Coloquei um blazer para
vocês confiarem em mim.
(Risos)
Se quisesse que me achassem
criativo, teria colocado um jeans.
(Risos)
Mas tenho uma história
pra contar sobre doenças crônicas,
e vocês são a primeira geração
que irá ouvir essa história,
porque antes não a conhecíamos.
Quero que cheguem junto
pra pensarmos "com empenho".
Vou contar umas coisas legais
pra vocês se sentirem bem, no início,
mas temos que encarar coisas sérias
então também vou falar delas.
Espero que gostem e sintam
que fazemos parte de uma só equipe
que vai tornar nosso mundo melhor.
Quando eu falo com vocês, quero
que respondam essa pergunta sinceramente:
Respondam: quando vamos decidir
acabar com as doenças crônicas?
Nós podemos fazer essa pergunta hoje
porque conhecemos suas causas,
e sabemos como corrigir isso.
Espero que quando terminar minha palestra,
vocês saibam que podem fazer
uma grande diferença quanto a isso.
Vamos às boas notícias.
As boas novas são:
se observarmos o século passado,
notaremos que em 1900
a expectativa de vida era de 50 anos.
E agora, no final do século,
na verdade em 2010,
quando recalculamos,
a expectativa de vida subiu para 80.
Acreditam?
Nossa expectativa de vida aumentou
em 30 anos em um século.
Tem outro fato interessante:
as doenças crônicas,
como problemas cardíacos,
infarto e câncer,
matam cada vez menos pessoas, a cada ano.
Devíamos ficar felizes,
estamos ficando mais saudáveis.
E se observarem esses dois fatos,
poderão pensar:
"Ah, vou relaxar, porque olha só
nossa raça humana, e nós, americanos,
estamos ficando mais saudáveis!"
Se pensarem assim,
estarão redondamente enganados.
[Mas estamos ficando mais doentes.]
Isso porque nossa saúde vem
piorando nos últimos 25 anos.
Então, por que isso é verdade?
Temos alguns dados,
e alguns já leram nos jornais.
Por exemplo, mais pessoas
estão ficando obesas,
mais pessoas desenvolvem diabetes,
mais pessoas têm descontrole
da pressão arterial,
e essas três coisas são a base
das doenças cardíacas.
E a parte interessante disso
é que ainda não aparece nas estatísticas
porque está afetando pessoas
mais jovens, principalmente,
e elas ainda não morreram
pra nos provar que as coisas mudaram.
Então, entendam, estamos num novo dilema,
pois podemos prever o que irá
nos acontecer no futuro.
Tenho algo mais a dizer
que podem não ter pensado:
nossos filhos são a primeira geração
que representa a terceira geração
comendo comidas industrializadas.
E, por isso, agora temos
nas mãos um enorme trabalho
que é entender o que isso
causou à raça humana,
nas três últimas gerações.
Nesse slide, vejam que a primeira linha
é aquela que já mostrei
são 100 anos de aumento
perfeitamente linear nesse período.
E se fizermos tudo certinho,
vamos ganhar mais 30 anos
no próximo século, certo?
É isso que nós queremos.
Mas, na verdade,
a medicina nos mostra que,
por causa do diabetes e da obesidade
que estão afetando nossos jovens,
eles serão a primeira geração nos EUA
que viverá menos do que os seus pais.
Isso significa que hoje
nossa trajetória é descendente.
E nós nem sabemos disso.
Nós, que estudamos as doenças,
podemos prever o que irá acontecer
às pessoas que têm essas doenças.
Estão felizes agora?
(Risos)
Só checando o pulso de vocês.
Então, precisamos descobrir uma forma
de mudar essa seta descendente
e fazer com que ela suba.
Se fizermos isso, poderemos
ter um século de saúde melhor,
e de mais longevidade.
Agora quero falar
do meu amigo, David Barker.
David Barker é um inglês brilhante,
que veio para Portland para trabalhar
conosco há dez anos.
Ele morreu no ano passado, em agosto.
E há 25 anos, ele iniciou
todo esse movimento
para entendermos como
funcionam as doenças crônicas.
Ele nos mostrou essa curva,
e se esquecerem tudo o que eu disser hoje,
levem essa curva pra casa, na memória,
porque ela explica tudo.
Ele demonstrou
que, se você nascer na parte inferior
da escala de peso ao nascer,
isso já foi testado em sete países,
se você estiver do lado da escala
próximo a 2,5 kg,
você terá um risco de três a cinco vezes
maior de morrer de doenças do coração
do que quem nasceu entre 4 a 4,5 kg.
