(Beatboxing) E aí? Chamo-me Tom Thum, e quero dizer que é um prazer estar de volta ao TEDx. Quando pisei pela primeira vez o palco em Sydney em 2013 como um rapazinho ingénuo de Brisbane, não fazia ideia de que estava prestes a fazer o TEDx mais visto de sempre. (Risos) (Aplausos) Mas vocês sabem, eu fiquei satisfeito porque foi completamente inesperado. No entanto, diante de vocês hoje, está uma versão de mim mesmo, ligeiramente inchada e desgastada pelo tempo, cinco anos depois, e estou muito confiante. (Risos) Confiante de que estou prestes a fazer a palestra mais execrável de todos os tempos, que vos dará vontade de fugir e que vos fará vomitar. Dentro de instantes vou mostrar-vos coisas que, segundo penso, dificilmente esquecerão, mas tudo em nome da ciência. Primeiro, para quem não está familiarizado com o que eu faço, acho que se vocês destilassem isso até à sua essência, chamar-me-iam um "beatboxer". (Beatboxing) Por exemplo... esta é uma demonstração: (Beatboxing) (Mudança de ritmo) (Aplausos) Obrigado. (Aplausos) Ser um "beatboxer", significa que, profissionalmente, sou 100% dependente da... (Beatboxing) ... flexibilidade da voz humana sem filtro. Durante anos, os meus contemporâneos e eu temos vindo a lidar com perguntas do tipo: "Meu Deus, isso é giríssimo. "Quando é que descobriste que conseguias fazer isso?" Depois de ter praticado milhares e milhares de horas. (Risos) "E qual é o teu emprego a sério?" "Eu sou "beatboxer" a tempo inteiro, Meritíssimo." Mas há uma pergunta que me fazem com frequência e que é um pouco mais difícil de responder. e é como conseguimos fazê-lo. "Como é que fazes esses barulhos?" Ou seja, eu sei que a memória muscular dita o sítio onde posiciono os lábios, no intuito de... (Beatboxing) mas não faço ideia de qual a mecânica interna das coisas. Todas essas coisinhas instáveis penduradas e como interagem entre elas... (Risos) de uma forma que me permita... (Beatboxing) Metaforicamente falando, eu sei como conduzir, só não sei o que está debaixo do capô. Então, decidi descobrir e convidei 5000 estranhos cativos, algumas câmaras pouco confortáveis, todos a assistir "online" e o histórico do seu navegador num lugar onde nem mesmo o mais íntimo dos meus encontros esteve: a minha garganta. Para me ajudar a fazer isso, vou convidar para subir ao palco um convidado muito especializado do Centro de Voz de Queensland, um homem que esteve na minha boca mais vezes do que gostaria de admitir, uma lenda da laringe, Médico otorrinolaringologista e cirurgião laríngeo, Matthew Broadhurst. (Aplausos) MB: Obrigado, Tom, obrigado. E boa noite a todos É um prazer estar aqui, no palco do TEDx esta noite. (Risos) Uf! (Risos) TT: Ele não está a aquecer as mãos. Não fica assim tão íntimo. MB: Partimos há pouco tempo para tentar ir ao fundo do mundo e da garganta deste extraordinário "beatboxer" para tentar perceber como é possível humanamente uma tal variedade de sons. e o que descobrimos — estes vão entrar na boca — e o que descobrimos foi uma coisa absolutamente maravilhosa. Mesmo depois dos meus dois anos de cirurgia laríngea na Faculdade de Medicina de Harvard com o professor mundialmente conhecido, Steven Zeitels, nunca vimos algo tão extraordinário ou fascinante como isto, e é isso o que vos vamos mostrar esta noite. (Risos) Muito bem, então para aqueles que podem ter um estômago sensível, os próximos 10 minutos vão ser cada vez mais gráficos e podem dar-vos