Chris Anderson: Então, Jon,
isso parece assustador.
Jonathan Haidt: Sim.
CA: Parece que o mundo está de uma forma
como não víamos há muito tempo.
As pessoas não discordam mais
da forma que estávamos habituados,
divididos entre esquerda e direita.
Diferenças bem mais profundas
estão em andamento.
O que está acontecendo,
e como chegamos a este ponto?
JH: Isso é diferente.
Há um sentimento muito mais apocalíptico.
A pesquisa feita pela Pew Research mostra
que o grau de sentimento
que temos pelo outro lado não é só...
nós não só não gostamos deles;
nós não gostamos muito deles,
e achamos que eles são
uma ameaça para a nação.
Esses número têm crescido cada vez mais,
e estão em mais de 50% agora,
em ambos os lados.
As pessoas estão com medo
pois isso parece ser diferente;
é muito mais intenso.
Sempre que olho qualquer tipo
de quebra-cabeça social,
aplico os três princípios
básicos de psicologia moral,
e acho que eles vão nos ajudar aqui.
A primeira coisa que sempre
devemos ter em mente,
quando pensamos em política,
é que somos tribais.
Evoluímos através do tribalismo.
Uma das maiores e mais simples descobertas
sobre a natureza social humana
é o provérbio beduíno:
"Eu contra meu irmão;
eu e meu irmão contra nosso primo;
eu, meu irmão e meus primos
contra o estranho".
E esse tribalismo nos permitiu
criar grandes sociedades
e nos unirmos para competir com outros.
Isso nos tirou da selva
e dos pequenos grupos,
mas significa que estamos
em um eterno conflito.
A questão que devemos olhar é:
quais aspectos da nossa sociedade
tornam isso mais difícil,
e quais acalmam esse conflito?
CA: Esse é um provérbio muito sombrio.
Você está dizendo que isso está incutido
nos circuitos mentais das pessoas,
em certo nível?
JH: Absolutamente. Isso é só um aspecto
básico do conhecimento social humano.
Mas também podemos conviver
de forma muito pacífica,
e inventamos várias formas
divertidas de, digamos, brincar de guerra.
Esportes, política, todos são formas
de exercitarmos essa natureza tribal
sem realmente ferir ninguém.
Também somos muito bons em negociar,
em explorar e em encontrar novas pessoas.
Então temos que ver nosso tribalismo
como algo que tem altos e baixos:
não estamos fadados a estar sempre
lutando uns com os outros,
mas nunca teremos a paz munidal.
CA: O tamanho dessa tribo
pode encolher ou aumentar.
JH: Isso.
CA: O tamanho do que consideramos "nós"
e do que consideramos "o outro" ou "eles"
pode mudar.
E alguns acreditam que esse processo
pode continuar indefinidamente.
JH: Isso mesmo.
CA: E sem dúvida expandimos
o sentido de tribo por um tempo.
JH: Sim, e acredito que estamos chegando,
possivelmente, à nova distinção
entre esquerda e direita.
A esquerda e direita,
como nós as conhecemos,
vêm da distinção entre trabalho e capital,
das classes trabalhadoras e de Marx.
Mas o que vemos agora,
de maneira crescente,
é uma divisão, em todas
as democracias ocidentais,
entre as pessoas que querem
ir só até o conceito de nação,
as pessoas mais provincianas,
e não falo isso de maneira pejorativa,
pessoas com um maior senso de ter raízes,
que se preocupam com sua cidade,
sua comunidade e sua nação...
e os que são anti-provincianos e que...
sempre que fico confuso, penso
na música "Imagine", de John Lennon:
"Imagine que não existem países,
nada pelo qual matar ou morrer".
Essas são as pessoas que querem
uma governança mais global,
elas não gostam de nações
nem de fronteiras.
Vemos isso por toda a Europa também.
Um cara de grandes metáforas,
na verdade seu nome é Shakespeare,
escrevia no Reino Unido dez anos atrás.
Ele tinha uma metáfora:
"Nós vamos levantar ou abaixar a ponte?"
E o Reino Unido está dividido
na proporção de 52 por 48.
E os Estados Unidos estão divididos
nessa proporção, também.
CA: Então, aqueles de nós
que cresceram com os Beatles
e com esse tipo de filosofia hippie
de sonhar com um mundo mais conectado,
isso parece tão idealista e "como pode
alguém pensar mal a esse respeito?"
E o que você está dizendo, na verdade,
é que hoje milhões de pessoas
sentem que isso não é apenas tolo;
na verdade é perigoso e errado,
e elas estão com medo disso.
