um pouquinho de código,
é importante o desenvolvedor
também sacar
o que o designer pensou
para aquela aplicação.
Conte para nós, César,
vocês, que estão
no mercado hoje,
dá muito ruim se os dois
não se conversarem,
não se entenderem ali?
Ah, dá muito péssimo.
Às vezes eu percebo...
Até leio em alguns fóruns
de vez em quando nos comentários,
algum designer vai lá, coloca
mais ou menos a arte dele,
uma noção do que ele
pretende fazer,
e aí tem lá o comentário,
que é o protótipo, de alguém:
"Quero ver o dev se virar
para fazer isso".
Ele que lute, né?
É, ele que lute.
Até os membros, que eu vejo
de vez em quando, um dev olhando...
"Mano, que mundo
esse cara vive?".
É importante para você saber...
É de maneira geral, tá?
Boa parte de qualquer
área de criação,
você sempre tem
uma fragmentação,
e essa fragmentação
inclusive tende a ir sumindo...
A fragmentação de áreas,
por exemplo.
Então, só para dar um exemplo,
a gente estava conversando ali atrás,
eu pego algumas vagas de vez em quando
para Design Instrucional
e eu vejo algumas especificações
que eles pedem.
Só retomando rapidinho
a questão da programação,
do seu novo inglês.
Aí você tem lá o que eles pedem
como design instrucional,
que é uma coisa ligada
à pedagogia, essencialmente.
Mas eles já transformaram
o designer pedagogo
também designer, entendeu?
E agora, não
não contente com isso,
eu pego umas empresas,
grandes inclusive,
pedindo para saber fazer isso aqui,
o audiovisual, captação
e edição, a parte de design,
a parte de emotion,
e programação.
Eu tenho vontade
de responder na entrevista:
aceitam fritas também?
Realmente é importante você ter
um mínimo de conhecimento,
por exemplo, que é o que eu
tenho em programação,
para você saber, na hora
de você pedir uma transição.
por que você quer
aquela transição.
É realmente necessária
aquela transição?
Ela está extrapolando a parte
artística, e é egocêntrica?
Eu sempre vou falar ?
como designer.
Mas ela realmente é necessária?
O desenvolvedor ?
Isso aqui realmente
pode prejudicar
a fluidez do nosso sistema?
Pode.
O que a gente pode fazer?
Olha, você pode, de repente,
tirar a FPS, por exemplo.
Ou se não, "Tem realmente..."
Agora o desenvolvedor
para o designer.
"Tem realmente a necessidade
de você meter
essas transições aqui?
Você não pode adaptar?".
Então é sempre bom
a gente ir um pouco além
daquela questão do... "Não,
botem os dois para jantar juntos".
Não, amigo,
não é isso que vai...
É você colocar os dois
para trabalharem juntos.
O que eu percebo
é que, cada vez mais...
Inclusive a gente estava
conversando sobre isso,
que os designers estão...
Até vendo um pouco do futuro.
Indo para a parte de programação,
necessariamente.
Primeiro, porque talvez ele não
seja um baita desenvolvedor,
mas ele minimamente
sabe trabalhar aquilo ?
Então ele vai ter consciência
de.. "Não, espera um pouquinho.
A hora que o cara ali
for desenvolver..."
Eu estou pesando a mão.
Então, num primeiro momento,
é botar os dois para que eles
demonstrem, primeiro,
qual é a função da minha questão
prática do design,
artística também, claro,
e principalmente
o caminho contrário,
que é você ver
o desenvolvedor...
"Olha, qual é ...".
Não é só o trabalho
que eu vou ter, entendeu,
mas olhe o tanto de cor, recurso
e tempo, que são fundamentais.
Às vezes eu não tenho tempo.
E olha quanto eu vou gastar.
É realmente necessário?
"Não é, cara, me desculpe.
Eu vou fazer isso aqui."