a volta ao estômago. Então, vamos deitar mãos à obra. TT: Podem usar o balde. (Risos) MB: Quando produzimos sons, usamos as cordas vocais para puxar o ar dos pulmões e depois transformá-lo numa coluna de ar em vibração na garganta. Se pensarem nisso como um trompete, temos o bocal que são as pregas vocais e depois a secção da corneta que é a garganta. Se arrancarmos a cabeça e um pouco do pescoço e ficarmos apenas com o tronco com as cordas vocais, a vibrar, o som seria assim. (Som flatulento) MB: Seria muito difícil a comunicação, mas, por sorte, temos uma garganta. Temos todos os tecidos moles, e isso dá-nos todas as incríveis dinâmicas do som que vamos escutar esta noite. Isto é um laringoscópio rígido. TT: Hum, rapaz picante. MB: Eu sei, eu sei (Risos) Dez milímetros de diâmetro, que nos dá a mais alta resolução de imagem da laringe que podemos obter. E marcamos com um estroboscópio aqui e um microfone disparador. O microfone vai captar as frequências e isso permitir-nos-á mostrar como tudo isto funciona. Então, podemos apagar as luzes? TT: (Voz grave) MB: Acendam a luz aqui. TT: (Sons agudos e graves) MB: Eu tenho a frequência do som compatível com o estroboscópio. Esta é a luz que vocês estão a ver a cintilar no copo. TT: (Tom grave) MB: E isto está a cerca de 80 hertz ou mais. Portanto, o que podemos fazer é agarrar nisto e colocar na fase do estroboscópio e o som ficará fora de sincronia. Isso permite-nos captar em tempo real, a atividade em câmara lenta dos tecidos em vibração. Quando aplicamos isso à laringe, obtemos este movimento lento, fluido das cordas vocais em vibração. Então é isto o que vamos encontrar e fazer. Estás pronto? TT: Estou. MB: OK, então cá vamos. Vamos dar uma olhadela à caixa de voz. (Risos) É muito difícil não se engasgar com isto. Diz "i." TT: ♪ iiiiiiii MB: Aqui em baixo, vemos as cordas vocais, as pequenas estruturas em forma de cordão. (Risos) Agora olhem para a pele do pescoço e verão quão forte a luz penetra na pele. Certo, podem ligar as luzes novamente? (Risos) (Aplausos) OK, dá-nos um confortável "i." TT: ♪ iiiiii (Risos) TT: ♪ iiiiii TT: ♪ iiiiii MB: Esta é a vibração das cordas vocais; a cerca de 120 hertz. Isto significa que as cordas colidem 120 vezes por segundo apenas para fazer este som. E podemos ver também que eles estão absolutamente, perfeitamente normais. Por isso, todo o seu "beatboxing", todos esses sons durante anos com a maneira como o Tom os faz sem quaisquer danos. É realmente notável. Parabéns. TT: (Som agudo) Entendido. ♪ iiiiii MB: Agora, vejam as cordas vocais irem do agudo ao grave. Vê-las-ão a passarem de longas e delgadas para curtas e grossas. Diz "i." TT: (Do tom agudo ao grave) I. MB: OK. TT: (Do tom alto ao baixo) ♪ iiiiii MB: E o que vemos é que o seu alcance vocal é muito grande, muito maior do que qualquer outro artista com quem já trabalhei. A máquina não pode captar os tons muito altos TT: (Tom muito alto) MB: Sabemos que o registo de um apito se situa por volta dos 2092 hertz. Isto significa que as cordas vocais, em mais de 2000 vezes por segundo, estão a bater juntas só para fazer este som. Isto é realmente extraordinário. Se pensarem nelas, têm só15 milímetros de comprimento, quase não atingem a largura do vosso polegar. Isto é incrível. (Risos) É incrível este órgão poder fazer uma coisa destas. Agora vamos trocar para um laringoscópio flexível. Isto é um pouco mais gráfico. TT: Ele comprou isto na