JH: Acho que o grande problema na Europa,
e também aqui, é a questão da imigração.
E acho que precisamos olhar
com muito cuidado
para as ciências sociais
sobre diversidade e imigração.
Uma vez que algo é politizado,
uma vez que se torna algo
que a esquerda ama e a direita...
nem mesmo os cientistas sociais
conseguem ser imparciais a respeito.
A diversidade é boa em várias maneiras.
Ela claramente traz mais inovação.
A economia americana
cresceu enormemente em função dela.
A diversidade e a imigração
trazem muitas coisas boas.
Mas o que eu acho
que os globalistas não veem,
o que eles não querem ver,
é que a diversidade étnica reduz
o capital social e a confiança.
Há um estudo muito importante
de Robert Putnam,
o autor de "Bowling Alone",
que olha bases de dados
de capitais sociais.
Basicamente, quanto mais as pessoas sentem
que são iguais, mais confiam nos outros,
e mais podem ter um Estado
que redistribui bem-estar social.
Os países escandinavos
são tão maravilhosos
porque eles têm esse legado
de serem países pequenos e homogêneos.
E isso leva a um Estado
de bem-estar social progressivo,
um conjunto progressivo
de valores de esquerda que diz:
"Abaixem a ponte!
O mundo é um lugar ótimo.
As pessoas na Síria estão sofrendo,
devemos recebê-las bem".
E isso é muito bonito.
Mas se, e eu estava na Suécia neste verão,
se o discurso na Suécia
é politicamente correto
e não se pode falar
sobre as desvantagens,
você acaba trazendo um monte de pessoas.
Isso vai reduzir o capital social,
o que torna difícil manter
um Estado de bem-estar social,
e eles podem terminar, como aqui nos EUA,
com uma sociedade
visivelmente dividida por raças.
Então é muito desconfortável
falar sobre tudo isso.
Mas acho que é isso que precisa ser visto,
especialmente na Europa, mas também aqui.
CA: Você está dizendo
que pessoas razoáveis,
pessoas que não se considerariam racistas,
mas pessoas morais, éticas,
têm um lado racional que diz
que os humanos são muito diferentes;
que corremos o risco
de exceder nossa percepção
sobre o que os humanos são capazes,
ao misturar pessoas muito diferentes.
JH: Sim, mas posso
tornar isso mais palatável
dizendo que isso não tem,
necessariamente, a ver com raça.
Tem a ver com cultura.
Há um trabalho maravilhoso
de uma cientista política
chamada Karen Stenner,
que mostra que, quando
uma pessoa tem a percepção
de que estamos todos unidos,
somos todos iguais,
há muitas pessoas com predisposição
para o autoritarismo.
Essas pessoas não são
particularmente racistas
quando elas sentem que não há
uma ameaça à nossa ordem social e moral.
Mas se você colocá-las de prontidão,
pensando que estamos nos dividindo,
que as pessoas estão
ficando mais diferentes,
elas se tornam mais racistas, homofóbicas,
querem expulsar os diferentes.
Em parte você obtém
uma reação autoritária.
A esquerda, seguindo a linha lennonista,
a linha de John Lennon,
faz coisas que geram
uma reação autoritária.
Estamos vendo isso nos Estados Unidos,
com a direita alternativa.
Vimos isso no Reino Unido
e por toda a Europa.
Mas a parte postitiva disso
é que os localistas,
ou os nacionalistas, têm razão:
se enfatizarmos
nossa similaridade cultural,
a raça realmente não significa muito.
Então uma abordagem
de assimilação dos imigrantes
elimina muitos desses problemas.
Se você valoriza ter um estado
que oferece bem-estar social,
deve enfatizar o fato
de sermos todos iguais.
CA: Certo, então o aumento da imigração
e dos medos em relação a isso
são duas das causas da atual divisão.
Quais são as outras?
JH: O próximo princípio
da psicologia moral
é que intuição vem primeiro,
raciocínio estratégico vem depois.
Provavelmente você já ouviu
o termo "raciocínio motivado"
ou "viés de confirmação".
Há trabalhos muito interessantes
sobre como nossa inteligência
e nossas habilidades verbais
podem ter evoluído não para nos ajudar
a encontrar a verdade,
mas para nos ajudar a manipular
os outros, defender nossa reputação...
Somos realmente muito bons
em justificar a nós mesmos.
