Ciente ou não,
como surfista você é mestre
em uma física complicada.
(Música)
A ciência de surfar começa
logo que você e sua prancha
entram na água.
O tamanho e a leveza da sua prancha
fazem com que ela desloque bastante água.
Por sua vez, uma força flutuante,
correspondente ao peso da água deslocada,
faz pressão para cima,
contrabalançando o seu peso
e o de sua prancha.
Isso lhe permite flutuar enquanto você
espera para remar em direção a uma onda.
E o que exatamente você está esperando?
A onda perfeita, é claro.
Como outras ondas na física,
as do oceano são uma troca de energia.
O vento que sopra pelo oceano acelera
as partículas da água perto da superfície,
levando ao aumento das oscilações
que acabam formando as ondas.
Essas variações da superfície plana
são causadas pela gravidade,
que tenta restaurar
o estado plano original da superfície.
Então, quando as ondas se movem pela água,
as partículas empurram
e puxam suas vizinhas
através da pressão induzida da onda,
e esse movimento propaga energia pela água
em uníssono com o movimento da onda.
O movimento dessas partículas
é muito mais limitado
do que o movimento geral das ondas.
Perto da praia,
o leito mais raso do mar
confina o movimento das ondas
a uma região mais limitada
do que no mar aberto,
concentrando a energia da onda
perto da superfície.
Se a topografia da costa
for plana e suave,
isso vai refratar as ondas
para se tornarem mais paralelas à praia
à medida que se aproximam.
Esse é um momento crucial.
Quando as ondas se aproximam,
você rapidamente vira sua prancha
na mesma direção da onda
e rema para se igualar
a sua velocidade com a dela.
Sua prancha forma um ângulo com a água,
e isso cria uma pressão
dinâmica no fundo dela,
empurrando você e sua prancha
para fora da água,
para navegar pela superfície.
Ao mesmo tempo,
seu crescente embalo
lhe dá mais estabilidade,
permitindo-lhe ficar de pé
e surfar na onda.
Agora você pegou a onda
e está deslizando ao longo de sua face,
paralela à linha da costa.
As barbatanas da prancha lhe permitem
alterar a velocidade e direção
pelo reposicionamento de seu peso.
Acima de você, está a crista da onda,
onde as partículas da água
sofrem sua maior aceleração.
Isso as força a se moverem mais rápido
do que a onda abaixo delas,
se lançando pra frente, antes de tombarem
sob a influência da gravidade.
Isso forma os característicos
rolos e jatos das ondas
quando elas quebram na praia.
Às vezes, o rolo envolve
completamente parte da onda,
formando um túnel móvel de água
conhecido como tubo.
Devido a irregularidades
no leito do mar e na própria ondulação,
poucos tubos duram tanto quanto
os lendários da costa da Namíbia, de 27s.
Mas muitos que conseguem pegar tubos
dizem sentir o tempo
passar diferente ali de dentro,
fazendo disso uma das experiências
mais mágicas que um surfista pode ter.
Obviamente,
nem todas praias são iguais.
Cânions de água ao longo da costa
ou formações rochosas
em lugares como Nazaré, Portugal,
ou Mavericks, na Califórnia,
refratam, num único ponto,
a energia da onda que se avizinha,
criando ondas enormes,
tão cobiçadas por surfistas do mundo todo.
E algumas dessas ondas
viajam mais de uma semana
com ondulações originadas
a mais de 10 mil km da praia.
Ondas surfadas na ensolarada Califórnia
podem ter se originado
nos mares turbulentos da Nova Zelândia.
Assim, mesmo quando você não está pensando
nos padrões do Pacífico Sul,
na geologia tectônica
ou na mecânica dos fluidos,
a arte de pegar a onda perfeita
está ligada a tudo isso, e mais.
E as ondas que surfamos,
criadas pelo vento,
são apenas a parte visível
da contínua oscilação de energia
que moldou nosso Universo
desde o seu começo.