Então, essa parte
de trabalho em equipe,
um saber as dificuldades
do trabalho do outro,
você pode pegar isso e aplicar
em qualquer área
de criação que você quiser.
Muito bom!
Então estamos enxergando aqui
tendências do mercado.
Falamos do passado,
e agora nós vamos falar
do futuro barra presente.
Eder, como você enxerga
o papel da Inteligência
Artificial hoje
em tempos de IAs generativas
desempenhando um papel
nessas animações e transações?
A IA, por si, tem a tendência
de automatizar os processos
criar padrões.
Eu acho que isso é inevitável,
já está acontecendo muito.
Eu acho que talvez...
Eu não sou futurista,
mas eu acredito
que a tendência
é a integração de IAs
em novos processos tecnológicos,
por exemplo, Realidade Aumentada...
Como a IA vai se integrar
com a Realidade Aumentada.
Como a IA vai subsidiar...
O Motion Design.
Já tem hoje IAs
que criam animações.
Eu acho que é tudo
uma questão agora de aperfeiçoar.
Eu acho que, com o tempo,
isso vai aperfeiçoando.
Eu acho que tem a ver mais
com a automatização
de funcionalidades.
Porque o Motion Design
são funcionalidades e emoções,
então ele caminha entre...
Ele transforma algo técnico
em algo humano.
Eu vou ser mais...
Eu acho que eu vou ser
mais preciso agora.
Ele faz com que,
através das ferramentas dele,
o usuário tenha sensações.
Eu acredito que a IA vai entrar aí,
vai otimizar esses processos,
automatizar esses processos,
para que as sensações
sejam mais...
Sensacionais.
Quase parafraseando
o Djonga aqui...
Num podcast sobre UX Motion.
Mas é válido.
Grande Djonga!
Então é mais sobre isso,
como a IA pode melhorar
essa navegação
a ponto do usuário
se sentir mais confortável.
Aí é um mundo de possibilidades.
Mas eu acredito muito
que está nessa construção de padrões
e automatização
das funcionalidades.
Na sua opinião, César, até onde ajuda
e até onde é um ponto de atenção
para os profissionais
que trabalham com isso
e usam a IA no seu dia a dia?
Taí um tema que, se você deixar,
eu vou ficar duas horas aqui falando.
Me deixe fazer um recorte então.
Eu acho que, a princípio...
Ele tende a facilitar a automatização
de alguns processos.
Então ele tende, de repente...
A facilitar alguns trabalhos
um pouco mais simples,
onde você precisa
de umas transições mais...
Porque a Inteligência Artificial,
na verdade, não cria, tá?
Ela depende de repositórios
e treinamento.
Então, muitos artistas,
inclusive da área,
têm reclamado porque
eles percebem
que muitos trabalhos deles
têm sido roubados,
Sabe aquele negócio,
copia mas não faz igual?
Você tem artistas
de diversos setores...
Roube como um artista.
Exatamente.
E o que é bem verdade, né?
Historicamente falando,
sempre se roubou muito.
Só que quem é roubado não gosta.
Então você tem vários ilustradores,
por exemplo, que pensam:
"Opa, esse estilo aqui é meu!",
e não ganham uma vírgula
por causa disso.
Então a coisa precisa passar
por uma regulamentação.
Mas, num primeiro momento...
E também tem muita a questão
de um certo terrorismo
momentâneo em relação...
"A IA vai roubar o seu trabalho.
Então, compre a sua IA,
aprenda com a gente,
mas pega o pacote pago".
Entendi. Vocês estão tentando
fazer uma venda,
cada IA está tentando fazer
a sua venda, entendeu?
Num primeiro momento, eu acho
que o que você pode fazer,
se você é da área de design,
é: vá fazer programação.
É essencial.
Eu acho que tem uma coisa que é
importante também, que é moderação.
Use com moderação,
porque a sua ferramenta
é muito mais
que um After Effects,
com o Lottie, com...
A sua ferramenta é
o processo criativo.