E quando você considera
interesses de grupos,
não é mais apenas eu,
é o meu time contra o seu,
ainda que você avalie evidências
de que o seu lado está errado,
simplesmente não podemos aceitar isso.
Por isso não se consegue vencer
um argumento político.
Se você está debatendo algo,
você não pode persuadir a pessoa
com razões e evidências,
porque não é assim
que o raciocínio funciona.
Então vamos ver a Internet,
vamos ver o Google:
"Eu ouvi que Barack Obama nasceu no Kenya.
Vou pesquisar isso... Nossa! Dez milhões
de resultados! Veja, ele nasceu lá!"
CA: Então isso foi uma surpresa
desagradável para muita gente.
As mídias sociais normalmente
são consideradas pelos tecno-otimistas
como uma grande força de conexão
que vai unir as pessoas.
E ocorreram alguns
efeitos colaterais inesperados.
JH: Isso mesmo.
Por isso estou encantado com a visão
yin-yang sobre a natureza humana
e a esquerda e direita, de que cada lado
está certo sobre algumas coisas,
mas cego sobre outras.
A esquerda geralmente acredita
que a natureza humana é boa:
vamos juntar as pessoas, derrubar
as paredes, e tudo ficará bem.
A direita, os conservadores
sociais, não os libertários,
conservadores sociais em geral acreditam
que as pessoas podem ser gananciosas,
sexuais e egoístas,
e precisam de regulação e restrições.
Sendo assim, se você derrubar os muros
e permitir que as pessoas
de todo o mundo se comuniquem,
você terá muita pornografia e racismo.
CA: Então nos ajude a entender.
Esses princípios da natureza humana
têm estado sempre conosco.
O que mudou, que aprofundou
esse sentimento de divisão?
JH: Você deve ver seis a dez
linhas diferentes se unindo.
Vou listar apenas algumas delas.
Nos Estados Unidos,
e na verdade também na Europa,
uma das maiores
é a Segunda Guerra Mundial.
Há uma pesquisa interessante,
feita por Joe Henrich e outros,
que diz que se seu país esteve em guerra,
especialmente quando você era jovem,
e 30 anos depois você for testado
na tragédia dos comuns
ou no dilema dos prisioneiros,
você é mais cooperativo.
Devido à nossa natureza tribal, você...
meus pais eram adolescentes
durante a Segunda Guerra Mundial,
e eles saíam à procura
de pedaços de alumínio
para ajudar nos esforços de guerra.
Quero dizer, todo mundo pegava junto.
E assim essas pessoas seguiram em frente,
cresceram nos negócios e governos,
assumiram posições de liderança.
Elas são muito boas
em compromisso e cooperação.
Todas elas se aposentaram na década de 90.
E fomos deixados com os "baby boomers"
no final da década de 90.
E eles passaram a juventude lutando
entre si ou com outros países,
em 1968 e depois.
A perda da geração da Segunda Guerra,
a "Geração Grandiosa", é enorme.
Essa é uma delas.
Outra, nos Estados Unidos,
é a purificação dos dois partidos.
Usualmente havia republicanos liberais
e democratas conservadores.
Então os Estados Unidos em meados
do século 20 era realmente bipartidário.
Mas devido a uma série de fatores
que fizeram as coisas se modificarem,
na década de 90 temos um partido liberal
e um partido conservador puros.
Então agora as pessoas em cada partido
são de fato diferentes,
e não queremos que nossas
crianças casem com elas,
o que, na década de 60,
não importava muito.
Então, a purificação dos partidos.
A terceira é a internet e, como eu disse,
é a causa e efeito que mais estimula
o raciocínio e a demonização.
CA: O tom do que está acontecendo
na internet é muito inquietante.
Eu fiz uma pesquisa rápida
no Twitter sobre a eleição
e vi dois tuítes próximos um do outro.
Um, sobre uma imagem
de um grafite racista:
"Isso é nojento! A feiura nesse país
foi trazida por #Trump".
E o outro é:
"Página da Hillary Desonesta. Repulsiva!"
Essa ideia de "repulsa",
para mim, é perturbadora.
Se você tem um argumento
ou uma discordância sobre alguma coisa,
você pode ficar raivoso com alguém.
A repulsa, ouvi você dizer,
leva as coisas a um nível bem mais baixo.
JH: Isso mesmo. Repulsa é diferente.
Raiva... veja, eu tenho filhos.
Eles brigam dez vezes por dia,
e se amam trinta vezes por dia.
Você só fica no vai e vem:
fica brabo, deixa de ficar,
fica brabo, deixa de ficar;
Mas repulsa é diferente.