E, mais ainda, se você
estiver na parte superior
bem na parte mais alta da escala,
digamos, acima de 4,5 a 5 kg,
seu risco é tão alto quanto
o dos bebês pequenos.
Então, de repente, temos
algo muito profundo a dizer
sobre as doenças crônicas,
que não sabíamos antes:
como você cresce antes de nascer importa.
E não é só antes de nascer,
mas também são os dois
primeiros anos de vida.
Assim, a nutrição,
e suas condições de vida,
nos seus primeiros momentos de vida,
determinam se você terá ou não
um risco maior de doenças mais tarde.
E como isso funciona?
Preciso contar a vocês algo simples
pra que acreditem como isso funciona:
isso signfica que os bebês
que têm baixo peso ao nascer
são pequenos por duas razões.
Uma: não tiveram nutrição
suficiente de suas mães.
Isso ocorre por várias razões:
o que ela comia, por exemplo,
ou a placenta que ela criou para
passar os nutrientes não funcionou.
Esses bebês são muito diferentes, e ficam
vulneráveis pelo resto de suas vidas.
Por que vulneráveis?
Porque eles têm menos células cardíacas,
eles têm menos unidades
de filtragem em seus rins,
e também têm outro problema:
o seu pâncreas, que produz insulina,
tem menos células produtoras de insulina.
Por isso, eles ficam vulneráveis
a doenças quando crescem.
E aqueles bebês no extremo oposto?
Esses bebês são vulneráveis
porque obtiveram nutrição exagerada
e isso ocorre quase sempre porque
suas mães não controlaram a glicose,
tinham muito açúcar no sangue,
e esse açúcar atravessou a placenta
e o bebê recebeu aquela energia,
e depositou em forma de gordura.
Esses bebês têm muita gordura,
e quero contar a coisa mais
interessante que descobrimos:
os bebês muito pequenos ou grandes demais
têm quase os mesmos riscos.
E a parte interessante desses riscos
é que causam uma reação inflamatória
de baixa qualidade,
e isso torna essas pessoas
vulneráveis por toda a vida.
Se está se sentindo mal com isso,
vou tentar piorar as coisas um pouquinho.
(Risos)
E o porquê de piorar
as coisas um pouquinho
é que, nesses casos,
os bebês pequenos e grandes,
podem passar esse efeito
aos seus bebês na próxima geração.
Primeiro, vou contar
uma história sobre mim.
Estou tentando convencer vocês, aí vai.
Estou com 60 e muitos anos,
não faltam muitos meses.
O óvulo do qual eu fui formado
foi feito pela minha mãe; ela tem
90 e tantos anos, e está viva.
Ele foi feito no ovário dela
quando ainda estava na barriga da vovó.
Entenderam isso?
O óvulo que me formou foi feito
no ovário da minha mãe,
quando ela era um feto na minha avó.
Isso significa que o óvulo que me formou
foi nutrido pela minha avó.
Essa nutrição mudou os riscos
que eu terei na minha vida.
Também fui nutrido por minha mãe,
então essa nutrição é afetada
por duas gerações.
Deixem-me contar sobre essa foto.
Ela foi tirada em 1931,
e olhando para a mulher à direita
ela é bonita, e tem 86 anos de idade.
Quando ela era um bebê,
em 1931, a sua mãe a carregava.
O ovário que a formou
foi feito no útero da mãe dela
quando a mãe dela estava
no útero da avó dela,
que nasceu em 1897.
Tem outro fato interessante a respeito:
olhando para a senhora à esquerda,
ela é filha da mulher
sentada bem à frente.
Essa senhora está meio emburrada.
(Risos)
Eu não sei qual é o problema dela,
(Risos)
mas acho que parte dele é que ela
nasceu antes da Guerra Civil, certo?
Eram tempos difíceis.
Então, acontece que
eu, que tenho agora 60 e tantos,
o óvulo que me gerou foi feito
em minha mãe há quase 100 anos.
Em termos de anos de ovário, eu tenho 100.
(Risos)
E essa senhora, que está à direita,
tem 110 anos de ovário.
Chamamos isso de "Efeito dos 100 Anos",
o que significa que a nutrição
perpassa gerações
de uma pessoa à outra, através das mães,
a cada geração que se segue.
E esse fluxo nutricional significa
que você tem que se nutrir bem
a cada geração, para evitar
que ocorram doenças crônicas.
Agora a história vai ficar mais
complicada do que vocês achavam.