É o justificativo, né?
Então, quanto mais você usa...
Eu não queria usar
esta metáfora,
mas é que me vem
à cabeça agora.
É como se fosse uma droga a IA.
Eu não estou subjugando as IAs.
Eu acho que elas
têm muita utilidade.
Mas um uso excessivo
tivesse esse seu processo criativo...
A depender da IA
para poder criar.
E no design,
na arte como um todo...
Você precisa aguçar
o seu processo criativo.
Isso se baseia em referências,
em influências
do seu meio social.
Então busque muitas referências.
Vá em museus, vá em teatro,
vá em exposições,
e use a IA com moderação,
porque se você usar
com moderação,
você vai manter seu processo
criativo, vai estimular,
e aí você vai ter toda...
A capacidade
de oferecer o seu trabalho
da melhor maneira possível,
sem se condicionar,
se limitar à uma ferramenta.
Essa parte de se condicionar
é boa também
na questão
de às vezes você ficar...
Às veses o cara que é designer,
se ele começar
a utilizar muito a IA,
ele vai ficar preso a um certo
nicho de estilo, vamos dizer assim,
e ele acaba não
inovando, entendeu?
Então a questão de você ficar
pegando referência,
é que às vezes você tem um insight...
"Opa! Peraí...",
que é o que a gente
chama de inovação, né?
Porque a parte de inovação...
Eu sempre falo isso
para o pessoal de criação.
Você não vai criar nada do zero, tá?
Então, assim, perca essa ilusão
e perca esse peso nas costas,
porque às vezes o pessoal da área
de publicidade tem muito esse peso.
"Bom, mas como eu vou criar
alguma coisa do nada?".
Não é do nada, meu amigo!
Assim...
É uma escola pedagógica
que tem alguns milhares de anos.
Primeiro você vai
aprender a copiar.
É copiar mesmo.
Só não vende.
Você vai aprender a copiar.
Aí você vai copiar,
copiar, copiar...
Isso é em qualquer área,
em qualquer faculdade.
Ele vai reclamar com você...
"Mas eu não vim aqui para ser
reprodutor ou falsificador.
Eu vim aqui para criar".
Calma! Agora, todas
essas cópias que você fez
de diversos segmentos,
várias referências,
você vai criar o seu.
Então você vai fazer
um aplicativo para...
Não sei... Comida.
Pega o que melhor
você teve de experiência
em todos esses aplicativos.
Então a transição,
eu vou pegar desse,
de repente, uma micro interação ali,
eu vou pegar desse,
e um outro recurso, de feedback,
eu vou pegar desse.
Então você pegou todos,
adaptou para o estilo
que você acha melhor...
"Essa micro interação é legal,
mas pode melhorar".
Pronto, tudo o que você
consumiu, você pegou,
juntou, transformou,
e criou seu.
Isso chama-se inovação.
Você ? nada.
Cópia diferente de plágio, né?
É diferente de plágio.
Plágio é uma coisa que você pega,
que não é sua, para fazer
como se fosse sua.
A mesma coisa se você
pegar o iFood aqui,
você vai lá e faz exatamente
a mesma coisa, e muda a cor.
Amigão...
Você não inovou, entendeu?
Essa questão da criação,
calma, baixe a bola,
pegue referências, e aí
você vai ter um insight.
Como você vai ter insight
se você não tem referências?
Foi o que ele falou.
Exatamente.
Não precisoreinventar a roda.
O problema da Inteligência
Artificial, o meu medo,
é que ela comece
a encaixotar demais as pessoas,
que as pessoas fiquem
muito confortáveis
Porque criar dá trabalho, hein?
Então eu vou ficar muito encaixotado
aqui na Inteligência Artificial,
vou lá, faço o prompt,
ele vai criar,
e para o mercado está bom.
E não é assim.
Esse é um bom ponto.
E, infelizmente, estamos chegando
ao final deste bate-papo,
Passou super-rápido!
