(Lia Commissar) Oi! Hoje vou falar sobre educação e neurociência, de forma geral, conforme o desenrolar do assunto, mas, também, o trabalho específico que temos feito nessa área. A WellCome Trust -- OK -- a Wellcome Trust, para aqueles que não a conhecem, é a segunda maior instituição de caridade do mundo. cujo objetivo é melhorar a saúde. Investe em muitas pesquisas de biomedicina, mas também, investe em trabalho em ciências sociais e humanas, investe em diversos projetos educacionais, com muito emprenho e muitas políticas. Vou falar sobre alguns pontos hoje. Primeiro, o que a neurociência tem a ver com educação? Qual o impacto que ela tem sobre a educação hoje em dia? O trabalho que temos desenvolvido, pensando no futuro. Então, o que a neurociência tem a ver com educação? Bom, se educação é aprender algo, seja conhecimento ou habilidade, e a neurociência é o estudo do sistema nervoso e do cérebro, logo, estão interligadas, na minha opinião. E não é novidade falar do cérebro relacionado à educação. As pessoas têm discutido isso, criticado, debatido o assunto por muitos anos. Existem inúmeros estudos com títulos como "Uma ponte muito longe", "Ótimo momento para construir uma ponte", "Uma via de mão dupla é possível", "Construindo uma ponte pelas duas pontas". Muitas pessoas têm falado dessa ponte, mas nem tantas a têm construído. E, até que é compreensível, porque, provavelmente só nos últimos 10 anos que a neurociência é, que a compreensão sobre a neurociência se desenvolveu significativamente, é que podemos começar a pensar nas implicações dela nas salas de aula. Isso é incrível, tem muito potencial e é compreensível. Você consegue compreender porque professores, porque e tecnólogos querem começar a aplicar algumas dessas ideias à educação. Mas, o meu aviso aqui, que vai se desenrolar nessa apresentação é sobre esperar e pesquisar e descobrir quais dessas ideias serão realmente úteis e impactantes na sala de aula. E outra coisa que devo dizer antes de continuar é que eu não estou afirmando, de maneira alguma, que a neurociência sozinha é a resposta, e nem que vai resolver todos os nossos problemas, ou vai nos contar tudo sobre as salas de aula. É um ecossistema bem complexo. Mas, a neurociência é um campo relativamente novo onde podemos começar a utilizar paralelamente a psicologia, paralelamente as pesquisas em educação, assim como o conhecimento dos professores, para construir algo realmente bom para o futuro, e ver se conseguimos melhorar o aprendizado em sala. Então, que impacto a neurociência tem na educação? Bom, estamos em uma conferência sobre educação -- Achei que fosse esperar e ver o que vocês acham. Vou apresentar alguns pontos neste quadro, como qualquer professor faz. E eu gostaria apenas que vocês levantassem a mão se concordarem como esse ponto, se acha que é verdadeiro. Então: "A maioria de nós utiliza apenas 10% do cérebro". Mão para cima se concorda. OK. Vou só mostrar isso à vocês: São alguns pontos, vou mostrar de onde eles vieram em um segundo. Essa é uma pesquisa feita com professores, em cinco países e esse o percentual de professores que concordam. Hum -- não está funcionando mas posso afirmar que isso não é verdade -- uh, vamos lá -- mesmo sentado aí agora, você pode pensar que não está fazendo muita coisa mas, seu cérebro está controlando sua respiração, seus batimentos cardíacos, te mantendo acordado, sentado, talvez prestando atenção, talvez não, talvez viajando mas, tudo isso com seu cérebro, todas as partes dele. É um daqueles mitos. Segundo: "As pessoas lidam melhor quando recebem informações no seu estilo de aprendizagem". Visualmente, olhando, sonoro, ouvindo, ou cinestesicamente, fazendo coisas. Mãos para cima se você concorda com essa afirmação. OK. Você pode ver, neste quadro, que professores de diversos países concordam. (Risos) É. Então (ela ri) É verdade que as pessoas têm preferências. Você pode preferir aprender algo de uma maneira particular, pode ser que você seja visual, e que aprende melhor assim, de maneira visual: você tem uma preferência; mas pesquisas mostram que você não aprende mais se você mostrar o material de uma maneira específica, acredite ou não. Mais um: "Diferenças de dominância dos hemiférios, esquerdo ou direito do cérebro, podem ajudar a explicar as diferenças de aprendizado dos indíviduos". Mãos para cima se concorda. Começamos a ver um padrão, não sei. (Risos) Então, alguns argumentos. Muito comuns no Reino Unido. Mais uma vez, não é verdade. Se ouvir coisas como a integração dos lados esquerdo e direito do cérebro< ou coisas do tipo, um lado do seu cérebro é o lado lógico e o outro é mais matemático -- digo, criativo, também não é verdade E vou pular esse próximo. ["Consumo frequente de bebidas à base de cafeína reduz a atenção".] Mas