Barry, será que devemos desenhar aqui? Acho que quero deixar uma marca ali. BARRY MCGEE: Beleza. [AMBOS RINDO] KILGALLEN: Estamos nervosos. [RISOS] Vocês podem desviar a atenção de mim um pouquinho. [RISOS] Vou desenhar um bastão para ela. KILGALLEN: Você quer que eu suba ali? MCGEE: Pode ser. KILGALLEN: Várias mulheres desenham nos trens mas algumas delas se destacam. Tem uma que assina "Judi Wynn" e acho que sei onde ela trabalha. Outra assina "Mulher Gato" e acho que ela é de algum lugar de Oregon. Não há muitas mulheres que fazem isso, a maioria são homens. MCGEE: Você quer olhar os trens? [BARULHO DO TREM] KILGALLEN: Ai merda, Barry, devemos... Eles vão nos ver, não vão? MCGEE: Está tudo bem. KILGALLEN: Vamos embora então. MCGEE: Acene para eles. KILGALLEN: Como se eles fossem nos ver. [SOM DA BUZINA DO TREM] KILGALLEN: Eu tenho várias heroínas e também vários heróis, mas eu gosto de pintar imagens de mulheres inspiradoras. E não gosto de pintar alguém que todos conheçam. Gosto de pintar pessoas que fazem pequenas coisas, mas que tocam o meu coração. [SOM DE AFINAÇÃO DE VIOLINO, VIOLÃO ACÚSTICO E BANJO] Eu me interessei por música "old-time", particularmente, pelo banjo. Antes eu ouvia a música de alguém direto do disco e não fazia ideia de como era essa pessoa, só a imaginava e então desenhava. [SOM DE BANJO] Os discos nunca tinham mulheres. Por exemplo, Matokie Slaughter, foi a primeira mulher que vi na capa de um disco, em um disco de "old-time". Sabe, eu nem acreditei quando vi, e também não sabia que era uma mulher, porque desconhecia o gênero do nome "Matokie". [SOM DE BANJO TOCANDO] Algia Mae Hinton, tocava um violão mais puxado para o blues. [SOM DE VIOLÃO E SAPATEADO] Eu a conheci em uma fita sobre sapateado e buck dancing. Ela sapateava e então virava colocando o violão nas costas. Tocava e dançava ao mesmo tempo, era incrível. [SOM DE VIOLÃO TOCANDO BLUES E SAPATEADO] Ela era mãe solteira e sustentava os filhos com a sua música. [SOM DE VIOLÃO TOCANDO BLUES E VOZ FEMININA CANTANDO "LOS CORONES"] Eu lia muito sobre a história da natação. A primeira mulher a ganhar as Olimpíadas, em 1912, se chamava Fanny Durack. Ela era australiana e usava um maiô de lã. E a razão da sua vitória foi ter nadado o crawl australiano e também porque as outras mulheres não nadaram naquele dia. [SOM DE VIOLÃO ACÚSTICO E VOCAL FEMININO] Se fico triste, sem vontade de me expressar através da arte, o que me faz seguir é pensar que alguém pode aprender algo com o que faço. Quando você expõe seu trabalho e alguém te agradece por isso, especialmente os mais jovens, lembro do motivo de fazer o que faço. E eu espero inspirar, especialmente, as mulheres mais jovens. Sinto que é dada muita ênfase para sua beleza e seu peso, e muito pouco para a sua inteligência e habilidades. Gostaria de mudar a percepção do que é importante ao olharem para uma mulher.