- Meu Deus! Já?
- Voa!
A gente não pode ficar
mais três horas aqui?
O papo está bom, e eu tenho
certeza que o pessoal de casa
continuaria escutando a gente.
Mas estamos chegando ao fim.
E, para finalizar,
a gente vai fazer aqui
um exercício de futurismo.
Depois da Inteligência Artificial,
quais são outras tendências
que vocês imaginam
para essa área de Motion Design?
O que vem pela frente, Eder?
Caramba, cara!
Eu acho que o fortalecimento
das IAs mesmo.
Porque, assim...
É o que está em voga hoje, né?
E ela está só no começo,
então ela está mudando
alguns paradigmas
Eu acho que a gente ainda
tem muito para explorar.
E dentro do que a gente
pensa por IA,
muita coisa pode aparecer.
Integrações, superagentes...
Então, para mim, isso cria
uma cortina de fumaça.
Eu acho que está muito aberto
e tem muita coisa nova para surgir.
Eu acho isso muito bacana.
Então eu acredito nisso,
muitas integrações...
E a IA conseguindo transformar
funcionalidades
que às vezes a gente fazia na unha,
melhorando processos...
Converter o código,
que já está fazendo isso hoje.
Eu acredito que vai por aí.
Isso pensando num futuro próximo,
Mas um futuro distante,
eu não conseguiria prever,
ou tentar prever.
Infelizmente, eu não tenho esse...
Essa qualidade de Mãe Dinah.
Eu acho que IA,
eu acho que a IA vai dar
muito o que falar ainda.
E já está dando, né?
Pouco tempo atrás,
teve o DeepSeek aí
causando um fervor no mercado.
Que tem a ver muito com inovação.
Mas isso é um assunto
para outro bate-papo.
Mas com certeza.
Eu acho que a IA
vai se aprofundar
e a gente vai descobrir muitas
coisas bacanas ainda com IA.
Boa!
E, na sua opinião, César?
Eu vou me contrariar só para dar
um outro ponto de vista.
Então vamos lá!
Eu acho que, em história...
Um dos meus negócios é...
Eu estava fazendo
faculdade de história.
Tive que dar uma pausa.
Mas, assim, em história
tem uma coisa que a gente
chama de filosofia da história,
que é uma tendência...
As pessoas tendem
a achar que isso existe,
que a história se repete.
Não, tá?
Cada e cada momento histórico
tem um contexto.
Mas...
Agora eu vou me contrariar.
Eu acho que se você parar para ver,
eu conheço algumas produtoras,
inclusive uns designers freelas,
que eles prestam serviço
para algum cliente,
e o cliente faz
questão de enfatizar
que toda aquela campanha
foi feita com IA
mesmo que não tenha sido, tá?
Teve um desenvolvedor.
É só bater o carimbo...
- "Olha como somos inovadores" e tal.
- "Usamos IA."
E teve um momento na história,
no século XIX
durante a Revolução Industrial...
Porque, assim, a gente teve
a serialização de produtos,
de qualquer coisa, copos, canecas
Então são produzidas em série,
e que facilita
que muita gente tenha.
E isso é um efeito bom, que facilita
que do mundo tenha, é mais barato.
Só que, assim, todo mundo tem.
Isso cria um efeito contrário,
que nasce principalmente
com Morris e com Ruskin,
que eram defensores
de uma cultura do artesanal,
e que você tem público
para issoaté hoje.
Você pode perceber,
de repente...
"Ah, por que essa caneca
aqui custa 500 reais
sendo que eu posso comprar
uma caneza igualzinha em qualquer lugar
que custa 15, 10 reais?".
- Porque ela é única.
- Porque ela é única...
Ela foi feita à mão,
que é o mais ou menos...
Aquele carro inglês
que é feito inteiro à mão.
Ele é costurado à mão,
ele é pintado à mão.