esse é verdade. (Risos) OK, posso te falar um pouco mais sobre isso. Se quiser saber mais sobre esses neuromitos, Essa é uma pesquisa muito boa escrita por Paul Howard Jones, ano passado. Fala muito de mídias sociais e se aprofunda sobre o que são esses neuromitos comuns. Bom, neuromitos: De onde eles vieram? São um problema? E o que fazer com relação à eles? Eles normalmente vêm de algum tipo de ciência que já teve fim -- ou foi mal interpretada, e costumam durar (desculpe) porque são fáceis de compreender ou fáceis de implementar em salas de aula. São um problema? Bom, você pensar que usa apenas 10% do seu cérebro, é um problema? Talvez não, não é certeza absoluta. mas, quando comecei a lecionar há uns 9 anos atrás, e isso sempre foi comum em muitas escolas por todo o Reino Unido. Não sei em outros países, os alunos preenchiam um questionário sobre o que aprendiam, e se gostavam de aprender daquela maneira. E os professores receberam uma lista, de estudantes e o que eles mais gostavam na aprendizagem. E os professores precisavam garantir que estavam proporcionando aos alunos o conhecimento daquelas maneiras específicas. E eu diria que é um certo problema, porque os professores estariam perdendo tempo ou pensando que estavam fazendo algo que não beneficiava os estudantes. Um resultado positivo foi que as lições eram mais diversas, .................(check) em várias atividades mas, ao mesmo tempo, os estudantes diriam coisas como: "Professora, eu não estou fazendo essa atividade porque eu sou um aluno cinestésico". E os próprios alunos começaram a se limitar e não se beneficiando das várias maneiras modalidade de ensino, que é a melhor forma de aprender, usar diversas formas de aprender a mesma informação. E o que fazer á respeito? Vou falar disso um pouco mais tarde. A pesquisa continua, mas, muitas pesquisas nessa área ainda estão na fase dos micróbios na caixa de Petri. Tentando descobrir o que acontece com os animais, ou testes em humanos em escala muito pequena, talvez em um laboratório. Não tem muita coisa acontecendo em sala de aula. Então, tivemos essa iniciativa, Iniciativa Neurociência e Educação com a Education Endowment Foundation, que é o Centro 'do que funciona' em Educação do Reino Unido. E fizemos isso por duas razões: queríamos colher evidências do que funciona na educação, através da neurociência, e também, auxiliar professores e educadores com o que fazemos mas não sabemos como. (check) Primeiro lançamos uma arrecadação, para que pessoas pudessem conseguir recursos para pesquisas no espaço, e todos os projetos precisavam ter alguma evidência de que -- funcionariam, uma informação piloto. Mas, também, teriam que ser ajustável e sustentável, e se encontrássemos esses projetos, que poderiam ser estendidos, que poderiam levar à mudanças nas políticas, que poderiam ser viáveis a todos. E há uma ênfase especial acerca dos estudantes com menos possibilidades. Queremos fazer algo que beneficie a todos, tentar e acabar com a desigualdade socioeconômica. E todos os nossos projetos estão ligados à um avaliador independente. Você tem uma equipe de projetos e também, uma equipe de avaliadores. E essa equipe de avaliação ajuda a formatar a metodologia usada, garantindo solidez, pedagogicamente. Eles também coletam os primeiros dados e trazem feedback dos mesmos. Não há como a equipe de projetos exagerar acerca do que descobriram. Então, financiamos esses projetos e todos estão ganhando espaço em cerca de 50 a 100 escolas, no Reino Unido. Não vou falar de todos, mas vou pincelar alguns. Fit to Study está fazendo uma grande pesquisa sobre como atividades mais dinâmicas podem influenciar no aprendizado, a curto e longo prazos. Sabemos disso à partir de pesquisas em animais e pequenos grupos de estudos, mas ninguém fez nada parecido no Reino Unido. Estamos buscando mudar o que acontece nas aulas de educação física, medindo os resultados desses alunos, em curto e longo prazos. Teen Sleep teve uma certa cobertura da mídia. Estão olhando para o que sabemos, pesquisadores sabem, e neurocientistas vão afirmar, sabemos que os adolescentes têm um ciclo do sono diferente, seus ritmos circadianos se alteram por algumas horas. Assim, eles não se sentem cansados à noite, mas é bem difícil fazê-los levantar cedo, eles não estão preparados para aprender algo logo cedo. Estamos estudando uma escola que comece mais tarde e um programa de educação do sono, onde apenas ensinamos a eles a importância de seu sono, como dormir bem, sobre o uso da tecnologia antes de deitar e como isso pode afetar seu sono -- de maneira negativa -- olhando, novamente, para seus resultados acadêmicos. Esse dois primeiros projetos, em escolas primárias. Estão treinando crianças muito pequenas: uma maneira diferente de aprender a ler,