SEXPO. (Risos) MB: Isso não estava no guião. (Risos) (Aplausos) TT: Em segunda mão. (Risos) MB: Ora bem, para esta parte tivemos que calcular o tempo com precisão por causa da necessidade de anestesia local. É preciso adormecer o nariz e colocar a câmara lá dentro. Esta máquina não ajuda muito na produção de sons, mas dá-nos uma boa visão do que está a acontecer. Então, façam das tripas coração, e observem o que podemos fazer. (Audiência) Oh! Vamos até à parte de trás do nariz. E ai podemos ver o véu do palato. Muito dos sons que fazemos no dia a dia, mesmos os mais simples, são incrivelmente complexos. O som "kh" por exemplo. É o véu do palato a colar-se exatamente na parte de trás do nariz. Se dissermos isso alto, cinco vezes, sentimos o palato mole a estalar contra a parte de trás da garganta. Kh, kh, kh, kh, kh. Muito bem, então é assim que deve soar quando o Tom reproduz esse som. TT: Kh, kh, kh, kh, kh. "Uma cacofonia de kookaburras cacarejantes e cacatuas em Kakadu "não conseguia confrontar a ketamina." (Risos) (Aplausos) MB: OK, agora no mundo do "beatbox", eles podem usar isso para todo o tipo de efeitos diferentes. Eu posso ajudar-te. TT: Está tudo bem, somos profissionais. (Risos) (Beatboxing) MB: Muito bem. (Aplausos) Agora, vamos deslizar para baixo e um pouco mais adiante. Se apagarem as luzes e tentarem ver a luz algures na boca. Verão exatamente onde se encontra a câmara. (Risos) TT: (Cantando). (Risos) MB: OK. O que vemos ali é a base da língua. As paredes laterais do ecrã, é a faringe, todos as paredes musculares, e no convés profundo e escuro está a laringe. TT: Podemos acender as luzes? Acho que é uma boa ideia. Está a ficar um pouco estranho com as luzes apagadas. MB: Acendam as luzes, obrigado. Agora depois de examinar mais de 15 000 laringes e gargantas na minha vida, posso dizer-vos que a garganta e a laringe de Tom é anatomicamente normal como a de qualquer outra pessoa. É apenas o uso de todos os músculos e tecidos moles que lhe permitem fazer todos esses sons maravilhosos que vocês vão escutar. Agora vamos dissecar alguns sons para vocês. TT: Está lá mesmo. Definitivamente. (Risos) OK. (Sons agudos) (Pios) MB: O que ele está a fazer é a alterar o formato e o tamanho da coluna de ar em vibração usando contrações rítmicas de todos os músculos para gerar todos aqueles sons que vocês estão a ouvir. (Beatboxing) (Risos) (Tom grave) MB: E agora há movimentos rítmicos das cartilagens aritenoides lá em baixo balançando para e frente e para trás criando este som diferente. TT: (Tons graves) MB: Nós gostamos de lhe chamar "baixo esfíncter". (Risos) E o que vemos é que o colapso de todo o tecido (Risos) permite um tipo diferente de uma nota grave muito profunda. Muito bem, com os anestésicos a bordo, e uma grande mangueira no nariz, vamos soltar um pedacinho de seu repertório e ver tudo isso a atuar. E vamos mover-nos com cuidado. TT: Podes puxá-lo apenas um pouco? (Risos) TT: (Beatboxing) Talvez um pouquinho mais. Ok, fixe, acho que estamos prontos. (Beatboxing) Essa vai para todos os meus amigos que vieram para se afundarem como num abismo — vejam isto. (Beatboxing) (Aplausos) (Beatboxing) Partimos do básico e construímos do zero, (Disco arranhado) Sim, tipo isto. (Beatboxing) (Som de trompete) (Beatboxing) De volta ao básico. (Beatboxing) (Beatboxing) Vocês conhecem o som. (Beatboxing) Façam algum barulho. (Aplausos) (Assobios) (Aplausos) TT: Muito obrigado.