Então eu acho que, num futuro
médio, vamos dizer assim,
vai ter uma certa tendência
de algumas empresas
colocarem o selo feito
manualmente, para fugir....
Handmade...
- Valorização.
- Isso aqui não é...
De Inteligência Artificial não.
- Isso aqui foi...
- E faz todo sentido, né?
- Mesmo que você esteja se contrariando.
- Eu estou me contrariando, tá?
É um ciclo da história, tá,
mas é uma tendência possível,
da pessoa virar e falar:
"Não, o nosso trabalho,
a nossa campanha,
foi feita por pessoas.
Teve ali um roteirista
consagrado,
teve ali um designer consagrado,
um programador consagrado.
Então, pessoas.
É um trabalho
muito mais humano.
Talvez não dure tanto,
mas eu tenho certeza...
Certeza não, eu acho
que isso é uma tendência
a aparecer no médio prazo.
À curto prazo, eu acho
que vai ser essa febre, IA...
No fundo, as tendências
estão sempre em movimento.
- Elas vão e voltam, né?
- Sim...
E de maneira contraditória.
A gente está falando disso,
e hoje eu falei que é verdade,
porque eu estava vendo
sobre isso, sobre vídeos.
As pessoas estão mais
procurando vídeos
onde elas enxergam a verdade,
do que um vídeo
totalmente editado,
aquela coisa toda.
Isso era uma tendência
no começo do YouTube, né?
Ele nasce dessa maneira.
Aí depois se exigiu
uma qualificação...
Megas produções.
E agora está retornando.
Está em movimento.
O mundo é cíclico, né...
- Moda, design.
- São contradições, dinâmicas...
São dialéticas, né?
Se vem um, tem que vir o outro...
Normalmente é uma tendência.
É por isso que cria a ilusão
de que a história é cíclica.
Mas é uma questão de...
De certa forma, é previsível,
de certa forma.
Que loucura!
Falamos de tecnologia,
falamos de Inteligência Artificial,
design, história, filosofia.
Rendeu muito.
Muito mais que um podcast,
uma verdadeira aula.
E eu quero me despedir de vocês.
Muito obrigado, Eder!
Eu que agradeço,
pelo amor de Deus!
É uma honra para mim estar aqui
nesse videocast da FIAP,
que é maravilhoso.
Já assisti vários.
Estar com você,
que é uma figura conhecida
na área de tecnologia brasileira,
quem sabe até global.
Aí eu não sei.
Mas eu conheço você daqui.
E ter conhecido o César,
um cara sensacional, fantástico.
O que eu posso dizer
sobre Motion Design
é que as pessoas
que têm vontade de fazer,
vá fundo, porque Motion Design
é você dar movimento
a uma ideia...
É você criar algo
que vai ter vida de alguma
forma, entendeu?
Então, nada mais
prazeroso e satisfatório
que você finalizar um projeto
de Motion Design
e você ver aquele projeto
em movimento.
Então, vão e façam.
Eu sou suspeito
porque eu defendo com unhas
e dentes a minha profissão,
mas vale a pena demais,
vale a pena mesmo.
César, foi um prazer enorme
contar com você aqui
nesse nosso podcast.
Eu que agradeço, e muito
obrigado aos dois pela aula,
todo o pessoal
da produção inclusive,
por toda a delicadeza,
toda a gentileza.
Podcast
é muito bacana.
Parabéns para a FIAP por todo
investimento que faz,
infraestrutura, em conteúdo.
Satisfação enorme estar aqui.
E Motion Design é
emoção e eficiência.
Agradeço novamente vocês.
Agradeço a você, que ficou
até agora aqui com a gente
assistindo ou ouvindo
esse podcast.
E você aprendeu
que o papel do Motion Design
vai muito além de estética.
Estamos falando aqui
de fluidez, dinamismo,
uma melhor
experiência do usuário.
Parece clichê, mas não é.
Nós estamos a um toque
de tudo isso
se tornar realidade.
Um grande abraço
e até a próxima!