Isso porque a nutrição que uma mãe dá
a seu bebê quando está grávida,
não vem apenas da comida
que ela come, da sua dieta,
mas também vem do corpo
no qual ela foi formada quando criança,
enquanto crescia.
Também tem uma história para os homens.
Porque os homens também influenciam
a saúde de seus filhos:
tanto homens quando mulheres fazem isso
através do que chamamos "epigenética".
Se não conhecem essa palavra,
aprendam agora: epigenética.
Aprendam, digam e usem-na com seus amigos.
(Risos)
Vai enfraquecer em algumas gerações,
mas agora está na moda.
(Risos)
Essa é a palavra.
Epigenética significa:
o código genético que você obteve
de sua mãe e do seu pai
determina muitas coisas em você.
Esses genes que você obteve
se expressam o tempo todo,
e são feitos de um código de DNA,
que você aprendeu na biologia.
Na verdade, não dá para mudar esse código.
O código é encontrado em todos
os cromossomos e células de seu corpo.
E isso não muda.
No entanto, talvez vocês não saibam,
a epigenética significa
que antes de você nascer
alguns desses genes, nem todos eles,
são muito sensíveis ao estresse
da mãe e à dieta da mãe,
e você pode alterar esses genes
que mudarão a forma
como você crescerá pelo resto da sua vida.
Então não se pode culpar as mulheres
pela má saúde de todos.
Nem tente.
Por quê?
Porque tanto as mulheres
quanto os homens desse país, hoje,
se alimentam pior que qualquer
país ocidental no mundo.
Comemos fast food, e fomos treinados pela
indústria a amar o que eles nos empurram.
E muitos de nós têm
dificuldade de se livrar dela.
Então não culpem as mulheres,
culpem nossa cultura alimentar,
pois ela está nos matando.
O que acontecerá se não mudarmos?
Bem, em 1960, uma pessoa
em 100 era diabética.
Em 1995, uma pessoa
em 50 era diabética.
Hoje, em 2015, uma pessoa
em cada oito é diabética.
E a previsão é que em 2050,
uma pessoa em cada três seja diabética.
Por que nos importamos com essa epidemia?
Tem uma razão: não nos importamos apenas
com aqueles que vão sofrer essa doença,
mas também vamos ter que pagar por isso,
porque 70% das pessoas que têm diabetes
também terão doenças cardíacas.
E doenças cardíacas são terríveis,
e caras, e em 2026,
estimamos que o fardo financeiro
será de US$ 650 bilhões por ano.
E a propósito, hoje ele é
de US$ 1 bilhão por dia,
e então será de US$ 2 bilhões por dia.
Não podemos pagar isso.
E porque estamos ficando diabéticos,
principalmente os mais jovens,
vamos ter que pagar essa conta no futuro.
Então, o que é uma boa alimentação?
Não precisa ler nenhum
livro bobo pra entender:
só precisa comer frutas
e verduras, feijões,
frutas secas, e grãos integrais.
Se comer isso nas refeições, todos
os dias, terá uma boa alimentação.
Se você está grávida,
recomendo que coma peixe,
duas a três vezes por semana,
porque o desenvolvimento do cérebro do
bebê precisa dos óleos que os peixes têm.
Senão, a perspectiva é simples.
Então, como vamos melhorar?
O que vamos fazer a respeito disso?
Porque estamos em uma epidemia.
E é claro, a resposta é você,
e a resposta sou eu.
Temos que trabalhar juntos,
e como podemos fazer isso?
Podemos fazer isso influenciando
nossa família, nossas escolas,
e as políticas que criamos.
Então deixem-me sugerir uma coisa:
se você se importa consigo
e com sua família,
vão para casa e vejam quanta comida
processada vocês comem.
Sabem, aquelas que têm rótulos?
E gradualmente, encontre alimentos
que são saudáveis,
e os substitua, e pare de comprar
as comidas com rótulos.
(Aplausos)
E depois temos que assegurar
que as crianças que amamos
comam alimentos saudáveis na escola.
(Aplausos)
Influencie o seu local de trabalho,
e tenha sempre comidas
saudáveis ao alcance,
e por último, não esqueça
de falar com quem cria as leis:
precisamos de políticas que impeçam
o que está acontecendo,
e envenenando nosso corpo.
(Aplausos)
E quando decidiremos eliminar
as doenças crônicas?
Hoje.
Quando entendermos que a nossa sociedade
está oferecendo a nutrição
aos nossos filhos e futuros netos,
se todos trabalharmos juntos,
poderemos melhorar o futuro.
Obrigado.
(Aplausos)