Há cinco anos, embarquei numa missão. Soube de uma estatística que dizia que o norte-americano gera 2 kg de lixo por dia, o que significava que eu estava gerando meu peso em lixo a cada quatro semanas. Foi estarrecedor para mim saber que produzimos tanto lixo por dia sem sequer pensar duas vezes para onde isso vai. Hoje gostaria de compartilhar três histórias em que aprendi sobre como o lixo é visto por diversas óticas no mundo, e por fim, vou contar um pouco sobre a solução que desenvolvemos em nossa empresa, a PK Clean. Minha primeira história é sobre uma das comunidades mais marginalizadas do mundo. Os catadores de lixo representam 1% da população urbana presente do mundo subdesenvolvido. Esses são alguns catadores de lixo que conheci na Índia há alguns meses. Me disseram que ganham menos de US$ 1 por dia e que seus rendimentos praticamente não mudaram na última década. O que eu aprendi com eles foi que recolher plástico de baixo valor era uma perda de tempo, e também me disseram que embalagens plásticas, como as usadas para embrulhar doces e que enviamos para lá, acabam virando um problema ambiental nos países em desenvolvimento. A próxima história que quero compartilhar com vocês é sobre como os dejetos plásticos estão impactando a vida marinha. Minha primeira exposição a isso foi durante minha infância na Austrália, durante as limpezas das praias. Aparentemente, era apenas a ponta do iceberg, pois estima-se que há 5,25 trilhões de embalagens plásticas espalhadas globalmente pela superfície do oceano. Nada poderia descrever a história melhor do que essas imagens, e, talvez, maior ainda é o impacto que isso gera nos seres humanos, que acabam se alimentando com muitos tipos de vida marinha. Minha terceira e última história é sobre como o lixo é visto pelo norte-americano. Essa história é sobre mim. Um olhar honesto no meu próprio consumo é, francamente, vergonhoso. Essa é uma foto que tirei do meu consumo diário de alimentos. Embora possa parecer muito saudável e orgânico, infelizmente, sei que nenhum desses itens plásticos jamais será reciclado. Isso porque mesmo que coloque-os no meu lixo reciclável, não serão utilizados pelo meu reciclador por conta do baixo valor de reciclagem. Esses itens serão enviados para um lixão ou talvez encaminhados para a Ásia de forma a evitar as taxas do lixão e por fim coletados por catadores de lixo, ou ainda pior, talvez acabarão no oceano durante o caminho. O elo comum em todas essas três histórias é o quão desafiador o lixo plástico é. Embora as taxas de reciclagem de metal e papel cresceram durante as décadas, a reciclagem de plástico quase não mudou, ficando abaixo de 10%. O plástico é o pior tipo de lixo para enterrar, pois nunca se decompõe. Minha maior pergunta era: "Por que a taxa de reciclagem do plástico é tão baixa?" Acontece que para reciclar o plástico, é necessário um fluxo organizado de número específico: número um ao sete, que podemos encontrar no fundo do recipiente de plástico. Quando você mistura todos esses números diferentes no seu lixo reciclável, fica muito difícil separá-los. Normalmente, os recicladores retiram garrafas PET de água e refrigerante, bem como HDPE, como embalagens de leite e de detergente, a maior parte do resto do lixo plástico acaba sendo um fluxo de lixo residual e misturado, que parece um pouco isso. Este é o desafio que coletores, a vida marinha e recicladores domésticos enfrentam. É que certos fluxos de lixo plástico estão muito misturados e sujos para serem separados. Eu já sabia que como o plástico se origina do petróleo, deveria haver um jeito de recuperar o petróleo do plástico. É por isso que abri a PK Clean. Nós pegamos o resíduo plástico sujo, misturado dos lixões e o colocamos num reator livre de oxigênio que é aquecido, e os vapores resultantes são condensados de volta para a forma de petróleo. Em um nível elevado, a química é muito simples. O plástico é composto por cadeias longas de carbono. Nós dividimos essas cadeias em outras menores entre o C12 e o C20, que é semelhante ao combustível diesel. O produto final é um combustível assim. Conseguimos ter uma recuperação de aproximadamente 95% da energia total. (Aplausos) Na cidade de Nova Iorque, os caminhões a diesel carregam lixo por 40 milhões de quilômetros a cada ano e consomem mais de 41 milhões de litros de diesel. A cidade de Nova Iorque envia seu fluxo de lixo plástico para lixões em estados como Pensilvânia e Ohio. Se, em contrapartida, convertêssemos isso para combustível, poderíamos ter mais do que o suficiente para abastecer os caminhões a diesel na cidade de Nova Iorque. Até agora, demonstramos esse processo em Salt Lake City em nossa unidade que podem ver aqui, e em seguida, visamos outras cidades grandes. Além disso, vemos grande oportunidade nos países em desenvolvimento, e planejamos trabalhar diretamente com os catadores de lixo para poder pagar-lhes um valor mais alto pelo plástico. Por fim, estamos trabalhando com o Plastic Ocean Project para utilizar nossa tecnologia nas comunidades de praias e ilhas para que possamos transformar as toneladas de lixo plástico trazidas pelo mar a cada ano de volta em combustível. A expectativa é que o desperdício global quase duplique na próxima década, de 3.5 milhões de toneladas a 6 milhões de toneladas por dia. É necessário que haja inovação para diminuir esse rítmo de crescimento, porém são muito poucos os jovens que pensam nos desperdiços carreira. Talvez não seja glamorosa o suficiente ou não somos pacientes o suficiente, ou talvez apenas não pensamos no lixo em outros contextos. O lixo é nosso maior recurso inexplorado, e como sociedade, precisamos mudar a maneira como pensamos no lixo. Isso nos obriga a obecer aos quatro Rs: reduzir, reutilizar, reciclar, e em seguida recuperar o que resta e transformar isso em energia. Mais importante ainda, precisamos transformar o desafio da geração anterior na maior oportunidade da nossa geração. Então na próxima vez que jogar algo fora, lembre-se que existe energia no lixo, e chegou a hora de aproveitá-la. (Aplausos)