Quando eu estava no sexto ano,
eu e meus amigos,
naquele momento crucial de nossas vidas,
percebemos o quão entediados estávamos.
Não havia entusiasmo em nossas aventuras,
descobrimos que tínhamos feito
tudo que podíamos pensar
para ocupar nosso tempo livre.
Fizemos festas do pijama,
jogamos videogames,
assistimos a filmes,
andamos pela vizinhança,
e mesmo depois de tudo isso,
ainda estávamos entediados.
E a pior parte disso
era que sabíamos que as outras crianças
também se sentiam assim.
Então, depois de conversarmos
e discutirmos entre nós,
percebemos que, por mais que tentássemos
dar um jeito em nosso tédio,
não estávamos fazendo nada
realmente expressivo sobre isso.
Por isso decidimos que queríamos
fazer as pessoas rirem.
Queríamos fazer vídeos engraçados
com piadas sobre as coisas
das quais ninguém fazia piada.
Queríamos fazer piadas com nossa quieta
e peculiar cidade de Alton, Texas.
Eu ia adorar dizer que estou aqui
para compartilhar que meus vídeos
têm milhares de visualizações
e que tenho vendido toneladas
de produtos mundo afora,
mas, infelizmente, como muitas
outras ideias que temos,
nunca fizemos de nossos vídeos,
nossa ideia, uma realidade.
Eu sei que talvez
pelo menos um de vocês pense:
"Cara, esse menino é triste.
Ele vai continuar falando assim?"
Mas existe um motivo.
Com o passar do tempo,
vários de nós foram saindo do grupo
até que, por fim, todos tinham saído.
Todos, exceto um.
Meu amigo não era capaz
de abandonar sua ideia,
então depois que todos saíram,
no sexto ano, ele decidiu montar um time.
Membros entravam e saiam, variava,
ele aprendeu a usar programas complexos
e também a trabalhar com câmeras.
Ele fazia vídeos de drama,
comédia, uma coisa aqui e ali,
e eu não sabia de nada daquilo
porque eu não o vi
ou falei com ele por seis anos.
Meu amigo, que nunca
desistiu de sua ideia,
agora lançou seu próprio
estúdio de gravação de vídeo.
Assim como ele e o resto do mundo,
temos milhares de ideias todos os dias.
E havia algo de diferente nele,
porque, seis anos atrás,
meus amigos e eu tivemos a mesma ideia,
mas ele foi o único
que realmente viu algo além.
Quantos de vocês sentem
uma sensação aí dentro que diz:
"Se arrisque. E se? Por que não?"
Muitos de nós, quando estão no trabalho,
almoçando ou esperando cair no sono,
têm essa sensação,
esse desejo que tínhamos antes.
E então, depois de minutos de lembrança,
continuamos o que estávamos fazendo antes.
Para alguns de nós,
essa sensação vem com frequência.
Nos faz lembrar de como sempre queríamos
começar nossa própria banda
e cair na estrada com nossos amigos,
ou até alguma coisa pequena,
como limpar o lixo no parque local.
E é uma droga porque o que você
mais lembra de tudo isso
é o fato de que você não fez nada.
Eu e meus amigos,
enquanto fazíamos aqueles vídeos,
tivemos tantas oportunidades
de fazer algo.
Eu me lembro quantas vezes
um adulto nos disse: "Ei, talvez
eu saiba de algumas coisas",
e uma criança dizia:
"Eu sei editar vídeos",
ou até mesmo entre nós,
dizíamos uns aos outros:
"Você pode vir aqui em casa,
e a gente vê isso".
Todas as oportunidades
que nós nunca aproveitamos.
Conforme o tempo passou,
notei que tinha que parar
de desistir de minhas ideias.
Anos e anos se passaram,
e nós nunca nos encontramos,
nunca mais tive a oportunidade
de explorar aquela ideia.
Eu tinha várias ideias todo dia,
mas todas iam embora
até que me deparei com uma ideia
que eu não podia me dar ao luxo de largar.
Uma ideia que eu não podia
me dar ao luxo de me arrepender.
Aquela ideia era o Festival de Ideias
do Sul do Texas, o STXI.