Repulsa dá a ideia de pessoa
sub-humana, monstruosa,
deformada, moralmente deformada.
Repulsa é como tinta permanente.
Há uma pesquisa de John Gottman
sobre terapia de casal.
Se você olhar os rostos e um deles
expressar repulsa ou desprezo,
é um indício de que em breve
eles irão se separar,
mas se eles demonstram raiva,
isso não indica nada,
porque se você souber lidar com a raiva,
ela é até uma coisa boa.
Então essa eleição é diferente.
O próprio Donald Trump
usa muito a palavra "repulsivo".
Ele é muito sensível a germes,
então a repulsa importa muito a ele
para ele é algo bem pessoal,
mas se demonizamos uns aos outros,
e de novo, através
de uma visão maniqueísta
de que o mundo é uma batalha
entre o bem e o mal,
e isso tem aumentado,
em vez de apenas dizer que eles
estão errados ou que não gostamos deles,
dizemos que eles são malignos, satânicos,
são repulsivos, revoltantes.
E não queremos ter nada com eles.
Penso que é por isso que temos visto
muito disso nas universidades.
Temos visto a necessidade de manter
as pessoas fora dos campus,
silenciá-las, mantê-las distantes.
Receio que toda essa geração de jovens,
se a introdução deles na política
envolve tanta repulsa,
eles não vão querer envolver-se
com política quando ficarem mais velhos.
CA: E como lidamos com isso?
Repulsa. Como se combate a repulsa?
JH: Você não consegue
fazer isso com bom senso.
Eu acho...
Eu estudei a repulsa por muitos anos
e penso muito sobre emoções,
e acho que o oposto da repulsa
é, na verdade, o amor.
Amor é...
Repulsa é criar barreiras, fronteiras.
Amor é derrubar muros.
Então acho que as relações pessoais
são, provavelmente,
os meios mais poderosos que temos.
Você pode sentir repulsa
por um grupo de pessoas,
mas então conhece uma pessoa em particular
e descobre que eles são adoráveis.
E isso gradualmente
vai mudando sua percepção.
A tragédia é que os americanos costumavam
ser bem mais misturados, em suas cidades,
pela direita e esquerda ou pela política,
e agora isso se tornou
uma grande divisão moral,
existem muitas evidências que estamos
nos aproximando de pessoas
que são politicamente como nós.
É difícil encontrar alguém
que esteja do outro lado.
Eles estão lá, bem distantes.
É difícil conhecê-los.
CA: O que você diria para alguém,
ou para os americanos,
para as pessoas em geral,
sobre o que devemos
entender sobre os outros
que pode nos fazer
repensar, por um minuto,
essa "repulsa" instintiva.
JH: Sim.
Uma coisa muito
importante de ter em mente...
existem pesquisas feitas
pelo cientista poítico Alan Abramowitz
mostrando que cada vez mais
a democracia americana é governada
pela chamada "negação partidária".
Isso significa que você pensa
que tudo bem, há um candidato,
você gosta dele e vota nele.
Mas com o aumento da propaganda negativa
das mídias sociais
e diversas outras tendências,
cada vez mais as eleições acontecem
de forma que cada lado faz o outro
parecer tão horrivel, tão medonho,
que por falta de opção você
vai votar no meu candidato.
E quanto mais votamos contra o outro lado
e não pelo nosso lado,
temos que ter em mente
que as pessoas de esquerda
vão pensar: "Bem, eu sempre achei
que os republicanos eram ruins,
agora o Donald Trump comprova isso.
Agora posso atribuir
a todos os republicanos
essas coisas que penso sobre o Trump".
Isso não é necessariamente verdade.
Normalmente eles não estão
satisfeitos com seus candidatos.
Essa é a eleição de maior negação
partidária da história dos Estados Unidos.
Então primeiro você precisa separar
seus sentimentos sobre o candidato
dos seus sentimentos
sobre as pessoas que têm uma escolha.
E então você tem que perceber
que, como todos nós vivemos
em um mundo moral à parte...
e a metáfora que usei no livro
é que estamos presos em "Matrix",
ou cada comunidade moral é uma Matrix,
uma alucinação coletiva....
Então se você está do lado dos azuis,
tudo comprova que do outro lado
eles são trogloditas, racistas,
são as piores pessoas do mundo,
e você tem todos os fatos
que comprovam isso.
Mas alguém na casa ao lado
vive em um mundo moral diferente do seu.
Eles vivem um videogame diferente,
e veem um conjunto de fatos
completamente diferente.