Vim de um lugar onde, tipicamente,
os jovens não são
motivados a fazer melhor.
Eles são desencorajados.
Eles sentem como se não fossem capazes
de fazer o que tantos outros fazem,
e isso era um problema, porque
não queríamos que isso continuasse,
não queríamos que as pessoas sentissem
que precisavam deixar sua casa
para fazer algo melhor.
Nosso festival era conduzido por alunos.
Com uma equipe do ensino médio,
organizamos um festival
com cerca de 300 alunos da nossa região.
E foi incrível, recebemos
toneladas de elogios.
Eu sei que parece uma história
de sucesso do dia para noite,
mas não foi,
e uma das perguntas
que mais nos faziam era:
"De onde vocês tiraram
a vontade para fazer isso?"
Quando eu era criança, eu aprendia
muito com o que acontecia ao meu redor.
Vim de um lar em que a única
forma de ganhar dinheiro
era vendendo garrafas de plástico
e latinhas para plantas de processamento.
Meu primeiro emprego de verdade
foi ajudar uma mulher no mercado de pulgas
das sete da manhã
às três da tarde, por US$ 20.
O filho do meu vizinho aprendeu
a cortar cabelo quando tinha oito anos,
pois era o único jeito dele
e da família poderem cortar o cabelo.
Por um breve momento da minha vida,
achei que eu era limitado,
que a minha comunidade
e minha vizinhança eram limitadas,
e isso por causa de nossas circunstâncias.
E aí, veio o meu avô louco.
Fui pra casa um dia,
ele estava assistindo TV e disse:
"Michael, veja. Eu quero isto".
Não o cavalo, o poste.
(Risos)
É um poste de paciência para cavalos.
Basicamente, ensina paciência ao cavalo.
E ele me disse: "Eu quero isto".
Eu perguntei: "Como você vai pagar,
se não tem o dinheiro?"
Então ele disse: "Vou dar um jeito".
Eu me esqueci disso
e fui andar em volta da casa.
Enquanto isso, ele se levantou,
pegou uma cadeira de rodas
um poste gigante de metal,
não sei de onde,
e quando voltei para casa,
fui para o quintal e vi isto.
Meu avô louco cortou
a cadeira de rodas ao meio,
prendeu-a ao topo do poste,
e amarrou o cavalo.
E em três dias, não apenas
ensinamos o cavalo a ficar parado,
como também o ensinamos
a correr em círculos.
Lembro-me de ver aquilo
e sentir que minha cabeça ia explodir,
porque jamais havia visto alguém
tomar a iniciativa de fazer algo
contra todas as probabilidades.
E pensando nisso,
agora que estou mais velho,
percebo que o mais
impressionante não é o poste,
porque no fim das contas, é só um poste.
O mais impressionante
é que meu avô foi lá e fez.
Ele não deixou que recursos
entrassem no caminho de sua ideia.
Ele não viu motivos para não fazer.
Ele escolheu não viver o arrependimento.
Se você sentir aquela ideia,
aquele impulso,
eu te digo para fazer o que meu avô fez,
porque a mesma iniciativa que ele teve
foi o que tornou possível
o Festival de Ideias do Sul do Texas.
Éramos um grupo de alunos do ensino médio,
não tínhamos ideia do que fazer.
Nós só sabíamos que queríamos
apresentar um grande festival
para as pessoas da nossa comunidade,
para mostrar a elas tudo o que tínhamos.
Se você sente que uma ideia vale a pena,
aposte nela, sozinho ou com alguém.
Se você sente que uma ideia vale
o tempo limitado, rejeições e falhas,
eu vou te dar um conselho:
pare o que você está fazendo,
largue o seu celular,
pare o programa que você está assistindo,
espere mais cinco minutos
para tirar aquele cochilo
e pense.
Você está entediado, certo?
Bem, agora é o momento perfeito
para você cair na estrada,
é a hora certa para começar sua banda,
é a oportunidade perfeita
para limpar o lixo.
Agora, na próxima vez
que você ficar entediado,
eu te peço, eu te imploro,
se anime,
porque você pode estar no caminho
para a melhor ideia que já teve.
Obrigado.
(Aplausos)