E cada um vê ameaças
diferentes ao seu país.
E o que eu descobri por estar no meio
e tentar entender os dois lados é:
os dois lados estão certos.
Existem várias ameaças a este país,
e cada lado é incapaz de ver todas elas.
CA: Então você está dizendo que todos nós
precisamos de um novo tipo de empatia?
A empatia tradicionalmente
é enquadrada como:
"Oh, eu sinto a sua dor e consigo
me colocar nos seus sapatos".
E aplicamos isso aos pobres,
aos necessitados, aos sofredores.
Normalmente não aplicamos isso
a pessoas que sentimos como opostas
ou por quem sentimos repulsa.
JH: Não. É isso.
CA: Como seria se conseguíssemos
construir esse tipo de empatia?
JH: Na verdade, eu acho...
Empatia é um tópico
muito em alta na psicologia,
e é um termo muito popular,
especialmente na esquerda.
Empatia para as classes preferidas
de vítimas é uma coisa boa.
Então é importante
sentir empatia pelos grupos
que nós, da esquerda, achamos importantes.
Isso é facil fazer, porque você
ganha pontos por isso.
Você deveria receber pontos ao ter
empatia em situações difíceis de tê-la.
E eu acho...
Bem, tivemos um longo período de 50 anos
lidando com nossos problemas de raça
e discriminação legal,
e essa foi uma das nossas prioridades
por muito tempo e ainda é importante,
mas espero que, com este ano,
as pessoas vejam
que temos uma ameaça
existencial em nossas mãos.
Acredito que a divisão
em esquerda e direita
é a divisão mais importante
que enfrentamos.
Ainda temos questões
sobre raça, gênero e LGBTs,
mas essa é a necessidade urgente
dos próximos 50 anos;
as coisas não vão melhorar sozinhas.
Precisaremos fazer muitas reformas
institucionais e podemos falar sobre isso,
mas essa é uma conversa longa e tortuosa,
mas acho que ela começa com as pessoas
percebendo que esse é um ponto de virada.
E sim, precisamos
de um novo tipo de empatia.
Temos que nos dar conta:
é disso que nosso país precisa
e é disso que você
precisa, se não quiser...
Levantem as mãos se querem passar
os próximos quatro anos
tão raivosos e preocupados
como estiveram no último ano.
Então, se você quer fugir disso,
leia Buda, Jesus, Marcus Aurelius.
Eles têm todo tipo de conselhos
sobre como acabar com o medo,
repensar tudo,
parar de ver os outros como inimigos.
Há muita orientação para esse tipo
de empatia nas sabedorias antigas.
CA: Minha última pergunta:
Pessoalmente, o que as pessoas
podem fazer para ajudar nessa cura?
JH: Sim, é muito difícil decidir abrir mão
de seus preconceitos mais profundos.
E as pesquisas mostram
que hoje os preconceitos políticos
são mais fortes e profundos que os de raça
em nosso país.
Então acho que é preciso fazer
um esforço, isso é o principal.
Esforçar-se para realmente
encontrar alguém.
Todo mundo tem um primo, um cunhado,
alguém que é do outro lado.
Então, depois dessa eleição,
espere uma semana ou duas,
porque provavelmente vai ser
horrível para um de vocês,
mas espere por umas semanas
e então diga que você quer conversar.
E antes de fazê-lo, leia Dale Carnegie:
"Como fazer amigos e influenciar pessoas".
(Risos)
Estou falando sério.
Você vai aprender técnicas, se você
começar reconhecendo e dizendo:
"Veja, não concordamos em muita coisa,
mas uma coisa eu realmente
respeito em você, tio",
ou "... em seu conservadorismo..."
Você consegue achar alguma coisa.
Se você começar com algum
elogio, é como mágica.
Essa é uma das principais
coisas que aprendi
que levo para minhas relações humanas.
Ainda cometo muitos erros tolos,
mas sou incrivelmente bom
em pedir desculpas
e em reconhecer que alguém
tinha razão em alguma coisa.
E se você faz isso, o diálogo
realmente flui bem e é divertido.
CA: Jon, é absolutamente
fascinante conversar com você.
Realmente parece que o terreno
sobre o qual estamos pisando
é habitado por profundas questões
sobre a moral e a natureza humana.
Sua sabedoria não poderia
ser mais relevante.
Muito obrigado por compartilhar
esse tempo conosco.
JH: Obrigado, Chris.
JH: Obrigado a todos.
(Aplausos)